Irã vê Brics como peça-chave em nova ordem que desafia EUA e quer apoio de Lula para aderir ao bloco


Governo brasileiro ainda não apoia nenhum candidato abertamente, mas não vetará a adesão iraniana, segundo negociadores ouvidos pela reportagem

Por Felipe Frazão

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - Às vésperas da realização da 15ª Cúpula do Brics, o Irã pressiona o Brasil a apoiar a adesão do país ao bloco formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul. A nova rodada de ampliação do grupo, discutida há 12 anos, mas nunca formalizada, é uma das pautas principais do encontro de líderes, em Johannesburgo.

O Brics passou a ser visto por Teerã como peça-chave no que chamam de uma nova ordem multipolar, que o governo teocrático islâmico propõe como substituta da ordem atual em que os Estados Unidos, principal inimigo do Irã, desempenham mais protagonismo, como principal potência econômica e militar. Segundo a tese iraniana, essa nova ordem não seria imposta com o uso da força.

O assuntou entrou na pauta de uma visita de alto nível diplomático ao Brasil. O regime iraniano despachou a Brasília o vice-ministro para Assuntos Políticos do Ministério das Relações Exteriores, Ali Bagheri. Ele é o principal negociador iraniano a tratar da retomada do acordo nuclear e roda o mundo em conversas reservadas com representantes de outros países.

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O vice-ministro iraniano Ali Bagheri pediu apoio de Lula para entrar no BRICS Foto: Felipe Frazão

Em Brasília, Bagheri foi recebido por diplomatas que fazem a ligação entre os países e pela secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha. O encontro ocorreu no dia 9. As comitivas dos dois países se reuniram para tratar de consultas políticas, no ministério.

O enviado de Teerã também conversou com personalidades do mundo político, incluindo dirigentes de partidos como PT e PCdoB, que estiveram em uma palestra a consultores, diplomatas e representantes de empresas a respeito de aspectos das relações internacionais do Irã e oportunidades de comércio. Durante o encontro, Bagheri confirmou que o Irã conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entrar no Brics. A ampliação do Brics poderá ser confirmada na cúpula que começa nesta terça-feira, 22, e segue até a quinta, 24.

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“Como país que apoia a multipolaridade, o Irã acredita que o Brics deve crescer e, por meio de nossas boas relações com os cinco países-membros, temos grande interesse em ingressar neste grupo”, disse Bagheri. “Temos certeza de que a entrada de países como o Irã irá trazer mais força e estabilidade, efeitos positivos para o Brics, e nesse sentido temos uma visão comum com nossos amigos brasileiros.”

O Brasil vinha resistindo nos últimos anos à expansão dos membros do bloco, mas Lula cedeu e já disse que defende a mudança, com foco em dar maior peso econômico. País ficara isolado na resistência à expansão do Brics, com uma mudança de posição da Índia.

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O governo brasileiro pondera, no entanto, que devem ser estabelecidos critérios claros de adesão, como o peso regional dos integrantes, e também regras de funcionamento futuro. O grupo costuma tomar decisões apenas por consenso, o que seria mais complicado de alcançar num grupo amplo.

Apesar de Lula ter sinalizado que irá flexibilizar a posição brasileira, o governo ainda não apoia nenhum candidato abertamente, como fazem outros membros. Mas também não vetará a adesão do Irã, caso ela conte com apoio dos demais, segundo negociadores ouvidos pela reportagem.

Diplomatas brasileiros dizem que o Irã passou a atuar mais fortemente em busca da adesão ao Brics depois que percebeu que outros países estavam com o processo adiantado, entre os primeiros de uma “fila” informal. Um deles é a Arábia Saudita, rival histórico e ator influente no Oriente Médio, com quem retomou relações diplomáticas.

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“Cada um dos cinco membros tem sua visão sobre a integração de novos países. Esperamos do Brasil, como dos demais quatro países, que tenha uma visão favorável à integração do Irã ao BRICS. Uma das questões que tratei com autoridades brasileiras foi sobre a vontade da República Islâmica do Irã de usar seu potencial para se juntar ao grupo, para que a integração possa ser concluída e isso ajude no aspecto comercial. Com o ingresso do Irã o potencial nos aspectos de energia, petróleo e gás, vai aumentar”, argumentou o vice-chanceler.

