Direto da Europa

Mulheres na política: Brasil ocupa o vergonhoso 118º lugar no mundo


?#?AgoraÉQueSãoElas? Este blog completa hoje a série dedicada às mulheres e à iniciativa ?#?AgoraÉQueSãoElas?.

Por jamilchade

E nada mais adequado que um exame realista de que, no Brasil, as mulheres ocupam menos de 10% dos lugares na Câmara dos Deputados, como revela a jornalista Amanda Klein.

 A política das mulheres

por Amanda Klein

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Política não é lugar de mulher. E não é só no Brasil. Em praticamente todo o mundo, nós somos minoria no Congresso. No lugar onde se discutem e se votam leis, as mulheres têm pouca voz. Representamos 52% dos eleitores do país, mas ocupamos menos de 10% dos lugares na Câmara dos Deputados. Apenas 45 das 513 cadeiras. Nem perto dos votos necessários para aprovar um projeto de lei. Se quisermos mudar algo na Constituição, então, teremos que esperar mais algumas décadas.

No ranking mundial da União Inter-Parlamentar sobre a participação das mulheres na política, o Brasil ocupa um vergonhoso 118º lugar. Eu sei, é até difícil pronunciar. Você deve imaginar que no topo do ranking só pode estar algum país desenvolvido, como a Noruega ou a Suécia. Afinal, eles se saem bem em todos. Nada disso. As únicas com mais de metade da Câmara formada por mulheres são Rwanda e Bolívia, por razões que fogem ao meu conhecimento (mas lanço o desafio a quem se interessar em pesquisar). Nos Estados Unidos, as mulheres também são minoria: 19% da Câmara. No Reino Unido, 29%.

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E daí? Melhor deixar esse trabalho para os homens. Política é chato mesmo, as pessoas brigam, se desentendem, têm que negociar o tempo todo. É quase como mexer em motor de carro ou trocar pneu. Eles entendem mais do que a gente. Será mesmo? Deixar a política nas mãos dos homens é delegar a eles a responsabilidade por votar leis que têm tudo a ver com a gente.

Uma comissão especial da Câmara acabou de aprovar o projeto do deputado Eduardo Cunha que dificulta o acesso ao aborto legal. Isso significa que mulheres estupradas e grávidas terão dificuldade de atendimento no SUS, a pílula do dia seguinte não estará mais disponível em todas as farmácias e o médico que orientar a paciente a abortar pode ser processado. Não estamos nem discutindo a descriminalização do aborto ainda, mas falando de situações permitidas em lei. São homens fazendo e votando projetos que afetam as mulheres!!

Será que um Congresso com maior representação feminina aprovaria a flexibilização do estatuto do desarmamento? Pois a lei que facilita o acesso a armas de fogo já foi aprovada em outra comissão especial da Câmara. E estes são só alguns dos assuntos que nos dizem respeito. Há muitos outros, como a violência doméstica contra a mulher, a amamentação em público, licença-maternidade e todas as outras leis que não estão relacionadas a gênero, mas também nos afetam. Como um Congresso com mais mulheres se comportaria em relação ao ajuste fiscal, a um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma, à reforma política, às propostas na educação, à construção de creches?

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Uma parte da responsabilidade é nossa. Outra parte, das restrições impostas para entrar no universo da política, histórica e culturalmente ocupado pelos homens. Segundo pesquisa do Insituto DataSenado, a falta de apoio dos partidos _controlados por homens_ é o principal motivo para a baixa participação das mulheres na política. Em segundo lugar _e aí é onde assumimos a culpa_ está o desinteresse das mulheres. A boa notícia é que esse quadro vem mudando. Na última eleição, em 2014, o número de candidatas aumentou quase 50% em relação a 2010. Ainda assim, sete de cada dez candidatos são homens. Atrevo-me a citar mais um fator para o desinteresse feminino: a dificuldade em se eleger. Candidatas a vereadora somaram 32% do total em 2012. Mas somente 13% venceram nas urnas. Pela primeira vez, foi cumprida a lei federal de 1997 que estabelece que um terço das candidatas sejam mulheres.

A experiência na política é o espelho de um problema maior: a dificuldade das mulheres, em pleno século 21, de chegar a postos de comando em empresas, conselhos de administração, universidades e países. O processo de decisão é eminentemente masculino. E ao excluir a mulher, exclui tudo o que caracteriza o universo feminino. A sub-representação feminina gera uma grave distorção no país e no mundo que temos e naquele que desejamos construir. Por isso, para além das diferenças políticas ou da discordância de ideias, dedico esta coluna às mulheres que conseguiram vencer em um mundo dominado por homens: Dilma, Marina, Marta, Jandira, Gleisi. Sem título e sem sobrenome. Mulheres como nós.

