Israel permite silenciosamente que judeus façam orações no Monte do Templo


Mudança abala um compromisso de longa data que tem como objetivo evitar conflitos

Por Patrick Kingsley e Adam Rasgon

JERUSALÉM - O governo israelense há muito tempo proíbe os judeus de rezarem no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, mas o rabino Yehudah Glick fez pouco esforço para esconder suas orações. Na verdade, ele estava transmitindo-as ao vivo.

"Oh, senhor!", Glick falava, enquanto filmava a si mesmo com seu celular em uma manhã recentemente. “Livra minha alma de lábios mentirosos e línguas enganadoras!”

Desde que tomou o controle da Cidade Velha de Jerusalém da Jordânia em 1967, Israel tem mantido um frágil equilíbrio religioso no Monte do Templo, o local mais disputado de Jerusalém: somente os muçulmanos podem fazer suas orações lá, enquanto os judeus podem rezar no Muro das Lamentações.

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Mas recentemente o governo permitiu, de modo discreto, que um número cada vez maior de judeus fizesse suas orações lá, uma mudança que poderia agravar a instabilidade em Jerusalém Oriental e potencialmente levar a um conflito religioso.

“É um lugar delicado”, disse Ehud Olmert, ex-primeiro-ministro israelense. “E locais delicados como este, que têm um enorme potencial de explosão (de conflitos), precisam ser tratados com cuidado”.

Glick, um ex-deputado de direita nascido nos Estados Unidos, tem liderado iniciativas para mudar o status quo há décadas. Ele caracteriza seu esforço como uma questão de liberdade religiosa: se os muçulmanos podem fazer suas orações lá, por que não os judeus?

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Judeus ortodoxos rezam no Monte do Templo em Jerusalém Foto: Amit Elkayam/NYT

“Deus é o senhor de toda a humanidade”, disse ele. “E ele quer que cada um de nós esteja aqui para orar, cada um em seu próprio estilo.”

Mas a proibição da oração para judeus no espaço que já abrigou dois antigos templos judeus faz parte de um compromisso de longa data para evitar conflitos em um local que tem sido um foco frequente deles entre israelenses e palestinos.

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Segundo o acordo, o governo jordaniano manteve a supervisão administrativa do Monte do Templo, conhecido pelos árabes como Nobre Santuário ou complexo da mesquita de Al-Aqsa. A mesquita de Al-Aqsa e a dourada Cúpula da Rocha, um santuário que a tradição muçulmana considera ser o local onde o profeta Maomé ascendeu ao céu, estão situados em sua praça de calcário.

Israel tem autoridade de segurança total e mantém um pequeno posto policial ali.

O governo permite oficialmente que não-muçulmanos visitem o local por várias horas todas as manhãs, com a condição de que não façam orações lá. Ainda que nenhuma lei israelense proíba explicitamente a oração judaica no local, visitantes judeus que tentam fazer isso foram historicamente removidos ou repreendidos pela polícia.

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A política começou a mudar durante o mandato de Binyamin Netanyahu, ex-premiê de Israel com maior permanência no cargo, que liderou coalizões de partidos religiosos e de direita.Glick disse que os policiais começaram a permitir que ele e seus aliados fizessem suas orações no Monte mais abertamente há cinco anos.

O número de pessoas que receberam a permissão aumentou sem alarde e, para evitar uma reação negativa, a política não foi amplamente divulgada. Isso mudou no mês passado, depois que Netanyahu foi substituído por Naftali Bennett. De repente, os meios de comunicação israelenses publicaram imagens e vídeos de dezenas de judeus orando publicamente no Monte, inclusive de um deputado do partido de Bennett, forçando o primeiro-ministro a falar da questão publicamente.

Bennett a princípio pareceu confirmar uma mudança formal na política, dizendo que todas as religiões teriam “liberdade de culto” no Monte do Templo, para a alegria de alguns integrantes de seu partido de extrema-direita.

