Juízes da Suprema Corte dos EUA dão sinais em audiência de que podem manter Trump na eleição


Magistrados ouviram os argumentos sobre a decisão do Colorado, que barrou o republicano das primárias pelo ataque ao Capitólio; Dezenas de ações similares foram movidas pelos EUA

Por Jéssica Petrovna
Atualização:

A Suprema Corte americana começou a julgar nesta quinta-feira, 8, se Donald Trump pode ser candidato à presidência dos Estados Unidos. Embora a decisão não tenha prazo para ser anunciada e o desfecho de um caso inédito seja difícil de prever, a audiência que se estendeu por cerca de duas horas dá uma pista: os juízes pareceram céticos quanto a possibilidade de barrar o líder do partido Republicano das primárias.

A ação que chegou à Suprema Corte começou no Estado do Colorado, o primeiro a declarar Trump inelegível pelo ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, com base na Seção 3 da 14ª Emenda. A lei criada na Reconstrução depois da Guerra Civil - e praticamente esquecida na história recente - proíbe pessoas que tenham participado de insurreição após jurar apoiar a Constituição de ocupar cargos públicos.

“Pareceu haver muito pouco apoio para o lado do Colorado”, disse o professor de direito da Universidade da Califórnia (UCLA) ao Washington Post. “Uma preocupação continuava surgindo: há um interesse federal na eleição para presidente e permitir que os Estados sejam capazes de interferir poderia levar a uma corrida para o abismo”, concluiu. Para o analista, é possível esperar até que a Suprema Corte seja unânime em reverter a decisão que tirou Trump das primárias do Estado, marcadas para 5 de março.

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A proximidade da votação tende a acelerar o resultado, segundo a imprensa americana.

Ao longo da audiência, os juízes se mostraram inclinados à tese de que Estados não poderiam desqualificar candidatos à presidência, a menos que o Congresso aprovasse essa previsão. Essa foi uma das linhas da defesa do ex-presidente, que a 14ª precisaria ser regulamentada pelo Legislativo, antes de ser aplicada ao líder republicano.

Pequeno grupo de manifestantes pede que Donald Trump seja declarado inelegível em protesto na frente da Suprema Corte, Washington, 8 de fevereiro de 2024.  Foto: AP / Manuel Balce Ceneta
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“Por que um único Estado deveria ter o habilidade de tomar essa decisão não apenas para os seus próprios cidadãos, mas para o resto do país?”, questionou a juíza Elena Kagan. “Essa questão, se um ex-presidente é desqualificado para ser presidente de novo por insurreição, soa muito nacional para mim”, acrescentou.

A declaração da magistrada, que integra da minoria liberal na Suprema Corte, reforça a percepção de que não só os conservadores estão dispostos a manter Donald Trump na disputa. E que os juízes devem chegar rapidamente a um consenso.

O presidente da Corte, o conservador John Roberts apontou que se a decisão do Colorado fosse mantida, outros Estados poderiam avançar para desqualificar candidatos, tanto republicanos como democratas. “Isso se resumirá a apenas um punhado de Estados que decidirão a eleição presidencial. Essa é uma consequência bastante assustadora”, disse.

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Na mesma linha, Samuel Alito, também ala conservadora, alertou que os Estados podem chegar a conclusões diferentes sobre o mesmo caso ao insistir nas possíveis consequências de manter a decisão que retirou Trump das primárias.

O advogado Jason Murray, representando o grupo que moveu a ação, argumentou que a questão - se Trump está ou não qualificado a concorrer à Casa Branca - agora seria respondida pela Suprema Corte. Ou seja, não seria mais a decisão de um único Estado.

No Maine, o líder republicano também foi barrado das primárias e a fase de recursos está em modo de espera pela decisão de Washington. Dezenas de ações semelhantes foram movidas pelo país, a maior parte delas já rejeitadas. Por isso, o parecer da Suprema Corte deve ter repercussões mais amplas.

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Outra preocupação apontada pelos juízes foi o possível impacto que remover um candidato da disputa presidencial teria para a democracia americana. “Pense no direito das pessoas de eleger candidatos de sua escolha, de deixar que as pessoas decidam, porque sua posição tem o efeito de privar os eleitores de direitos em um grau significativo”, disse o juiz Brett Kavanaugh, também conservador, a Jason Murray.