 

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Amanda Klein é jornalista

E nada mais adequado que um exame realista de que, no Brasil, as mulheres ocupam menos de 10% dos lugares na Câmara dos Deputados, como revela a jornalista Amanda Klein.

 A política das mulheres

por Amanda Klein

 

Política não é lugar de mulher. E não é só no Brasil. Em praticamente todo o mundo, nós somos minoria no Congresso. No lugar onde se discutem e se votam leis, as mulheres têm pouca voz. Representamos 52% dos eleitores do país, mas ocupamos menos de 10% dos lugares na Câmara dos Deputados. Apenas 45 das 513 cadeiras. Nem perto dos votos necessários para aprovar um projeto de lei. Se quisermos mudar algo na Constituição, então, teremos que esperar mais algumas décadas.

No ranking mundial da União Inter-Parlamentar sobre a participação das mulheres na política, o Brasil ocupa um vergonhoso 118º lugar. Eu sei, é até difícil pronunciar. Você deve imaginar que no topo do ranking só pode estar algum país desenvolvido, como a Noruega ou a Suécia. Afinal, eles se saem bem em todos. Nada disso. As únicas com mais de metade da Câmara formada por mulheres são Rwanda e Bolívia, por razões que fogem ao meu conhecimento (mas lanço o desafio a quem se interessar em pesquisar). Nos Estados Unidos, as mulheres também são minoria: 19% da Câmara. No Reino Unido, 29%.

E daí? Melhor deixar esse trabalho para os homens. Política é chato mesmo, as pessoas brigam, se desentendem, têm que negociar o tempo todo. É quase como mexer em motor de carro ou trocar pneu. Eles entendem mais do que a gente. Será mesmo? Deixar a política nas mãos dos homens é delegar a eles a responsabilidade por votar leis que têm tudo a ver com a gente.

Uma comissão especial da Câmara acabou de aprovar o projeto do deputado Eduardo Cunha que dificulta o acesso ao aborto legal. Isso significa que mulheres estupradas e grávidas terão dificuldade de atendimento no SUS, a pílula do dia seguinte não estará mais disponível em todas as farmácias e o médico que orientar a paciente a abortar pode ser processado. Não estamos nem discutindo a descriminalização do aborto ainda, mas falando de situações permitidas em lei. São homens fazendo e votando projetos que afetam as mulheres!!

Será que um Congresso com maior representação feminina aprovaria a flexibilização do estatuto do desarmamento? Pois a lei que facilita o acesso a armas de fogo já foi aprovada em outra comissão especial da Câmara. E estes são só alguns dos assuntos que nos dizem respeito. Há muitos outros, como a violência doméstica contra a mulher, a amamentação em público, licença-maternidade e todas as outras leis que não estão relacionadas a gênero, mas também nos afetam. Como um Congresso com mais mulheres se comportaria em relação ao ajuste fiscal, a um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma, à reforma política, às propostas na educação, à construção de creches?

Uma parte da responsabilidade é nossa. Outra parte, das restrições impostas para entrar no universo da política, histórica e culturalmente ocupado pelos homens. Segundo pesquisa do Insituto DataSenado, a falta de apoio dos partidos _controlados por homens_ é o principal motivo para a baixa participação das mulheres na política. Em segundo lugar _e aí é onde assumimos a culpa_ está o desinteresse das mulheres. A boa notícia é que esse quadro vem mudando. Na última eleição, em 2014, o número de candidatas aumentou quase 50% em relação a 2010. Ainda assim, sete de cada dez candidatos são homens. Atrevo-me a citar mais um fator para o desinteresse feminino: a dificuldade em se eleger. Candidatas a vereadora somaram 32% do total em 2012. Mas somente 13% venceram nas urnas. Pela primeira vez, foi cumprida a lei federal de 1997 que estabelece que um terço das candidatas sejam mulheres.

A experiência na política é o espelho de um problema maior: a dificuldade das mulheres, em pleno século 21, de chegar a postos de comando em empresas, conselhos de administração, universidades e países. O processo de decisão é eminentemente masculino. E ao excluir a mulher, exclui tudo o que caracteriza o universo feminino. A sub-representação feminina gera uma grave distorção no país e no mundo que temos e naquele que desejamos construir. Por isso, para além das diferenças políticas ou da discordância de ideias, dedico esta coluna às mulheres que conseguiram vencer em um mundo dominado por homens: Dilma, Marina, Marta, Jandira, Gleisi. Sem título e sem sobrenome. Mulheres como nós.

