Condenar o terror não basta


Políticos e religiosos muçulmanos têm denunciado o terrorismo de inspiração islamista, mas o que fazem de concreto para combatê-lo com eficácia?

Por Issa Goraieb
Atualização:

Políticos e religiosos muçulmanos, mais particularmente árabes, têm denunciado o terrorismo de inspiração islamista, qualificando-o de deturpação dos preceitos do Alcorão. Mas o que fazem de concreto para combater com eficácia, nos planos político, militar e ideológico, esses desvarios criminosos?

Ao ritmo infernal em que hoje ocorrem atentados, esta pergunta é feita a cada dia com mais intensidade, indignação e cólera, no mundo ocidental. E tem servido de argumento de peso para as correntes ultranacionalistas e islamofóbicas, o que explica, mas não justifica, a popularidade crescente de Marine Le Pen, na França, ou do americano Donald Trump.

O que não é menos surpreendente, entretanto, é que as elites árabes e muçulmanas ousam fazer a mesma pergunta. Em um artigo publicado simultaneamente por diversos jornais árabes, o príncipe Hassan Ibn Talal, tio paterno do rei Abdullah, da Jordânia, propôs a formação de um “conselho de crise islâmico-cristão” consagrado a um trabalho coletivo para lutar contra os desvios do fanatismo religioso. Outros intelectuais árabes se mostram bem mais audaciosos, reclamando, por exemplo, de uma reinterpretação de versos ambíguos (e muitas vezes contraditórios) dos livros sagrados relativos à jihad e ao uso da espada contra os infiéis.

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Publicado em dezembro no periódico Al-Raï (Opinião), do Kuwait, um artigo particularmente intrépido obteve enorme sucesso nas redes sociais, especialmente porque é assinado por uma jornalista saudita. Em seu artigo, Nadine al-Budair convoca uma revolta em massa contra o terrorismo, perguntando aos muçulmanos como reagiriam se terroristas cristãos se explodissem no meio deles em nome do cristianismo e com a pretensão de impor ao mundo inteiro a cristandade e a obrigação de viver como à época de Jesus e seus discípulos. Mais recentemente, a jornalista, que é também apresentadora de um canal de TV saudita, interrompeu seu programa para apelar aos muçulmanos para não mais reprimir sua consciência face às atrocidades praticadas pelo terrorismo.

No Líbano, o líder druso Walid Jumblatt causou sensação ao publicar no site do seu jornal eletrônico um virulento editorial em reação ao assassinato de um padre francês em sua igreja na Normandia. “O espírito árabe e islâmico está enfermo, distante de qualquer forma de evolução e abertura e se isola no obscurantismo”, afirmou. Segundo Jumblatt, esse espírito doente é o responsável pela ascensão do fascismo e da nova cruzada no Ocidente. Para ele, condenar o terrorismo não basta.

Embora em termos mais prudentes, diversas personalidades políticas e jornais libaneses também denunciaram a passividade do mundo árabe-muçulmano diante das múltiplas atrocidades terroristas: uma passividade que ficou claramente exposta pelo lamentável fracasso da conferência de cúpula árabe realizada no início da semana na Mauritânia, quando os participantes se limitaram a emitir muitas resoluções sem qualquer consistência.

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É preciso dizer que a degola do padre francês Jacques Hamel causou enorme comoção no Líbano, país árabe que abriga uma importante minoria cristã. São inúmeros os libaneses que viram naquele ato um salto qualitativo na estratégia do Estado Islâmico, um ataque frontal carregado de simbolismo, porque o grupo não visa mais apenas o Ocidente, mas os cristãos. Um desdobramento ainda mais inquietante para os libaneses porque o restante do Oriente Médio vem perdendo lentamente, mas a passo firme, suas populações cristãs.

Políticos e religiosos muçulmanos, mais particularmente árabes, têm denunciado o terrorismo de inspiração islamista, qualificando-o de deturpação dos preceitos do Alcorão. Mas o que fazem de concreto para combater com eficácia, nos planos político, militar e ideológico, esses desvarios criminosos?

Ao ritmo infernal em que hoje ocorrem atentados, esta pergunta é feita a cada dia com mais intensidade, indignação e cólera, no mundo ocidental. E tem servido de argumento de peso para as correntes ultranacionalistas e islamofóbicas, o que explica, mas não justifica, a popularidade crescente de Marine Le Pen, na França, ou do americano Donald Trump.

O que não é menos surpreendente, entretanto, é que as elites árabes e muçulmanas ousam fazer a mesma pergunta. Em um artigo publicado simultaneamente por diversos jornais árabes, o príncipe Hassan Ibn Talal, tio paterno do rei Abdullah, da Jordânia, propôs a formação de um “conselho de crise islâmico-cristão” consagrado a um trabalho coletivo para lutar contra os desvios do fanatismo religioso. Outros intelectuais árabes se mostram bem mais audaciosos, reclamando, por exemplo, de uma reinterpretação de versos ambíguos (e muitas vezes contraditórios) dos livros sagrados relativos à jihad e ao uso da espada contra os infiéis.