“O motivo de estarmos aqui é que o presidente Trump tentou privar o direito de 80 milhões de americanos que votaram contra ele”, respondeu o advogado.

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As ações de Donald Trump no 6 de janeiro de 2021, quando seus apoiadores mais radicais tentaram impedir que a derrota para Joe Biden fosse sacramentada pelo Congresso, tomaram pouco tempo da audiência. Além da discussão sobre o impacto de retirá-lo da disputa, os juízes focaram em questões técnicas sobre a 14ª emenda e na definição de insurreição.

A juíza Ketanji Brown Jackson, liberal nomeada por Biden para Suprema Corte, perguntou o que o advogado do líder republicano Jonathan Mitchell entende por insurreição. A resposta foi que seria uma tentativa organizada e violenta de tomar o governo e que o ataque ao Capitólio foi “um motim, não uma insurreição”.

Além de negar a insurreição, a defesa de Donald Trump também alegam que a 14ª emenda não compreende o presidente da República. Em suma, a Seção 3 afirma que nenhuma pessoa que prestou o juramento de apoiar a Constituição e depois se envolveu em insurreição ou rebelião contra a mesma deverá ocupar qualquer cargo público nos Estados Unidos. A lei especifica senadores, representantes do Congresso, eleitores do presidente e do vice (delegados do Colégio Eleitoral), mas não fala explicitamente do presidente. Há discussão é se o genérico “officer”, usado para descrever funcionários públicos e autoridades, compreende o chefe da Casa Branca.

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Durante as suas intervenções, Jackson pareceu concordar com o argumento ao notar que “presidente” não está na lista de cargos descrita na lei. “Isso me deixa preocupada porque talvez eles não estivessem concentrados no presidente”, disse a juíza.

Donald Trump fala com a imprensa em Mar-a-Lago, Flórida, início do julgamento na Suprema Corte, 8 de fevereiro de 2024.  Foto: AP / Rebecca Blackwell

Reação de Trump

O ex-presidente Donald Trump não compareceu à audiência em Washington e falou rapidamente com a imprensa na mansão de Mar-a-Lago, Flórida, antes de viajar seguir para Las Vegas, onde participa do caucus de Nevada. “Você pode pegar a pessoa que está liderando em todos os lugares e dizer: ‘Ei, não vamos deixar você concorrer’. Sabe, acho que isso é muito difícil de fazer, mas vou deixar isso para a Suprema Corte”, disse ele.

Trump se colocou como vítima e negou que tenha feito qualquer coisa errada no dia 6 de janeiro. “Dê uma olhada nas minhas palavras”, disse ao descrever “muito bonitas e comoventes”, as mensagens que publicou no X (na época Twitter) - e que tem sido apontadas como evidência de que o então presidente teria incitado o ataque.

O republicano também negou que tenha sido uma insurreição e afirmou falsamente que “não havia armas, não havia nada”. No mês passado, contudo, o Departamento de Justiça dos EUA disse que 116 pessoas foram formalmente acusadas por entrar em área de acesso restrito com armas perigosas ou letais ao detalhar o avanço dos processos nos três anos ataque ao Capitólio.

A Suprema Corte americana começou a julgar nesta quinta-feira, 8, se Donald Trump pode ser candidato à presidência dos Estados Unidos. Embora a decisão não tenha prazo para ser anunciada e o desfecho de um caso inédito seja difícil de prever, a audiência que se estendeu por cerca de duas horas dá uma pista: os juízes pareceram céticos quanto a possibilidade de barrar o líder do partido Republicano das primárias.

A ação que chegou à Suprema Corte começou no Estado do Colorado, o primeiro a declarar Trump inelegível pelo ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, com base na Seção 3 da 14ª Emenda. A lei criada na Reconstrução depois da Guerra Civil - e praticamente esquecida na história recente - proíbe pessoas que tenham participado de insurreição após jurar apoiar a Constituição de ocupar cargos públicos.

“Pareceu haver muito pouco apoio para o lado do Colorado”, disse o professor de direito da Universidade da Califórnia (UCLA) ao Washington Post. “Uma preocupação continuava surgindo: há um interesse federal na eleição para presidente e permitir que os Estados sejam capazes de interferir poderia levar a uma corrida para o abismo”, concluiu. Para o analista, é possível esperar até que a Suprema Corte seja unânime em reverter a decisão que tirou Trump das primárias do Estado, marcadas para 5 de março.

