Vídeo: Biden ataca Trump, defende democracia e conquistas econômicas, e diz que idade não é problema


No tradicional discurso do Estado da União, presidente americano foi enérgico e tentou marcar as diferenças entre ele e o candidato republicano, Donald Trump

Por Jorge C. Carrasco
Atualização:

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, usou seu discurso sobre o Estado da União na quinta-feira, 7, para lançar uma série de ataques inflamados contra o ex-presidente Donald Trump, um concorrente que ele não mencionou pelo nome nenhuma vez, mas deixou claro que era uma ameaça terrível à democracia americana e à estabilidade no mundo. Também aproveitou para passar uma imagem enérgica e, às vezes, bem-humorada, para afastar às críticas à sua idade - Biden está com 81 anos.

Em um discurso televisionado para uma sessão conjunta do Congresso, Biden trouxe a energia que seus aliados e assessores esperavam que ele demonstrasse para alertar sobre o que poderia acontecer caso a Ucrânia continuasse a perder terreno para a Rússia. Invocar uma guerra no exterior no início de sua fala foi uma introdução incomum para um discurso que, em muitos aspectos, foi um argumento político para sua reeleição e o pontapé inicial em sua campanha.

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“Desde o presidente Lincoln e a Guerra Civil, a liberdade e a democracia não estavam sendo atacadas em casa como estão hoje”, disse Biden, levantando a voz para um grito. “O que torna nosso momento raro é a liberdade da democracia, que está sendo atacada tanto em casa quanto no exterior.”

O presidente dos EUA Joe Biden faz o discurso do Estado da União no Congresso americano, em 7 de março de 2024, em Washington: tentativa de afastar imagem de 'velho demais' Foto: Chip Somodevilla / AFP

O discurso de Biden teve que cumprir vários objetivos ao mesmo tempo, inclusive assumir o crédito por uma economia que superou as expectativas, mas cujos efeitos muitos americanos dizem não conseguir sentir. Em um discurso que durou mais de uma hora, ele abordou uma longa lista de questões, incluindo imigração, aborto, custos de medicamentos prescritos, a Ucrânia, a guerra em Gaza e, claro, as ameaças à democracia, nos EUA e no mundo.

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Biden se referiu ao ex-presidente Donald Trump em diversas ocasiões, sem mencionar seu nome. Ele o chamou de “meu antecessor”, dando ênfase aos riscos da volta de Trump ao poder para a democracia americana.

O presidente americano se mostrou enérgico e, muitas vezes, bem-humorado, na tenativa de mostrar ao público americano que sua idade, 81 anos, não é um problema para tentar uma reeleição. “Na minha carreira, eu já ouvi que era jovem demais e que eu sou velho demais. Jovem ou velho, eu sempre soube o que perdura. A nossa estrela guia”, disse. “Meus caros americanos, o problema que nossa nação enfrenta não é quão velhos somos, é quão velhas nossas ideias são.”

O tema da idade de Joe Biden se tornou central na campanha eleitoral americana. Segundo a pesquisa AP-Norc divulgada na segunda, 4, 63% dos americanos não têm confiança na capacidade mental de Biden servir efetivamente como presidente. No caso de Trump, são 57%.

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Guerra na Ucrânia

Em um dos primeiros comentários do seu discurso, o presidente americano instou os legisladores a aprovarem o pacote de ajuda à Ucrânia, que enfrenta dificuldades para se defender da agressão promovida pela Rússia. Biden aproveitou para criticar Trump por “se curvar para um líder russo” em falas recentes que sugeriram que permitiria um ataque da Rússia à Otan.

“É ultrajante. É perigoso. É inaceitável”, disse o presidente. Depois, Biden disse: “Minha mensagem ao Presidente Putin, a quem conheço há muito tempo, é simples. Não vamos nos afastar”. “A história está observando”, disse ele, instando o Congresso a “se levantar” contra Putin.

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Ataque ao capitólio

No seu discurso, o presidente disse que este é um momento para “falar a verdade”, não enterrar as mentiras sobre os eventos de 6 de janeiro, se referindo à fatídica invasão ao capitólio americano em 6 de janeiro de 2021 por fanáticos apoiadores do ex-presidente Trump.

