As Forças de Defesa de Israel aumentaram os bombardeios aéreos na Faixa de Gaza durante a madrugada desta terça-feira, 24, para preparar uma invasão terrestre na área. Israel afirmou ter atingido mais de 400 alvos nas últimas 24 horas. Pelo menos 704 pessoas morreram, segundo o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo braço político do grupo terrorista Hamas.
Os números não puderam ser verificados de forma independente. No comunicado à imprensa, o Ministério da Saúde de Gaza informou que se trata do maior número de mortos no território em um único dia. Casas, um campo de refugiados e outros locais foram destruídos.
O aumento dos bombardeios ocorre no momento em que Israel lida com a pressão para adiar um ataque por terra à Gaza, como parte da estratégia para eliminar o grupo terrorista Hamas, responsável pelo maior ataque da história dentro de Israel, com 1,4 mil mortos. Não se sabe quando e se tal operação terrestre ocorrerá.
Segundo autoridades americanas, os militares israelenses ainda não possuem um plano pronto para operar uma invasão terrestre com sucesso. Eles instam Israel a dar mais tempo para negociações de reféns e entrega de ajuda humanitária.
Desde que os ataques em Gaza começaram, o Ministério da Saúde de Gaza relatou mais de 5,7 mil mortes, sendo metade de crianças. O crescente número de mortos não tem precedentes no conflito Israel-Palestina, que já dura décadas.
A situação tende a se agravar com a paralisação de quase dois terços dos serviços de saúde da Faixa de Gaza, incluindo hospitais e clínicas médicas. Segundo a OMS, os serviços foram interrompidos por causa de ataques aéreos e bloqueio de combustível e falta de energia no território. “Tememos um aumento nas taxas de mortalidade em pessoas com doenças crônicas”, alertou o diretor de emergências da OMS para o Oriente Médio, Rick Brennan.
Israel diz que não tem estruturas civis como alvos, mas que os terroristas dos Hamas costumam utilizá-las como cobertura de ataques. Segundo Israel, mais de 7 mil foguetes foram disparados pelo Hamas desde o início do conflito. “Continuamos a atacar com força a Cidade de Gaza e seus arredores, onde o Hamas está construindo sua infraestrutura terrorista e organizando suas tropas”, disse o porta-voz militar israelense, o contra-almirante Daniel Hagari.
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Blinken pedem que países protejam civis palestinos
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, pediu na reunião do Conselho de Segurança nesta terça-feira, 24, aos países-membros da ONU a usarem toda a influência que tiverem para garantir a libertação de reféns detidos pelo Hamas e impedir que outras frentes de conflito sejam abertas.
Blinken disse especificamente que trabalharia com o principal diplomata da China, Wang Yi, para evitar que o conflito no Oriente Médio se espalhe. Wang está com viagem marcara para Washington na quinta-feira, 26. “Os EUA estão prontos para trabalhar com qualquer pessoa disposta a construir um futuro mais pacífico para a região”, declarou o chefe da diplomacia americana.
O secretário de Estado dos EUA também instou a abertura de canais para aumentar a ajuda humanitária aos civis palestinos que estão presos em Gaza sob o cerco e bombardeio de Israel. “Não podemos desistir da paz”, disse.
Liberação de reféns
Na segunda-feira, o Hamas libertou duas idosas israelenses que estavam entre as mais de 200 pessoas feitas de refém pelo Hamas após o ataque do dia 7. Uma das reféns libertadas, Yocheved Lifschitz, de 85 anos, disse nesta terça-feira que foi espancada com paus pelos terroristas e descreveu o que viveu como um inferno.
Lifschitz relatou ter sofrido lesão nas costelas e dificuldade na respiração após ser espancada pelos membros do Hamas. Eles a levaram para Gaza e depois a forçaram a caminhar quilômetros em chão molhado até uma rede de túneis que se assemelhavam a uma teia de aranha, contou.
Ao chegar lá, Lifschitz recebeu um tratamento melhor, com limpeza, cuidados médicos e refeições diárias de queijos e pepinos, a mesma refeição dos membros do Hamas. Pessoas designadas para protegê-la disseram que não machucariam e que “acreditavam no Alcorão”. Ao ser libertada, ela apertou a mão de um membro do Hamas. O marido dela permanece refém.
A mulher também criticou Israel por não ter levado a sério as ameaças do Hamas que antecederam o ataque do dia 7. “Éramos os bodes expiatórios do governo”, disse ela. “Eles nos avisaram com três semanas de antecedência, queimaram campos, enviaram balões de fogo e as FDI não levaram isso a sério”, acrescentou, referindo-se ao Hamas.
A outra refém é Nurit Cooper, de 79 anos. As duas foram libertadas dias depois de duas americanas, mãe e filha, terem sido libertadas. Acredita-se que o Hamas e outros militantes em Gaza tenham levado cerca de 220 pessoas, incluindo um número não confirmado de estrangeiros e cidadãos com dupla nacionalidade.
Macron propõe coalizão internacional contra o Hamas
Em visita a Israel nesta terça-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, propôs uma coalizão internacional para lutar contra o Hamas e declarou que a segurança de Israel depende de o país aceitar o “direito legítimo” de palestinos terem um Estado. Macron falou ao lado do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém.
O presidente francês propôs que a coalizão internacional criada em 2014, sob liderança dos Estados Unidos, para combater o grupo Estado Islâmico na Síria e no Iraque “também possa lutar contra o Hamas”. “Hamas é um grupo terrorista cujo objetivo é a destruição do Estado de Israel, este é também o caso do Estado Islâmico, da Al Qaeda e dos seus parceiros de ação e intenção”, declarou, acrescentando que a França “está pronta” para lutar contra o grupo terrorista palestino.
Macron ainda disse que qualquer paz “não pode ser duradoura” sem reiniciar um processo político “decisivo” com os palestinos, sublinhando que a estabilidade de Israel não será garantida a menos que o país “aceite o direito legítimo dos palestinos de dispor de um território e um Estado em paz e segurança ao lado de Israel”. “O Hamas é um grupo terrorista, razão que não incorpora a causa palestina. Deve ser combatido com força e a causa palestina deve ser compreendida”, explicou./NYT, ASSOCIATED PRESS