Israel e Palestina, como a paz ainda é possível? Leia artigo da The Economist


Um processo de paz pode dar errado de muitas maneiras, mas há uma possibilidade real de que desta vez a coisa poderá funcionar

Por Redação

The Economist - Se você quiser entender quão desesperadamente israelenses e palestinos precisam da paz, considere o que seria deles num estado de guerra perpétua. Contra um Exército israelense vastamente superior, a arma mais poderosa dos palestinos continuaria sendo a morte e o sofrimento de seu próprio povo. O destino de Israel também seria lastimável se o país quiser ser uma democracia florescente e moderna. Se depender permanentemente de seu Exército para subjugar os palestinos, Israel se tornará um Estado-pária impositor de apartheid. Praticando atos de opressão diariamente pontuados por rodadas de matança, os próprios israelenses seriam corrompidos. Para dois povos envolvidos pelo abraço da violência, a paz é a única salvação.

Mas como é possível alcançá-la? Os israelenses ainda estão chocados com os estupros e os assassinatos de 7 de outubro; os palestinos veem corpos mutilados e esmagados de mulheres e crianças acumularem-se em Gaza. Em meio à carnificina, pedidos de paz de forasteiros parecem ingênuos. Além disso, palestinos e israelenses endurecidos veem negociações infinitas como um mecanismo de adiamento da paz, não para forjá-la. Negociadores já debateram intensamente no passado quase todas as permutas de terra e arranjos de segurança imagináveis. Todos fracassaram.

E ainda assim, algo mudou depois de 7 de outubro. A estratégia de Israel de marginalizar os palestinos e seus sonhos se rompeu. Ambos os lados têm a chance de encontrar novos líderes com novas visões. E após anos de negligência, forasteiros podem estar prontos para ajudar incluindo, crucialmente, um grupo de países árabes. Eles não podem cair na armadilha de pensar que a paz requer suor sobre detalhes mais uma vez. O sucesso depende dos dois lados quererem a paz e — o que é muito mais difícil — acreditarem nela.

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Após cessar-fogo para troca de reféns, Israel retomou os ataques aéreos e por terra contra a Faixa de Gaza em guerra contra o Hamas Foto: SAID KHATIB / AFP

Para fazer algum sentido, combates devem levar à paz, que significa duas nações vivendo lado a lado. Os bombardeios de Israel mataram mais de 16 mil palestinos, incluindo combatentes do Hamas. Apesar de alguns palestinos terem se radicalizado por isso e pelas humilhações diárias da ocupação, muitos detestam o Hamas e suas guerras impossíveis de vencer e conviveriam com Israel se pudessem prosperar. Contanto que os homens armados não fiquem em seu caminho, esses indivíduos buscarão paz. Israel também precisa de uma nova estratégia. A antiga fracassou em cumprir a promessa básica do Estado de criar uma terra segura para os judeus; 1,4 mil pessoas foram mortas ou sequestradas pelo Hamas, outras centenas de milhares acabaram deslocadas.

A paz também exige novos líderes, porque os atuais são desacreditados. Em Israel, Binyamin Netanyahu é um obstáculo para uma reconciliação genuína; quanto antes ele partir, melhor. Os Estados Unidos poderiam sinalizar utilmente que esperam eleições em Israel proximamente. Pesquisas sugerem que Netanyahu será substituído por Benny Gantz, um ex-general que entende os custos da guerra. Gantz não endossou um Estado palestino, mas tampouco descartou sua possibilidade.

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Novos líderes palestinos também são necessários. O Hamas é um inimigo declarado da paz: enquanto o grupo controlar, Gaza pedidos palestinos pela paz não serão críveis. Na Cisjordânia, Mahmoud Abbas, que controla a Autoridade Palestina (AP), é corrupto, inflexível e vazio de legitimidade democrática. Entre os escombros da guerra, Gaza precisará de tempo para se reconstruir e restabelecer algum tipo de governo estável. Países árabes moderados deveriam patrocinar uma liderança palestina de transição na Cisjordânia e em Gaza que possa começar a construir confiança entre seu próprio povo e, vitalmente, com os israelenses antes de realizar eleições. Ao governar juntamente Gaza e a Cisjordânia, essa liderança palestina poderia se tornar uma parceira mais crível para a paz.

O que nos leva ao processo. Os Acordos de Oslo, firmados em 1993 e marcados por uma série de apertos de mão no gramado da Casa Branca, deixaram os detalhes mais difíceis para o fim. Cada centímetro de avanço tinha de ser acertado por ambos os lados a duras penas. Isso solapou a convicção de que algum sucesso fosse possível.

