BEIRUTE -A Força Aérea de Israel bombardeou Beirute, a capital do Líbano, nesta sexta-feira, 20, e diz ter matado Ibrahim Aqil, chefe da unidade de elite da milícia radical xiita Hezbollah. Segundo o Exército israelense, outros líderes do grupo foram mortos no ataque, feito dias depois das explosões de pagers e walkie-talkies de integrantes do Hezbollah, que deixaram 37 mortos e mais de 3 mil feridos. No total, oito pessoas morreram.
O ataque representou uma grande escalada em uma semana repleta de ataques, alimentando o temor de que uma guerra total poderia eclodir entre o Hezbollah e Israel. Na quinta-feira, Israel bombardeou o sul do Líbano em um dos bombardeios mais intensos em quase um ano de combates.
O ataque israelense na sexta-feira destruiu pelo menos um prédio residencial no coração de Dahiya, uma área densamente povoada de Beirute, onde o Hezbollah tem influência, segundo testemunhas e a agência de defesa civil do Líbano.
O Hezbollah, por sua vez, também lançou ataques contra o sul de Israel. Segundo o Exército israelense, o Hezbollah disparou cerca de 140 projéteis contra posições de Israel no norte e muitos mísseis foram interceptados. Grupos de resgate e de incêndio estavam trabalhando em Israel para extinguir os incêndios causados pelos ataques do Hezbollah. O grupo libanês apontou que seus foguetes atingiram sedes de duas divisões militares de Israel no norte e nas Colinas do Golan.
O Hezbollah destacou que os ataques desta sexta-feira ocorreram em solidariedade ao grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, e não como vingança pelas explosões de pagers e walkie-talkies. O grupo libanês prometeu que vai retaliar Israel pelas explosões.
Alvo de bombardeio
O ministério da Saúde do Líbano afirmou que pelo menos oito pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas no ataque. Aqil, o alvo do ataque, é culpado pelos Estados Unidos pelo envolvimento em dois ataques terroristas em 1983 que mataram mais de 300 pessoas na Embaixada dos EUA em Beirute e no quartel do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA.
Ataques na quinta-feira
Na quinta-feira, 19, o Exército de Israel apontou que atingiu 100 lançadores de foguetes do Hezbollah, além de 1000 barris de lançadores. A agência de notícias estatal do Líbano informou que Israel havia lançado 52 ataques aéreos.
O Hezbollah também reivindicou ataques a posições militares israelenses na quinta-feira com foguetes e drones. Oito israelenses ficaram feridos e dois soldados morreram, segundo o Exército de Israel.
Explosões de pagers e walkie-talkies
Na terça-feira, 17, pagers de integrantes do Hezbollah explodiram ao redor do Líbano, em uma ação atribuída a Israel, apesar de Tel-Aviv não ter admitido ou negado a autoria dos ataques. 12 pessoas morreram no ataque e milhares ficaram feridas.
Os pagers que explodiram aparentemente foram adquiridos pelo Hezbollah depois que o líder do grupo ordenou que os membros parassem de usar celulares em fevereiro, alertando que eles poderiam ser rastreados pela inteligência israelense.
Um dia depois de explosões simultâneas de pagers ,walkie-talkies usados pelos militantes do grupo também explodiram na quarta-feira, 18. Somadas as duas explosões, o número de mortos chegou a 37 e 3 mil ficaram feridas.
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Discurso de Nasrallah
Após os ataques, o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, realizou um pronunciamento na quinta-feira. Segundo Nasrallah, apesar das explosões terem afetado muitos integrantes da milícia, o grupo continuaria com seus bombardeios diários ao norte de Israel.
Nasrallah disse que os israelenses que moram na região não poderiam retornar as suas casas até que a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas termine na Faixa de Gaza. O chefe do Hezbollah afirmou que as explosões no Líbano estavam sendo investigadas e reconheceu que o grupo sofreu um “golpe severo”.
“O inimigo cruzou todas as fronteiras e linhas vermelhas e enfrentará uma punição severa e justa”, apontou Nasrallah./com W.Post, AFP e AP