Enquanto o Japão enfrenta uma luta continua contra uma crise demográfica que deve resultar em um declínio populacional acentuado nas próximas décadas, o governo japonês começou a consultar os jovens sobre seu interesse em casamento - ou a falta dele. A Children and Families Agency, lançada em abril de 2023, realizou sua primeira reunião de grupo de trabalho na última sexta-feira, 19, para apoiar os jovens em seus esforços para encontrar parceiros por meio de namoro, combinação de casais e outros meios. As informações são do The Guardian.
Segundo a reportagem, participantes da reunião incluíram pessoas que consideram o casamento no futuro e especialistas por dentro dos desafios enfrentados pelos jovens. O governo reconheceu que as ideias sobre casamento entre os jovens hoje são diferentes do que antes era considerado padrão, disse um funcionário da agência. O governo tem buscado opiniões de especialistas e agora quer ouvir pessoas solteiras.
“A premissa principal é que o casamento e a criação dos filhos devem ser baseados no respeito por valores e modos de pensar diversos dos indivíduos”, disse Ayuko Kato, ministra de estado para políticas relacionadas às crianças, durante o encontro. “Ficaríamos gratos se pudéssemos ouvir suas vozes reais – o que vocês estão pensando, o que está impedindo vocês de realizar seus desejos”, afirmou.
A agência citou os resultados de uma pesquisa com pessoas solteiras, de 25 a 34 anos, mostrando que 43,3% dos homens e 48,1% das mulheres disseram que não tiveram oportunidade de conhecer parceiros em potencial em 2021, apontou o The Guardian. Muitos disseram que não fizeram nada para aumentar suas chances, como comparecer a eventos de encontros ou pedir apresentações a amigos.
De acordo com o jornal britânico, como poucas crianças nascem de pessoas solteiras no Japão, o declínio do casamento tem sido citado como uma razão significativa para sua baixa taxa de natalidade e população decrescente e envelhecida. Em 2023, o número de casamentos caiu abaixo de 500 mil pela primeira vez desde a década de 1930. Enquanto isso, os nascimentos caíram 5,1%, para cerca de 758.631, um novo recorde, quase chegando a 755 mil, um número que o Instituto Nacional de Pesquisa Populacional e Previdência Social havia previsto para 2035.
O The Guardian destaca que pesquisas mostram que muitos jovens japoneses relutam em se casar ou constituir família devido a preocupações com o alto custo de vida nas grandes cidades, à falta de bons empregos e a uma cultura de trabalho que dificulta que ambos os parceiros tenham emprego - ou que as mulheres retornem ao emprego em tempo integral depois de terem filhos.
Os governos locais têm respondido com medidas que vão de creches à combinação de casais. Em junho, o governo metropolitano de Tóquio disse que lançaria um aplicativo de namoro já neste verão, aponta o The Guardian. De acordo com o relato do economista Takashi Kadokura em um blog de notícias do Yahoo Japão, os esforços do governo local para promover o casamento não estavam funcionando e os casamentos não estavam aumentando devido ao número crescente de trabalhadores não regulares que achavam financeiramente difícil começar uma família.