A proximidade da votação tende a acelerar o resultado, segundo a imprensa americana.

Ao longo da audiência, os juízes se mostraram inclinados à tese de que Estados não poderiam desqualificar candidatos à presidência, a menos que o Congresso aprovasse essa previsão. Essa foi uma das linhas da defesa do ex-presidente, que a 14ª precisaria ser regulamentada pelo Legislativo, antes de ser aplicada ao líder republicano.

Pequeno grupo de manifestantes pede que Donald Trump seja declarado inelegível em protesto na frente da Suprema Corte, Washington, 8 de fevereiro de 2024.  Foto: AP / Manuel Balce Ceneta

“Por que um único Estado deveria ter o habilidade de tomar essa decisão não apenas para os seus próprios cidadãos, mas para o resto do país?”, questionou a juíza Elena Kagan. “Essa questão, se um ex-presidente é desqualificado para ser presidente de novo por insurreição, soa muito nacional para mim”, acrescentou.

A declaração da magistrada, que integra da minoria liberal na Suprema Corte, reforça a percepção de que não só os conservadores estão dispostos a manter Donald Trump na disputa. E que os juízes devem chegar rapidamente a um consenso.

O presidente da Corte, o conservador John Roberts apontou que se a decisão do Colorado fosse mantida, outros Estados poderiam avançar para desqualificar candidatos, tanto republicanos como democratas. “Isso se resumirá a apenas um punhado de Estados que decidirão a eleição presidencial. Essa é uma consequência bastante assustadora”, disse.

Na mesma linha, Samuel Alito, também ala conservadora, alertou que os Estados podem chegar a conclusões diferentes sobre o mesmo caso ao insistir nas possíveis consequências de manter a decisão que retirou Trump das primárias.

O advogado Jason Murray, representando o grupo que moveu a ação, argumentou que a questão - se Trump está ou não qualificado a concorrer à Casa Branca - agora seria respondida pela Suprema Corte. Ou seja, não seria mais a decisão de um único Estado.

No Maine, o líder republicano também foi barrado das primárias e a fase de recursos está em modo de espera pela decisão de Washington. Dezenas de ações semelhantes foram movidas pelo país, a maior parte delas já rejeitadas. Por isso, o parecer da Suprema Corte deve ter repercussões mais amplas.

Outra preocupação apontada pelos juízes foi o possível impacto que remover um candidato da disputa presidencial teria para a democracia americana. “Pense no direito das pessoas de eleger candidatos de sua escolha, de deixar que as pessoas decidam, porque sua posição tem o efeito de privar os eleitores de direitos em um grau significativo”, disse o juiz Brett Kavanaugh, também conservador, a Jason Murray.

“O motivo de estarmos aqui é que o presidente Trump tentou privar o direito de 80 milhões de americanos que votaram contra ele”, respondeu o advogado.

As ações de Donald Trump no 6 de janeiro de 2021, quando seus apoiadores mais radicais tentaram impedir que a derrota para Joe Biden fosse sacramentada pelo Congresso, tomaram pouco tempo da audiência. Além da discussão sobre o impacto de retirá-lo da disputa, os juízes focaram em questões técnicas sobre a 14ª emenda e na definição de insurreição.

A juíza Ketanji Brown Jackson, liberal nomeada por Biden para Suprema Corte, perguntou o que o advogado do líder republicano Jonathan Mitchell entende por insurreição. A resposta foi que seria uma tentativa organizada e violenta de tomar o governo e que o ataque ao Capitólio foi “um motim, não uma insurreição”.

Além de negar a insurreição, a defesa de Donald Trump também alegam que a 14ª emenda não compreende o presidente da República. Em suma, a Seção 3 afirma que nenhuma pessoa que prestou o juramento de apoiar a Constituição e depois se envolveu em insurreição ou rebelião contra a mesma deverá ocupar qualquer cargo público nos Estados Unidos. A lei especifica senadores, representantes do Congresso, eleitores do presidente e do vice (delegados do Colégio Eleitoral), mas não fala explicitamente do presidente. Há discussão é se o genérico “officer”, usado para descrever funcionários públicos e autoridades, compreende o chefe da Casa Branca.