Segundo afirmou Biden, as falsidades sobre a eleição de 2020 representam a maior ameaça à democracia desde a Guerra Civil.

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Direitos reprodutivos

Biden também falou sobre a decisão de 2022 da Suprema Corte americana de derrubar a proteção nacional ao aborto legal (na decisão Roe v. Wade), apontando as consequências negativas que a queda da proteção trouxe para as mulheres. “Veja o caos”, disse ele.

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O presidente criticou os republicanos que prometeram aprovar uma proibição nacional ao aborto: “Meu Deus, que outra liberdade vocês tirariam?”

Biden deu crédito à luta pelos direitos reprodutivos por impulsionar os democratas à vitória nas eleições recentes, dizendo “vamos vencer novamente em 2024.” Ele prometeu restaurar as garantias ao direito ao aborto, se o povo americano eleger um Congresso que “apoie o direito de escolha”.

Conquistas legislativas e preços dos remédios

No discurso, ele também falou sobre diversas conquistas do seu primeiro mandato, como o pacote de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão para revitalizar as estradas, pontes, e transporte público americano, além da lei que visa impulsionar a produção doméstica de chips de semicondutores - projeto que disparou o desempenho de companhias americanas como NVIDIA.

O presidente falou sobre o preço dos medicamentos prescritos, como a insulina, e a prometeu proteger a Lei de Cuidados Acessíveis, afirmando que ela é uma referência no combate à inflação de preços de remédios necessários para milhões de pessoas. “Estou protegendo e expandindo isso”, disse ele.

O presidente Joe Biden realiza o discurso do Estado da União perante uma sessão conjunta do Congresso no Capitólio dos Estados Unidos, em Washington, em 7 de março de 2024.  Foto: Maansi Srivastava / NYT

Equidade tributária

Biden falou sobre sua promessa de trazer uma maior equidade no código tributário. Ele disse se considerar um capitalista, mas que apesar disso ele acredita que as pessoas de maior renda devem “pagar sua justa taxa de impostos”.

“Um código tributário justo é como investimos em coisas que tornam um país grande, como saúde, educação, defesa e muito mais”, disse ele.

O presidente embutiu nesse trecho do discurso uma crítica a Trump por promulgar um pacote de reforma tributária que, de acordo com ele, beneficiou somente os ricos e grandes corporações.

“Para as pessoas em casa, alguém realmente acha que o código tributário é justo?” questionou Biden. “Você realmente acha que os ricos e grandes corporações precisam de mais $2 trilhões em cortes de impostos? Eu certamente não acho. Vou continuar lutando com todas as minhas forças para torná-lo justo.”

O presidente prometeu implementar um imposto mínimo de 25% para bilionários, com o intuito de arrecadar mais de $500 bilhões na próxima década.

Retomada da economia

Um dos objetivos do discurso de Biden foi falar positivamente sobre o desempenho econômico do país sob seu governo. Contudo, a economia é um ponto de inflexão na visão da população em relação à Casa Branca. Muitos americanos se queixam dos efeitos que o aumento da inflação teve no seu nível de vida, por exemplo.

A poucos meses da eleição presidencial, Biden busca a todo custo a aprovação da sua administração econômica. “Eu herdei uma economia à beira do precipício”, disse Biden na noite de quinta-feira. “Agora, nossa economia é a inveja do mundo.”

“Estamos combatendo as corporações que praticam aumento abusivo de preços ou preços enganosos, desde alimentos até cuidados de saúde e moradia”, afirmou o presidente.

Crise migratória na fronteira com o México

Durante seu comentário sobre a crise migratória na fronteira com o México, Biden disse: “Não vou demonizar imigrantes, dizendo que são veneno no sangue de nosso país”, se referindo ao comentário que Donald Trump realizou em um comício de campanha em New Hampshire, em dezembro do ano anterior, de que imigrantes que entram nos EUA estão “envenenando o sangue de nosso país.”