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Um dia depois, após críticas da Jordânia e de representantes de esquerda e árabes de sua coalizão de governo, ele voltou atrás, emitindo uma declaração de que o status quo anterior continuava em vigor. Seu escritório repetiu essa afirmação após uma recente consulta do New York Times, respondendo com um comentário de cinco palavras: “Nenhuma mudança no status quo”.

Mas, na verdade, dezenas de judeus agora fazem orações abertamente todos os dias em uma parte isolada do lado oriental do local, e as escoltas policiais israelenses não tentam mais detê-los.

Em duas manhãs recentes, repórteres do Times testemunharam oficiais israelenses posicionados entre judeus que rezavam e oficiais do Waqf, o órgão liderado pela Jordânia que administra o Monte, evitando que o último interviesse.

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Para muitos palestinos, a mudança é provocativa e injusta. Eles acham que os muçulmanos já fizeram uma grande concessão no Muro das Lamentações, que agora é usado principalmente para judeus fazerem suas orações, embora também seja importante para os muçulmanos. Em 1967, Israel até demoliu um bairro árabe ao lado do Muro para criar mais espaço para os judeus que queriam fazer suas preces.

Sheikh Omar al-Kiswani, o diretor da mesquita, disse que Al-Aqsa deveria ser reservada para as preces muçulmanas, em reconhecimento a sua importância para os muçulmanos. Muitos palestinos consideram Al-Aqsa a personificação da identidade palestina, a força que dá ânimo à aspiração de uma capital palestina em Jerusalém Oriental.

“Ela se chama Al-Aqsa desde que o profeta Maomé subiu aos céus de lá”, disse al-Kiswani.

A mudança de fato na política é apenas parte de um padrão maior de desfeitas contra a dignidade palestina nos territórios ocupados, disse ele.

“Esta é a realidade predominante, não apenas na mesquita de Al-Aqsa, mas também em postos de controle e outros locais na Palestina”, disse ele. “Enfrentamos constante discriminação racista e violação de nossos direitos humanos.”

Para muitos judeus ortodoxos, a mudança também é problemática.

O Monte já foi o local de dois templos judeus onde a tradição afirma que a presença de Deus foi revelada. Judeus subindo o Monte correm o risco de pisar em um local sagrado demais para os pés humanos, eles argumentam, já que a localização exata dos templos é desconhecida. Por esta razão, muitos rabinos, inclusive as autoridades rabínicas seniores do estado israelense, proíbem a entrada de judeus.

Mas para alguns judeus, como Glick, há um grande valor em orar o mais perto possível da localização dos templos em ruínas.

Glick diz que não está ali para provocar. Mas quando ele cruzou o Monte, protegido por seis policiais armados, funcionários da mesquita e transeuntes o filmaram. Os vídeos logo circularam no Twitter e receberam comentários furiosos.

“Os extremistas não costumavam chegar até aqui”, disse Azzam Khatib, vice-presidente do conselho do Waqf. “Agora eles estão ocupando toda a praça, com a proteção da polícia.” /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

JERUSALÉM - O governo israelense há muito tempo proíbe os judeus de rezarem no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, mas o rabino Yehudah Glick fez pouco esforço para esconder suas orações. Na verdade, ele estava transmitindo-as ao vivo.

"Oh, senhor!", Glick falava, enquanto filmava a si mesmo com seu celular em uma manhã recentemente. “Livra minha alma de lábios mentirosos e línguas enganadoras!”

Desde que tomou o controle da Cidade Velha de Jerusalém da Jordânia em 1967, Israel tem mantido um frágil equilíbrio religioso no Monte do Templo, o local mais disputado de Jerusalém: somente os muçulmanos podem fazer suas orações lá, enquanto os judeus podem rezar no Muro das Lamentações.

Mas recentemente o governo permitiu, de modo discreto, que um número cada vez maior de judeus fizesse suas orações lá, uma mudança que poderia agravar a instabilidade em Jerusalém Oriental e potencialmente levar a um conflito religioso.

“É um lugar delicado”, disse Ehud Olmert, ex-primeiro-ministro israelense. “E locais delicados como este, que têm um enorme potencial de explosão (de conflitos), precisam ser tratados com cuidado”.