Publicado em dezembro no periódico Al-Raï (Opinião), do Kuwait, um artigo particularmente intrépido obteve enorme sucesso nas redes sociais, especialmente porque é assinado por uma jornalista saudita. Em seu artigo, Nadine al-Budair convoca uma revolta em massa contra o terrorismo, perguntando aos muçulmanos como reagiriam se terroristas cristãos se explodissem no meio deles em nome do cristianismo e com a pretensão de impor ao mundo inteiro a cristandade e a obrigação de viver como à época de Jesus e seus discípulos. Mais recentemente, a jornalista, que é também apresentadora de um canal de TV saudita, interrompeu seu programa para apelar aos muçulmanos para não mais reprimir sua consciência face às atrocidades praticadas pelo terrorismo.

No Líbano, o líder druso Walid Jumblatt causou sensação ao publicar no site do seu jornal eletrônico um virulento editorial em reação ao assassinato de um padre francês em sua igreja na Normandia. “O espírito árabe e islâmico está enfermo, distante de qualquer forma de evolução e abertura e se isola no obscurantismo”, afirmou. Segundo Jumblatt, esse espírito doente é o responsável pela ascensão do fascismo e da nova cruzada no Ocidente. Para ele, condenar o terrorismo não basta.

Embora em termos mais prudentes, diversas personalidades políticas e jornais libaneses também denunciaram a passividade do mundo árabe-muçulmano diante das múltiplas atrocidades terroristas: uma passividade que ficou claramente exposta pelo lamentável fracasso da conferência de cúpula árabe realizada no início da semana na Mauritânia, quando os participantes se limitaram a emitir muitas resoluções sem qualquer consistência.

É preciso dizer que a degola do padre francês Jacques Hamel causou enorme comoção no Líbano, país árabe que abriga uma importante minoria cristã. São inúmeros os libaneses que viram naquele ato um salto qualitativo na estratégia do Estado Islâmico, um ataque frontal carregado de simbolismo, porque o grupo não visa mais apenas o Ocidente, mas os cristãos. Um desdobramento ainda mais inquietante para os libaneses porque o restante do Oriente Médio vem perdendo lentamente, mas a passo firme, suas populações cristãs.

Políticos e religiosos muçulmanos, mais particularmente árabes, têm denunciado o terrorismo de inspiração islamista, qualificando-o de deturpação dos preceitos do Alcorão. Mas o que fazem de concreto para combater com eficácia, nos planos político, militar e ideológico, esses desvarios criminosos?

Ao ritmo infernal em que hoje ocorrem atentados, esta pergunta é feita a cada dia com mais intensidade, indignação e cólera, no mundo ocidental. E tem servido de argumento de peso para as correntes ultranacionalistas e islamofóbicas, o que explica, mas não justifica, a popularidade crescente de Marine Le Pen, na França, ou do americano Donald Trump.

O que não é menos surpreendente, entretanto, é que as elites árabes e muçulmanas ousam fazer a mesma pergunta. Em um artigo publicado simultaneamente por diversos jornais árabes, o príncipe Hassan Ibn Talal, tio paterno do rei Abdullah, da Jordânia, propôs a formação de um “conselho de crise islâmico-cristão” consagrado a um trabalho coletivo para lutar contra os desvios do fanatismo religioso. Outros intelectuais árabes se mostram bem mais audaciosos, reclamando, por exemplo, de uma reinterpretação de versos ambíguos (e muitas vezes contraditórios) dos livros sagrados relativos à jihad e ao uso da espada contra os infiéis.

Publicado em dezembro no periódico Al-Raï (Opinião), do Kuwait, um artigo particularmente intrépido obteve enorme sucesso nas redes sociais, especialmente porque é assinado por uma jornalista saudita. Em seu artigo, Nadine al-Budair convoca uma revolta em massa contra o terrorismo, perguntando aos muçulmanos como reagiriam se terroristas cristãos se explodissem no meio deles em nome do cristianismo e com a pretensão de impor ao mundo inteiro a cristandade e a obrigação de viver como à época de Jesus e seus discípulos. Mais recentemente, a jornalista, que é também apresentadora de um canal de TV saudita, interrompeu seu programa para apelar aos muçulmanos para não mais reprimir sua consciência face às atrocidades praticadas pelo terrorismo.

No Líbano, o líder druso Walid Jumblatt causou sensação ao publicar no site do seu jornal eletrônico um virulento editorial em reação ao assassinato de um padre francês em sua igreja na Normandia. “O espírito árabe e islâmico está enfermo, distante de qualquer forma de evolução e abertura e se isola no obscurantismo”, afirmou. Segundo Jumblatt, esse espírito doente é o responsável pela ascensão do fascismo e da nova cruzada no Ocidente. Para ele, condenar o terrorismo não basta.

Embora em termos mais prudentes, diversas personalidades políticas e jornais libaneses também denunciaram a passividade do mundo árabe-muçulmano diante das múltiplas atrocidades terroristas: uma passividade que ficou claramente exposta pelo lamentável fracasso da conferência de cúpula árabe realizada no início da semana na Mauritânia, quando os participantes se limitaram a emitir muitas resoluções sem qualquer consistência.

É preciso dizer que a degola do padre francês Jacques Hamel causou enorme comoção no Líbano, país árabe que abriga uma importante minoria cristã. São inúmeros os libaneses que viram naquele ato um salto qualitativo na estratégia do Estado Islâmico, um ataque frontal carregado de simbolismo, porque o grupo não visa mais apenas o Ocidente, mas os cristãos. Um desdobramento ainda mais inquietante para os libaneses porque o restante do Oriente Médio vem perdendo lentamente, mas a passo firme, suas populações cristãs.

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