ENVIADO AO RIO - Um convite recente enviado pela primeira-dama do Brasil, Rosângela da Silva, a Janja, a cônjuges dos líderes globais que estão presentes na Cúpula do G-20 obrigou o Itamaraty a fazer uma convocação extra de servidores, de última hora, para atuar no Rio a partir desta quinta-feira, dia 14.
A existência do convite consta em mensagem interna do governo federal. No memorando, a Secretaria-Geral das Relações Exteriores convocou mais 20 servidores da chancelaria para reforçar o atendimento a mulheres e maridos dos chefes de Estado e de governo.
O Estadão questionou a equipe de Janja e a Presidência da República sobre quando os convites foram enviados, a que países e se haveria alguma programação do G-20 para as primeiras-damas, em caráter oficial ou privado, mas não recebeu resposta até a conclusão desta reportagem.
Os diplomatas e oficiais de chancelaria convocados também irão colaborar na segurança de ministros de países estrangeiros, que, na ausência de seus líderes, serão os chefes de suas delegações - caso por exemplo do chanceler russo, Serguei Lavrov.
A convocação foi dirigida a 10 secretarias do Itamaraty com pedido de “designação de um diplomata e de um servidor de cada secretaria para que possam exercer funções de apoio, no período de 14 a 20 de novembro, no Rio de Janeiro”. Os secretários deveriam indicar os dois nomes ainda na sexta-feira passada, dia 8, portanto, de forma rápida para permitir providências de viagem a tempo.
O número de diplomatas em início de carreira designados para apoio a autoridades já alcançava 60. Eles trabalham na função de diplomata de ligação, o “DipLig”, que facilita o contato com o governo e trata de questões operacionais, como deslocamento, hospedagem e recepção das autoridades. Eles ficam a serviço das autoridades convidadas, exercendo funções protocolares e atendendo sua demandas, durante toda a estada no País, desde a chegada no aeroporto até o retorno.
A reportagem presenciou um diplomata do Itamaraty desembarcando no Rio nesta quinta-feira, dia 14. Sem credenciamento, teve de ser acompanhado até um escritório do G-20 por seguranças para se integrar à equipe do ministério.
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O Estadão apurou que, como não havia programação prevista antes, algumas primeiras-damas abdicaram de vir ao Brasil — caso das da Noruega e do Reino Unido, entre outras. As delegações não haviam recebido informações sobre a agenda oficial destinada a cônjuges de líderes. Publicamente, o Itamaraty também não divulgou informações a respeito.
É comum que ocorram reuniões ou mesmo atividades culturais destinadas a mulheres e maridos de chefes de Estado e de governo. No ano passado, por exemplo, Janja foi com Lula ao G-20 em Nova Délhi, na Índia. Além de assistir a reuniões oficiais, visitou um templo na capital indiana e fez uma deposição de flores no mausoléu de Mahatma Gandhi, o Raj Ghat. Pela distância, Lula não conseguiu levá-la ao Taj Mahal, um desejo seu.
Em Paris, ela foi recepcionada por Brigitte Macron, mulher do presidente francês, Emmanuel Macron, a um piquenique no Jardim do Perfumista, no Palácio de Versalhes. O programa ocorreu durante a Cúpula para Novo Pacto Financeiro Global. Brigitte é uma das primeiras-damas previstas para desembarcar no Rio. Entre outras, virão Emine Erdoğan, da Turquia, e Begoña Gómez, da Espanha, segundo diplomatas.
Leia o trecho da convocação motivada pelo convite a primeiras-damas e maridos de líderes no G-20:
De ordem. Ao agradecer a colaboração de todas as Secretarias para o esforço conjunto em prol do êxito da presidência brasileira do G20, informo que, à luz de convite recentemente dirigido pela Primeira-Dama Janja Lula da Silva a cônjuges dos líderes que participarão da Cúpula e da presença de autoridades de nível ministerial que, embora não chefiem as delegações, demandarão estrutura de segurança própria, haverá necessidade de incremento do número de servidores que atuarão na Cúpula de Líderes do G20 (Rio de Janeiro, 18 e 19 de novembro).
Esclareço que os diplomatas originalmente designados para a função de diplomata de ligação, majoritariamente provenientes da última turma do Instituto Rio Branco, precisarão ser integralmente alocados para atender à ampliação do número de delegações que participarão da Cúpula. Às 40 delegações que acompanharam todas as atividades da presidência brasileira do G20, entre membros do agrupamento e países e organismos internacionais convidados, deverão somar-se países e organismos internacionais convidados pelo senhor Presidente da República apenas para a Cúpula. Além disso, haverá dois chefes de delegação - presidentes do Conselho e da Comissão - nos casos da União Europeia e da União Africana. No total, o número de diplomatas de ligação mobilizados para chefes de estado e de governo e demais chefes de delegação ascende, no momento, a 60.
À luz do que precede, muito agradeceria a designação de um diplomata e de um servidor de cada Secretaria para que possam exercer funções de apoio, no período de 14 a 20 de novembro, no Rio de Janeiro. Os nomes designados poderão ser informados em resposta ao presente memorando, até o final do expediente de sexta-feira, 8 de novembro, a fim de que haja tempo hábil para as providências de viagem.