Irã prende ativistas e reforça repressão a protestos contra o uso do hijab


Número de mortos, feridos e presos continua a aumentar enquanto manifestações nas ruas não dão sinal de trégua

Por Redação

TEERÃ – O governo do Irã ampliou, nesta sexta-feira, 23, a repressão às manifestações nacionais desencadeadas pela morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, na semana passada - que se tornou um símbolo do descontentamento do país com a pobreza, repressão, controle clerical e impunidade no governo. O acesso à internet e a redes sociais como WhatsApp e Instagram continuaram bloqueados em grande parte do país e os relatos sobre mortos, feridos e presos aumentam.

O número de mortos confirmado pelo governo iraniano é de 17 pessoas, de acordo com o último balanço oficial, divulgado na quinta-feira, 22. No entanto, levantamentos feitos por grupos de direitos humanos e notícias da imprensa do país falam em mais de 30 mortos, entre manifestantes e agentes de segurança.

Em meio às cenas de violência registradas nas ruas de diversas cidades iranianas - ao menos 15 registraram protestos até aqui -, as autoridades não dão indícios de alívio. As Forças Armadas e a Guarda Revolucionária Islâmica alertaram que vão escalar a repressão se os protestos não pararem - embora também não haja sinal de alívio por parte dos opositores.

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Protesto no centro de Teerã após a morte da jovem Mahsa Amini. Foto: AP - 21/09/2022

Apenas na província do Curdistão - onde Mahsa Amini vivia com a família - estimativas apontam que mais de 700 pessoas ficaram feridas durante as manifestações e mais de 600 pessoas foram presas, segundo o grupo de direitos humanos iraniano Hengaw.

Um dos presos nos últimos dias foi a jornalista Niloufar Hamedi, que fez fotos no hospital de Teerã em que a jovem morreu. De acordo com o advogado da repórter, Mohammadali Kamfirouzi, ela foi detida na quinta-feira após agentes de segurança invadirem sua casa. Não houve nenhum comentário oficial.

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Observadores da política iraniana apontam que a atual onda de protestos no país é a maior desde 2019, quando milhares de pessoas saíram às ruas após o aumento do preço dos combustíveis. No entanto, os protestos atuais parecem ter um apoio mais amplo entre as várias camadas da população, e têm a diferença do protagonismo feminino, tanto na origem da revolta, quanto no protagonismo questão feminina - com muitas delas queimando seus hijabs, exigidos pela lei islâmica.

“A morte impulsionou um sentimento antigovernamental mais amplo na República Islâmica e especialmente a frustração das mulheres”, escreveu a empresa de risco político Eurasia Group, observando que os radicais do Irã intensificaram a repressão às roupas femininas no ano passado, desde que o ex-chefe do judiciário, Ebrahim Raisi, tornou-se presidente.

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Em Nova York, à margem da Assembleia-Geral da ONU, o presidente Ebrahim Raisi repetiu a jornalistas a conclusão de um perito forense do país - não aceita pelos manifestantes - de que Mahsa não sofreu violência policial, mas prometeu uma investigação sobre o caso. Irritado com as críticas sobre a polícia moral iraniana, que tinha a jovem sob custódia quando ela entrou em coma, o presidente acusou países ocidentais de “hipocrisia”, citando números de mulheres mortas no Reino Unido e questionando sobre presos que morrem sob custódia policial nos EUA.

Raisi não respondeu perguntas sobre as mortes nos protestos, mas afirmou que o governo aceita “protestos pacíficos”. “Devemos diferenciar manifestantes e vandalismo”, disse Raisi, que prometeu uma investigação sobre a morte de Mahsa.

De acordo com a análise do Eurasian Group, a perspectiva da liderança iraniana oferecer concessões às mulheres do país ao fim dos protestos é mínima. “No cálculo frio dos líderes iranianos, os protestos provavelmente foram longe o suficiente e uma resposta mais enérgica é necessária para reprimir a agitação”, afirmou o grupo.