Segundo o governo brasileiro, 22 países pediram formalmente que os atuais cinco membros dos Brics analisassem seus respectivos pedidos de ingresso no agrupamento. A África do Sul, atualmente na presidência rotativa do bloco, disse que 40 nações manifestaram algum tipo de interesse em compor o Brics.

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Em diversas ocasiões nos últimos encontros do Brics, os líderes de dois países que mais rivalizam com os Estados Unidos cobraram uma atuação política mais coesa no bloco. A sugestão costuma estar presente nos discursos dos presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin.

Ali Bagheri deixou claro que o regime iraniano vê os Brics como uma plataforma para ampliar os pedidos de reforma de organizações internacionais, a articulação contra sanções econômicas e financeiras e ainda como forma de organizar a nova ordem multipolar, com atores múltiplos e sem imposição militar. As desavenças com Washington eram o ponto central do discurso iraniano.

O vice-ministro entende que o Brics não pode ser apenas um grupo comercial, mas sim um canal para trabalhar por uma ordem multipolar. Sempre em contraponto aos EUA, Bagheri disse que cada país deve participar da governança mundial com base em suas potencialidades, sem imposições de fora para dentro. Segundo ele, um dos objetivos de sua comitiva era “deixar claro que o Irã é um parceiro confiável” para o Brasil.

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Questionado se espera um novo engajamento de Lula nas tratativas para a retomada do acordo nuclear, denunciado pelos Estados Unidos durante o governo Donald Trump, Bagheri respondeu. Diante de sinalizações de que Washington poderia renegociar o acordo, Ele queixou-se de os EUA não cumprirem promessas e afirmou que Teerã, por sua vez, manteve seus compromissos e faz de tudo para retomar o acordo.

“O Irã apoia qualquer iniciativa que possa fazer os EUA cumprirem suas promessas”, disse Bagheri.

Ele citou avanços em ciência, medicina, tecnologia e defesa, apesar das sanções que segundo ele custaram um preço alto à economia e ao povo iraniano. O país busca um acerto para que elas sejam suspensas e possa normalizar sua presença no sistema financeiro global.

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - Às vésperas da realização da 15ª Cúpula do Brics, o Irã pressiona o Brasil a apoiar a adesão do país ao bloco formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul. A nova rodada de ampliação do grupo, discutida há 12 anos, mas nunca formalizada, é uma das pautas principais do encontro de líderes, em Johannesburgo.

O Brics passou a ser visto por Teerã como peça-chave no que chamam de uma nova ordem multipolar, que o governo teocrático islâmico propõe como substituta da ordem atual em que os Estados Unidos, principal inimigo do Irã, desempenham mais protagonismo, como principal potência econômica e militar. Segundo a tese iraniana, essa nova ordem não seria imposta com o uso da força.

O assuntou entrou na pauta de uma visita de alto nível diplomático ao Brasil. O regime iraniano despachou a Brasília o vice-ministro para Assuntos Políticos do Ministério das Relações Exteriores, Ali Bagheri. Ele é o principal negociador iraniano a tratar da retomada do acordo nuclear e roda o mundo em conversas reservadas com representantes de outros países.

O vice-ministro iraniano Ali Bagheri pediu apoio de Lula para entrar no BRICS Foto: Felipe Frazão

Em Brasília, Bagheri foi recebido por diplomatas que fazem a ligação entre os países e pela secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha. O encontro ocorreu no dia 9. As comitivas dos dois países se reuniram para tratar de consultas políticas, no ministério.

O enviado de Teerã também conversou com personalidades do mundo político, incluindo dirigentes de partidos como PT e PCdoB, que estiveram em uma palestra a consultores, diplomatas e representantes de empresas a respeito de aspectos das relações internacionais do Irã e oportunidades de comércio. Durante o encontro, Bagheri confirmou que o Irã conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entrar no Brics. A ampliação do Brics poderá ser confirmada na cúpula que começa nesta terça-feira, 22, e segue até a quinta, 24.

“Como país que apoia a multipolaridade, o Irã acredita que o Brics deve crescer e, por meio de nossas boas relações com os cinco países-membros, temos grande interesse em ingressar neste grupo”, disse Bagheri. “Temos certeza de que a entrada de países como o Irã irá trazer mais força e estabilidade, efeitos positivos para o Brics, e nesse sentido temos uma visão comum com nossos amigos brasileiros.”

