Opinião|Israel não é o único alvo das ameaças de assassinato iranianas


Teerã vem tramando uma violenta campanha de retaliação contra os Estados Unidos há anos

Por David Ignatius

Enquanto os americanos aguardam ansiosos a represália do Irã contra Israel pela morte de um dos principais líderes do Hamas, poucos provavelmente percebem que o Irã vem há anos planejando uma violenta campanha de retaliação também contra os Estados Unidos, visando ex-autoridades do alto escalão — talvez incluindo o ex-presidente Donald Trump.

Embora muito diferentes na sua escala, ambas as campanhas iranianas se concentram na vingança pelos assassinatos de altos funcionários iranianos ou representantes por Israel e pelos EUA. Após a perda humilhante de muitos agentes importantes, o Irã evidentemente quer demonstrar que os assassinos pagarão um preço.

Uma moral bastante óbvia dessa história: o assassinato é uma faca de dois gumes.

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Israel tentou combater as represálias do Irã por meio de ameaças de retaliação militar maciça; os EUA, em vez disso, usaram principalmente processos policiais contra supostos assassinos iranianos. Nenhuma das abordagens impediu os iranianos de buscar vingança.

Protestos na Praça Palestina, em Teerã, após o assassinato do líder do Hamas Ismail Haniye, que o Irã promete vingar.  Foto: Arash Khamooshi/The New York Times

Israel está agora se preparando para ser alvo de um ataque para vingar a morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, durante uma visita a Teerã no mês passado. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou publicamente que tinha o “dever de buscar vingança pelo sangue dele” porque Haniyeh era um hóspede do Irã.

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Os EUA enfrentam uma série contínua de ameaças de assassinato em resposta ao assassinato em janeiro de 2020 do major-general Qasem Soleimani, chefe da obscura Força Quds do Irã. Assim como Haniyeh, Soleimani foi um alvo oportuno, morto por um ataque de drone dos EUA enquanto visitava Bagdá.

Trump, então presidente, assumiu o crédito no dia seguinte pelo que chamou de “ataque de precisão impecável que matou o terrorista número um em qualquer lugar do mundo”. Soleimani “estava planejando ataques iminentes e sinistros contra diplomatas e militares americanos, mas o pegamos em flagrante e o eliminamos”, disse Trump.

Khamenei jurou vingança pessoalmente por Soleimani, assim como fez com Haniyeh. No aniversário da morte de Soleimani, Khamenei disse que “aqueles que ordenaram o assassinato” seriam “punidos”. O Irã conduziu repetidos complôs de assassinato dentro dos EUA desde então, sem sucesso, de acordo com documentos do Departamento de Justiça.

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O Irã aplicou uma metodologia semelhante na maioria desses ataques. Os iranianos ou seus agentes que viajaram para o Irã tentaram recrutar assassinos de gangues ou grupos criminosos. Eles usaram técnicas complicadas para tentar evitar a detecção por parte dos americanos, mas, em todos os casos, eles caíram nas mãos do FBI.

O mais recente esquema de contra-assassinato iraniano foi divulgado pelo Departamento de Justiça em 6 de agosto. Um paquistanês chamado Asif Raza Merchant havia sido preso no mês anterior após visitar o Irã. Os promotores o acusaram de ter “orquestrado uma conspiração para assassinar um político ou funcionário do governo dos EUA em solo americano”.

Mural em Teerã mostra homenageia o general Qassem Soleimani e o líder do Hamas Ismail Haniyah. Foto: Atta Kenare/AFP
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O mandado de prisão do Departamento de Justiça contra Merchant observou que o Irã “declarou publicamente o desejo de vingar a morte de Qasem Soleimani” e citou uma conspiração fracassada divulgada um ano antes para matar um “ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA”, provavelmente John Bolton, que havia recomendado o assassinato seletivo de Soleimani a Trump no mês de junho anterior.

Após a prisão de Merchant, o procurador-geral Merrick Garland falou a respeito do “esforço descarado e implacável do Irã para retaliar contra autoridades do governo americano pelo assassinato do general Soleimani”. A avaliação anual de ameaças deste ano, fornecida ao Congresso pela comunidade de inteligência, observou de forma semelhante que o Irã estava tentando construir redes nos EUA para atacar ex-autoridades “como retaliação pelo assassinato” de Soleimani.