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Um novo processo tem de alcançar progressos rapidamente. Ambos os lados têm de enfrentar seus extremistas, que sabotariam a coexistência. A AP tem de pôr fim a grupos armados, impedir terroristas e combater a corrupção. Estimular a economia dependerá de vários acordos com Israel sobre comércio, serviços e permissões de trabalho. Os palestinos precisarão saber que estarão ganhando liberdades e direitos.

Trocas de terras podem esperar, mas os israelenses devem lidar com os assentamentos profundos demais na Cisjordânia, que jamais poderão ser integrados a Israel. O Estado israelense deve começar policiando-os e impedindo qualquer nova expansão. E precisa deixar claro que os cerca de 100 mil colonos que vivem nos assentamentos terão eventualmente de se mudar ou viver sob um governo palestino.

É difícil demais para israelenses e palestinos fazerem isso por conta própria, portanto o mundo exterior tem de ser envolvido. No processo de Oslo, os EUA foram os patrocinadores, mas tiveram dificuldades de exercer pressão sobre Israel, que é capaz de invocar um apoio formidável no Congresso.

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Desta vez, o mundo árabe deve desempenhar um papel decisivo. Sob os Acordos de Abraão, negociados durante o governo Trump, vários países reconheceram Israel. Foi parte de uma visão para o Oriente Médio com base em comércio e prosperidade, em vez de ideologia. Seu dinheiro será necessário para reconstruir Gaza. Seus soldados podem ajudar a fornecer segurança quando Israel deixar a faixa, o que deve ocorrer assim que possível. Se trabalharem juntos, eles poderão fazer secar o financiamento e acabar com o abrigo do Hamas direcionando fundos, em vez disso, para a reconstrução. Seu peso pode dar a um líder palestino de transição cobertura diplomática enquanto ele se assenta na função e forma seu governo.

A chave é uma pressão imediata dos EUA e da Arábia Saudita sobre Israel e os palestinos. A AP argumenta que o processo de paz poderia ser ativado se os EUA e a União Europeia mandassem um sinal para Israel reconhecendo de antemão um Estado palestino — uma ideia apoiada pela Espanha, que preside atualmente a UE. Os EUA deveriam cumprir sua promessa de abrir uma missão diplomática para os palestinos em Jerusalém. Mas os reconhecimentos plenos da Palestina pelo Ocidente e de Israel pela Arábia Saudita deveriam ser oferecidos como recompensas para o futuro, um incentivo ao progresso.

O tempo para isso é curto. A direita israelense antipalestinos continuará forte. Quando o atual governo cair, o seguinte poderá ter apenas um único mandato para reacender a convicção dos israelenses de que a paz é possível. Na AP, um novo líder enfrentará inimigos que encheram os bolsos em meio à atual podridão do sistema. Quem sobrar do Hamas buscará impedir a paz, assim como o Irã e seus apoiadores, que prosperam no caos e na cizânia. O governo Biden poderá estar disposto a pressionar Israel; um governo Trump poderá não estar. Para evitar que a guerra permanente arruine duas nações, israelenses, palestinos e todos que os estimam devem aproveitar este momento. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

The Economist - Se você quiser entender quão desesperadamente israelenses e palestinos precisam da paz, considere o que seria deles num estado de guerra perpétua. Contra um Exército israelense vastamente superior, a arma mais poderosa dos palestinos continuaria sendo a morte e o sofrimento de seu próprio povo. O destino de Israel também seria lastimável se o país quiser ser uma democracia florescente e moderna. Se depender permanentemente de seu Exército para subjugar os palestinos, Israel se tornará um Estado-pária impositor de apartheid. Praticando atos de opressão diariamente pontuados por rodadas de matança, os próprios israelenses seriam corrompidos. Para dois povos envolvidos pelo abraço da violência, a paz é a única salvação.

Mas como é possível alcançá-la? Os israelenses ainda estão chocados com os estupros e os assassinatos de 7 de outubro; os palestinos veem corpos mutilados e esmagados de mulheres e crianças acumularem-se em Gaza. Em meio à carnificina, pedidos de paz de forasteiros parecem ingênuos. Além disso, palestinos e israelenses endurecidos veem negociações infinitas como um mecanismo de adiamento da paz, não para forjá-la. Negociadores já debateram intensamente no passado quase todas as permutas de terra e arranjos de segurança imagináveis. Todos fracassaram.

E ainda assim, algo mudou depois de 7 de outubro. A estratégia de Israel de marginalizar os palestinos e seus sonhos se rompeu. Ambos os lados têm a chance de encontrar novos líderes com novas visões. E após anos de negligência, forasteiros podem estar prontos para ajudar incluindo, crucialmente, um grupo de países árabes. Eles não podem cair na armadilha de pensar que a paz requer suor sobre detalhes mais uma vez. O sucesso depende dos dois lados quererem a paz e — o que é muito mais difícil — acreditarem nela.

