RAFAH, FAIXA DE GAZA - Israel aprovou a operação militar em Rafah e anunciou que atinge alvos na cidade, no sul da Faixa de Gaza, nesta segunda-feira, 6, horas depois que o grupo terrorista Hamas aceitou a proposta de cessar-fogo mediada por Catar e Egito. Tel-Aviv afirma que o acordo não atende às suas exigências.
O gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu disse que manterá as negociações até esgotar as possibilidades de alcançar a trégua, mas que decidiu dar continuidade à operação em Rafah para exercer pressão militar sobre o Hamas.
O Exército confirmou os bombardeios na cidade. “As Forças de Defesa de Israel estão atualmente realizando ataques direcionados contra alvos terroristas do Hamas no leste de Rafah, no sul de Gaza”, anunciou nas redes sociais, sem dar mais detalhes.
Por volta das 16h (pelo horário de Brasília), a AFP relatou que os ataques eram incessantes há cerca de trinta minutos.
Mais cedo, o Exército israelense ordenou que cerca de 100 mil palestinos se deslocassem do leste de Rafah, sinalizando que a incursão terrestre na cidade — que passou a abrigar mais de 1 milhão de palestinos deslocados pelo conflito — seria iminente.
Em meio à possível ofensiva em Rafah, o Hamas aceitou a proposta de cessar-fogo costurada por Catar e Egito após o impasse que marcou o domingo. O grupo terrorista afirmava que só concordaria com um acordo que levasse ao fim do conflito na Faixa de Gaza. O governo Binyamin Netanyahu, por outro lado, disse que aceitar a exigência seria uma derrota, pois permitiria que o Hamas retomasse o controle sobre a Faixa de Gaza e reorganizasse suas capacidades militares.
De acordo com Khalil al-Hayya, que representou o grupo terrorista nas negociações, o plano que o Hamas está disposto a aceitar é dividido em três fases, de 42 dias cada, com a meta de cessar-fogo permanente. A proposta inclui a retirada do Exército de Israel da Faixa de Gaza, a volta dos deslocados e a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos, disse à Al-Jazeera (emissora do Catar que foi proibida em Israel).
O gabinete do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu respondeu que a proposta estava “longe das exigências essenciais de Israel”, mas que mesmo assim enviaria negociadores para discutir o cessar-fogo. No domingo, Tel-Aviv não havia mandado uma delegação para as conversas no Cairo.
Israel considera que Rafah é o último grande reduto do Hamas após sete meses de guerra e tem afirmado que a ofensiva é necessária para atingir o objetivo de eliminar o grupo terrorista, que atacou o país em 7 de outubro, dando início a guerra.
“A operação militar em Rafah é uma parte inseparável de nossos esforços contínuos e de nosso compromisso de resgatar os nossos reféns e mudar a realidade da segurança no sul [de Israel]”, disse Benny Gantz, membro do gabinete de guerra israelense em comunicado.
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Os Estados Unidos, o aliado mais próximo de Israel pressionaram repetidamente contra a invasão. Uma autoridade americana confirmou no fim de semana que Tel-Aviv havia apresentado a Washington um plano para retirada dos civis da região. A mesma fonte, contudo, destacou que isso não mudava a posição da Casa Branca, de que a incursão terrestre colocaria palestinos inocentes em risco.
A guerra foi desencadeada pelo ataque terrorista do Hamas, que matou 1,2 mil pessoas e levou cerca de 250 reféns no dia 7 de outubro. A resposta israelense no enclave palestino deixou mais de 34 mil mortos, de acordo com o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas./Com AP e AFP
*Notícia em atualização