O Brasil vinha resistindo nos últimos anos à expansão dos membros do bloco, mas Lula cedeu e já disse que defende a mudança, com foco em dar maior peso econômico. País ficara isolado na resistência à expansão do Brics, com uma mudança de posição da Índia.

O governo brasileiro pondera, no entanto, que devem ser estabelecidos critérios claros de adesão, como o peso regional dos integrantes, e também regras de funcionamento futuro. O grupo costuma tomar decisões apenas por consenso, o que seria mais complicado de alcançar num grupo amplo.

Apesar de Lula ter sinalizado que irá flexibilizar a posição brasileira, o governo ainda não apoia nenhum candidato abertamente, como fazem outros membros. Mas também não vetará a adesão do Irã, caso ela conte com apoio dos demais, segundo negociadores ouvidos pela reportagem.

Diplomatas brasileiros dizem que o Irã passou a atuar mais fortemente em busca da adesão ao Brics depois que percebeu que outros países estavam com o processo adiantado, entre os primeiros de uma “fila” informal. Um deles é a Arábia Saudita, rival histórico e ator influente no Oriente Médio, com quem retomou relações diplomáticas.

“Cada um dos cinco membros tem sua visão sobre a integração de novos países. Esperamos do Brasil, como dos demais quatro países, que tenha uma visão favorável à integração do Irã ao BRICS. Uma das questões que tratei com autoridades brasileiras foi sobre a vontade da República Islâmica do Irã de usar seu potencial para se juntar ao grupo, para que a integração possa ser concluída e isso ajude no aspecto comercial. Com o ingresso do Irã o potencial nos aspectos de energia, petróleo e gás, vai aumentar”, argumentou o vice-chanceler.

Segundo o governo brasileiro, 22 países pediram formalmente que os atuais cinco membros dos Brics analisassem seus respectivos pedidos de ingresso no agrupamento. A África do Sul, atualmente na presidência rotativa do bloco, disse que 40 nações manifestaram algum tipo de interesse em compor o Brics.

Em diversas ocasiões nos últimos encontros do Brics, os líderes de dois países que mais rivalizam com os Estados Unidos cobraram uma atuação política mais coesa no bloco. A sugestão costuma estar presente nos discursos dos presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin.

Ali Bagheri deixou claro que o regime iraniano vê os Brics como uma plataforma para ampliar os pedidos de reforma de organizações internacionais, a articulação contra sanções econômicas e financeiras e ainda como forma de organizar a nova ordem multipolar, com atores múltiplos e sem imposição militar. As desavenças com Washington eram o ponto central do discurso iraniano.

O vice-ministro entende que o Brics não pode ser apenas um grupo comercial, mas sim um canal para trabalhar por uma ordem multipolar. Sempre em contraponto aos EUA, Bagheri disse que cada país deve participar da governança mundial com base em suas potencialidades, sem imposições de fora para dentro. Segundo ele, um dos objetivos de sua comitiva era “deixar claro que o Irã é um parceiro confiável” para o Brasil.

Questionado se espera um novo engajamento de Lula nas tratativas para a retomada do acordo nuclear, denunciado pelos Estados Unidos durante o governo Donald Trump, Bagheri respondeu. Diante de sinalizações de que Washington poderia renegociar o acordo, Ele queixou-se de os EUA não cumprirem promessas e afirmou que Teerã, por sua vez, manteve seus compromissos e faz de tudo para retomar o acordo.

“O Irã apoia qualquer iniciativa que possa fazer os EUA cumprirem suas promessas”, disse Bagheri.

Ele citou avanços em ciência, medicina, tecnologia e defesa, apesar das sanções que segundo ele custaram um preço alto à economia e ao povo iraniano. O país busca um acerto para que elas sejam suspensas e possa normalizar sua presença no sistema financeiro global.

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - Às vésperas da realização da 15ª Cúpula do Brics, o Irã pressiona o Brasil a apoiar a adesão do país ao bloco formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul. A nova rodada de ampliação do grupo, discutida há 12 anos, mas nunca formalizada, é uma das pautas principais do encontro de líderes, em Johannesburgo.

O Brics passou a ser visto por Teerã como peça-chave no que chamam de uma nova ordem multipolar, que o governo teocrático islâmico propõe como substituta da ordem atual em que os Estados Unidos, principal inimigo do Irã, desempenham mais protagonismo, como principal potência econômica e militar. Segundo a tese iraniana, essa nova ordem não seria imposta com o uso da força.

