Japão se despede de Shinzo Abe, ex-premiê assassinado, com funeral polêmico


Manifestantes criticam altos gastos com o evento e questionam relação de Abe e do partido governista com a ultraconservadora Igreja da Unificação

Por Redação
Atualização:

TÓQUIO - Milhares de japoneses e personalidades estrangeiras prestam as últimas homenagens ao ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado a tiros em julho deste ano, em um funeral de Estado realizado nesta terça-feira, 27. A despedida, que ocorre mais de dois meses após a morte, provocou protestos, mas também longas filas de pessoas que queriam oferecer flores e orações.

As cinzas de Abe, carregadas por sua esposa Akie, chegaram ao complexo Budokan, em Tóquio, ao som de uma salva de 19 tiros em homenagem ao falecido líder. A caravana que transportava os restos mortais saiu da residência da viúva, passando por um corredor de soldados uniformizados de branco em posição de sentido.

Representantes do governo e parlamentares, como Fumio Kishida, o atual primeiro-ministro, Yoshihide Suga, que substituiu Abe quando ele deixou o cargo de primeiro-ministro, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, além de líderes da Índia e Austrália também marcam presença.

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A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e outras autoridades prestam homenagem no funeral do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, em Tóquio, Japão, em 27 de setembro de 2022  Foto: Leah Millis/Reuters

Shinzo Abe foi o governante mais antigo do Japão e uma das figuras mais conhecidas do país, lembrado por cultivar alianças internacionais e pela estratégia econômica chamada ‘Abenomics’. Ele renunciou em 2020 devido a problemas de saúde, mas continuou como uma figura política importante. Fazia campanha por seu partido no poder quando foi baleado por um homem em 8 de julho, durante um comício em Nara, nos arredores de Kyoto. O atentado chocou o país, que tem baixos índices de crimes violentos, e provocou comoção internacional. Abe foi cremado em julho após funeral privado em um templo de Tóquio, e agora passa pelo funeral de Estado. Mas a decisão de organizar esse tipo de despedida oficial - o segundo de um ex-primeiro-ministro no pós-guerra - gerou uma oposição crescente, com cerca de 60% dos japoneses contra, segundo pesquisas recentes.

Do lado de fora do Budokan, milhares de japoneses esperavam para colocar flores em frente a um retrato de Abe e fazer orações nas tendas, que abriram uma hora mais cedo. Toru Sato, de 71 anos, esperou apoiado em sua bengala. “Eu só conhecia Abe da televisão. Ele trabalhou tanto. Sua morte foi tão trágica. Sinto muito por ele”, disse. Koji Takamori veio da região norte de Hokkaido com seu filho de nove anos. “Queria agradecê-lo, ele fez muito pelo Japão”, disse o técnico de 46 anos. “Honestamente, eu também queria vir porque tem havido muita oposição, é quase como se eu estivesse aqui para me opor àqueles que se opõem (ao funeral)”, acrescentou.

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Grupos participam de uma manifestação contra o funeral de Estado do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe  Foto: Yuichi Yamazaki/AFP

Embora em menor número, também havia manifestantes no local, que logo depois se reuniram para protestar em frente ao Parlamento. A polêmica tem vários motivos. O primeiro-ministro Fumio Kishida foi criticado por forçar o evento caro e pela crescente controvérsia sobre as décadas de laços estreitos de Abe e do partido governista com a ultraconservadora Igreja da Unificação, acusada de arrecadar enormes doações dos adeptos sob o pretexto de “vendas espirituais”.

Identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos, o suspeito de atirar contra Shinzo Abe o fez por acreditar que ele tinha ligações com a seita. O atirador teria dito à polícia que matou o político por causa de sua relação com a igreja e que a mãe havia arruinado a vida após doar todo o dinheiro da família para o movimento. O atentado provocou inquirições quanto aos métodos de arrecadação de fundos da Igreja da Unificação, bem como indagações à ordem política do Japão. O partido no poder admitiu que metade de seus legisladores têm vínculos com a seita.