Críticos do ex-presidente compararam à época a frase de Trump sobre o “envenenamento do sangue” com outra frase preconceituosa escrita por Adolf Hitler em seu manifesto “Mein Kampf”, que havia sido utilizada para criticar imigração e a miscigenação.

Trump negou qualquer comparação com Hitler, dizendo que nunca leu o texto. Em um discurso promulgado nesta terça-feira, 5, (a Superterça) após a divulgação dos resultados eleitorais das primárias em diversos estados, Trump afirmou que pessoas que cruzam a fronteira ilegalmente estão “envenenando o sangue de nosso país” e chamou a crise migratória de “invasão”.

O Presidente dos EUA Joe Biden no Congresso no Capitólio, quinta-feira, 7 de março de 2024, em Washington.  Foto: Shawn Thew / AP

“Temos milhões de pessoas invadindo nosso país” através da fronteira sul, disse Donald Trump em seu discurso de vitória em Mar-a-Lago, na Flórida. “Isso é uma invasão. Esta é provavelmente a pior invasão”, afirmou o ex-presidente, se referindo à entrada de migrantes aos Estados Unidos.

Como o único grande candidato democrata, Biden dominou as votações durante sua campanha de reeleição nas primárias, mas o presidente de 81 anos buscará no discurso de hoje convencer os americanos que tem um plano para superar os principais problemas que afetam o país.

No ano anterior, o discurso do presidente foi direcionado para um Congresso dividido, com o intuito de chamar à união de democratas e republicanos em um consenso pela nação. Mas espera-se que, hoje, as palavras do presidente foquem nas suas grandes diferenças com a plataforma política do Partido Republicano.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, usou seu discurso sobre o Estado da União na quinta-feira, 7, para lançar uma série de ataques inflamados contra o ex-presidente Donald Trump, um concorrente que ele não mencionou pelo nome nenhuma vez, mas deixou claro que era uma ameaça terrível à democracia americana e à estabilidade no mundo. Também aproveitou para passar uma imagem enérgica e, às vezes, bem-humorada, para afastar às críticas à sua idade - Biden está com 81 anos.

Em um discurso televisionado para uma sessão conjunta do Congresso, Biden trouxe a energia que seus aliados e assessores esperavam que ele demonstrasse para alertar sobre o que poderia acontecer caso a Ucrânia continuasse a perder terreno para a Rússia. Invocar uma guerra no exterior no início de sua fala foi uma introdução incomum para um discurso que, em muitos aspectos, foi um argumento político para sua reeleição e o pontapé inicial em sua campanha.

“Desde o presidente Lincoln e a Guerra Civil, a liberdade e a democracia não estavam sendo atacadas em casa como estão hoje”, disse Biden, levantando a voz para um grito. “O que torna nosso momento raro é a liberdade da democracia, que está sendo atacada tanto em casa quanto no exterior.”

O presidente dos EUA Joe Biden faz o discurso do Estado da União no Congresso americano, em 7 de março de 2024, em Washington: tentativa de afastar imagem de 'velho demais' Foto: Chip Somodevilla / AFP

O discurso de Biden teve que cumprir vários objetivos ao mesmo tempo, inclusive assumir o crédito por uma economia que superou as expectativas, mas cujos efeitos muitos americanos dizem não conseguir sentir. Em um discurso que durou mais de uma hora, ele abordou uma longa lista de questões, incluindo imigração, aborto, custos de medicamentos prescritos, a Ucrânia, a guerra em Gaza e, claro, as ameaças à democracia, nos EUA e no mundo.

Biden se referiu ao ex-presidente Donald Trump em diversas ocasiões, sem mencionar seu nome. Ele o chamou de “meu antecessor”, dando ênfase aos riscos da volta de Trump ao poder para a democracia americana.

O presidente americano se mostrou enérgico e, muitas vezes, bem-humorado, na tenativa de mostrar ao público americano que sua idade, 81 anos, não é um problema para tentar uma reeleição. “Na minha carreira, eu já ouvi que era jovem demais e que eu sou velho demais. Jovem ou velho, eu sempre soube o que perdura. A nossa estrela guia”, disse. “Meus caros americanos, o problema que nossa nação enfrenta não é quão velhos somos, é quão velhas nossas ideias são.”