O assuntou entrou na pauta de uma visita de alto nível diplomático ao Brasil. O regime iraniano despachou a Brasília o vice-ministro para Assuntos Políticos do Ministério das Relações Exteriores, Ali Bagheri. Ele é o principal negociador iraniano a tratar da retomada do acordo nuclear e roda o mundo em conversas reservadas com representantes de outros países.

O vice-ministro iraniano Ali Bagheri pediu apoio de Lula para entrar no BRICS Foto: Felipe Frazão

Em Brasília, Bagheri foi recebido por diplomatas que fazem a ligação entre os países e pela secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha. O encontro ocorreu no dia 9. As comitivas dos dois países se reuniram para tratar de consultas políticas, no ministério.

O enviado de Teerã também conversou com personalidades do mundo político, incluindo dirigentes de partidos como PT e PCdoB, que estiveram em uma palestra a consultores, diplomatas e representantes de empresas a respeito de aspectos das relações internacionais do Irã e oportunidades de comércio. Durante o encontro, Bagheri confirmou que o Irã conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entrar no Brics. A ampliação do Brics poderá ser confirmada na cúpula que começa nesta terça-feira, 22, e segue até a quinta, 24.

“Como país que apoia a multipolaridade, o Irã acredita que o Brics deve crescer e, por meio de nossas boas relações com os cinco países-membros, temos grande interesse em ingressar neste grupo”, disse Bagheri. “Temos certeza de que a entrada de países como o Irã irá trazer mais força e estabilidade, efeitos positivos para o Brics, e nesse sentido temos uma visão comum com nossos amigos brasileiros.”

O Brasil vinha resistindo nos últimos anos à expansão dos membros do bloco, mas Lula cedeu e já disse que defende a mudança, com foco em dar maior peso econômico. País ficara isolado na resistência à expansão do Brics, com uma mudança de posição da Índia.

O governo brasileiro pondera, no entanto, que devem ser estabelecidos critérios claros de adesão, como o peso regional dos integrantes, e também regras de funcionamento futuro. O grupo costuma tomar decisões apenas por consenso, o que seria mais complicado de alcançar num grupo amplo.

Apesar de Lula ter sinalizado que irá flexibilizar a posição brasileira, o governo ainda não apoia nenhum candidato abertamente, como fazem outros membros. Mas também não vetará a adesão do Irã, caso ela conte com apoio dos demais, segundo negociadores ouvidos pela reportagem.

Diplomatas brasileiros dizem que o Irã passou a atuar mais fortemente em busca da adesão ao Brics depois que percebeu que outros países estavam com o processo adiantado, entre os primeiros de uma “fila” informal. Um deles é a Arábia Saudita, rival histórico e ator influente no Oriente Médio, com quem retomou relações diplomáticas.

“Cada um dos cinco membros tem sua visão sobre a integração de novos países. Esperamos do Brasil, como dos demais quatro países, que tenha uma visão favorável à integração do Irã ao BRICS. Uma das questões que tratei com autoridades brasileiras foi sobre a vontade da República Islâmica do Irã de usar seu potencial para se juntar ao grupo, para que a integração possa ser concluída e isso ajude no aspecto comercial. Com o ingresso do Irã o potencial nos aspectos de energia, petróleo e gás, vai aumentar”, argumentou o vice-chanceler.

Segundo o governo brasileiro, 22 países pediram formalmente que os atuais cinco membros dos Brics analisassem seus respectivos pedidos de ingresso no agrupamento. A África do Sul, atualmente na presidência rotativa do bloco, disse que 40 nações manifestaram algum tipo de interesse em compor o Brics.

Em diversas ocasiões nos últimos encontros do Brics, os líderes de dois países que mais rivalizam com os Estados Unidos cobraram uma atuação política mais coesa no bloco. A sugestão costuma estar presente nos discursos dos presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin.

Ali Bagheri deixou claro que o regime iraniano vê os Brics como uma plataforma para ampliar os pedidos de reforma de organizações internacionais, a articulação contra sanções econômicas e financeiras e ainda como forma de organizar a nova ordem multipolar, com atores múltiplos e sem imposição militar. As desavenças com Washington eram o ponto central do discurso iraniano.

O vice-ministro entende que o Brics não pode ser apenas um grupo comercial, mas sim um canal para trabalhar por uma ordem multipolar. Sempre em contraponto aos EUA, Bagheri disse que cada país deve participar da governança mundial com base em suas potencialidades, sem imposições de fora para dentro. Segundo ele, um dos objetivos de sua comitiva era “deixar claro que o Irã é um parceiro confiável” para o Brasil.