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O primeiro-ministro Fumio Kishida chegou a prometer que o Partido Liberal Democrata (LDP), do qual faz parte, cortaria os laços com a igreja. Mas o escândalo aumentou a raiva pelo funeral de Estado para Shinzo Abe. Milhares protestaram contra a cerimônia e um homem se incendiou perto do gabinete do primeiro-ministro, reforçando sua objeção ao evento por escrito. Alguns legisladores da oposição disseram que boicotariam o funeral. Alguns acusam Kishia de aprová-lo unilateralmente sem consultar o Parlamento e outros protestam pelo custo de quase 12 milhões de dólares. Pesa também o legado polarizador do governo de Abe, marcado por alegações de compadrio, rejeição ao nacionalismo e planos de reforma da constituição pacifista.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, se prepara para colocar flores no altar durante o funeral de estado do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe  Foto: Eugene Hoshiko/AFP

O governo Kishida espera que a solenidade do evento, com cerca de 4,3 mil participantes, incluindo 700 convidados estrangeiros, acabe com a controvérsia. A cerimônia conta com uma grande operação de segurança, que elevou os custos do funeral. As deficiências de segurança que permitiram que um atirador se aproximasse de Abe e o matasse levaram a uma reforma da polícia, com 20 mil policiais escalados para acompanhar o funeral, informou a mídia local. /AFP e AP

TÓQUIO - Milhares de japoneses e personalidades estrangeiras prestam as últimas homenagens ao ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado a tiros em julho deste ano, em um funeral de Estado realizado nesta terça-feira, 27. A despedida, que ocorre mais de dois meses após a morte, provocou protestos, mas também longas filas de pessoas que queriam oferecer flores e orações.

As cinzas de Abe, carregadas por sua esposa Akie, chegaram ao complexo Budokan, em Tóquio, ao som de uma salva de 19 tiros em homenagem ao falecido líder. A caravana que transportava os restos mortais saiu da residência da viúva, passando por um corredor de soldados uniformizados de branco em posição de sentido.

Representantes do governo e parlamentares, como Fumio Kishida, o atual primeiro-ministro, Yoshihide Suga, que substituiu Abe quando ele deixou o cargo de primeiro-ministro, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, além de líderes da Índia e Austrália também marcam presença.

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e outras autoridades prestam homenagem no funeral do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, em Tóquio, Japão, em 27 de setembro de 2022  Foto: Leah Millis/Reuters

Shinzo Abe foi o governante mais antigo do Japão e uma das figuras mais conhecidas do país, lembrado por cultivar alianças internacionais e pela estratégia econômica chamada ‘Abenomics’. Ele renunciou em 2020 devido a problemas de saúde, mas continuou como uma figura política importante. Fazia campanha por seu partido no poder quando foi baleado por um homem em 8 de julho, durante um comício em Nara, nos arredores de Kyoto. O atentado chocou o país, que tem baixos índices de crimes violentos, e provocou comoção internacional. Abe foi cremado em julho após funeral privado em um templo de Tóquio, e agora passa pelo funeral de Estado. Mas a decisão de organizar esse tipo de despedida oficial - o segundo de um ex-primeiro-ministro no pós-guerra - gerou uma oposição crescente, com cerca de 60% dos japoneses contra, segundo pesquisas recentes.

Do lado de fora do Budokan, milhares de japoneses esperavam para colocar flores em frente a um retrato de Abe e fazer orações nas tendas, que abriram uma hora mais cedo. Toru Sato, de 71 anos, esperou apoiado em sua bengala. “Eu só conhecia Abe da televisão. Ele trabalhou tanto. Sua morte foi tão trágica. Sinto muito por ele”, disse. Koji Takamori veio da região norte de Hokkaido com seu filho de nove anos. “Queria agradecê-lo, ele fez muito pelo Japão”, disse o técnico de 46 anos. “Honestamente, eu também queria vir porque tem havido muita oposição, é quase como se eu estivesse aqui para me opor àqueles que se opõem (ao funeral)”, acrescentou.

Grupos participam de uma manifestação contra o funeral de Estado do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe  Foto: Yuichi Yamazaki/AFP

Embora em menor número, também havia manifestantes no local, que logo depois se reuniram para protestar em frente ao Parlamento. A polêmica tem vários motivos. O primeiro-ministro Fumio Kishida foi criticado por forçar o evento caro e pela crescente controvérsia sobre as décadas de laços estreitos de Abe e do partido governista com a ultraconservadora Igreja da Unificação, acusada de arrecadar enormes doações dos adeptos sob o pretexto de “vendas espirituais”.

Identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos, o suspeito de atirar contra Shinzo Abe o fez por acreditar que ele tinha ligações com a seita. O atirador teria dito à polícia que matou o político por causa de sua relação com a igreja e que a mãe havia arruinado a vida após doar todo o dinheiro da família para o movimento. O atentado provocou inquirições quanto aos métodos de arrecadação de fundos da Igreja da Unificação, bem como indagações à ordem política do Japão. O partido no poder admitiu que metade de seus legisladores têm vínculos com a seita.

O primeiro-ministro Fumio Kishida chegou a prometer que o Partido Liberal Democrata (LDP), do qual faz parte, cortaria os laços com a igreja. Mas o escândalo aumentou a raiva pelo funeral de Estado para Shinzo Abe. Milhares protestaram contra a cerimônia e um homem se incendiou perto do gabinete do primeiro-ministro, reforçando sua objeção ao evento por escrito. Alguns legisladores da oposição disseram que boicotariam o funeral. Alguns acusam Kishia de aprová-lo unilateralmente sem consultar o Parlamento e outros protestam pelo custo de quase 12 milhões de dólares. Pesa também o legado polarizador do governo de Abe, marcado por alegações de compadrio, rejeição ao nacionalismo e planos de reforma da constituição pacifista.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, se prepara para colocar flores no altar durante o funeral de estado do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe  Foto: Eugene Hoshiko/AFP

O governo Kishida espera que a solenidade do evento, com cerca de 4,3 mil participantes, incluindo 700 convidados estrangeiros, acabe com a controvérsia. A cerimônia conta com uma grande operação de segurança, que elevou os custos do funeral. As deficiências de segurança que permitiram que um atirador se aproximasse de Abe e o matasse levaram a uma reforma da polícia, com 20 mil policiais escalados para acompanhar o funeral, informou a mídia local. /AFP e AP

TÓQUIO - Milhares de japoneses e personalidades estrangeiras prestam as últimas homenagens ao ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado a tiros em julho deste ano, em um funeral de Estado realizado nesta terça-feira, 27. A despedida, que ocorre mais de dois meses após a morte, provocou protestos, mas também longas filas de pessoas que queriam oferecer flores e orações.

As cinzas de Abe, carregadas por sua esposa Akie, chegaram ao complexo Budokan, em Tóquio, ao som de uma salva de 19 tiros em homenagem ao falecido líder. A caravana que transportava os restos mortais saiu da residência da viúva, passando por um corredor de soldados uniformizados de branco em posição de sentido.

Representantes do governo e parlamentares, como Fumio Kishida, o atual primeiro-ministro, Yoshihide Suga, que substituiu Abe quando ele deixou o cargo de primeiro-ministro, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, além de líderes da Índia e Austrália também marcam presença.

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e outras autoridades prestam homenagem no funeral do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, em Tóquio, Japão, em 27 de setembro de 2022  Foto: Leah Millis/Reuters

Shinzo Abe foi o governante mais antigo do Japão e uma das figuras mais conhecidas do país, lembrado por cultivar alianças internacionais e pela estratégia econômica chamada ‘Abenomics’. Ele renunciou em 2020 devido a problemas de saúde, mas continuou como uma figura política importante. Fazia campanha por seu partido no poder quando foi baleado por um homem em 8 de julho, durante um comício em Nara, nos arredores de Kyoto. O atentado chocou o país, que tem baixos índices de crimes violentos, e provocou comoção internacional. Abe foi cremado em julho após funeral privado em um templo de Tóquio, e agora passa pelo funeral de Estado. Mas a decisão de organizar esse tipo de despedida oficial - o segundo de um ex-primeiro-ministro no pós-guerra - gerou uma oposição crescente, com cerca de 60% dos japoneses contra, segundo pesquisas recentes.

Do lado de fora do Budokan, milhares de japoneses esperavam para colocar flores em frente a um retrato de Abe e fazer orações nas tendas, que abriram uma hora mais cedo. Toru Sato, de 71 anos, esperou apoiado em sua bengala. “Eu só conhecia Abe da televisão. Ele trabalhou tanto. Sua morte foi tão trágica. Sinto muito por ele”, disse. Koji Takamori veio da região norte de Hokkaido com seu filho de nove anos. “Queria agradecê-lo, ele fez muito pelo Japão”, disse o técnico de 46 anos. “Honestamente, eu também queria vir porque tem havido muita oposição, é quase como se eu estivesse aqui para me opor àqueles que se opõem (ao funeral)”, acrescentou.

