Militares das Forças de Defesa de Israel (FDI) e combatentes do Hezbollah se enfrentaram neste sábado, 5, no sul do Líbano, enquanto a incursão transfronteiriça israelense se aproxima de completar uma semana. O exército israelense informou ter atacado combatentes do Hezbollah que estavam em uma mesquita, enquanto a milícia xiita radical declarou ter lançado foguetes contra uma base aérea no norte de Israel.
Em um comunicado, o exército de Israel afirmou: “Durante a noite, o exército israelense atacou terroristas do Hezbollah que operavam em um centro de comando localizado dentro de uma mesquita adjacente ao hospital Salah Ghandur, no sul do Líbano”.
Paralelamente, o Hezbollah também relatou confrontos com tropas israelenses na fronteira libanesa, declarando que forçaram a retirada de soldados israelenses. “Soldados inimigos israelenses renovaram uma tentativa de avançar para as proximidades do município de Adaysseh”, afirmou a milícia em nota, acrescentando que seus combatentes responderam ao avanço.
A escalada dos confrontos levou as Forças de Defesa de Israel a renovarem os alertas, pedindo para que moradores deixem áreas nos subúrbios ao sul de Beirute — novos bombardeios foram ouvidos na região pouco depois. Na manhã de sábado, Israel realizou seu primeiro ataque aéreo na região de Trípoli, no norte do Líbano, resultando na morte de Said Attala Ali, líder do Hamas, sua esposa e duas de suas filhas.
O Hezbollah, por sua vez, anunciou ter disparado foguetes contra a base aérea de Ramat David, localizada a cerca de 45 km da fronteira com o Líbano. Além disso, a organização relatou ter destruído um tanque Merkava israelense no sul do Líbano com um míssil guiado.
Pelo menos 2.011 pessoas no Líbano foram mortas e 9.535 pessoas ficaram feridas desde o início da guerra de Israel em Gaza em outubro passado, de acordo com o Ministério da Saúde libanês, que não faz distinção entre civis e combatentes. A maioria das mortes — mais de 1.400 — ocorreu nas últimas semanas, à medida que as hostilidades entre Israel e o Hezbollah se intensificaram.
Nove mortos em Gaza
Em paralelo, ordens de deslocamento também foram dadas em Gaza, nas áreas dos campos de refugiados de Nuseirat e Bureij, para que deixem uma área ao longo da costa de Gaza chamada Muwasi, a qual os militares designaram como zona humanitária.
Menos de uma hora após a ordem de evacuação, os palestinos relataram o bombardeio de artilharia de Israel como bombardeio de fumaça nas áreas ao norte do campo de Nuseirat. Autoridades médicas palestinas afirmaram que ataques israelenses no norte e centro de Gaza na manhã deste sábado mataram pelo menos nove pessoas.
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Um ataque atingiu um grupo de pessoas na cidade de Beit Hanoun, no norte do país, matando pelo menos cinco pessoas, incluindo duas crianças, de acordo com o serviço de ambulância e emergência do Ministério da Saúde.
Outro ataque atingiu uma casa na parte norte do campo de refugiados de Nuseirat, matando pelo menos quatro pessoas, disse o hospital Awda. O ataque também deixou várias pessoas feridas, disse.
Chanceler do Irã visita Beirute
Diante da escalada no Líbano, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, cujo país é apoiador do Hezbollah e do Hamas, esteve em Beirute na sexta-feira, 4, onde deu sinais de que o Irã apoiaria um acordo que envolva um cessar-fogo conjunto no Líbano e em Gaza, embora o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, tenha dito no mesmo dia que seus aliados continuariam a luta contra Israel.
Araghchi descreveu sua conversa com Najib Mikati, primeiro-ministro interino do Líbano, como tendo envolvido “negociações e consultas muito boas”, segundo a Press TV iraniana, um canal governamental.
Em uma coletiva de imprensa, ele detalhou: “O Irã apoia os esforços por um cessar-fogo, desde que, primeiro, os direitos do povo libanês sejam respeitados e aceitos pela resistência, e segundo, que venha simultaneamente com um cessar-fogo em Gaza”, de acordo com a Agência de Notícias da República Islâmica, veículo oficial do governo iraniano.
A “resistência” é um termo usado para descrever os grupos armados aliados ao Irã em países do Oriente Médio, sendo o Hezbollah o mais importante nesse contexto.
A visita de Araghchi ao Líbano ocorreu em meio ao aumento dos temores de que Israel possa retaliar em breve contra o Irã em resposta ao ataque iraniano de terça-feira contra Israel, que, por sua vez, foi uma resposta ao assassinato de Nasrallah e de outros líderes de grupos militantes aliados ao Irã.
Em uma postagem na plataforma X, Araghchi escreveu: “Estou em Beirute — ao lado de membros do nosso Parlamento e da Sociedade do Crescente Vermelho — para deixar claro que o Irã SEMPRE estará ao lado do povo libanês.” Ele pediu aos outros governos regionais que “também mostrem firmeza em seu apoio ao Líbano, especialmente diante dos ataques do regime israelense”./AFP, NYT e WP.