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Contraprotestos foram convocados por forças leais ao regime teocrático, que organizaram atos a favor do uso do hijab, do código conservador de vestimenta do país e do governo. Milhares de pessoas foram às ruas de Teerã, onde bandeiras iranianas foram hasteadas e gritos anti-Israel e Estados Unidos foram entoados. O governo afirmou que os protestos foram espontâneos, mas agências internacionais noticiaram que o Conselho de Coordenação de Desenvolvimento Islâmico do Irã as teria anunciado.

Mulheres usam vestes islâmicas tradicionais durante protesto a favor do governo nesta sexta. Foto: West Asia News Agency via REUTERS

Desde a Revolução Islâmica de 1979, a lei em vigor no Irã exige que as mulheres, sejam iranianas ou estrangeiras e independente de sua religião, saiam de casa sempre com o véu na cabeça, cobrindo todo o cabelo. Atualmente, além disso, a polícia moral iraniana proíbe também calças justas, jeans rasgadas ou roupas de cores vivas, entre outras restrições.

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Mesmo antes do protestos, mulheres de Teerã e de outras grandes cidades têm desafiado silenciosamente as regras arcaicas, deixando cada vez mais o cabelo a vista, apesar do uso do véu. No sul de Teerã, mais pobre e conservador, o uso do chador (vestimenta que cobre o corpo todo) e de roupas escuras é predominante em comparação com o norte, mais abastado, onde é mais frequente a roupa mais informal. Na quarta-feira, 21, após vários dias de protestos, a normalidade voltou a Teerã e nos bairros do norte, e as jovens continuavam usando o véu bem para trás.

“Com este novo incidente, as pessoas já não chamam esta unidade de Gasht-e Ershad (patrulhas da orientação), mas de Ghatl-e Ershad (orientação do assassinato)”, conta Reyhaneh, uma estudante de 25 anos, no norte de Teerã. “O uso do hijab não teria que ser regido por uma lei”, acrescentou à France-Presse./ WPOST, AFP, AP

TEERÃ – O governo do Irã ampliou, nesta sexta-feira, 23, a repressão às manifestações nacionais desencadeadas pela morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, na semana passada - que se tornou um símbolo do descontentamento do país com a pobreza, repressão, controle clerical e impunidade no governo. O acesso à internet e a redes sociais como WhatsApp e Instagram continuaram bloqueados em grande parte do país e os relatos sobre mortos, feridos e presos aumentam.

O número de mortos confirmado pelo governo iraniano é de 17 pessoas, de acordo com o último balanço oficial, divulgado na quinta-feira, 22. No entanto, levantamentos feitos por grupos de direitos humanos e notícias da imprensa do país falam em mais de 30 mortos, entre manifestantes e agentes de segurança.

Em meio às cenas de violência registradas nas ruas de diversas cidades iranianas - ao menos 15 registraram protestos até aqui -, as autoridades não dão indícios de alívio. As Forças Armadas e a Guarda Revolucionária Islâmica alertaram que vão escalar a repressão se os protestos não pararem - embora também não haja sinal de alívio por parte dos opositores.

Protesto no centro de Teerã após a morte da jovem Mahsa Amini. Foto: AP - 21/09/2022

Apenas na província do Curdistão - onde Mahsa Amini vivia com a família - estimativas apontam que mais de 700 pessoas ficaram feridas durante as manifestações e mais de 600 pessoas foram presas, segundo o grupo de direitos humanos iraniano Hengaw.

Um dos presos nos últimos dias foi a jornalista Niloufar Hamedi, que fez fotos no hospital de Teerã em que a jovem morreu. De acordo com o advogado da repórter, Mohammadali Kamfirouzi, ela foi detida na quinta-feira após agentes de segurança invadirem sua casa. Não houve nenhum comentário oficial.

Observadores da política iraniana apontam que a atual onda de protestos no país é a maior desde 2019, quando milhares de pessoas saíram às ruas após o aumento do preço dos combustíveis. No entanto, os protestos atuais parecem ter um apoio mais amplo entre as várias camadas da população, e têm a diferença do protagonismo feminino, tanto na origem da revolta, quanto no protagonismo questão feminina - com muitas delas queimando seus hijabs, exigidos pela lei islâmica.