Grupos participam de uma manifestação contra o funeral de Estado do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe  Foto: Yuichi Yamazaki/AFP

Embora em menor número, também havia manifestantes no local, que logo depois se reuniram para protestar em frente ao Parlamento. A polêmica tem vários motivos. O primeiro-ministro Fumio Kishida foi criticado por forçar o evento caro e pela crescente controvérsia sobre as décadas de laços estreitos de Abe e do partido governista com a ultraconservadora Igreja da Unificação, acusada de arrecadar enormes doações dos adeptos sob o pretexto de “vendas espirituais”.

Identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos, o suspeito de atirar contra Shinzo Abe o fez por acreditar que ele tinha ligações com a seita. O atirador teria dito à polícia que matou o político por causa de sua relação com a igreja e que a mãe havia arruinado a vida após doar todo o dinheiro da família para o movimento. O atentado provocou inquirições quanto aos métodos de arrecadação de fundos da Igreja da Unificação, bem como indagações à ordem política do Japão. O partido no poder admitiu que metade de seus legisladores têm vínculos com a seita.

O primeiro-ministro Fumio Kishida chegou a prometer que o Partido Liberal Democrata (LDP), do qual faz parte, cortaria os laços com a igreja. Mas o escândalo aumentou a raiva pelo funeral de Estado para Shinzo Abe. Milhares protestaram contra a cerimônia e um homem se incendiou perto do gabinete do primeiro-ministro, reforçando sua objeção ao evento por escrito. Alguns legisladores da oposição disseram que boicotariam o funeral. Alguns acusam Kishia de aprová-lo unilateralmente sem consultar o Parlamento e outros protestam pelo custo de quase 12 milhões de dólares. Pesa também o legado polarizador do governo de Abe, marcado por alegações de compadrio, rejeição ao nacionalismo e planos de reforma da constituição pacifista.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, se prepara para colocar flores no altar durante o funeral de estado do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe  Foto: Eugene Hoshiko/AFP

O governo Kishida espera que a solenidade do evento, com cerca de 4,3 mil participantes, incluindo 700 convidados estrangeiros, acabe com a controvérsia. A cerimônia conta com uma grande operação de segurança, que elevou os custos do funeral. As deficiências de segurança que permitiram que um atirador se aproximasse de Abe e o matasse levaram a uma reforma da polícia, com 20 mil policiais escalados para acompanhar o funeral, informou a mídia local. /AFP e AP

TÓQUIO - Milhares de japoneses e personalidades estrangeiras prestam as últimas homenagens ao ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado a tiros em julho deste ano, em um funeral de Estado realizado nesta terça-feira, 27. A despedida, que ocorre mais de dois meses após a morte, provocou protestos, mas também longas filas de pessoas que queriam oferecer flores e orações.

As cinzas de Abe, carregadas por sua esposa Akie, chegaram ao complexo Budokan, em Tóquio, ao som de uma salva de 19 tiros em homenagem ao falecido líder. A caravana que transportava os restos mortais saiu da residência da viúva, passando por um corredor de soldados uniformizados de branco em posição de sentido.

Representantes do governo e parlamentares, como Fumio Kishida, o atual primeiro-ministro, Yoshihide Suga, que substituiu Abe quando ele deixou o cargo de primeiro-ministro, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, além de líderes da Índia e Austrália também marcam presença.

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e outras autoridades prestam homenagem no funeral do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, em Tóquio, Japão, em 27 de setembro de 2022  Foto: Leah Millis/Reuters

Shinzo Abe foi o governante mais antigo do Japão e uma das figuras mais conhecidas do país, lembrado por cultivar alianças internacionais e pela estratégia econômica chamada ‘Abenomics’. Ele renunciou em 2020 devido a problemas de saúde, mas continuou como uma figura política importante. Fazia campanha por seu partido no poder quando foi baleado por um homem em 8 de julho, durante um comício em Nara, nos arredores de Kyoto. O atentado chocou o país, que tem baixos índices de crimes violentos, e provocou comoção internacional. Abe foi cremado em julho após funeral privado em um templo de Tóquio, e agora passa pelo funeral de Estado. Mas a decisão de organizar esse tipo de despedida oficial - o segundo de um ex-primeiro-ministro no pós-guerra - gerou uma oposição crescente, com cerca de 60% dos japoneses contra, segundo pesquisas recentes.