Glick, um ex-deputado de direita nascido nos Estados Unidos, tem liderado iniciativas para mudar o status quo há décadas. Ele caracteriza seu esforço como uma questão de liberdade religiosa: se os muçulmanos podem fazer suas orações lá, por que não os judeus?

Judeus ortodoxos rezam no Monte do Templo em Jerusalém Foto: Amit Elkayam/NYT

“Deus é o senhor de toda a humanidade”, disse ele. “E ele quer que cada um de nós esteja aqui para orar, cada um em seu próprio estilo.”

Mas a proibição da oração para judeus no espaço que já abrigou dois antigos templos judeus faz parte de um compromisso de longa data para evitar conflitos em um local que tem sido um foco frequente deles entre israelenses e palestinos.

Segundo o acordo, o governo jordaniano manteve a supervisão administrativa do Monte do Templo, conhecido pelos árabes como Nobre Santuário ou complexo da mesquita de Al-Aqsa. A mesquita de Al-Aqsa e a dourada Cúpula da Rocha, um santuário que a tradição muçulmana considera ser o local onde o profeta Maomé ascendeu ao céu, estão situados em sua praça de calcário.

Israel tem autoridade de segurança total e mantém um pequeno posto policial ali.

O governo permite oficialmente que não-muçulmanos visitem o local por várias horas todas as manhãs, com a condição de que não façam orações lá. Ainda que nenhuma lei israelense proíba explicitamente a oração judaica no local, visitantes judeus que tentam fazer isso foram historicamente removidos ou repreendidos pela polícia.

A política começou a mudar durante o mandato de Binyamin Netanyahu, ex-premiê de Israel com maior permanência no cargo, que liderou coalizões de partidos religiosos e de direita.Glick disse que os policiais começaram a permitir que ele e seus aliados fizessem suas orações no Monte mais abertamente há cinco anos.

O número de pessoas que receberam a permissão aumentou sem alarde e, para evitar uma reação negativa, a política não foi amplamente divulgada. Isso mudou no mês passado, depois que Netanyahu foi substituído por Naftali Bennett. De repente, os meios de comunicação israelenses publicaram imagens e vídeos de dezenas de judeus orando publicamente no Monte, inclusive de um deputado do partido de Bennett, forçando o primeiro-ministro a falar da questão publicamente.

Bennett a princípio pareceu confirmar uma mudança formal na política, dizendo que todas as religiões teriam “liberdade de culto” no Monte do Templo, para a alegria de alguns integrantes de seu partido de extrema-direita.

Um dia depois, após críticas da Jordânia e de representantes de esquerda e árabes de sua coalizão de governo, ele voltou atrás, emitindo uma declaração de que o status quo anterior continuava em vigor. Seu escritório repetiu essa afirmação após uma recente consulta do New York Times, respondendo com um comentário de cinco palavras: “Nenhuma mudança no status quo”.

Mas, na verdade, dezenas de judeus agora fazem orações abertamente todos os dias em uma parte isolada do lado oriental do local, e as escoltas policiais israelenses não tentam mais detê-los.

Em duas manhãs recentes, repórteres do Times testemunharam oficiais israelenses posicionados entre judeus que rezavam e oficiais do Waqf, o órgão liderado pela Jordânia que administra o Monte, evitando que o último interviesse.

Para muitos palestinos, a mudança é provocativa e injusta. Eles acham que os muçulmanos já fizeram uma grande concessão no Muro das Lamentações, que agora é usado principalmente para judeus fazerem suas orações, embora também seja importante para os muçulmanos. Em 1967, Israel até demoliu um bairro árabe ao lado do Muro para criar mais espaço para os judeus que queriam fazer suas preces.

Sheikh Omar al-Kiswani, o diretor da mesquita, disse que Al-Aqsa deveria ser reservada para as preces muçulmanas, em reconhecimento a sua importância para os muçulmanos. Muitos palestinos consideram Al-Aqsa a personificação da identidade palestina, a força que dá ânimo à aspiração de uma capital palestina em Jerusalém Oriental.

“Ela se chama Al-Aqsa desde que o profeta Maomé subiu aos céus de lá”, disse al-Kiswani.