Após cessar-fogo para troca de reféns, Israel retomou os ataques aéreos e por terra contra a Faixa de Gaza em guerra contra o Hamas Foto: SAID KHATIB / AFP

Para fazer algum sentido, combates devem levar à paz, que significa duas nações vivendo lado a lado. Os bombardeios de Israel mataram mais de 16 mil palestinos, incluindo combatentes do Hamas. Apesar de alguns palestinos terem se radicalizado por isso e pelas humilhações diárias da ocupação, muitos detestam o Hamas e suas guerras impossíveis de vencer e conviveriam com Israel se pudessem prosperar. Contanto que os homens armados não fiquem em seu caminho, esses indivíduos buscarão paz. Israel também precisa de uma nova estratégia. A antiga fracassou em cumprir a promessa básica do Estado de criar uma terra segura para os judeus; 1,4 mil pessoas foram mortas ou sequestradas pelo Hamas, outras centenas de milhares acabaram deslocadas.

A paz também exige novos líderes, porque os atuais são desacreditados. Em Israel, Binyamin Netanyahu é um obstáculo para uma reconciliação genuína; quanto antes ele partir, melhor. Os Estados Unidos poderiam sinalizar utilmente que esperam eleições em Israel proximamente. Pesquisas sugerem que Netanyahu será substituído por Benny Gantz, um ex-general que entende os custos da guerra. Gantz não endossou um Estado palestino, mas tampouco descartou sua possibilidade.

Novos líderes palestinos também são necessários. O Hamas é um inimigo declarado da paz: enquanto o grupo controlar, Gaza pedidos palestinos pela paz não serão críveis. Na Cisjordânia, Mahmoud Abbas, que controla a Autoridade Palestina (AP), é corrupto, inflexível e vazio de legitimidade democrática. Entre os escombros da guerra, Gaza precisará de tempo para se reconstruir e restabelecer algum tipo de governo estável. Países árabes moderados deveriam patrocinar uma liderança palestina de transição na Cisjordânia e em Gaza que possa começar a construir confiança entre seu próprio povo e, vitalmente, com os israelenses antes de realizar eleições. Ao governar juntamente Gaza e a Cisjordânia, essa liderança palestina poderia se tornar uma parceira mais crível para a paz.

O que nos leva ao processo. Os Acordos de Oslo, firmados em 1993 e marcados por uma série de apertos de mão no gramado da Casa Branca, deixaram os detalhes mais difíceis para o fim. Cada centímetro de avanço tinha de ser acertado por ambos os lados a duras penas. Isso solapou a convicção de que algum sucesso fosse possível.

Um novo processo tem de alcançar progressos rapidamente. Ambos os lados têm de enfrentar seus extremistas, que sabotariam a coexistência. A AP tem de pôr fim a grupos armados, impedir terroristas e combater a corrupção. Estimular a economia dependerá de vários acordos com Israel sobre comércio, serviços e permissões de trabalho. Os palestinos precisarão saber que estarão ganhando liberdades e direitos.

Trocas de terras podem esperar, mas os israelenses devem lidar com os assentamentos profundos demais na Cisjordânia, que jamais poderão ser integrados a Israel. O Estado israelense deve começar policiando-os e impedindo qualquer nova expansão. E precisa deixar claro que os cerca de 100 mil colonos que vivem nos assentamentos terão eventualmente de se mudar ou viver sob um governo palestino.

É difícil demais para israelenses e palestinos fazerem isso por conta própria, portanto o mundo exterior tem de ser envolvido. No processo de Oslo, os EUA foram os patrocinadores, mas tiveram dificuldades de exercer pressão sobre Israel, que é capaz de invocar um apoio formidável no Congresso.

Desta vez, o mundo árabe deve desempenhar um papel decisivo. Sob os Acordos de Abraão, negociados durante o governo Trump, vários países reconheceram Israel. Foi parte de uma visão para o Oriente Médio com base em comércio e prosperidade, em vez de ideologia. Seu dinheiro será necessário para reconstruir Gaza. Seus soldados podem ajudar a fornecer segurança quando Israel deixar a faixa, o que deve ocorrer assim que possível. Se trabalharem juntos, eles poderão fazer secar o financiamento e acabar com o abrigo do Hamas direcionando fundos, em vez disso, para a reconstrução. Seu peso pode dar a um líder palestino de transição cobertura diplomática enquanto ele se assenta na função e forma seu governo.