Do lado de fora do Budokan, milhares de japoneses esperavam para colocar flores em frente a um retrato de Abe e fazer orações nas tendas, que abriram uma hora mais cedo. Toru Sato, de 71 anos, esperou apoiado em sua bengala. “Eu só conhecia Abe da televisão. Ele trabalhou tanto. Sua morte foi tão trágica. Sinto muito por ele”, disse. Koji Takamori veio da região norte de Hokkaido com seu filho de nove anos. “Queria agradecê-lo, ele fez muito pelo Japão”, disse o técnico de 46 anos. “Honestamente, eu também queria vir porque tem havido muita oposição, é quase como se eu estivesse aqui para me opor àqueles que se opõem (ao funeral)”, acrescentou.

Grupos participam de uma manifestação contra o funeral de Estado do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe  Foto: Yuichi Yamazaki/AFP

Embora em menor número, também havia manifestantes no local, que logo depois se reuniram para protestar em frente ao Parlamento. A polêmica tem vários motivos. O primeiro-ministro Fumio Kishida foi criticado por forçar o evento caro e pela crescente controvérsia sobre as décadas de laços estreitos de Abe e do partido governista com a ultraconservadora Igreja da Unificação, acusada de arrecadar enormes doações dos adeptos sob o pretexto de “vendas espirituais”.

Identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos, o suspeito de atirar contra Shinzo Abe o fez por acreditar que ele tinha ligações com a seita. O atirador teria dito à polícia que matou o político por causa de sua relação com a igreja e que a mãe havia arruinado a vida após doar todo o dinheiro da família para o movimento. O atentado provocou inquirições quanto aos métodos de arrecadação de fundos da Igreja da Unificação, bem como indagações à ordem política do Japão. O partido no poder admitiu que metade de seus legisladores têm vínculos com a seita.

O primeiro-ministro Fumio Kishida chegou a prometer que o Partido Liberal Democrata (LDP), do qual faz parte, cortaria os laços com a igreja. Mas o escândalo aumentou a raiva pelo funeral de Estado para Shinzo Abe. Milhares protestaram contra a cerimônia e um homem se incendiou perto do gabinete do primeiro-ministro, reforçando sua objeção ao evento por escrito. Alguns legisladores da oposição disseram que boicotariam o funeral. Alguns acusam Kishia de aprová-lo unilateralmente sem consultar o Parlamento e outros protestam pelo custo de quase 12 milhões de dólares. Pesa também o legado polarizador do governo de Abe, marcado por alegações de compadrio, rejeição ao nacionalismo e planos de reforma da constituição pacifista.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, se prepara para colocar flores no altar durante o funeral de estado do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe  Foto: Eugene Hoshiko/AFP

O governo Kishida espera que a solenidade do evento, com cerca de 4,3 mil participantes, incluindo 700 convidados estrangeiros, acabe com a controvérsia. A cerimônia conta com uma grande operação de segurança, que elevou os custos do funeral. As deficiências de segurança que permitiram que um atirador se aproximasse de Abe e o matasse levaram a uma reforma da polícia, com 20 mil policiais escalados para acompanhar o funeral, informou a mídia local. /AFP e AP

TÓQUIO - Milhares de japoneses e personalidades estrangeiras prestam as últimas homenagens ao ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, assassinado a tiros em julho deste ano, em um funeral de Estado realizado nesta terça-feira, 27. A despedida, que ocorre mais de dois meses após a morte, provocou protestos, mas também longas filas de pessoas que queriam oferecer flores e orações.

As cinzas de Abe, carregadas por sua esposa Akie, chegaram ao complexo Budokan, em Tóquio, ao som de uma salva de 19 tiros em homenagem ao falecido líder. A caravana que transportava os restos mortais saiu da residência da viúva, passando por um corredor de soldados uniformizados de branco em posição de sentido.

Representantes do governo e parlamentares, como Fumio Kishida, o atual primeiro-ministro, Yoshihide Suga, que substituiu Abe quando ele deixou o cargo de primeiro-ministro, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, além de líderes da Índia e Austrália também marcam presença.