 

Amanda Klein é jornalista

E nada mais adequado que um exame realista de que, no Brasil, as mulheres ocupam menos de 10% dos lugares na Câmara dos Deputados, como revela a jornalista Amanda Klein.

 A política das mulheres

por Amanda Klein

 

Política não é lugar de mulher. E não é só no Brasil. Em praticamente todo o mundo, nós somos minoria no Congresso. No lugar onde se discutem e se votam leis, as mulheres têm pouca voz. Representamos 52% dos eleitores do país, mas ocupamos menos de 10% dos lugares na Câmara dos Deputados. Apenas 45 das 513 cadeiras. Nem perto dos votos necessários para aprovar um projeto de lei. Se quisermos mudar algo na Constituição, então, teremos que esperar mais algumas décadas.

No ranking mundial da União Inter-Parlamentar sobre a participação das mulheres na política, o Brasil ocupa um vergonhoso 118º lugar. Eu sei, é até difícil pronunciar. Você deve imaginar que no topo do ranking só pode estar algum país desenvolvido, como a Noruega ou a Suécia. Afinal, eles se saem bem em todos. Nada disso. As únicas com mais de metade da Câmara formada por mulheres são Rwanda e Bolívia, por razões que fogem ao meu conhecimento (mas lanço o desafio a quem se interessar em pesquisar). Nos Estados Unidos, as mulheres também são minoria: 19% da Câmara. No Reino Unido, 29%.

E daí? Melhor deixar esse trabalho para os homens. Política é chato mesmo, as pessoas brigam, se desentendem, têm que negociar o tempo todo. É quase como mexer em motor de carro ou trocar pneu. Eles entendem mais do que a gente. Será mesmo? Deixar a política nas mãos dos homens é delegar a eles a responsabilidade por votar leis que têm tudo a ver com a gente.

Uma comissão especial da Câmara acabou de aprovar o projeto do deputado Eduardo Cunha que dificulta o acesso ao aborto legal. Isso significa que mulheres estupradas e grávidas terão dificuldade de atendimento no SUS, a pílula do dia seguinte não estará mais disponível em todas as farmácias e o médico que orientar a paciente a abortar pode ser processado. Não estamos nem discutindo a descriminalização do aborto ainda, mas falando de situações permitidas em lei. São homens fazendo e votando projetos que afetam as mulheres!!

Será que um Congresso com maior representação feminina aprovaria a flexibilização do estatuto do desarmamento? Pois a lei que facilita o acesso a armas de fogo já foi aprovada em outra comissão especial da Câmara. E estes são só alguns dos assuntos que nos dizem respeito. Há muitos outros, como a violência doméstica contra a mulher, a amamentação em público, licença-maternidade e todas as outras leis que não estão relacionadas a gênero, mas também nos afetam. Como um Congresso com mais mulheres se comportaria em relação ao ajuste fiscal, a um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma, à reforma política, às propostas na educação, à construção de creches?

Uma parte da responsabilidade é nossa. Outra parte, das restrições impostas para entrar no universo da política, histórica e culturalmente ocupado pelos homens. Segundo pesquisa do Insituto DataSenado, a falta de apoio dos partidos _controlados por homens_ é o principal motivo para a baixa participação das mulheres na política. Em segundo lugar _e aí é onde assumimos a culpa_ está o desinteresse das mulheres. A boa notícia é que esse quadro vem mudando. Na última eleição, em 2014, o número de candidatas aumentou quase 50% em relação a 2010. Ainda assim, sete de cada dez candidatos são homens. Atrevo-me a citar mais um fator para o desinteresse feminino: a dificuldade em se eleger. Candidatas a vereadora somaram 32% do total em 2012. Mas somente 13% venceram nas urnas. Pela primeira vez, foi cumprida a lei federal de 1997 que estabelece que um terço das candidatas sejam mulheres.

A experiência na política é o espelho de um problema maior: a dificuldade das mulheres, em pleno século 21, de chegar a postos de comando em empresas, conselhos de administração, universidades e países. O processo de decisão é eminentemente masculino. E ao excluir a mulher, exclui tudo o que caracteriza o universo feminino. A sub-representação feminina gera uma grave distorção no país e no mundo que temos e naquele que desejamos construir. Por isso, para além das diferenças políticas ou da discordância de ideias, dedico esta coluna às mulheres que conseguiram vencer em um mundo dominado por homens: Dilma, Marina, Marta, Jandira, Gleisi. Sem título e sem sobrenome. Mulheres como nós.