Questionado se espera um novo engajamento de Lula nas tratativas para a retomada do acordo nuclear, denunciado pelos Estados Unidos durante o governo Donald Trump, Bagheri respondeu. Diante de sinalizações de que Washington poderia renegociar o acordo, Ele queixou-se de os EUA não cumprirem promessas e afirmou que Teerã, por sua vez, manteve seus compromissos e faz de tudo para retomar o acordo.

“O Irã apoia qualquer iniciativa que possa fazer os EUA cumprirem suas promessas”, disse Bagheri.

Ele citou avanços em ciência, medicina, tecnologia e defesa, apesar das sanções que segundo ele custaram um preço alto à economia e ao povo iraniano. O país busca um acerto para que elas sejam suspensas e possa normalizar sua presença no sistema financeiro global.

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - Às vésperas da realização da 15ª Cúpula do Brics, o Irã pressiona o Brasil a apoiar a adesão do país ao bloco formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul. A nova rodada de ampliação do grupo, discutida há 12 anos, mas nunca formalizada, é uma das pautas principais do encontro de líderes, em Johannesburgo.

O Brics passou a ser visto por Teerã como peça-chave no que chamam de uma nova ordem multipolar, que o governo teocrático islâmico propõe como substituta da ordem atual em que os Estados Unidos, principal inimigo do Irã, desempenham mais protagonismo, como principal potência econômica e militar. Segundo a tese iraniana, essa nova ordem não seria imposta com o uso da força.

O assuntou entrou na pauta de uma visita de alto nível diplomático ao Brasil. O regime iraniano despachou a Brasília o vice-ministro para Assuntos Políticos do Ministério das Relações Exteriores, Ali Bagheri. Ele é o principal negociador iraniano a tratar da retomada do acordo nuclear e roda o mundo em conversas reservadas com representantes de outros países.

O vice-ministro iraniano Ali Bagheri pediu apoio de Lula para entrar no BRICS Foto: Felipe Frazão

Em Brasília, Bagheri foi recebido por diplomatas que fazem a ligação entre os países e pela secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha. O encontro ocorreu no dia 9. As comitivas dos dois países se reuniram para tratar de consultas políticas, no ministério.

O enviado de Teerã também conversou com personalidades do mundo político, incluindo dirigentes de partidos como PT e PCdoB, que estiveram em uma palestra a consultores, diplomatas e representantes de empresas a respeito de aspectos das relações internacionais do Irã e oportunidades de comércio. Durante o encontro, Bagheri confirmou que o Irã conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entrar no Brics. A ampliação do Brics poderá ser confirmada na cúpula que começa nesta terça-feira, 22, e segue até a quinta, 24.

“Como país que apoia a multipolaridade, o Irã acredita que o Brics deve crescer e, por meio de nossas boas relações com os cinco países-membros, temos grande interesse em ingressar neste grupo”, disse Bagheri. “Temos certeza de que a entrada de países como o Irã irá trazer mais força e estabilidade, efeitos positivos para o Brics, e nesse sentido temos uma visão comum com nossos amigos brasileiros.”

O Brasil vinha resistindo nos últimos anos à expansão dos membros do bloco, mas Lula cedeu e já disse que defende a mudança, com foco em dar maior peso econômico. País ficara isolado na resistência à expansão do Brics, com uma mudança de posição da Índia.

O governo brasileiro pondera, no entanto, que devem ser estabelecidos critérios claros de adesão, como o peso regional dos integrantes, e também regras de funcionamento futuro. O grupo costuma tomar decisões apenas por consenso, o que seria mais complicado de alcançar num grupo amplo.

Apesar de Lula ter sinalizado que irá flexibilizar a posição brasileira, o governo ainda não apoia nenhum candidato abertamente, como fazem outros membros. Mas também não vetará a adesão do Irã, caso ela conte com apoio dos demais, segundo negociadores ouvidos pela reportagem.

Diplomatas brasileiros dizem que o Irã passou a atuar mais fortemente em busca da adesão ao Brics depois que percebeu que outros países estavam com o processo adiantado, entre os primeiros de uma “fila” informal. Um deles é a Arábia Saudita, rival histórico e ator influente no Oriente Médio, com quem retomou relações diplomáticas.