“A morte impulsionou um sentimento antigovernamental mais amplo na República Islâmica e especialmente a frustração das mulheres”, escreveu a empresa de risco político Eurasia Group, observando que os radicais do Irã intensificaram a repressão às roupas femininas no ano passado, desde que o ex-chefe do judiciário, Ebrahim Raisi, tornou-se presidente.

Em Nova York, à margem da Assembleia-Geral da ONU, o presidente Ebrahim Raisi repetiu a jornalistas a conclusão de um perito forense do país - não aceita pelos manifestantes - de que Mahsa não sofreu violência policial, mas prometeu uma investigação sobre o caso. Irritado com as críticas sobre a polícia moral iraniana, que tinha a jovem sob custódia quando ela entrou em coma, o presidente acusou países ocidentais de “hipocrisia”, citando números de mulheres mortas no Reino Unido e questionando sobre presos que morrem sob custódia policial nos EUA.

Raisi não respondeu perguntas sobre as mortes nos protestos, mas afirmou que o governo aceita “protestos pacíficos”. “Devemos diferenciar manifestantes e vandalismo”, disse Raisi, que prometeu uma investigação sobre a morte de Mahsa.

De acordo com a análise do Eurasian Group, a perspectiva da liderança iraniana oferecer concessões às mulheres do país ao fim dos protestos é mínima. “No cálculo frio dos líderes iranianos, os protestos provavelmente foram longe o suficiente e uma resposta mais enérgica é necessária para reprimir a agitação”, afirmou o grupo.

Contraprotestos foram convocados por forças leais ao regime teocrático, que organizaram atos a favor do uso do hijab, do código conservador de vestimenta do país e do governo. Milhares de pessoas foram às ruas de Teerã, onde bandeiras iranianas foram hasteadas e gritos anti-Israel e Estados Unidos foram entoados. O governo afirmou que os protestos foram espontâneos, mas agências internacionais noticiaram que o Conselho de Coordenação de Desenvolvimento Islâmico do Irã as teria anunciado.

Mulheres usam vestes islâmicas tradicionais durante protesto a favor do governo nesta sexta. Foto: West Asia News Agency via REUTERS

Desde a Revolução Islâmica de 1979, a lei em vigor no Irã exige que as mulheres, sejam iranianas ou estrangeiras e independente de sua religião, saiam de casa sempre com o véu na cabeça, cobrindo todo o cabelo. Atualmente, além disso, a polícia moral iraniana proíbe também calças justas, jeans rasgadas ou roupas de cores vivas, entre outras restrições.

Mesmo antes do protestos, mulheres de Teerã e de outras grandes cidades têm desafiado silenciosamente as regras arcaicas, deixando cada vez mais o cabelo a vista, apesar do uso do véu. No sul de Teerã, mais pobre e conservador, o uso do chador (vestimenta que cobre o corpo todo) e de roupas escuras é predominante em comparação com o norte, mais abastado, onde é mais frequente a roupa mais informal. Na quarta-feira, 21, após vários dias de protestos, a normalidade voltou a Teerã e nos bairros do norte, e as jovens continuavam usando o véu bem para trás.

“Com este novo incidente, as pessoas já não chamam esta unidade de Gasht-e Ershad (patrulhas da orientação), mas de Ghatl-e Ershad (orientação do assassinato)”, conta Reyhaneh, uma estudante de 25 anos, no norte de Teerã. “O uso do hijab não teria que ser regido por uma lei”, acrescentou à France-Presse./ WPOST, AFP, AP

TEERÃ – O governo do Irã ampliou, nesta sexta-feira, 23, a repressão às manifestações nacionais desencadeadas pela morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, na semana passada - que se tornou um símbolo do descontentamento do país com a pobreza, repressão, controle clerical e impunidade no governo. O acesso à internet e a redes sociais como WhatsApp e Instagram continuaram bloqueados em grande parte do país e os relatos sobre mortos, feridos e presos aumentam.

O número de mortos confirmado pelo governo iraniano é de 17 pessoas, de acordo com o último balanço oficial, divulgado na quinta-feira, 22. No entanto, levantamentos feitos por grupos de direitos humanos e notícias da imprensa do país falam em mais de 30 mortos, entre manifestantes e agentes de segurança.