A mudança de fato na política é apenas parte de um padrão maior de desfeitas contra a dignidade palestina nos territórios ocupados, disse ele.

“Esta é a realidade predominante, não apenas na mesquita de Al-Aqsa, mas também em postos de controle e outros locais na Palestina”, disse ele. “Enfrentamos constante discriminação racista e violação de nossos direitos humanos.”

Para muitos judeus ortodoxos, a mudança também é problemática.

O Monte já foi o local de dois templos judeus onde a tradição afirma que a presença de Deus foi revelada. Judeus subindo o Monte correm o risco de pisar em um local sagrado demais para os pés humanos, eles argumentam, já que a localização exata dos templos é desconhecida. Por esta razão, muitos rabinos, inclusive as autoridades rabínicas seniores do estado israelense, proíbem a entrada de judeus.

Mas para alguns judeus, como Glick, há um grande valor em orar o mais perto possível da localização dos templos em ruínas.

Glick diz que não está ali para provocar. Mas quando ele cruzou o Monte, protegido por seis policiais armados, funcionários da mesquita e transeuntes o filmaram. Os vídeos logo circularam no Twitter e receberam comentários furiosos.

“Os extremistas não costumavam chegar até aqui”, disse Azzam Khatib, vice-presidente do conselho do Waqf. “Agora eles estão ocupando toda a praça, com a proteção da polícia.” /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

JERUSALÉM - O governo israelense há muito tempo proíbe os judeus de rezarem no Monte do Templo, um local sagrado para judeus e muçulmanos, mas o rabino Yehudah Glick fez pouco esforço para esconder suas orações. Na verdade, ele estava transmitindo-as ao vivo.

"Oh, senhor!", Glick falava, enquanto filmava a si mesmo com seu celular em uma manhã recentemente. “Livra minha alma de lábios mentirosos e línguas enganadoras!”

Desde que tomou o controle da Cidade Velha de Jerusalém da Jordânia em 1967, Israel tem mantido um frágil equilíbrio religioso no Monte do Templo, o local mais disputado de Jerusalém: somente os muçulmanos podem fazer suas orações lá, enquanto os judeus podem rezar no Muro das Lamentações.

Mas recentemente o governo permitiu, de modo discreto, que um número cada vez maior de judeus fizesse suas orações lá, uma mudança que poderia agravar a instabilidade em Jerusalém Oriental e potencialmente levar a um conflito religioso.

“É um lugar delicado”, disse Ehud Olmert, ex-primeiro-ministro israelense. “E locais delicados como este, que têm um enorme potencial de explosão (de conflitos), precisam ser tratados com cuidado”.

Glick, um ex-deputado de direita nascido nos Estados Unidos, tem liderado iniciativas para mudar o status quo há décadas. Ele caracteriza seu esforço como uma questão de liberdade religiosa: se os muçulmanos podem fazer suas orações lá, por que não os judeus?

Judeus ortodoxos rezam no Monte do Templo em Jerusalém Foto: Amit Elkayam/NYT

“Deus é o senhor de toda a humanidade”, disse ele. “E ele quer que cada um de nós esteja aqui para orar, cada um em seu próprio estilo.”

Mas a proibição da oração para judeus no espaço que já abrigou dois antigos templos judeus faz parte de um compromisso de longa data para evitar conflitos em um local que tem sido um foco frequente deles entre israelenses e palestinos.

Segundo o acordo, o governo jordaniano manteve a supervisão administrativa do Monte do Templo, conhecido pelos árabes como Nobre Santuário ou complexo da mesquita de Al-Aqsa. A mesquita de Al-Aqsa e a dourada Cúpula da Rocha, um santuário que a tradição muçulmana considera ser o local onde o profeta Maomé ascendeu ao céu, estão situados em sua praça de calcário.

Israel tem autoridade de segurança total e mantém um pequeno posto policial ali.

O governo permite oficialmente que não-muçulmanos visitem o local por várias horas todas as manhãs, com a condição de que não façam orações lá. Ainda que nenhuma lei israelense proíba explicitamente a oração judaica no local, visitantes judeus que tentam fazer isso foram historicamente removidos ou repreendidos pela polícia.