“Cada um dos cinco membros tem sua visão sobre a integração de novos países. Esperamos do Brasil, como dos demais quatro países, que tenha uma visão favorável à integração do Irã ao BRICS. Uma das questões que tratei com autoridades brasileiras foi sobre a vontade da República Islâmica do Irã de usar seu potencial para se juntar ao grupo, para que a integração possa ser concluída e isso ajude no aspecto comercial. Com o ingresso do Irã o potencial nos aspectos de energia, petróleo e gás, vai aumentar”, argumentou o vice-chanceler.

Segundo o governo brasileiro, 22 países pediram formalmente que os atuais cinco membros dos Brics analisassem seus respectivos pedidos de ingresso no agrupamento. A África do Sul, atualmente na presidência rotativa do bloco, disse que 40 nações manifestaram algum tipo de interesse em compor o Brics.

Em diversas ocasiões nos últimos encontros do Brics, os líderes de dois países que mais rivalizam com os Estados Unidos cobraram uma atuação política mais coesa no bloco. A sugestão costuma estar presente nos discursos dos presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin.

Ali Bagheri deixou claro que o regime iraniano vê os Brics como uma plataforma para ampliar os pedidos de reforma de organizações internacionais, a articulação contra sanções econômicas e financeiras e ainda como forma de organizar a nova ordem multipolar, com atores múltiplos e sem imposição militar. As desavenças com Washington eram o ponto central do discurso iraniano.

O vice-ministro entende que o Brics não pode ser apenas um grupo comercial, mas sim um canal para trabalhar por uma ordem multipolar. Sempre em contraponto aos EUA, Bagheri disse que cada país deve participar da governança mundial com base em suas potencialidades, sem imposições de fora para dentro. Segundo ele, um dos objetivos de sua comitiva era “deixar claro que o Irã é um parceiro confiável” para o Brasil.

Questionado se espera um novo engajamento de Lula nas tratativas para a retomada do acordo nuclear, denunciado pelos Estados Unidos durante o governo Donald Trump, Bagheri respondeu. Diante de sinalizações de que Washington poderia renegociar o acordo, Ele queixou-se de os EUA não cumprirem promessas e afirmou que Teerã, por sua vez, manteve seus compromissos e faz de tudo para retomar o acordo.

“O Irã apoia qualquer iniciativa que possa fazer os EUA cumprirem suas promessas”, disse Bagheri.

Ele citou avanços em ciência, medicina, tecnologia e defesa, apesar das sanções que segundo ele custaram um preço alto à economia e ao povo iraniano. O país busca um acerto para que elas sejam suspensas e possa normalizar sua presença no sistema financeiro global.

ENVIADO ESPECIAL A JOHANNESBURGO - Às vésperas da realização da 15ª Cúpula do Brics, o Irã pressiona o Brasil a apoiar a adesão do país ao bloco formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul. A nova rodada de ampliação do grupo, discutida há 12 anos, mas nunca formalizada, é uma das pautas principais do encontro de líderes, em Johannesburgo.

O Brics passou a ser visto por Teerã como peça-chave no que chamam de uma nova ordem multipolar, que o governo teocrático islâmico propõe como substituta da ordem atual em que os Estados Unidos, principal inimigo do Irã, desempenham mais protagonismo, como principal potência econômica e militar. Segundo a tese iraniana, essa nova ordem não seria imposta com o uso da força.

O assuntou entrou na pauta de uma visita de alto nível diplomático ao Brasil. O regime iraniano despachou a Brasília o vice-ministro para Assuntos Políticos do Ministério das Relações Exteriores, Ali Bagheri. Ele é o principal negociador iraniano a tratar da retomada do acordo nuclear e roda o mundo em conversas reservadas com representantes de outros países.

O vice-ministro iraniano Ali Bagheri pediu apoio de Lula para entrar no BRICS Foto: Felipe Frazão

Em Brasília, Bagheri foi recebido por diplomatas que fazem a ligação entre os países e pela secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha. O encontro ocorreu no dia 9. As comitivas dos dois países se reuniram para tratar de consultas políticas, no ministério.

O enviado de Teerã também conversou com personalidades do mundo político, incluindo dirigentes de partidos como PT e PCdoB, que estiveram em uma palestra a consultores, diplomatas e representantes de empresas a respeito de aspectos das relações internacionais do Irã e oportunidades de comércio. Durante o encontro, Bagheri confirmou que o Irã conta com o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para entrar no Brics. A ampliação do Brics poderá ser confirmada na cúpula que começa nesta terça-feira, 22, e segue até a quinta, 24.