Em meio às cenas de violência registradas nas ruas de diversas cidades iranianas - ao menos 15 registraram protestos até aqui -, as autoridades não dão indícios de alívio. As Forças Armadas e a Guarda Revolucionária Islâmica alertaram que vão escalar a repressão se os protestos não pararem - embora também não haja sinal de alívio por parte dos opositores.

Protesto no centro de Teerã após a morte da jovem Mahsa Amini. Foto: AP - 21/09/2022

Apenas na província do Curdistão - onde Mahsa Amini vivia com a família - estimativas apontam que mais de 700 pessoas ficaram feridas durante as manifestações e mais de 600 pessoas foram presas, segundo o grupo de direitos humanos iraniano Hengaw.

Um dos presos nos últimos dias foi a jornalista Niloufar Hamedi, que fez fotos no hospital de Teerã em que a jovem morreu. De acordo com o advogado da repórter, Mohammadali Kamfirouzi, ela foi detida na quinta-feira após agentes de segurança invadirem sua casa. Não houve nenhum comentário oficial.

Observadores da política iraniana apontam que a atual onda de protestos no país é a maior desde 2019, quando milhares de pessoas saíram às ruas após o aumento do preço dos combustíveis. No entanto, os protestos atuais parecem ter um apoio mais amplo entre as várias camadas da população, e têm a diferença do protagonismo feminino, tanto na origem da revolta, quanto no protagonismo questão feminina - com muitas delas queimando seus hijabs, exigidos pela lei islâmica.

“A morte impulsionou um sentimento antigovernamental mais amplo na República Islâmica e especialmente a frustração das mulheres”, escreveu a empresa de risco político Eurasia Group, observando que os radicais do Irã intensificaram a repressão às roupas femininas no ano passado, desde que o ex-chefe do judiciário, Ebrahim Raisi, tornou-se presidente.

Em Nova York, à margem da Assembleia-Geral da ONU, o presidente Ebrahim Raisi repetiu a jornalistas a conclusão de um perito forense do país - não aceita pelos manifestantes - de que Mahsa não sofreu violência policial, mas prometeu uma investigação sobre o caso. Irritado com as críticas sobre a polícia moral iraniana, que tinha a jovem sob custódia quando ela entrou em coma, o presidente acusou países ocidentais de “hipocrisia”, citando números de mulheres mortas no Reino Unido e questionando sobre presos que morrem sob custódia policial nos EUA.

Raisi não respondeu perguntas sobre as mortes nos protestos, mas afirmou que o governo aceita “protestos pacíficos”. “Devemos diferenciar manifestantes e vandalismo”, disse Raisi, que prometeu uma investigação sobre a morte de Mahsa.

De acordo com a análise do Eurasian Group, a perspectiva da liderança iraniana oferecer concessões às mulheres do país ao fim dos protestos é mínima. “No cálculo frio dos líderes iranianos, os protestos provavelmente foram longe o suficiente e uma resposta mais enérgica é necessária para reprimir a agitação”, afirmou o grupo.

Contraprotestos foram convocados por forças leais ao regime teocrático, que organizaram atos a favor do uso do hijab, do código conservador de vestimenta do país e do governo. Milhares de pessoas foram às ruas de Teerã, onde bandeiras iranianas foram hasteadas e gritos anti-Israel e Estados Unidos foram entoados. O governo afirmou que os protestos foram espontâneos, mas agências internacionais noticiaram que o Conselho de Coordenação de Desenvolvimento Islâmico do Irã as teria anunciado.

Mulheres usam vestes islâmicas tradicionais durante protesto a favor do governo nesta sexta. Foto: West Asia News Agency via REUTERS

Desde a Revolução Islâmica de 1979, a lei em vigor no Irã exige que as mulheres, sejam iranianas ou estrangeiras e independente de sua religião, saiam de casa sempre com o véu na cabeça, cobrindo todo o cabelo. Atualmente, além disso, a polícia moral iraniana proíbe também calças justas, jeans rasgadas ou roupas de cores vivas, entre outras restrições.