Durante as suas intervenções, Jackson pareceu concordar com o argumento ao notar que “presidente” não está na lista de cargos descrita na lei. “Isso me deixa preocupada porque talvez eles não estivessem concentrados no presidente”, disse a juíza.

Donald Trump fala com a imprensa em Mar-a-Lago, Flórida, início do julgamento na Suprema Corte, 8 de fevereiro de 2024.  Foto: AP / Rebecca Blackwell

Reação de Trump

O ex-presidente Donald Trump não compareceu à audiência em Washington e falou rapidamente com a imprensa na mansão de Mar-a-Lago, Flórida, antes de viajar seguir para Las Vegas, onde participa do caucus de Nevada. “Você pode pegar a pessoa que está liderando em todos os lugares e dizer: ‘Ei, não vamos deixar você concorrer’. Sabe, acho que isso é muito difícil de fazer, mas vou deixar isso para a Suprema Corte”, disse ele.

Trump se colocou como vítima e negou que tenha feito qualquer coisa errada no dia 6 de janeiro. “Dê uma olhada nas minhas palavras”, disse ao descrever “muito bonitas e comoventes”, as mensagens que publicou no X (na época Twitter) - e que tem sido apontadas como evidência de que o então presidente teria incitado o ataque.

O republicano também negou que tenha sido uma insurreição e afirmou falsamente que “não havia armas, não havia nada”. No mês passado, contudo, o Departamento de Justiça dos EUA disse que 116 pessoas foram formalmente acusadas por entrar em área de acesso restrito com armas perigosas ou letais ao detalhar o avanço dos processos nos três anos ataque ao Capitólio.

A Suprema Corte americana começou a julgar nesta quinta-feira, 8, se Donald Trump pode ser candidato à presidência dos Estados Unidos. Embora a decisão não tenha prazo para ser anunciada e o desfecho de um caso inédito seja difícil de prever, a audiência que se estendeu por cerca de duas horas dá uma pista: os juízes pareceram céticos quanto a possibilidade de barrar o líder do partido Republicano das primárias.

A ação que chegou à Suprema Corte começou no Estado do Colorado, o primeiro a declarar Trump inelegível pelo ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, com base na Seção 3 da 14ª Emenda. A lei criada na Reconstrução depois da Guerra Civil - e praticamente esquecida na história recente - proíbe pessoas que tenham participado de insurreição após jurar apoiar a Constituição de ocupar cargos públicos.

“Pareceu haver muito pouco apoio para o lado do Colorado”, disse o professor de direito da Universidade da Califórnia (UCLA) ao Washington Post. “Uma preocupação continuava surgindo: há um interesse federal na eleição para presidente e permitir que os Estados sejam capazes de interferir poderia levar a uma corrida para o abismo”, concluiu. Para o analista, é possível esperar até que a Suprema Corte seja unânime em reverter a decisão que tirou Trump das primárias do Estado, marcadas para 5 de março.

A proximidade da votação tende a acelerar o resultado, segundo a imprensa americana.

Ao longo da audiência, os juízes se mostraram inclinados à tese de que Estados não poderiam desqualificar candidatos à presidência, a menos que o Congresso aprovasse essa previsão. Essa foi uma das linhas da defesa do ex-presidente, que a 14ª precisaria ser regulamentada pelo Legislativo, antes de ser aplicada ao líder republicano.

Pequeno grupo de manifestantes pede que Donald Trump seja declarado inelegível em protesto na frente da Suprema Corte, Washington, 8 de fevereiro de 2024.  Foto: AP / Manuel Balce Ceneta

“Por que um único Estado deveria ter o habilidade de tomar essa decisão não apenas para os seus próprios cidadãos, mas para o resto do país?”, questionou a juíza Elena Kagan. “Essa questão, se um ex-presidente é desqualificado para ser presidente de novo por insurreição, soa muito nacional para mim”, acrescentou.

A declaração da magistrada, que integra da minoria liberal na Suprema Corte, reforça a percepção de que não só os conservadores estão dispostos a manter Donald Trump na disputa. E que os juízes devem chegar rapidamente a um consenso.