O tema da idade de Joe Biden se tornou central na campanha eleitoral americana. Segundo a pesquisa AP-Norc divulgada na segunda, 4, 63% dos americanos não têm confiança na capacidade mental de Biden servir efetivamente como presidente. No caso de Trump, são 57%.

Guerra na Ucrânia

Em um dos primeiros comentários do seu discurso, o presidente americano instou os legisladores a aprovarem o pacote de ajuda à Ucrânia, que enfrenta dificuldades para se defender da agressão promovida pela Rússia. Biden aproveitou para criticar Trump por “se curvar para um líder russo” em falas recentes que sugeriram que permitiria um ataque da Rússia à Otan.

“É ultrajante. É perigoso. É inaceitável”, disse o presidente. Depois, Biden disse: “Minha mensagem ao Presidente Putin, a quem conheço há muito tempo, é simples. Não vamos nos afastar”. “A história está observando”, disse ele, instando o Congresso a “se levantar” contra Putin.

Ataque ao capitólio

No seu discurso, o presidente disse que este é um momento para “falar a verdade”, não enterrar as mentiras sobre os eventos de 6 de janeiro, se referindo à fatídica invasão ao capitólio americano em 6 de janeiro de 2021 por fanáticos apoiadores do ex-presidente Trump.

Segundo afirmou Biden, as falsidades sobre a eleição de 2020 representam a maior ameaça à democracia desde a Guerra Civil.

Direitos reprodutivos

Biden também falou sobre a decisão de 2022 da Suprema Corte americana de derrubar a proteção nacional ao aborto legal (na decisão Roe v. Wade), apontando as consequências negativas que a queda da proteção trouxe para as mulheres. “Veja o caos”, disse ele.

O presidente criticou os republicanos que prometeram aprovar uma proibição nacional ao aborto: “Meu Deus, que outra liberdade vocês tirariam?”

Biden deu crédito à luta pelos direitos reprodutivos por impulsionar os democratas à vitória nas eleições recentes, dizendo “vamos vencer novamente em 2024.” Ele prometeu restaurar as garantias ao direito ao aborto, se o povo americano eleger um Congresso que “apoie o direito de escolha”.

Conquistas legislativas e preços dos remédios

No discurso, ele também falou sobre diversas conquistas do seu primeiro mandato, como o pacote de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão para revitalizar as estradas, pontes, e transporte público americano, além da lei que visa impulsionar a produção doméstica de chips de semicondutores - projeto que disparou o desempenho de companhias americanas como NVIDIA.

O presidente falou sobre o preço dos medicamentos prescritos, como a insulina, e a prometeu proteger a Lei de Cuidados Acessíveis, afirmando que ela é uma referência no combate à inflação de preços de remédios necessários para milhões de pessoas. “Estou protegendo e expandindo isso”, disse ele.

O presidente Joe Biden realiza o discurso do Estado da União perante uma sessão conjunta do Congresso no Capitólio dos Estados Unidos, em Washington, em 7 de março de 2024.  Foto: Maansi Srivastava / NYT

Equidade tributária

Biden falou sobre sua promessa de trazer uma maior equidade no código tributário. Ele disse se considerar um capitalista, mas que apesar disso ele acredita que as pessoas de maior renda devem “pagar sua justa taxa de impostos”.

“Um código tributário justo é como investimos em coisas que tornam um país grande, como saúde, educação, defesa e muito mais”, disse ele.

O presidente embutiu nesse trecho do discurso uma crítica a Trump por promulgar um pacote de reforma tributária que, de acordo com ele, beneficiou somente os ricos e grandes corporações.

“Para as pessoas em casa, alguém realmente acha que o código tributário é justo?” questionou Biden. “Você realmente acha que os ricos e grandes corporações precisam de mais $2 trilhões em cortes de impostos? Eu certamente não acho. Vou continuar lutando com todas as minhas forças para torná-lo justo.”

O presidente prometeu implementar um imposto mínimo de 25% para bilionários, com o intuito de arrecadar mais de $500 bilhões na próxima década.