“Como país que apoia a multipolaridade, o Irã acredita que o Brics deve crescer e, por meio de nossas boas relações com os cinco países-membros, temos grande interesse em ingressar neste grupo”, disse Bagheri. “Temos certeza de que a entrada de países como o Irã irá trazer mais força e estabilidade, efeitos positivos para o Brics, e nesse sentido temos uma visão comum com nossos amigos brasileiros.”

O Brasil vinha resistindo nos últimos anos à expansão dos membros do bloco, mas Lula cedeu e já disse que defende a mudança, com foco em dar maior peso econômico. País ficara isolado na resistência à expansão do Brics, com uma mudança de posição da Índia.

O governo brasileiro pondera, no entanto, que devem ser estabelecidos critérios claros de adesão, como o peso regional dos integrantes, e também regras de funcionamento futuro. O grupo costuma tomar decisões apenas por consenso, o que seria mais complicado de alcançar num grupo amplo.

Apesar de Lula ter sinalizado que irá flexibilizar a posição brasileira, o governo ainda não apoia nenhum candidato abertamente, como fazem outros membros. Mas também não vetará a adesão do Irã, caso ela conte com apoio dos demais, segundo negociadores ouvidos pela reportagem.

Diplomatas brasileiros dizem que o Irã passou a atuar mais fortemente em busca da adesão ao Brics depois que percebeu que outros países estavam com o processo adiantado, entre os primeiros de uma “fila” informal. Um deles é a Arábia Saudita, rival histórico e ator influente no Oriente Médio, com quem retomou relações diplomáticas.

“Cada um dos cinco membros tem sua visão sobre a integração de novos países. Esperamos do Brasil, como dos demais quatro países, que tenha uma visão favorável à integração do Irã ao BRICS. Uma das questões que tratei com autoridades brasileiras foi sobre a vontade da República Islâmica do Irã de usar seu potencial para se juntar ao grupo, para que a integração possa ser concluída e isso ajude no aspecto comercial. Com o ingresso do Irã o potencial nos aspectos de energia, petróleo e gás, vai aumentar”, argumentou o vice-chanceler.

Segundo o governo brasileiro, 22 países pediram formalmente que os atuais cinco membros dos Brics analisassem seus respectivos pedidos de ingresso no agrupamento. A África do Sul, atualmente na presidência rotativa do bloco, disse que 40 nações manifestaram algum tipo de interesse em compor o Brics.

Em diversas ocasiões nos últimos encontros do Brics, os líderes de dois países que mais rivalizam com os Estados Unidos cobraram uma atuação política mais coesa no bloco. A sugestão costuma estar presente nos discursos dos presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin.

Ali Bagheri deixou claro que o regime iraniano vê os Brics como uma plataforma para ampliar os pedidos de reforma de organizações internacionais, a articulação contra sanções econômicas e financeiras e ainda como forma de organizar a nova ordem multipolar, com atores múltiplos e sem imposição militar. As desavenças com Washington eram o ponto central do discurso iraniano.

O vice-ministro entende que o Brics não pode ser apenas um grupo comercial, mas sim um canal para trabalhar por uma ordem multipolar. Sempre em contraponto aos EUA, Bagheri disse que cada país deve participar da governança mundial com base em suas potencialidades, sem imposições de fora para dentro. Segundo ele, um dos objetivos de sua comitiva era “deixar claro que o Irã é um parceiro confiável” para o Brasil.

Questionado se espera um novo engajamento de Lula nas tratativas para a retomada do acordo nuclear, denunciado pelos Estados Unidos durante o governo Donald Trump, Bagheri respondeu. Diante de sinalizações de que Washington poderia renegociar o acordo, Ele queixou-se de os EUA não cumprirem promessas e afirmou que Teerã, por sua vez, manteve seus compromissos e faz de tudo para retomar o acordo.

“O Irã apoia qualquer iniciativa que possa fazer os EUA cumprirem suas promessas”, disse Bagheri.

Ele citou avanços em ciência, medicina, tecnologia e defesa, apesar das sanções que segundo ele custaram um preço alto à economia e ao povo iraniano. O país busca um acerto para que elas sejam suspensas e possa normalizar sua presença no sistema financeiro global.

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