Ao menos 55 pessoas morreram em uma série de fortes terremotos que atingiu a costa oeste do Japão nesta segunda-feira, 1. As informações foram fornecidas pela Polícia de Ishikawa, onde o tremor atingiu magnitude 7.6.
O governo japonês disse que, até a noite da segunda-feira, ao menos 97 mil pessoas da costa oeste da principal ilha do Japão, Honshu, haviam sido ordenadas a saírem das suas casas.
A primeira vítima do desastre natural foi um homem idoso que ficou preso em uma casa desabada na cidade de Shiga, também na província de Ishikawa. De acordo com a NHK, o homem foi resgatado e posteriormente confirmado como morto em um hospital.
Há ainda relatos de pessoas feridas e desabamentos em cinco províncias: Ishikawa, Niigata, Fukui, Toyama e Gifu, além de relatos de moradores que não puderam fugir e foram deixados para trás em suas casas.
A Agência Meteorológica do Japão alterou todos os alertas de tsunami emitidos para as prefeituras de Hokuriku, Niigata, Yamagata e norte de Hyogo para avisos de tsunami.
No entanto, os alertas continuam sendo emitidos para áreas ao longo da costa do Mar do Japão, de Hokkaido a Kyushu.
A agência disse ainda que tsunamis estão sendo observados em vários lugares neste momento, além de recomendar a retirada de pessoas em áreas de alerta e afastamento de regiões costeiras e com rios.
“Foram confirmados danos muito extensos, incluindo muitas vítimas, desabamentos de prédios e incêndios”, declarou a jornalistas o primeiro-ministro Fumio Kishida. “Precisamos correr contra o tempo para resgatar os afetados”, acrescentou.
Imagens aéreas mostram a devastação de um incêndio perto de Wajima, onde um edifício de sete andares caiu.
Quase 45 mil lares estão sem eletricidade na região, que registrou baixas temperaturas durante a noite, segundo a companhia energética.
Colisão de aviões em Tóquio
O terremoto causou indiretamente outro desastre no aeroporto de Tóquio-Haneda, onde cinco pessoas morreram quando um avião de passageiros colidiu com outra aeronave da Guarda Costeira que viajava para Ishikawa para entregar suprimentos às áreas afetadas pelo terremoto.
Após o terremoto, ondas de 1,2 metro foram registradas em Wajima, mas a JMA anunciou, na manhã desta terça-feira, a suspensão de todos os alertas de tsunami.
O ministro da Defesa, Minoru Kihara, informou que mil militares estão preparados para ir para a região e que outros 8.500 foram mobilizados.
A autoridade de transporte fechou as rodovias nas áreas próximas do epicentro, e a Japan Railways anunciou que os trens de alta velocidade entre Tóquio e Ishikawa foram cancelados.
O governo informou que não foram detectados incidentes nas usinas nucleares do país.
Os danos causados pelo terremoto afetaram principalmente as casas antigas, que costumam ser de madeira.
O porta-voz do governo, Yoshimasa Hayashi, reportou “seis casos” de pessoas que estavam em edifícios desabados na região de Ishikawa.
Um vídeo na rede social X exibiu casas antigas destruídas. “É o distrito Matsunami de Noto. Estamos em uma situação horrível. Por favor, ajudem-nos. Minha cidade está em uma situação horrível”, lamentou uma pessoa na gravação.
Lembrança de Fukushima
Uma equipe de bombeiros trabalhava sob um edifício comercial que desabou em Wajima, mostrou a televisão.
“Não se rendam, não se rendam”, gritavam enquanto avançavam entre pilhas de estacas de madeira com ajuda de uma serra elétrica.
O terremoto foi sentido em Tóquio, a 300 km de distância, onde foi cancelado um evento de Ano Novo com a presença do imperador Naruhito e sua família.
Situado no chamado “Cinturão de Fogo” do Pacífico, o Japão é um dos países do mundo onde os terremotos são mais frequentes.
O arquipélago adota normas de construção rígidas, e os edifícios são projetados para resistir a fortes terremotos.
Mas persiste a traumática lembrança do terrível terremoto de magnitude 9,0, seguido de um gigantesco tsunami, que deixou cerca de 20 mil mortos ou desaparecidos em 2011.
Esta catástrofe incluiu o acidente nuclear de Fukushima, o pior registrado no mundo desde o de Chernobyl em 1986. O tsunami causou o derretimento de três reatores da usina nuclear japonesa. /Com AE, AFP