Mesmo antes do protestos, mulheres de Teerã e de outras grandes cidades têm desafiado silenciosamente as regras arcaicas, deixando cada vez mais o cabelo a vista, apesar do uso do véu. No sul de Teerã, mais pobre e conservador, o uso do chador (vestimenta que cobre o corpo todo) e de roupas escuras é predominante em comparação com o norte, mais abastado, onde é mais frequente a roupa mais informal. Na quarta-feira, 21, após vários dias de protestos, a normalidade voltou a Teerã e nos bairros do norte, e as jovens continuavam usando o véu bem para trás.

“Com este novo incidente, as pessoas já não chamam esta unidade de Gasht-e Ershad (patrulhas da orientação), mas de Ghatl-e Ershad (orientação do assassinato)”, conta Reyhaneh, uma estudante de 25 anos, no norte de Teerã. “O uso do hijab não teria que ser regido por uma lei”, acrescentou à France-Presse./ WPOST, AFP, AP

TEERÃ – O governo do Irã ampliou, nesta sexta-feira, 23, a repressão às manifestações nacionais desencadeadas pela morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, na semana passada - que se tornou um símbolo do descontentamento do país com a pobreza, repressão, controle clerical e impunidade no governo. O acesso à internet e a redes sociais como WhatsApp e Instagram continuaram bloqueados em grande parte do país e os relatos sobre mortos, feridos e presos aumentam.

O número de mortos confirmado pelo governo iraniano é de 17 pessoas, de acordo com o último balanço oficial, divulgado na quinta-feira, 22. No entanto, levantamentos feitos por grupos de direitos humanos e notícias da imprensa do país falam em mais de 30 mortos, entre manifestantes e agentes de segurança.

Em meio às cenas de violência registradas nas ruas de diversas cidades iranianas - ao menos 15 registraram protestos até aqui -, as autoridades não dão indícios de alívio. As Forças Armadas e a Guarda Revolucionária Islâmica alertaram que vão escalar a repressão se os protestos não pararem - embora também não haja sinal de alívio por parte dos opositores.

Protesto no centro de Teerã após a morte da jovem Mahsa Amini. Foto: AP - 21/09/2022

Apenas na província do Curdistão - onde Mahsa Amini vivia com a família - estimativas apontam que mais de 700 pessoas ficaram feridas durante as manifestações e mais de 600 pessoas foram presas, segundo o grupo de direitos humanos iraniano Hengaw.

Um dos presos nos últimos dias foi a jornalista Niloufar Hamedi, que fez fotos no hospital de Teerã em que a jovem morreu. De acordo com o advogado da repórter, Mohammadali Kamfirouzi, ela foi detida na quinta-feira após agentes de segurança invadirem sua casa. Não houve nenhum comentário oficial.

Observadores da política iraniana apontam que a atual onda de protestos no país é a maior desde 2019, quando milhares de pessoas saíram às ruas após o aumento do preço dos combustíveis. No entanto, os protestos atuais parecem ter um apoio mais amplo entre as várias camadas da população, e têm a diferença do protagonismo feminino, tanto na origem da revolta, quanto no protagonismo questão feminina - com muitas delas queimando seus hijabs, exigidos pela lei islâmica.

“A morte impulsionou um sentimento antigovernamental mais amplo na República Islâmica e especialmente a frustração das mulheres”, escreveu a empresa de risco político Eurasia Group, observando que os radicais do Irã intensificaram a repressão às roupas femininas no ano passado, desde que o ex-chefe do judiciário, Ebrahim Raisi, tornou-se presidente.

Em Nova York, à margem da Assembleia-Geral da ONU, o presidente Ebrahim Raisi repetiu a jornalistas a conclusão de um perito forense do país - não aceita pelos manifestantes - de que Mahsa não sofreu violência policial, mas prometeu uma investigação sobre o caso. Irritado com as críticas sobre a polícia moral iraniana, que tinha a jovem sob custódia quando ela entrou em coma, o presidente acusou países ocidentais de “hipocrisia”, citando números de mulheres mortas no Reino Unido e questionando sobre presos que morrem sob custódia policial nos EUA.

