TEL-AVIV - Milhares de escolas primárias, hospitais e empresas suspenderam as operações em Israel nesta segunda-feira, 2, para uma greve geral no país após as Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciarem a morte de seis reféns que estavam na Faixa de Gaza no domingo, 1. A ampla manifestação foi a maior em Israel desde o início da guerra contra o grupo terrorista Hamas, no dia 7 de outubro do ano passado.
Chefes sindicais e líderes empresariais uniram esforços para pressionar o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, a concordar com uma trégua na guerra no enclave palestino para que os cerca de 100 reféns israelenses possam voltar ao país. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aumentou a pressão em cima do primeiro-ministro ao apontar que Netanyahu não estava fazendo o suficiente para que os sequestrados voltassem para casa.
Após oito horas, a greve foi interrompida depois que uma corte israelense apontou que a lei do país obrigava que a Histadrut, maior sindicato de Israel, tivesse avisado da paralisação com 15 dias de antecedência.
Muitas escolas, bancos e algumas repartições municipais fecharam ou diminuíram horas de serviços nesta segunda-feira. Alguns voos também foram prejudicados porque os trabalhadores do Aeroporto Internacional Ben-Gurion, o maior do país, também aderiram às manifestações.
Mas muitos municípios funcionaram normalmente, segundo o órgão representativo das autarquias locais, e alguns serviços de transporte voltaram ao normal durante a tarde.
Mesmo com o fim da greve geral, muitas manifestações continuam, principalmente em Tel-Aviv e em Jerusalém, em frente a residência oficial de Netanyahu.
Reféns
A greve geral refletiu o sentimento nacional de tristeza, raiva e agonia após os corpos de seis reféns terem sido recuperados pelo Exército israelense no domingo. Muitos manifestantes argumentam que um acordo de cessar-fogo poderia ter salvado suas vidas.
Entre os reféns mortos estava Hersh Goldberg-Polin, 23 anos, um cidadão americano-israelense nascido em Berkeley, Califórnia, cujos pais se tornaram embaixadores mundialmente conhecidos do movimento das famílias de reféns e que discursaram no mês passado na Convenção Nacional Democrata. O funeral de Polin foi realizado nesta segunda-feira.
Os outros cinco corpos recuperados foram identificados pelo Exército de Israel como Carmel Gat, 40 anos, Eden Yerushalmi, 24, Alexander Lobanov, 33, Almog Sarusi, 27 e o sargento Ori Danino, 25.
O ministério da Saúde de Israel afirmou que um exame forense mostrou que os reféns foram baleados à queima-roupa. O grupo terrorista Hamas afirmou, sem fornecer provas, que os reféns foram mortos por soldados do Exército de Israel.
O jornal israelense Yedioth Ahronoth afirmou que Hersh Goldberg-Polin, Carmel Gat e Eden Yerushalmi estavam em uma lista de “reféns humanitários” cuja libertação Israel esperava na primeira fase de um potencial cessar-fogo.
Cessar-fogo
Apesar disso, as negociações para uma possível trégua em Gaza ainda estão acontecendo. O presidente americano Joe Biden apontou que os Estados Unidos, Egito e o Catar ainda acreditavam na possibilidade de um cessar-fogo no enclave palestino, mas que Netanyahu não estava fazendo a sua parte.
Biden e a vice-presidente Kamala Harris se reuniram na Casa Branca com os representantes americanos nas negociações. Segundo um comunicado, Biden e Kamala foram atualizados dos últimos avanços nas negociações e “discutiram os próximos passos”.
Saiba mais
Pouco antes de entrar na reunião, Biden apontou a repórteres na Casa Branca que Washington estava “muito perto” de apresentar uma proposta final de acordo para uma trégua em Gaza.
A guerra começou no dia 7 de outubro do ano passado, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense, mataram 1,2 mil pessoas e sequestraram 250. Este foi o maior ataque terrorista da história de Israel e o maior contra judeus desde o Holocausto. Após o ataque, o Exército israelense iniciou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já deixou mais de 40 mil mortos, segundo dados do ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas e não diferencia civis de terroristas./com NYT