A chave é uma pressão imediata dos EUA e da Arábia Saudita sobre Israel e os palestinos. A AP argumenta que o processo de paz poderia ser ativado se os EUA e a União Europeia mandassem um sinal para Israel reconhecendo de antemão um Estado palestino — uma ideia apoiada pela Espanha, que preside atualmente a UE. Os EUA deveriam cumprir sua promessa de abrir uma missão diplomática para os palestinos em Jerusalém. Mas os reconhecimentos plenos da Palestina pelo Ocidente e de Israel pela Arábia Saudita deveriam ser oferecidos como recompensas para o futuro, um incentivo ao progresso.

O tempo para isso é curto. A direita israelense antipalestinos continuará forte. Quando o atual governo cair, o seguinte poderá ter apenas um único mandato para reacender a convicção dos israelenses de que a paz é possível. Na AP, um novo líder enfrentará inimigos que encheram os bolsos em meio à atual podridão do sistema. Quem sobrar do Hamas buscará impedir a paz, assim como o Irã e seus apoiadores, que prosperam no caos e na cizânia. O governo Biden poderá estar disposto a pressionar Israel; um governo Trump poderá não estar. Para evitar que a guerra permanente arruine duas nações, israelenses, palestinos e todos que os estimam devem aproveitar este momento. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

The Economist - Se você quiser entender quão desesperadamente israelenses e palestinos precisam da paz, considere o que seria deles num estado de guerra perpétua. Contra um Exército israelense vastamente superior, a arma mais poderosa dos palestinos continuaria sendo a morte e o sofrimento de seu próprio povo. O destino de Israel também seria lastimável se o país quiser ser uma democracia florescente e moderna. Se depender permanentemente de seu Exército para subjugar os palestinos, Israel se tornará um Estado-pária impositor de apartheid. Praticando atos de opressão diariamente pontuados por rodadas de matança, os próprios israelenses seriam corrompidos. Para dois povos envolvidos pelo abraço da violência, a paz é a única salvação.

Mas como é possível alcançá-la? Os israelenses ainda estão chocados com os estupros e os assassinatos de 7 de outubro; os palestinos veem corpos mutilados e esmagados de mulheres e crianças acumularem-se em Gaza. Em meio à carnificina, pedidos de paz de forasteiros parecem ingênuos. Além disso, palestinos e israelenses endurecidos veem negociações infinitas como um mecanismo de adiamento da paz, não para forjá-la. Negociadores já debateram intensamente no passado quase todas as permutas de terra e arranjos de segurança imagináveis. Todos fracassaram.

E ainda assim, algo mudou depois de 7 de outubro. A estratégia de Israel de marginalizar os palestinos e seus sonhos se rompeu. Ambos os lados têm a chance de encontrar novos líderes com novas visões. E após anos de negligência, forasteiros podem estar prontos para ajudar incluindo, crucialmente, um grupo de países árabes. Eles não podem cair na armadilha de pensar que a paz requer suor sobre detalhes mais uma vez. O sucesso depende dos dois lados quererem a paz e — o que é muito mais difícil — acreditarem nela.

Após cessar-fogo para troca de reféns, Israel retomou os ataques aéreos e por terra contra a Faixa de Gaza em guerra contra o Hamas Foto: SAID KHATIB / AFP

Para fazer algum sentido, combates devem levar à paz, que significa duas nações vivendo lado a lado. Os bombardeios de Israel mataram mais de 16 mil palestinos, incluindo combatentes do Hamas. Apesar de alguns palestinos terem se radicalizado por isso e pelas humilhações diárias da ocupação, muitos detestam o Hamas e suas guerras impossíveis de vencer e conviveriam com Israel se pudessem prosperar. Contanto que os homens armados não fiquem em seu caminho, esses indivíduos buscarão paz. Israel também precisa de uma nova estratégia. A antiga fracassou em cumprir a promessa básica do Estado de criar uma terra segura para os judeus; 1,4 mil pessoas foram mortas ou sequestradas pelo Hamas, outras centenas de milhares acabaram deslocadas.

A paz também exige novos líderes, porque os atuais são desacreditados. Em Israel, Binyamin Netanyahu é um obstáculo para uma reconciliação genuína; quanto antes ele partir, melhor. Os Estados Unidos poderiam sinalizar utilmente que esperam eleições em Israel proximamente. Pesquisas sugerem que Netanyahu será substituído por Benny Gantz, um ex-general que entende os custos da guerra. Gantz não endossou um Estado palestino, mas tampouco descartou sua possibilidade.

Novos líderes palestinos também são necessários. O Hamas é um inimigo declarado da paz: enquanto o grupo controlar, Gaza pedidos palestinos pela paz não serão críveis. Na Cisjordânia, Mahmoud Abbas, que controla a Autoridade Palestina (AP), é corrupto, inflexível e vazio de legitimidade democrática. Entre os escombros da guerra, Gaza precisará de tempo para se reconstruir e restabelecer algum tipo de governo estável. Países árabes moderados deveriam patrocinar uma liderança palestina de transição na Cisjordânia e em Gaza que possa começar a construir confiança entre seu próprio povo e, vitalmente, com os israelenses antes de realizar eleições. Ao governar juntamente Gaza e a Cisjordânia, essa liderança palestina poderia se tornar uma parceira mais crível para a paz.