A política começou a mudar durante o mandato de Binyamin Netanyahu, ex-premiê de Israel com maior permanência no cargo, que liderou coalizões de partidos religiosos e de direita.Glick disse que os policiais começaram a permitir que ele e seus aliados fizessem suas orações no Monte mais abertamente há cinco anos.

O número de pessoas que receberam a permissão aumentou sem alarde e, para evitar uma reação negativa, a política não foi amplamente divulgada. Isso mudou no mês passado, depois que Netanyahu foi substituído por Naftali Bennett. De repente, os meios de comunicação israelenses publicaram imagens e vídeos de dezenas de judeus orando publicamente no Monte, inclusive de um deputado do partido de Bennett, forçando o primeiro-ministro a falar da questão publicamente.

Bennett a princípio pareceu confirmar uma mudança formal na política, dizendo que todas as religiões teriam “liberdade de culto” no Monte do Templo, para a alegria de alguns integrantes de seu partido de extrema-direita.

Um dia depois, após críticas da Jordânia e de representantes de esquerda e árabes de sua coalizão de governo, ele voltou atrás, emitindo uma declaração de que o status quo anterior continuava em vigor. Seu escritório repetiu essa afirmação após uma recente consulta do New York Times, respondendo com um comentário de cinco palavras: “Nenhuma mudança no status quo”.

Mas, na verdade, dezenas de judeus agora fazem orações abertamente todos os dias em uma parte isolada do lado oriental do local, e as escoltas policiais israelenses não tentam mais detê-los.

Em duas manhãs recentes, repórteres do Times testemunharam oficiais israelenses posicionados entre judeus que rezavam e oficiais do Waqf, o órgão liderado pela Jordânia que administra o Monte, evitando que o último interviesse.

Para muitos palestinos, a mudança é provocativa e injusta. Eles acham que os muçulmanos já fizeram uma grande concessão no Muro das Lamentações, que agora é usado principalmente para judeus fazerem suas orações, embora também seja importante para os muçulmanos. Em 1967, Israel até demoliu um bairro árabe ao lado do Muro para criar mais espaço para os judeus que queriam fazer suas preces.

Sheikh Omar al-Kiswani, o diretor da mesquita, disse que Al-Aqsa deveria ser reservada para as preces muçulmanas, em reconhecimento a sua importância para os muçulmanos. Muitos palestinos consideram Al-Aqsa a personificação da identidade palestina, a força que dá ânimo à aspiração de uma capital palestina em Jerusalém Oriental.

“Ela se chama Al-Aqsa desde que o profeta Maomé subiu aos céus de lá”, disse al-Kiswani.

A mudança de fato na política é apenas parte de um padrão maior de desfeitas contra a dignidade palestina nos territórios ocupados, disse ele.

“Esta é a realidade predominante, não apenas na mesquita de Al-Aqsa, mas também em postos de controle e outros locais na Palestina”, disse ele. “Enfrentamos constante discriminação racista e violação de nossos direitos humanos.”

Para muitos judeus ortodoxos, a mudança também é problemática.

O Monte já foi o local de dois templos judeus onde a tradição afirma que a presença de Deus foi revelada. Judeus subindo o Monte correm o risco de pisar em um local sagrado demais para os pés humanos, eles argumentam, já que a localização exata dos templos é desconhecida. Por esta razão, muitos rabinos, inclusive as autoridades rabínicas seniores do estado israelense, proíbem a entrada de judeus.

Mas para alguns judeus, como Glick, há um grande valor em orar o mais perto possível da localização dos templos em ruínas.

Glick diz que não está ali para provocar. Mas quando ele cruzou o Monte, protegido por seis policiais armados, funcionários da mesquita e transeuntes o filmaram. Os vídeos logo circularam no Twitter e receberam comentários furiosos.

“Os extremistas não costumavam chegar até aqui”, disse Azzam Khatib, vice-presidente do conselho do Waqf. “Agora eles estão ocupando toda a praça, com a proteção da polícia.” /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

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