O presidente da Corte, o conservador John Roberts apontou que se a decisão do Colorado fosse mantida, outros Estados poderiam avançar para desqualificar candidatos, tanto republicanos como democratas. “Isso se resumirá a apenas um punhado de Estados que decidirão a eleição presidencial. Essa é uma consequência bastante assustadora”, disse.

Na mesma linha, Samuel Alito, também ala conservadora, alertou que os Estados podem chegar a conclusões diferentes sobre o mesmo caso ao insistir nas possíveis consequências de manter a decisão que retirou Trump das primárias.

O advogado Jason Murray, representando o grupo que moveu a ação, argumentou que a questão - se Trump está ou não qualificado a concorrer à Casa Branca - agora seria respondida pela Suprema Corte. Ou seja, não seria mais a decisão de um único Estado.

No Maine, o líder republicano também foi barrado das primárias e a fase de recursos está em modo de espera pela decisão de Washington. Dezenas de ações semelhantes foram movidas pelo país, a maior parte delas já rejeitadas. Por isso, o parecer da Suprema Corte deve ter repercussões mais amplas.

Outra preocupação apontada pelos juízes foi o possível impacto que remover um candidato da disputa presidencial teria para a democracia americana. “Pense no direito das pessoas de eleger candidatos de sua escolha, de deixar que as pessoas decidam, porque sua posição tem o efeito de privar os eleitores de direitos em um grau significativo”, disse o juiz Brett Kavanaugh, também conservador, a Jason Murray.

“O motivo de estarmos aqui é que o presidente Trump tentou privar o direito de 80 milhões de americanos que votaram contra ele”, respondeu o advogado.

As ações de Donald Trump no 6 de janeiro de 2021, quando seus apoiadores mais radicais tentaram impedir que a derrota para Joe Biden fosse sacramentada pelo Congresso, tomaram pouco tempo da audiência. Além da discussão sobre o impacto de retirá-lo da disputa, os juízes focaram em questões técnicas sobre a 14ª emenda e na definição de insurreição.

A juíza Ketanji Brown Jackson, liberal nomeada por Biden para Suprema Corte, perguntou o que o advogado do líder republicano Jonathan Mitchell entende por insurreição. A resposta foi que seria uma tentativa organizada e violenta de tomar o governo e que o ataque ao Capitólio foi “um motim, não uma insurreição”.

Além de negar a insurreição, a defesa de Donald Trump também alegam que a 14ª emenda não compreende o presidente da República. Em suma, a Seção 3 afirma que nenhuma pessoa que prestou o juramento de apoiar a Constituição e depois se envolveu em insurreição ou rebelião contra a mesma deverá ocupar qualquer cargo público nos Estados Unidos. A lei especifica senadores, representantes do Congresso, eleitores do presidente e do vice (delegados do Colégio Eleitoral), mas não fala explicitamente do presidente. Há discussão é se o genérico “officer”, usado para descrever funcionários públicos e autoridades, compreende o chefe da Casa Branca.

Durante as suas intervenções, Jackson pareceu concordar com o argumento ao notar que “presidente” não está na lista de cargos descrita na lei. “Isso me deixa preocupada porque talvez eles não estivessem concentrados no presidente”, disse a juíza.

Donald Trump fala com a imprensa em Mar-a-Lago, Flórida, início do julgamento na Suprema Corte, 8 de fevereiro de 2024.  Foto: AP / Rebecca Blackwell

Reação de Trump

O ex-presidente Donald Trump não compareceu à audiência em Washington e falou rapidamente com a imprensa na mansão de Mar-a-Lago, Flórida, antes de viajar seguir para Las Vegas, onde participa do caucus de Nevada. “Você pode pegar a pessoa que está liderando em todos os lugares e dizer: ‘Ei, não vamos deixar você concorrer’. Sabe, acho que isso é muito difícil de fazer, mas vou deixar isso para a Suprema Corte”, disse ele.

Trump se colocou como vítima e negou que tenha feito qualquer coisa errada no dia 6 de janeiro. “Dê uma olhada nas minhas palavras”, disse ao descrever “muito bonitas e comoventes”, as mensagens que publicou no X (na época Twitter) - e que tem sido apontadas como evidência de que o então presidente teria incitado o ataque.