O que nos leva ao processo. Os Acordos de Oslo, firmados em 1993 e marcados por uma série de apertos de mão no gramado da Casa Branca, deixaram os detalhes mais difíceis para o fim. Cada centímetro de avanço tinha de ser acertado por ambos os lados a duras penas. Isso solapou a convicção de que algum sucesso fosse possível.

Um novo processo tem de alcançar progressos rapidamente. Ambos os lados têm de enfrentar seus extremistas, que sabotariam a coexistência. A AP tem de pôr fim a grupos armados, impedir terroristas e combater a corrupção. Estimular a economia dependerá de vários acordos com Israel sobre comércio, serviços e permissões de trabalho. Os palestinos precisarão saber que estarão ganhando liberdades e direitos.

Trocas de terras podem esperar, mas os israelenses devem lidar com os assentamentos profundos demais na Cisjordânia, que jamais poderão ser integrados a Israel. O Estado israelense deve começar policiando-os e impedindo qualquer nova expansão. E precisa deixar claro que os cerca de 100 mil colonos que vivem nos assentamentos terão eventualmente de se mudar ou viver sob um governo palestino.

É difícil demais para israelenses e palestinos fazerem isso por conta própria, portanto o mundo exterior tem de ser envolvido. No processo de Oslo, os EUA foram os patrocinadores, mas tiveram dificuldades de exercer pressão sobre Israel, que é capaz de invocar um apoio formidável no Congresso.

Desta vez, o mundo árabe deve desempenhar um papel decisivo. Sob os Acordos de Abraão, negociados durante o governo Trump, vários países reconheceram Israel. Foi parte de uma visão para o Oriente Médio com base em comércio e prosperidade, em vez de ideologia. Seu dinheiro será necessário para reconstruir Gaza. Seus soldados podem ajudar a fornecer segurança quando Israel deixar a faixa, o que deve ocorrer assim que possível. Se trabalharem juntos, eles poderão fazer secar o financiamento e acabar com o abrigo do Hamas direcionando fundos, em vez disso, para a reconstrução. Seu peso pode dar a um líder palestino de transição cobertura diplomática enquanto ele se assenta na função e forma seu governo.

A chave é uma pressão imediata dos EUA e da Arábia Saudita sobre Israel e os palestinos. A AP argumenta que o processo de paz poderia ser ativado se os EUA e a União Europeia mandassem um sinal para Israel reconhecendo de antemão um Estado palestino — uma ideia apoiada pela Espanha, que preside atualmente a UE. Os EUA deveriam cumprir sua promessa de abrir uma missão diplomática para os palestinos em Jerusalém. Mas os reconhecimentos plenos da Palestina pelo Ocidente e de Israel pela Arábia Saudita deveriam ser oferecidos como recompensas para o futuro, um incentivo ao progresso.

O tempo para isso é curto. A direita israelense antipalestinos continuará forte. Quando o atual governo cair, o seguinte poderá ter apenas um único mandato para reacender a convicção dos israelenses de que a paz é possível. Na AP, um novo líder enfrentará inimigos que encheram os bolsos em meio à atual podridão do sistema. Quem sobrar do Hamas buscará impedir a paz, assim como o Irã e seus apoiadores, que prosperam no caos e na cizânia. O governo Biden poderá estar disposto a pressionar Israel; um governo Trump poderá não estar. Para evitar que a guerra permanente arruine duas nações, israelenses, palestinos e todos que os estimam devem aproveitar este momento. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

The Economist - Se você quiser entender quão desesperadamente israelenses e palestinos precisam da paz, considere o que seria deles num estado de guerra perpétua. Contra um Exército israelense vastamente superior, a arma mais poderosa dos palestinos continuaria sendo a morte e o sofrimento de seu próprio povo. O destino de Israel também seria lastimável se o país quiser ser uma democracia florescente e moderna. Se depender permanentemente de seu Exército para subjugar os palestinos, Israel se tornará um Estado-pária impositor de apartheid. Praticando atos de opressão diariamente pontuados por rodadas de matança, os próprios israelenses seriam corrompidos. Para dois povos envolvidos pelo abraço da violência, a paz é a única salvação.