Retomada da economia

Um dos objetivos do discurso de Biden foi falar positivamente sobre o desempenho econômico do país sob seu governo. Contudo, a economia é um ponto de inflexão na visão da população em relação à Casa Branca. Muitos americanos se queixam dos efeitos que o aumento da inflação teve no seu nível de vida, por exemplo.

A poucos meses da eleição presidencial, Biden busca a todo custo a aprovação da sua administração econômica. “Eu herdei uma economia à beira do precipício”, disse Biden na noite de quinta-feira. “Agora, nossa economia é a inveja do mundo.”

“Estamos combatendo as corporações que praticam aumento abusivo de preços ou preços enganosos, desde alimentos até cuidados de saúde e moradia”, afirmou o presidente.

Crise migratória na fronteira com o México

Durante seu comentário sobre a crise migratória na fronteira com o México, Biden disse: “Não vou demonizar imigrantes, dizendo que são veneno no sangue de nosso país”, se referindo ao comentário que Donald Trump realizou em um comício de campanha em New Hampshire, em dezembro do ano anterior, de que imigrantes que entram nos EUA estão “envenenando o sangue de nosso país.”

Críticos do ex-presidente compararam à época a frase de Trump sobre o “envenenamento do sangue” com outra frase preconceituosa escrita por Adolf Hitler em seu manifesto “Mein Kampf”, que havia sido utilizada para criticar imigração e a miscigenação.

Trump negou qualquer comparação com Hitler, dizendo que nunca leu o texto. Em um discurso promulgado nesta terça-feira, 5, (a Superterça) após a divulgação dos resultados eleitorais das primárias em diversos estados, Trump afirmou que pessoas que cruzam a fronteira ilegalmente estão “envenenando o sangue de nosso país” e chamou a crise migratória de “invasão”.

O Presidente dos EUA Joe Biden no Congresso no Capitólio, quinta-feira, 7 de março de 2024, em Washington.  Foto: Shawn Thew / AP

“Temos milhões de pessoas invadindo nosso país” através da fronteira sul, disse Donald Trump em seu discurso de vitória em Mar-a-Lago, na Flórida. “Isso é uma invasão. Esta é provavelmente a pior invasão”, afirmou o ex-presidente, se referindo à entrada de migrantes aos Estados Unidos.

Como o único grande candidato democrata, Biden dominou as votações durante sua campanha de reeleição nas primárias, mas o presidente de 81 anos buscará no discurso de hoje convencer os americanos que tem um plano para superar os principais problemas que afetam o país.

No ano anterior, o discurso do presidente foi direcionado para um Congresso dividido, com o intuito de chamar à união de democratas e republicanos em um consenso pela nação. Mas espera-se que, hoje, as palavras do presidente foquem nas suas grandes diferenças com a plataforma política do Partido Republicano.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, usou seu discurso sobre o Estado da União na quinta-feira, 7, para lançar uma série de ataques inflamados contra o ex-presidente Donald Trump, um concorrente que ele não mencionou pelo nome nenhuma vez, mas deixou claro que era uma ameaça terrível à democracia americana e à estabilidade no mundo. Também aproveitou para passar uma imagem enérgica e, às vezes, bem-humorada, para afastar às críticas à sua idade - Biden está com 81 anos.

Em um discurso televisionado para uma sessão conjunta do Congresso, Biden trouxe a energia que seus aliados e assessores esperavam que ele demonstrasse para alertar sobre o que poderia acontecer caso a Ucrânia continuasse a perder terreno para a Rússia. Invocar uma guerra no exterior no início de sua fala foi uma introdução incomum para um discurso que, em muitos aspectos, foi um argumento político para sua reeleição e o pontapé inicial em sua campanha.

“Desde o presidente Lincoln e a Guerra Civil, a liberdade e a democracia não estavam sendo atacadas em casa como estão hoje”, disse Biden, levantando a voz para um grito. “O que torna nosso momento raro é a liberdade da democracia, que está sendo atacada tanto em casa quanto no exterior.”