De acordo com documentos do Departamento de Justiça e relatos da mídia, os alvos americanos da campanha de vingança do Irã incluem muitas autoridades de alto escalão que estiveram envolvidas no planejamento da operação Soleimani. Os supostos alvos incluem Bolton; Robert C. O’Brien, sucessor de Bolton como conselheiro de segurança nacional; Mark T. Esper, que era secretário de defesa na época; e o general da reserva Kenneth “Frank” McKenzie, que era o chefe do Comando Central dos EUA durante esse período.

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O New York Times relatou que o próprio Trump foi alvo do planejamento de vingança iraniana, embora não esteja claro se o ex-presidente era uma das pessoas que a rede de Merchant esperava atacar.

O mandado de prisão contra Merchant ilustra as tentativas frustradas de esconder as supostas conspirações iranianas. O codinome de Merchant para os assassinatos que ele supostamente tentou organizar era “casaco esportivo”. Ele recrutou um suposto co-conspirador, que prontamente informou o FBI, que enviou agentes disfarçados para se passarem por possíveis assassinos de aluguel.

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Merchant disse a seus recrutas para esconderem seus celulares em gavetas para que os dispositivos não detectassem conversas; para usarem telefones pré-pagos e evitarem mensagens de texto, e para usarem uma série de palavras-código que Merchant imprudentemente colocou no papel, e foram recuperadas mais tarde pelo FBI. Para disfarçar seus ataques, as equipes de assassinos recrutariam 25 pessoas para manifestações falsas que distrairiam as pessoas após os assassinatos ocorrerem. Para providenciar o pagamento, eles foram instruídos a fotografar o número de série de uma nota de US$ 1 e enviá-lo ao pagador como um sinal de reconhecimento.

A campanha iraniana dentro dos EUA incluiu outros alvos. De acordo com o Departamento de Justiça, membros do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica conspiraram para sequestrar a ativista dissidente Masih Alinejad em 2021 e recrutaram uma equipe de criminosos organizados e assassinos do Leste Europeu para matá-la em 2023.

A operação mais obscura de todas foi uma tentativa de matar um desertor iraniano e sua esposa em Maryland, em 2021, descrita em uma acusação de dezembro de 2023. Um iraniano chamado Naji Zindashti, conhecido como “Grandão”, recrutou um membro canadense da gangue de motociclistas Hells Angels e um cúmplice canadense para assassinar o desertor e sua esposa por US$ 350.000 mais despesas.

Um dos supostos assassinos de aluguel neste caso prometeu que sua equipe atiraria no desertor “na cabeça, para dar um exemplo”. Ele prometeu “ter certeza que vou atingir o sujeito na cabeça com PELO MENOS metade do pente” e “apagar sua cabeça do tronco”.

Nesta semana, enquanto assistimos a Israel, vulnerável, se preparando para um ataque, não devemos esquecer que os Estados Unidos também têm sido uma zona de tiro para o Irã. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Enquanto os americanos aguardam ansiosos a represália do Irã contra Israel pela morte de um dos principais líderes do Hamas, poucos provavelmente percebem que o Irã vem há anos planejando uma violenta campanha de retaliação também contra os Estados Unidos, visando ex-autoridades do alto escalão — talvez incluindo o ex-presidente Donald Trump.

Embora muito diferentes na sua escala, ambas as campanhas iranianas se concentram na vingança pelos assassinatos de altos funcionários iranianos ou representantes por Israel e pelos EUA. Após a perda humilhante de muitos agentes importantes, o Irã evidentemente quer demonstrar que os assassinos pagarão um preço.

Uma moral bastante óbvia dessa história: o assassinato é uma faca de dois gumes.

Israel tentou combater as represálias do Irã por meio de ameaças de retaliação militar maciça; os EUA, em vez disso, usaram principalmente processos policiais contra supostos assassinos iranianos. Nenhuma das abordagens impediu os iranianos de buscar vingança.

Protestos na Praça Palestina, em Teerã, após o assassinato do líder do Hamas Ismail Haniye, que o Irã promete vingar.  Foto: Arash Khamooshi/The New York Times

Israel está agora se preparando para ser alvo de um ataque para vingar a morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, durante uma visita a Teerã no mês passado. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou publicamente que tinha o “dever de buscar vingança pelo sangue dele” porque Haniyeh era um hóspede do Irã.