Mas como é possível alcançá-la? Os israelenses ainda estão chocados com os estupros e os assassinatos de 7 de outubro; os palestinos veem corpos mutilados e esmagados de mulheres e crianças acumularem-se em Gaza. Em meio à carnificina, pedidos de paz de forasteiros parecem ingênuos. Além disso, palestinos e israelenses endurecidos veem negociações infinitas como um mecanismo de adiamento da paz, não para forjá-la. Negociadores já debateram intensamente no passado quase todas as permutas de terra e arranjos de segurança imagináveis. Todos fracassaram.

E ainda assim, algo mudou depois de 7 de outubro. A estratégia de Israel de marginalizar os palestinos e seus sonhos se rompeu. Ambos os lados têm a chance de encontrar novos líderes com novas visões. E após anos de negligência, forasteiros podem estar prontos para ajudar incluindo, crucialmente, um grupo de países árabes. Eles não podem cair na armadilha de pensar que a paz requer suor sobre detalhes mais uma vez. O sucesso depende dos dois lados quererem a paz e — o que é muito mais difícil — acreditarem nela.

Após cessar-fogo para troca de reféns, Israel retomou os ataques aéreos e por terra contra a Faixa de Gaza em guerra contra o Hamas Foto: SAID KHATIB / AFP

Para fazer algum sentido, combates devem levar à paz, que significa duas nações vivendo lado a lado. Os bombardeios de Israel mataram mais de 16 mil palestinos, incluindo combatentes do Hamas. Apesar de alguns palestinos terem se radicalizado por isso e pelas humilhações diárias da ocupação, muitos detestam o Hamas e suas guerras impossíveis de vencer e conviveriam com Israel se pudessem prosperar. Contanto que os homens armados não fiquem em seu caminho, esses indivíduos buscarão paz. Israel também precisa de uma nova estratégia. A antiga fracassou em cumprir a promessa básica do Estado de criar uma terra segura para os judeus; 1,4 mil pessoas foram mortas ou sequestradas pelo Hamas, outras centenas de milhares acabaram deslocadas.

A paz também exige novos líderes, porque os atuais são desacreditados. Em Israel, Binyamin Netanyahu é um obstáculo para uma reconciliação genuína; quanto antes ele partir, melhor. Os Estados Unidos poderiam sinalizar utilmente que esperam eleições em Israel proximamente. Pesquisas sugerem que Netanyahu será substituído por Benny Gantz, um ex-general que entende os custos da guerra. Gantz não endossou um Estado palestino, mas tampouco descartou sua possibilidade.

Novos líderes palestinos também são necessários. O Hamas é um inimigo declarado da paz: enquanto o grupo controlar, Gaza pedidos palestinos pela paz não serão críveis. Na Cisjordânia, Mahmoud Abbas, que controla a Autoridade Palestina (AP), é corrupto, inflexível e vazio de legitimidade democrática. Entre os escombros da guerra, Gaza precisará de tempo para se reconstruir e restabelecer algum tipo de governo estável. Países árabes moderados deveriam patrocinar uma liderança palestina de transição na Cisjordânia e em Gaza que possa começar a construir confiança entre seu próprio povo e, vitalmente, com os israelenses antes de realizar eleições. Ao governar juntamente Gaza e a Cisjordânia, essa liderança palestina poderia se tornar uma parceira mais crível para a paz.

O que nos leva ao processo. Os Acordos de Oslo, firmados em 1993 e marcados por uma série de apertos de mão no gramado da Casa Branca, deixaram os detalhes mais difíceis para o fim. Cada centímetro de avanço tinha de ser acertado por ambos os lados a duras penas. Isso solapou a convicção de que algum sucesso fosse possível.

Um novo processo tem de alcançar progressos rapidamente. Ambos os lados têm de enfrentar seus extremistas, que sabotariam a coexistência. A AP tem de pôr fim a grupos armados, impedir terroristas e combater a corrupção. Estimular a economia dependerá de vários acordos com Israel sobre comércio, serviços e permissões de trabalho. Os palestinos precisarão saber que estarão ganhando liberdades e direitos.

Trocas de terras podem esperar, mas os israelenses devem lidar com os assentamentos profundos demais na Cisjordânia, que jamais poderão ser integrados a Israel. O Estado israelense deve começar policiando-os e impedindo qualquer nova expansão. E precisa deixar claro que os cerca de 100 mil colonos que vivem nos assentamentos terão eventualmente de se mudar ou viver sob um governo palestino.

É difícil demais para israelenses e palestinos fazerem isso por conta própria, portanto o mundo exterior tem de ser envolvido. No processo de Oslo, os EUA foram os patrocinadores, mas tiveram dificuldades de exercer pressão sobre Israel, que é capaz de invocar um apoio formidável no Congresso.