O presidente dos EUA Joe Biden faz o discurso do Estado da União no Congresso americano, em 7 de março de 2024, em Washington: tentativa de afastar imagem de 'velho demais' Foto: Chip Somodevilla / AFP

O discurso de Biden teve que cumprir vários objetivos ao mesmo tempo, inclusive assumir o crédito por uma economia que superou as expectativas, mas cujos efeitos muitos americanos dizem não conseguir sentir. Em um discurso que durou mais de uma hora, ele abordou uma longa lista de questões, incluindo imigração, aborto, custos de medicamentos prescritos, a Ucrânia, a guerra em Gaza e, claro, as ameaças à democracia, nos EUA e no mundo.

Biden se referiu ao ex-presidente Donald Trump em diversas ocasiões, sem mencionar seu nome. Ele o chamou de “meu antecessor”, dando ênfase aos riscos da volta de Trump ao poder para a democracia americana.

O presidente americano se mostrou enérgico e, muitas vezes, bem-humorado, na tenativa de mostrar ao público americano que sua idade, 81 anos, não é um problema para tentar uma reeleição. “Na minha carreira, eu já ouvi que era jovem demais e que eu sou velho demais. Jovem ou velho, eu sempre soube o que perdura. A nossa estrela guia”, disse. “Meus caros americanos, o problema que nossa nação enfrenta não é quão velhos somos, é quão velhas nossas ideias são.”

O tema da idade de Joe Biden se tornou central na campanha eleitoral americana. Segundo a pesquisa AP-Norc divulgada na segunda, 4, 63% dos americanos não têm confiança na capacidade mental de Biden servir efetivamente como presidente. No caso de Trump, são 57%.

Guerra na Ucrânia

Em um dos primeiros comentários do seu discurso, o presidente americano instou os legisladores a aprovarem o pacote de ajuda à Ucrânia, que enfrenta dificuldades para se defender da agressão promovida pela Rússia. Biden aproveitou para criticar Trump por “se curvar para um líder russo” em falas recentes que sugeriram que permitiria um ataque da Rússia à Otan.

“É ultrajante. É perigoso. É inaceitável”, disse o presidente. Depois, Biden disse: “Minha mensagem ao Presidente Putin, a quem conheço há muito tempo, é simples. Não vamos nos afastar”. “A história está observando”, disse ele, instando o Congresso a “se levantar” contra Putin.

Ataque ao capitólio

No seu discurso, o presidente disse que este é um momento para “falar a verdade”, não enterrar as mentiras sobre os eventos de 6 de janeiro, se referindo à fatídica invasão ao capitólio americano em 6 de janeiro de 2021 por fanáticos apoiadores do ex-presidente Trump.

Segundo afirmou Biden, as falsidades sobre a eleição de 2020 representam a maior ameaça à democracia desde a Guerra Civil.

Direitos reprodutivos

Biden também falou sobre a decisão de 2022 da Suprema Corte americana de derrubar a proteção nacional ao aborto legal (na decisão Roe v. Wade), apontando as consequências negativas que a queda da proteção trouxe para as mulheres. “Veja o caos”, disse ele.

O presidente criticou os republicanos que prometeram aprovar uma proibição nacional ao aborto: “Meu Deus, que outra liberdade vocês tirariam?”

Biden deu crédito à luta pelos direitos reprodutivos por impulsionar os democratas à vitória nas eleições recentes, dizendo “vamos vencer novamente em 2024.” Ele prometeu restaurar as garantias ao direito ao aborto, se o povo americano eleger um Congresso que “apoie o direito de escolha”.

Conquistas legislativas e preços dos remédios

No discurso, ele também falou sobre diversas conquistas do seu primeiro mandato, como o pacote de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão para revitalizar as estradas, pontes, e transporte público americano, além da lei que visa impulsionar a produção doméstica de chips de semicondutores - projeto que disparou o desempenho de companhias americanas como NVIDIA.

O presidente falou sobre o preço dos medicamentos prescritos, como a insulina, e a prometeu proteger a Lei de Cuidados Acessíveis, afirmando que ela é uma referência no combate à inflação de preços de remédios necessários para milhões de pessoas. “Estou protegendo e expandindo isso”, disse ele.

