As Forças Armadas de Israel se preparam para uma possível operação de grande escala na faixa autônoma de Gaza, revela neste domingo, 1, o jornal Ha´aretz. A publicação indica que, embora o governo israelense prefira evitar uma escalada com os palestinos, o Exército realizou treinamentos preparatórios com quase todas as unidades que poderiam intervir em caso de invasão. Na quarta-feira passada, o chefe das Forças Armadas, general Gabi Ashkenazi, insinuou no Parlamento que o fortalecimento militar do Hamas "exige uma ou outra solução" por parte do Estado judeu. "Há em Gaza uma grande quantidade de armas que seguem fluindo", disse em referência ao contrabando, geralmente através de túneis subterrâneos desde o Egito, limítrofe com Gaza, enquanto destacou também que os palestinos "melhoraram seu planejamento operacional". Os Comitês Populares da Resistência em Gaza, situada a menos de 60 quilômetros de Tel Aviv, advertiram no sábado, 31, que o braço armado dessa organização, as Brigadas de Saladino, "estão preparadas para fazer frente a toda tentativa (israelense) de invasão". Segundo o Ha´aretz, o ex-chefe das Forças Armadas Dan Halutz ordenou no ano passado os preparativos para uma possível incursão com grande número de efetivos, tanques e artilharia em Gaza, de onde Israel se retirou em setembro de 2005. O temor em meios da segurança israelense é o de que os milicianos palestinos adquiram foguetes de maior precisão que os Qassam, projéteis artesanais com um alcance entre 8 e 10 quilômetros e com os quais ameaçam atualmente 38 localidades israelenses. Fontes da segurança israelense disseram ao Ha´aretz que Israel encontrará problemas a longo prazo caso o poderio das facções palestinas continuar crescendo. Segundo fontes do Serviço de Inteligência das Forças Armadas, as duas milícias islamitas que operam em Gaza, o Hamas e a Jihad Islâmica, contam atualmente com foguetes cujo alcance chega aos 15 quilômetros. Pela primeira vez desde a proclamação do cessar-fogo entre as facções palestinas e o Exército israelense, em novembro, Israel atacou esta semana uma célula de combatentes da Jihad Islâmica quando disparavam foguetes Qassam do norte de Gaza: seus três membros ficaram feridos e um morreu na operação. O Ha´aretz também revela neste domingo que o movimento nacionalista Fatah, cujo líder é o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, está recrutando "milhares de ativistas" para criar uma nova força de segurança capaz de medir forças com o Hamas. Milicianos de ambas as facções protagonizaram no último ano sangrentos enfrentamentos, nos quais morreram pelo menos 160 combatentes e civis.