Os EUA enfrentam uma série contínua de ameaças de assassinato em resposta ao assassinato em janeiro de 2020 do major-general Qasem Soleimani, chefe da obscura Força Quds do Irã. Assim como Haniyeh, Soleimani foi um alvo oportuno, morto por um ataque de drone dos EUA enquanto visitava Bagdá.

Trump, então presidente, assumiu o crédito no dia seguinte pelo que chamou de “ataque de precisão impecável que matou o terrorista número um em qualquer lugar do mundo”. Soleimani “estava planejando ataques iminentes e sinistros contra diplomatas e militares americanos, mas o pegamos em flagrante e o eliminamos”, disse Trump.

Khamenei jurou vingança pessoalmente por Soleimani, assim como fez com Haniyeh. No aniversário da morte de Soleimani, Khamenei disse que “aqueles que ordenaram o assassinato” seriam “punidos”. O Irã conduziu repetidos complôs de assassinato dentro dos EUA desde então, sem sucesso, de acordo com documentos do Departamento de Justiça.

O Irã aplicou uma metodologia semelhante na maioria desses ataques. Os iranianos ou seus agentes que viajaram para o Irã tentaram recrutar assassinos de gangues ou grupos criminosos. Eles usaram técnicas complicadas para tentar evitar a detecção por parte dos americanos, mas, em todos os casos, eles caíram nas mãos do FBI.

O mais recente esquema de contra-assassinato iraniano foi divulgado pelo Departamento de Justiça em 6 de agosto. Um paquistanês chamado Asif Raza Merchant havia sido preso no mês anterior após visitar o Irã. Os promotores o acusaram de ter “orquestrado uma conspiração para assassinar um político ou funcionário do governo dos EUA em solo americano”.

Mural em Teerã mostra homenageia o general Qassem Soleimani e o líder do Hamas Ismail Haniyah. Foto: Atta Kenare/AFP

O mandado de prisão do Departamento de Justiça contra Merchant observou que o Irã “declarou publicamente o desejo de vingar a morte de Qasem Soleimani” e citou uma conspiração fracassada divulgada um ano antes para matar um “ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA”, provavelmente John Bolton, que havia recomendado o assassinato seletivo de Soleimani a Trump no mês de junho anterior.

Após a prisão de Merchant, o procurador-geral Merrick Garland falou a respeito do “esforço descarado e implacável do Irã para retaliar contra autoridades do governo americano pelo assassinato do general Soleimani”. A avaliação anual de ameaças deste ano, fornecida ao Congresso pela comunidade de inteligência, observou de forma semelhante que o Irã estava tentando construir redes nos EUA para atacar ex-autoridades “como retaliação pelo assassinato” de Soleimani.

De acordo com documentos do Departamento de Justiça e relatos da mídia, os alvos americanos da campanha de vingança do Irã incluem muitas autoridades de alto escalão que estiveram envolvidas no planejamento da operação Soleimani. Os supostos alvos incluem Bolton; Robert C. O’Brien, sucessor de Bolton como conselheiro de segurança nacional; Mark T. Esper, que era secretário de defesa na época; e o general da reserva Kenneth “Frank” McKenzie, que era o chefe do Comando Central dos EUA durante esse período.

O New York Times relatou que o próprio Trump foi alvo do planejamento de vingança iraniana, embora não esteja claro se o ex-presidente era uma das pessoas que a rede de Merchant esperava atacar.

O mandado de prisão contra Merchant ilustra as tentativas frustradas de esconder as supostas conspirações iranianas. O codinome de Merchant para os assassinatos que ele supostamente tentou organizar era “casaco esportivo”. Ele recrutou um suposto co-conspirador, que prontamente informou o FBI, que enviou agentes disfarçados para se passarem por possíveis assassinos de aluguel.

Merchant disse a seus recrutas para esconderem seus celulares em gavetas para que os dispositivos não detectassem conversas; para usarem telefones pré-pagos e evitarem mensagens de texto, e para usarem uma série de palavras-código que Merchant imprudentemente colocou no papel, e foram recuperadas mais tarde pelo FBI. Para disfarçar seus ataques, as equipes de assassinos recrutariam 25 pessoas para manifestações falsas que distrairiam as pessoas após os assassinatos ocorrerem. Para providenciar o pagamento, eles foram instruídos a fotografar o número de série de uma nota de US$ 1 e enviá-lo ao pagador como um sinal de reconhecimento.