O presidente Joe Biden realiza o discurso do Estado da União perante uma sessão conjunta do Congresso no Capitólio dos Estados Unidos, em Washington, em 7 de março de 2024.  Foto: Maansi Srivastava / NYT

Equidade tributária

Biden falou sobre sua promessa de trazer uma maior equidade no código tributário. Ele disse se considerar um capitalista, mas que apesar disso ele acredita que as pessoas de maior renda devem “pagar sua justa taxa de impostos”.

“Um código tributário justo é como investimos em coisas que tornam um país grande, como saúde, educação, defesa e muito mais”, disse ele.

O presidente embutiu nesse trecho do discurso uma crítica a Trump por promulgar um pacote de reforma tributária que, de acordo com ele, beneficiou somente os ricos e grandes corporações.

“Para as pessoas em casa, alguém realmente acha que o código tributário é justo?” questionou Biden. “Você realmente acha que os ricos e grandes corporações precisam de mais $2 trilhões em cortes de impostos? Eu certamente não acho. Vou continuar lutando com todas as minhas forças para torná-lo justo.”

O presidente prometeu implementar um imposto mínimo de 25% para bilionários, com o intuito de arrecadar mais de $500 bilhões na próxima década.

Retomada da economia

Um dos objetivos do discurso de Biden foi falar positivamente sobre o desempenho econômico do país sob seu governo. Contudo, a economia é um ponto de inflexão na visão da população em relação à Casa Branca. Muitos americanos se queixam dos efeitos que o aumento da inflação teve no seu nível de vida, por exemplo.

A poucos meses da eleição presidencial, Biden busca a todo custo a aprovação da sua administração econômica. “Eu herdei uma economia à beira do precipício”, disse Biden na noite de quinta-feira. “Agora, nossa economia é a inveja do mundo.”

“Estamos combatendo as corporações que praticam aumento abusivo de preços ou preços enganosos, desde alimentos até cuidados de saúde e moradia”, afirmou o presidente.

Crise migratória na fronteira com o México

Durante seu comentário sobre a crise migratória na fronteira com o México, Biden disse: “Não vou demonizar imigrantes, dizendo que são veneno no sangue de nosso país”, se referindo ao comentário que Donald Trump realizou em um comício de campanha em New Hampshire, em dezembro do ano anterior, de que imigrantes que entram nos EUA estão “envenenando o sangue de nosso país.”

Críticos do ex-presidente compararam à época a frase de Trump sobre o “envenenamento do sangue” com outra frase preconceituosa escrita por Adolf Hitler em seu manifesto “Mein Kampf”, que havia sido utilizada para criticar imigração e a miscigenação.

Trump negou qualquer comparação com Hitler, dizendo que nunca leu o texto. Em um discurso promulgado nesta terça-feira, 5, (a Superterça) após a divulgação dos resultados eleitorais das primárias em diversos estados, Trump afirmou que pessoas que cruzam a fronteira ilegalmente estão “envenenando o sangue de nosso país” e chamou a crise migratória de “invasão”.

O Presidente dos EUA Joe Biden no Congresso no Capitólio, quinta-feira, 7 de março de 2024, em Washington.  Foto: Shawn Thew / AP

“Temos milhões de pessoas invadindo nosso país” através da fronteira sul, disse Donald Trump em seu discurso de vitória em Mar-a-Lago, na Flórida. “Isso é uma invasão. Esta é provavelmente a pior invasão”, afirmou o ex-presidente, se referindo à entrada de migrantes aos Estados Unidos.

Como o único grande candidato democrata, Biden dominou as votações durante sua campanha de reeleição nas primárias, mas o presidente de 81 anos buscará no discurso de hoje convencer os americanos que tem um plano para superar os principais problemas que afetam o país.

No ano anterior, o discurso do presidente foi direcionado para um Congresso dividido, com o intuito de chamar à união de democratas e republicanos em um consenso pela nação. Mas espera-se que, hoje, as palavras do presidente foquem nas suas grandes diferenças com a plataforma política do Partido Republicano.

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