Desta vez, o mundo árabe deve desempenhar um papel decisivo. Sob os Acordos de Abraão, negociados durante o governo Trump, vários países reconheceram Israel. Foi parte de uma visão para o Oriente Médio com base em comércio e prosperidade, em vez de ideologia. Seu dinheiro será necessário para reconstruir Gaza. Seus soldados podem ajudar a fornecer segurança quando Israel deixar a faixa, o que deve ocorrer assim que possível. Se trabalharem juntos, eles poderão fazer secar o financiamento e acabar com o abrigo do Hamas direcionando fundos, em vez disso, para a reconstrução. Seu peso pode dar a um líder palestino de transição cobertura diplomática enquanto ele se assenta na função e forma seu governo.

A chave é uma pressão imediata dos EUA e da Arábia Saudita sobre Israel e os palestinos. A AP argumenta que o processo de paz poderia ser ativado se os EUA e a União Europeia mandassem um sinal para Israel reconhecendo de antemão um Estado palestino — uma ideia apoiada pela Espanha, que preside atualmente a UE. Os EUA deveriam cumprir sua promessa de abrir uma missão diplomática para os palestinos em Jerusalém. Mas os reconhecimentos plenos da Palestina pelo Ocidente e de Israel pela Arábia Saudita deveriam ser oferecidos como recompensas para o futuro, um incentivo ao progresso.

O tempo para isso é curto. A direita israelense antipalestinos continuará forte. Quando o atual governo cair, o seguinte poderá ter apenas um único mandato para reacender a convicção dos israelenses de que a paz é possível. Na AP, um novo líder enfrentará inimigos que encheram os bolsos em meio à atual podridão do sistema. Quem sobrar do Hamas buscará impedir a paz, assim como o Irã e seus apoiadores, que prosperam no caos e na cizânia. O governo Biden poderá estar disposto a pressionar Israel; um governo Trump poderá não estar. Para evitar que a guerra permanente arruine duas nações, israelenses, palestinos e todos que os estimam devem aproveitar este momento. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

The Economist - Se você quiser entender quão desesperadamente israelenses e palestinos precisam da paz, considere o que seria deles num estado de guerra perpétua. Contra um Exército israelense vastamente superior, a arma mais poderosa dos palestinos continuaria sendo a morte e o sofrimento de seu próprio povo. O destino de Israel também seria lastimável se o país quiser ser uma democracia florescente e moderna. Se depender permanentemente de seu Exército para subjugar os palestinos, Israel se tornará um Estado-pária impositor de apartheid. Praticando atos de opressão diariamente pontuados por rodadas de matança, os próprios israelenses seriam corrompidos. Para dois povos envolvidos pelo abraço da violência, a paz é a única salvação.

Mas como é possível alcançá-la? Os israelenses ainda estão chocados com os estupros e os assassinatos de 7 de outubro; os palestinos veem corpos mutilados e esmagados de mulheres e crianças acumularem-se em Gaza. Em meio à carnificina, pedidos de paz de forasteiros parecem ingênuos. Além disso, palestinos e israelenses endurecidos veem negociações infinitas como um mecanismo de adiamento da paz, não para forjá-la. Negociadores já debateram intensamente no passado quase todas as permutas de terra e arranjos de segurança imagináveis. Todos fracassaram.

E ainda assim, algo mudou depois de 7 de outubro. A estratégia de Israel de marginalizar os palestinos e seus sonhos se rompeu. Ambos os lados têm a chance de encontrar novos líderes com novas visões. E após anos de negligência, forasteiros podem estar prontos para ajudar incluindo, crucialmente, um grupo de países árabes. Eles não podem cair na armadilha de pensar que a paz requer suor sobre detalhes mais uma vez. O sucesso depende dos dois lados quererem a paz e — o que é muito mais difícil — acreditarem nela.

Após cessar-fogo para troca de reféns, Israel retomou os ataques aéreos e por terra contra a Faixa de Gaza em guerra contra o Hamas Foto: SAID KHATIB / AFP

Para fazer algum sentido, combates devem levar à paz, que significa duas nações vivendo lado a lado. Os bombardeios de Israel mataram mais de 16 mil palestinos, incluindo combatentes do Hamas. Apesar de alguns palestinos terem se radicalizado por isso e pelas humilhações diárias da ocupação, muitos detestam o Hamas e suas guerras impossíveis de vencer e conviveriam com Israel se pudessem prosperar. Contanto que os homens armados não fiquem em seu caminho, esses indivíduos buscarão paz. Israel também precisa de uma nova estratégia. A antiga fracassou em cumprir a promessa básica do Estado de criar uma terra segura para os judeus; 1,4 mil pessoas foram mortas ou sequestradas pelo Hamas, outras centenas de milhares acabaram deslocadas.

