JERUSALEM —O governo de Israel aprovou o confisco de 12,7 quilômetros quadrados na Cisjordânia, na maior apropriação de terras na região em mais de três décadas, disse um grupo de monitoramento de assentamentos nesta quarta-feira, 3. A medida provavelmente piorará as tensões já crescentes relacionadas à guerra em Gaza nos territórios palestinos.
A agência israelense responsável pelos assuntos territoriais na Cisjordânia declarou em junho as terras no Vale do Jordão como “propriedade estatal”, segundo uma declaração divulgada pela organização Peace Now. “A área designada para confisco é a maior desde os Acordos de Oslo (1993)”, apontou a organização. Este ano foi o mais ativo na expansão dos assentamentos na região.
A terra recentemente tomada fica em uma área da Cisjordânia onde, mesmo antes do início da guerra entre Israel e Hamas, a violência dos colonos forçava o deslocamento de comunidades palestinas. A violência aumentou desde o início da guerra. Colonos realizaram mais de mil ataques contra palestinos desde outubro na Cisjordânia, causando mortes e danos à propriedade, de acordo com a ONU.
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Desde que Israel tomou a Cisjordânia na guerra árabe-israelense de 1967, dezenas de assentamentos considerados ilegais pelo direito internacional foram construídos no território palestino, onde vivem mais de 490 mil israelenses. Quando um terreno é declarado “propriedade estatal”, os palestinos perdem os direitos de propriedade privada e de utilização daquela área, segundo a Peace Now.
Israel declarou como “propriedade estatal” centenas de quilômetros quadrados na década de 80, mas interrompeu os confiscos entre 1992 e 1996, quando o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu os retomou.
A expansão agressiva de Israel na Cisjordânia reflete a forte influência da comunidade de colonos no governo de Netanyahu, o mais religioso e nacionalista da história de Israel. O Ministro das Finanças Bezalel Smotrich, que é um colono, turbinou a política de expansão, tomando novas autoridades sobre o desenvolvimento de assentamentos e dizendo que pretende solidificar o domínio de Israel no território e impedir a criação de um Estado Palestino.
O porta-voz da ONU, Stephane Dujarric, chamou isso de “um passo na direção errada”, acrescentando que “a direção que queremos seguir é encontrar uma solução negociada de dois estados”.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, também criticou a expansão dos assentamentos como “contraproducente para alcançar uma paz duradoura” entre israelenses e palestinos./AFP e AP.