 

Amanda Klein é jornalista

E nada mais adequado que um exame realista de que, no Brasil, as mulheres ocupam menos de 10% dos lugares na Câmara dos Deputados, como revela a jornalista Amanda Klein.

 A política das mulheres

por Amanda Klein

 

Política não é lugar de mulher. E não é só no Brasil. Em praticamente todo o mundo, nós somos minoria no Congresso. No lugar onde se discutem e se votam leis, as mulheres têm pouca voz. Representamos 52% dos eleitores do país, mas ocupamos menos de 10% dos lugares na Câmara dos Deputados. Apenas 45 das 513 cadeiras. Nem perto dos votos necessários para aprovar um projeto de lei. Se quisermos mudar algo na Constituição, então, teremos que esperar mais algumas décadas.

No ranking mundial da União Inter-Parlamentar sobre a participação das mulheres na política, o Brasil ocupa um vergonhoso 118º lugar. Eu sei, é até difícil pronunciar. Você deve imaginar que no topo do ranking só pode estar algum país desenvolvido, como a Noruega ou a Suécia. Afinal, eles se saem bem em todos. Nada disso. As únicas com mais de metade da Câmara formada por mulheres são Rwanda e Bolívia, por razões que fogem ao meu conhecimento (mas lanço o desafio a quem se interessar em pesquisar). Nos Estados Unidos, as mulheres também são minoria: 19% da Câmara. No Reino Unido, 29%.

E daí? Melhor deixar esse trabalho para os homens. Política é chato mesmo, as pessoas brigam, se desentendem, têm que negociar o tempo todo. É quase como mexer em motor de carro ou trocar pneu. Eles entendem mais do que a gente. Será mesmo? Deixar a política nas mãos dos homens é delegar a eles a responsabilidade por votar leis que têm tudo a ver com a gente.

Uma comissão especial da Câmara acabou de aprovar o projeto do deputado Eduardo Cunha que dificulta o acesso ao aborto legal. Isso significa que mulheres estupradas e grávidas terão dificuldade de atendimento no SUS, a pílula do dia seguinte não estará mais disponível em todas as farmácias e o médico que orientar a paciente a abortar pode ser processado. Não estamos nem discutindo a descriminalização do aborto ainda, mas falando de situações permitidas em lei. São homens fazendo e votando projetos que afetam as mulheres!!

Será que um Congresso com maior representação feminina aprovaria a flexibilização do estatuto do desarmamento? Pois a lei que facilita o acesso a armas de fogo já foi aprovada em outra comissão especial da Câmara. E estes são só alguns dos assuntos que nos dizem respeito. Há muitos outros, como a violência doméstica contra a mulher, a amamentação em público, licença-maternidade e todas as outras leis que não estão relacionadas a gênero, mas também nos afetam. Como um Congresso com mais mulheres se comportaria em relação ao ajuste fiscal, a um eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma, à reforma política, às propostas na educação, à construção de creches?

Uma parte da responsabilidade é nossa. Outra parte, das restrições impostas para entrar no universo da política, histórica e culturalmente ocupado pelos homens. Segundo pesquisa do Insituto DataSenado, a falta de apoio dos partidos _controlados por homens_ é o principal motivo para a baixa participação das mulheres na política. Em segundo lugar _e aí é onde assumimos a culpa_ está o desinteresse das mulheres. A boa notícia é que esse quadro vem mudando. Na última eleição, em 2014, o número de candidatas aumentou quase 50% em relação a 2010. Ainda assim, sete de cada dez candidatos são homens. Atrevo-me a citar mais um fator para o desinteresse feminino: a dificuldade em se eleger. Candidatas a vereadora somaram 32% do total em 2012. Mas somente 13% venceram nas urnas. Pela primeira vez, foi cumprida a lei federal de 1997 que estabelece que um terço das candidatas sejam mulheres.

A experiência na política é o espelho de um problema maior: a dificuldade das mulheres, em pleno século 21, de chegar a postos de comando em empresas, conselhos de administração, universidades e países. O processo de decisão é eminentemente masculino. E ao excluir a mulher, exclui tudo o que caracteriza o universo feminino. A sub-representação feminina gera uma grave distorção no país e no mundo que temos e naquele que desejamos construir. Por isso, para além das diferenças políticas ou da discordância de ideias, dedico esta coluna às mulheres que conseguiram vencer em um mundo dominado por homens: Dilma, Marina, Marta, Jandira, Gleisi. Sem título e sem sobrenome. Mulheres como nós.

 

Amanda Klein é jornalista

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