A campanha iraniana dentro dos EUA incluiu outros alvos. De acordo com o Departamento de Justiça, membros do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica conspiraram para sequestrar a ativista dissidente Masih Alinejad em 2021 e recrutaram uma equipe de criminosos organizados e assassinos do Leste Europeu para matá-la em 2023.

A operação mais obscura de todas foi uma tentativa de matar um desertor iraniano e sua esposa em Maryland, em 2021, descrita em uma acusação de dezembro de 2023. Um iraniano chamado Naji Zindashti, conhecido como “Grandão”, recrutou um membro canadense da gangue de motociclistas Hells Angels e um cúmplice canadense para assassinar o desertor e sua esposa por US$ 350.000 mais despesas.

Um dos supostos assassinos de aluguel neste caso prometeu que sua equipe atiraria no desertor “na cabeça, para dar um exemplo”. Ele prometeu “ter certeza que vou atingir o sujeito na cabeça com PELO MENOS metade do pente” e “apagar sua cabeça do tronco”.

Nesta semana, enquanto assistimos a Israel, vulnerável, se preparando para um ataque, não devemos esquecer que os Estados Unidos também têm sido uma zona de tiro para o Irã. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

Enquanto os americanos aguardam ansiosos a represália do Irã contra Israel pela morte de um dos principais líderes do Hamas, poucos provavelmente percebem que o Irã vem há anos planejando uma violenta campanha de retaliação também contra os Estados Unidos, visando ex-autoridades do alto escalão — talvez incluindo o ex-presidente Donald Trump.

Embora muito diferentes na sua escala, ambas as campanhas iranianas se concentram na vingança pelos assassinatos de altos funcionários iranianos ou representantes por Israel e pelos EUA. Após a perda humilhante de muitos agentes importantes, o Irã evidentemente quer demonstrar que os assassinos pagarão um preço.

Uma moral bastante óbvia dessa história: o assassinato é uma faca de dois gumes.

Israel tentou combater as represálias do Irã por meio de ameaças de retaliação militar maciça; os EUA, em vez disso, usaram principalmente processos policiais contra supostos assassinos iranianos. Nenhuma das abordagens impediu os iranianos de buscar vingança.

Protestos na Praça Palestina, em Teerã, após o assassinato do líder do Hamas Ismail Haniye, que o Irã promete vingar.  Foto: Arash Khamooshi/The New York Times

Israel está agora se preparando para ser alvo de um ataque para vingar a morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, durante uma visita a Teerã no mês passado. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, declarou publicamente que tinha o “dever de buscar vingança pelo sangue dele” porque Haniyeh era um hóspede do Irã.

Os EUA enfrentam uma série contínua de ameaças de assassinato em resposta ao assassinato em janeiro de 2020 do major-general Qasem Soleimani, chefe da obscura Força Quds do Irã. Assim como Haniyeh, Soleimani foi um alvo oportuno, morto por um ataque de drone dos EUA enquanto visitava Bagdá.

Trump, então presidente, assumiu o crédito no dia seguinte pelo que chamou de “ataque de precisão impecável que matou o terrorista número um em qualquer lugar do mundo”. Soleimani “estava planejando ataques iminentes e sinistros contra diplomatas e militares americanos, mas o pegamos em flagrante e o eliminamos”, disse Trump.

Khamenei jurou vingança pessoalmente por Soleimani, assim como fez com Haniyeh. No aniversário da morte de Soleimani, Khamenei disse que “aqueles que ordenaram o assassinato” seriam “punidos”. O Irã conduziu repetidos complôs de assassinato dentro dos EUA desde então, sem sucesso, de acordo com documentos do Departamento de Justiça.

O Irã aplicou uma metodologia semelhante na maioria desses ataques. Os iranianos ou seus agentes que viajaram para o Irã tentaram recrutar assassinos de gangues ou grupos criminosos. Eles usaram técnicas complicadas para tentar evitar a detecção por parte dos americanos, mas, em todos os casos, eles caíram nas mãos do FBI.