Raisi não respondeu perguntas sobre as mortes nos protestos, mas afirmou que o governo aceita “protestos pacíficos”. “Devemos diferenciar manifestantes e vandalismo”, disse Raisi, que prometeu uma investigação sobre a morte de Mahsa.

De acordo com a análise do Eurasian Group, a perspectiva da liderança iraniana oferecer concessões às mulheres do país ao fim dos protestos é mínima. “No cálculo frio dos líderes iranianos, os protestos provavelmente foram longe o suficiente e uma resposta mais enérgica é necessária para reprimir a agitação”, afirmou o grupo.

Contraprotestos foram convocados por forças leais ao regime teocrático, que organizaram atos a favor do uso do hijab, do código conservador de vestimenta do país e do governo. Milhares de pessoas foram às ruas de Teerã, onde bandeiras iranianas foram hasteadas e gritos anti-Israel e Estados Unidos foram entoados. O governo afirmou que os protestos foram espontâneos, mas agências internacionais noticiaram que o Conselho de Coordenação de Desenvolvimento Islâmico do Irã as teria anunciado.

Mulheres usam vestes islâmicas tradicionais durante protesto a favor do governo nesta sexta. Foto: West Asia News Agency via REUTERS

Desde a Revolução Islâmica de 1979, a lei em vigor no Irã exige que as mulheres, sejam iranianas ou estrangeiras e independente de sua religião, saiam de casa sempre com o véu na cabeça, cobrindo todo o cabelo. Atualmente, além disso, a polícia moral iraniana proíbe também calças justas, jeans rasgadas ou roupas de cores vivas, entre outras restrições.

Mesmo antes do protestos, mulheres de Teerã e de outras grandes cidades têm desafiado silenciosamente as regras arcaicas, deixando cada vez mais o cabelo a vista, apesar do uso do véu. No sul de Teerã, mais pobre e conservador, o uso do chador (vestimenta que cobre o corpo todo) e de roupas escuras é predominante em comparação com o norte, mais abastado, onde é mais frequente a roupa mais informal. Na quarta-feira, 21, após vários dias de protestos, a normalidade voltou a Teerã e nos bairros do norte, e as jovens continuavam usando o véu bem para trás.

“Com este novo incidente, as pessoas já não chamam esta unidade de Gasht-e Ershad (patrulhas da orientação), mas de Ghatl-e Ershad (orientação do assassinato)”, conta Reyhaneh, uma estudante de 25 anos, no norte de Teerã. “O uso do hijab não teria que ser regido por uma lei”, acrescentou à France-Presse./ WPOST, AFP, AP

TEERÃ – O governo do Irã ampliou, nesta sexta-feira, 23, a repressão às manifestações nacionais desencadeadas pela morte da jovem Mahsa Amini, de 22 anos, na semana passada - que se tornou um símbolo do descontentamento do país com a pobreza, repressão, controle clerical e impunidade no governo. O acesso à internet e a redes sociais como WhatsApp e Instagram continuaram bloqueados em grande parte do país e os relatos sobre mortos, feridos e presos aumentam.

O número de mortos confirmado pelo governo iraniano é de 17 pessoas, de acordo com o último balanço oficial, divulgado na quinta-feira, 22. No entanto, levantamentos feitos por grupos de direitos humanos e notícias da imprensa do país falam em mais de 30 mortos, entre manifestantes e agentes de segurança.

Em meio às cenas de violência registradas nas ruas de diversas cidades iranianas - ao menos 15 registraram protestos até aqui -, as autoridades não dão indícios de alívio. As Forças Armadas e a Guarda Revolucionária Islâmica alertaram que vão escalar a repressão se os protestos não pararem - embora também não haja sinal de alívio por parte dos opositores.

Protesto no centro de Teerã após a morte da jovem Mahsa Amini. Foto: AP - 21/09/2022

Apenas na província do Curdistão - onde Mahsa Amini vivia com a família - estimativas apontam que mais de 700 pessoas ficaram feridas durante as manifestações e mais de 600 pessoas foram presas, segundo o grupo de direitos humanos iraniano Hengaw.