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e outras autoridades prestam homenagem no funeral do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe, em Tóquio, Japão, em 27 de setembro de 2022  Foto: Leah Millis/Reuters

Shinzo Abe foi o governante mais antigo do Japão e uma das figuras mais conhecidas do país, lembrado por cultivar alianças internacionais e pela estratégia econômica chamada ‘Abenomics’. Ele renunciou em 2020 devido a problemas de saúde, mas continuou como uma figura política importante. Fazia campanha por seu partido no poder quando foi baleado por um homem em 8 de julho, durante um comício em Nara, nos arredores de Kyoto. O atentado chocou o país, que tem baixos índices de crimes violentos, e provocou comoção internacional. Abe foi cremado em julho após funeral privado em um templo de Tóquio, e agora passa pelo funeral de Estado. Mas a decisão de organizar esse tipo de despedida oficial - o segundo de um ex-primeiro-ministro no pós-guerra - gerou uma oposição crescente, com cerca de 60% dos japoneses contra, segundo pesquisas recentes.

Do lado de fora do Budokan, milhares de japoneses esperavam para colocar flores em frente a um retrato de Abe e fazer orações nas tendas, que abriram uma hora mais cedo. Toru Sato, de 71 anos, esperou apoiado em sua bengala. “Eu só conhecia Abe da televisão. Ele trabalhou tanto. Sua morte foi tão trágica. Sinto muito por ele”, disse. Koji Takamori veio da região norte de Hokkaido com seu filho de nove anos. “Queria agradecê-lo, ele fez muito pelo Japão”, disse o técnico de 46 anos. “Honestamente, eu também queria vir porque tem havido muita oposição, é quase como se eu estivesse aqui para me opor àqueles que se opõem (ao funeral)”, acrescentou.

Grupos participam de uma manifestação contra o funeral de Estado do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe  Foto: Yuichi Yamazaki/AFP

Embora em menor número, também havia manifestantes no local, que logo depois se reuniram para protestar em frente ao Parlamento. A polêmica tem vários motivos. O primeiro-ministro Fumio Kishida foi criticado por forçar o evento caro e pela crescente controvérsia sobre as décadas de laços estreitos de Abe e do partido governista com a ultraconservadora Igreja da Unificação, acusada de arrecadar enormes doações dos adeptos sob o pretexto de “vendas espirituais”.

Identificado como Tetsuya Yamagami, de 41 anos, o suspeito de atirar contra Shinzo Abe o fez por acreditar que ele tinha ligações com a seita. O atirador teria dito à polícia que matou o político por causa de sua relação com a igreja e que a mãe havia arruinado a vida após doar todo o dinheiro da família para o movimento. O atentado provocou inquirições quanto aos métodos de arrecadação de fundos da Igreja da Unificação, bem como indagações à ordem política do Japão. O partido no poder admitiu que metade de seus legisladores têm vínculos com a seita.

O primeiro-ministro Fumio Kishida chegou a prometer que o Partido Liberal Democrata (LDP), do qual faz parte, cortaria os laços com a igreja. Mas o escândalo aumentou a raiva pelo funeral de Estado para Shinzo Abe. Milhares protestaram contra a cerimônia e um homem se incendiou perto do gabinete do primeiro-ministro, reforçando sua objeção ao evento por escrito. Alguns legisladores da oposição disseram que boicotariam o funeral. Alguns acusam Kishia de aprová-lo unilateralmente sem consultar o Parlamento e outros protestam pelo custo de quase 12 milhões de dólares. Pesa também o legado polarizador do governo de Abe, marcado por alegações de compadrio, rejeição ao nacionalismo e planos de reforma da constituição pacifista.

O primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, se prepara para colocar flores no altar durante o funeral de estado do ex-primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe  Foto: Eugene Hoshiko/AFP

O governo Kishida espera que a solenidade do evento, com cerca de 4,3 mil participantes, incluindo 700 convidados estrangeiros, acabe com a controvérsia. A cerimônia conta com uma grande operação de segurança, que elevou os custos do funeral. As deficiências de segurança que permitiram que um atirador se aproximasse de Abe e o matasse levaram a uma reforma da polícia, com 20 mil policiais escalados para acompanhar o funeral, informou a mídia local. /AFP e AP

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