O mais recente esquema de contra-assassinato iraniano foi divulgado pelo Departamento de Justiça em 6 de agosto. Um paquistanês chamado Asif Raza Merchant havia sido preso no mês anterior após visitar o Irã. Os promotores o acusaram de ter “orquestrado uma conspiração para assassinar um político ou funcionário do governo dos EUA em solo americano”.

Mural em Teerã mostra homenageia o general Qassem Soleimani e o líder do Hamas Ismail Haniyah. Foto: Atta Kenare/AFP

O mandado de prisão do Departamento de Justiça contra Merchant observou que o Irã “declarou publicamente o desejo de vingar a morte de Qasem Soleimani” e citou uma conspiração fracassada divulgada um ano antes para matar um “ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA”, provavelmente John Bolton, que havia recomendado o assassinato seletivo de Soleimani a Trump no mês de junho anterior.

Após a prisão de Merchant, o procurador-geral Merrick Garland falou a respeito do “esforço descarado e implacável do Irã para retaliar contra autoridades do governo americano pelo assassinato do general Soleimani”. A avaliação anual de ameaças deste ano, fornecida ao Congresso pela comunidade de inteligência, observou de forma semelhante que o Irã estava tentando construir redes nos EUA para atacar ex-autoridades “como retaliação pelo assassinato” de Soleimani.

De acordo com documentos do Departamento de Justiça e relatos da mídia, os alvos americanos da campanha de vingança do Irã incluem muitas autoridades de alto escalão que estiveram envolvidas no planejamento da operação Soleimani. Os supostos alvos incluem Bolton; Robert C. O’Brien, sucessor de Bolton como conselheiro de segurança nacional; Mark T. Esper, que era secretário de defesa na época; e o general da reserva Kenneth “Frank” McKenzie, que era o chefe do Comando Central dos EUA durante esse período.

O New York Times relatou que o próprio Trump foi alvo do planejamento de vingança iraniana, embora não esteja claro se o ex-presidente era uma das pessoas que a rede de Merchant esperava atacar.

O mandado de prisão contra Merchant ilustra as tentativas frustradas de esconder as supostas conspirações iranianas. O codinome de Merchant para os assassinatos que ele supostamente tentou organizar era “casaco esportivo”. Ele recrutou um suposto co-conspirador, que prontamente informou o FBI, que enviou agentes disfarçados para se passarem por possíveis assassinos de aluguel.

Merchant disse a seus recrutas para esconderem seus celulares em gavetas para que os dispositivos não detectassem conversas; para usarem telefones pré-pagos e evitarem mensagens de texto, e para usarem uma série de palavras-código que Merchant imprudentemente colocou no papel, e foram recuperadas mais tarde pelo FBI. Para disfarçar seus ataques, as equipes de assassinos recrutariam 25 pessoas para manifestações falsas que distrairiam as pessoas após os assassinatos ocorrerem. Para providenciar o pagamento, eles foram instruídos a fotografar o número de série de uma nota de US$ 1 e enviá-lo ao pagador como um sinal de reconhecimento.

A campanha iraniana dentro dos EUA incluiu outros alvos. De acordo com o Departamento de Justiça, membros do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica conspiraram para sequestrar a ativista dissidente Masih Alinejad em 2021 e recrutaram uma equipe de criminosos organizados e assassinos do Leste Europeu para matá-la em 2023.

A operação mais obscura de todas foi uma tentativa de matar um desertor iraniano e sua esposa em Maryland, em 2021, descrita em uma acusação de dezembro de 2023. Um iraniano chamado Naji Zindashti, conhecido como “Grandão”, recrutou um membro canadense da gangue de motociclistas Hells Angels e um cúmplice canadense para assassinar o desertor e sua esposa por US$ 350.000 mais despesas.

Um dos supostos assassinos de aluguel neste caso prometeu que sua equipe atiraria no desertor “na cabeça, para dar um exemplo”. Ele prometeu “ter certeza que vou atingir o sujeito na cabeça com PELO MENOS metade do pente” e “apagar sua cabeça do tronco”.

Nesta semana, enquanto assistimos a Israel, vulnerável, se preparando para um ataque, não devemos esquecer que os Estados Unidos também têm sido uma zona de tiro para o Irã. / TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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