Um dos presos nos últimos dias foi a jornalista Niloufar Hamedi, que fez fotos no hospital de Teerã em que a jovem morreu. De acordo com o advogado da repórter, Mohammadali Kamfirouzi, ela foi detida na quinta-feira após agentes de segurança invadirem sua casa. Não houve nenhum comentário oficial.

Observadores da política iraniana apontam que a atual onda de protestos no país é a maior desde 2019, quando milhares de pessoas saíram às ruas após o aumento do preço dos combustíveis. No entanto, os protestos atuais parecem ter um apoio mais amplo entre as várias camadas da população, e têm a diferença do protagonismo feminino, tanto na origem da revolta, quanto no protagonismo questão feminina - com muitas delas queimando seus hijabs, exigidos pela lei islâmica.

“A morte impulsionou um sentimento antigovernamental mais amplo na República Islâmica e especialmente a frustração das mulheres”, escreveu a empresa de risco político Eurasia Group, observando que os radicais do Irã intensificaram a repressão às roupas femininas no ano passado, desde que o ex-chefe do judiciário, Ebrahim Raisi, tornou-se presidente.

Em Nova York, à margem da Assembleia-Geral da ONU, o presidente Ebrahim Raisi repetiu a jornalistas a conclusão de um perito forense do país - não aceita pelos manifestantes - de que Mahsa não sofreu violência policial, mas prometeu uma investigação sobre o caso. Irritado com as críticas sobre a polícia moral iraniana, que tinha a jovem sob custódia quando ela entrou em coma, o presidente acusou países ocidentais de “hipocrisia”, citando números de mulheres mortas no Reino Unido e questionando sobre presos que morrem sob custódia policial nos EUA.

Raisi não respondeu perguntas sobre as mortes nos protestos, mas afirmou que o governo aceita “protestos pacíficos”. “Devemos diferenciar manifestantes e vandalismo”, disse Raisi, que prometeu uma investigação sobre a morte de Mahsa.

De acordo com a análise do Eurasian Group, a perspectiva da liderança iraniana oferecer concessões às mulheres do país ao fim dos protestos é mínima. “No cálculo frio dos líderes iranianos, os protestos provavelmente foram longe o suficiente e uma resposta mais enérgica é necessária para reprimir a agitação”, afirmou o grupo.

Contraprotestos foram convocados por forças leais ao regime teocrático, que organizaram atos a favor do uso do hijab, do código conservador de vestimenta do país e do governo. Milhares de pessoas foram às ruas de Teerã, onde bandeiras iranianas foram hasteadas e gritos anti-Israel e Estados Unidos foram entoados. O governo afirmou que os protestos foram espontâneos, mas agências internacionais noticiaram que o Conselho de Coordenação de Desenvolvimento Islâmico do Irã as teria anunciado.

Mulheres usam vestes islâmicas tradicionais durante protesto a favor do governo nesta sexta. Foto: West Asia News Agency via REUTERS

Desde a Revolução Islâmica de 1979, a lei em vigor no Irã exige que as mulheres, sejam iranianas ou estrangeiras e independente de sua religião, saiam de casa sempre com o véu na cabeça, cobrindo todo o cabelo. Atualmente, além disso, a polícia moral iraniana proíbe também calças justas, jeans rasgadas ou roupas de cores vivas, entre outras restrições.

Mesmo antes do protestos, mulheres de Teerã e de outras grandes cidades têm desafiado silenciosamente as regras arcaicas, deixando cada vez mais o cabelo a vista, apesar do uso do véu. No sul de Teerã, mais pobre e conservador, o uso do chador (vestimenta que cobre o corpo todo) e de roupas escuras é predominante em comparação com o norte, mais abastado, onde é mais frequente a roupa mais informal. Na quarta-feira, 21, após vários dias de protestos, a normalidade voltou a Teerã e nos bairros do norte, e as jovens continuavam usando o véu bem para trás.

“Com este novo incidente, as pessoas já não chamam esta unidade de Gasht-e Ershad (patrulhas da orientação), mas de Ghatl-e Ershad (orientação do assassinato)”, conta Reyhaneh, uma estudante de 25 anos, no norte de Teerã. “O uso do hijab não teria que ser regido por uma lei”, acrescentou à France-Presse./ WPOST, AFP, AP

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