A paz também exige novos líderes, porque os atuais são desacreditados. Em Israel, Binyamin Netanyahu é um obstáculo para uma reconciliação genuína; quanto antes ele partir, melhor. Os Estados Unidos poderiam sinalizar utilmente que esperam eleições em Israel proximamente. Pesquisas sugerem que Netanyahu será substituído por Benny Gantz, um ex-general que entende os custos da guerra. Gantz não endossou um Estado palestino, mas tampouco descartou sua possibilidade.

Novos líderes palestinos também são necessários. O Hamas é um inimigo declarado da paz: enquanto o grupo controlar, Gaza pedidos palestinos pela paz não serão críveis. Na Cisjordânia, Mahmoud Abbas, que controla a Autoridade Palestina (AP), é corrupto, inflexível e vazio de legitimidade democrática. Entre os escombros da guerra, Gaza precisará de tempo para se reconstruir e restabelecer algum tipo de governo estável. Países árabes moderados deveriam patrocinar uma liderança palestina de transição na Cisjordânia e em Gaza que possa começar a construir confiança entre seu próprio povo e, vitalmente, com os israelenses antes de realizar eleições. Ao governar juntamente Gaza e a Cisjordânia, essa liderança palestina poderia se tornar uma parceira mais crível para a paz.

O que nos leva ao processo. Os Acordos de Oslo, firmados em 1993 e marcados por uma série de apertos de mão no gramado da Casa Branca, deixaram os detalhes mais difíceis para o fim. Cada centímetro de avanço tinha de ser acertado por ambos os lados a duras penas. Isso solapou a convicção de que algum sucesso fosse possível.

Um novo processo tem de alcançar progressos rapidamente. Ambos os lados têm de enfrentar seus extremistas, que sabotariam a coexistência. A AP tem de pôr fim a grupos armados, impedir terroristas e combater a corrupção. Estimular a economia dependerá de vários acordos com Israel sobre comércio, serviços e permissões de trabalho. Os palestinos precisarão saber que estarão ganhando liberdades e direitos.

Trocas de terras podem esperar, mas os israelenses devem lidar com os assentamentos profundos demais na Cisjordânia, que jamais poderão ser integrados a Israel. O Estado israelense deve começar policiando-os e impedindo qualquer nova expansão. E precisa deixar claro que os cerca de 100 mil colonos que vivem nos assentamentos terão eventualmente de se mudar ou viver sob um governo palestino.

É difícil demais para israelenses e palestinos fazerem isso por conta própria, portanto o mundo exterior tem de ser envolvido. No processo de Oslo, os EUA foram os patrocinadores, mas tiveram dificuldades de exercer pressão sobre Israel, que é capaz de invocar um apoio formidável no Congresso.

Desta vez, o mundo árabe deve desempenhar um papel decisivo. Sob os Acordos de Abraão, negociados durante o governo Trump, vários países reconheceram Israel. Foi parte de uma visão para o Oriente Médio com base em comércio e prosperidade, em vez de ideologia. Seu dinheiro será necessário para reconstruir Gaza. Seus soldados podem ajudar a fornecer segurança quando Israel deixar a faixa, o que deve ocorrer assim que possível. Se trabalharem juntos, eles poderão fazer secar o financiamento e acabar com o abrigo do Hamas direcionando fundos, em vez disso, para a reconstrução. Seu peso pode dar a um líder palestino de transição cobertura diplomática enquanto ele se assenta na função e forma seu governo.

A chave é uma pressão imediata dos EUA e da Arábia Saudita sobre Israel e os palestinos. A AP argumenta que o processo de paz poderia ser ativado se os EUA e a União Europeia mandassem um sinal para Israel reconhecendo de antemão um Estado palestino — uma ideia apoiada pela Espanha, que preside atualmente a UE. Os EUA deveriam cumprir sua promessa de abrir uma missão diplomática para os palestinos em Jerusalém. Mas os reconhecimentos plenos da Palestina pelo Ocidente e de Israel pela Arábia Saudita deveriam ser oferecidos como recompensas para o futuro, um incentivo ao progresso.

O tempo para isso é curto. A direita israelense antipalestinos continuará forte. Quando o atual governo cair, o seguinte poderá ter apenas um único mandato para reacender a convicção dos israelenses de que a paz é possível. Na AP, um novo líder enfrentará inimigos que encheram os bolsos em meio à atual podridão do sistema. Quem sobrar do Hamas buscará impedir a paz, assim como o Irã e seus apoiadores, que prosperam no caos e na cizânia. O governo Biden poderá estar disposto a pressionar Israel; um governo Trump poderá não estar. Para evitar que a guerra permanente arruine duas nações, israelenses, palestinos e todos que os estimam devem aproveitar este momento. / TRADUÇÃO DE GUILHERME RUSSO

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