O republicano também negou que tenha sido uma insurreição e afirmou falsamente que “não havia armas, não havia nada”. No mês passado, contudo, o Departamento de Justiça dos EUA disse que 116 pessoas foram formalmente acusadas por entrar em área de acesso restrito com armas perigosas ou letais ao detalhar o avanço dos processos nos três anos ataque ao Capitólio.

A Suprema Corte americana começou a julgar nesta quinta-feira, 8, se Donald Trump pode ser candidato à presidência dos Estados Unidos. Embora a decisão não tenha prazo para ser anunciada e o desfecho de um caso inédito seja difícil de prever, a audiência que se estendeu por cerca de duas horas dá uma pista: os juízes pareceram céticos quanto a possibilidade de barrar o líder do partido Republicano das primárias.

A ação que chegou à Suprema Corte começou no Estado do Colorado, o primeiro a declarar Trump inelegível pelo ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, com base na Seção 3 da 14ª Emenda. A lei criada na Reconstrução depois da Guerra Civil - e praticamente esquecida na história recente - proíbe pessoas que tenham participado de insurreição após jurar apoiar a Constituição de ocupar cargos públicos.

“Pareceu haver muito pouco apoio para o lado do Colorado”, disse o professor de direito da Universidade da Califórnia (UCLA) ao Washington Post. “Uma preocupação continuava surgindo: há um interesse federal na eleição para presidente e permitir que os Estados sejam capazes de interferir poderia levar a uma corrida para o abismo”, concluiu. Para o analista, é possível esperar até que a Suprema Corte seja unânime em reverter a decisão que tirou Trump das primárias do Estado, marcadas para 5 de março.

A proximidade da votação tende a acelerar o resultado, segundo a imprensa americana.

Ao longo da audiência, os juízes se mostraram inclinados à tese de que Estados não poderiam desqualificar candidatos à presidência, a menos que o Congresso aprovasse essa previsão. Essa foi uma das linhas da defesa do ex-presidente, que a 14ª precisaria ser regulamentada pelo Legislativo, antes de ser aplicada ao líder republicano.

Pequeno grupo de manifestantes pede que Donald Trump seja declarado inelegível em protesto na frente da Suprema Corte, Washington, 8 de fevereiro de 2024.  Foto: AP / Manuel Balce Ceneta

“Por que um único Estado deveria ter o habilidade de tomar essa decisão não apenas para os seus próprios cidadãos, mas para o resto do país?”, questionou a juíza Elena Kagan. “Essa questão, se um ex-presidente é desqualificado para ser presidente de novo por insurreição, soa muito nacional para mim”, acrescentou.

A declaração da magistrada, que integra da minoria liberal na Suprema Corte, reforça a percepção de que não só os conservadores estão dispostos a manter Donald Trump na disputa. E que os juízes devem chegar rapidamente a um consenso.

O presidente da Corte, o conservador John Roberts apontou que se a decisão do Colorado fosse mantida, outros Estados poderiam avançar para desqualificar candidatos, tanto republicanos como democratas. “Isso se resumirá a apenas um punhado de Estados que decidirão a eleição presidencial. Essa é uma consequência bastante assustadora”, disse.

Na mesma linha, Samuel Alito, também ala conservadora, alertou que os Estados podem chegar a conclusões diferentes sobre o mesmo caso ao insistir nas possíveis consequências de manter a decisão que retirou Trump das primárias.

O advogado Jason Murray, representando o grupo que moveu a ação, argumentou que a questão - se Trump está ou não qualificado a concorrer à Casa Branca - agora seria respondida pela Suprema Corte. Ou seja, não seria mais a decisão de um único Estado.

No Maine, o líder republicano também foi barrado das primárias e a fase de recursos está em modo de espera pela decisão de Washington. Dezenas de ações semelhantes foram movidas pelo país, a maior parte delas já rejeitadas. Por isso, o parecer da Suprema Corte deve ter repercussões mais amplas.

Outra preocupação apontada pelos juízes foi o possível impacto que remover um candidato da disputa presidencial teria para a democracia americana. “Pense no direito das pessoas de eleger candidatos de sua escolha, de deixar que as pessoas decidam, porque sua posição tem o efeito de privar os eleitores de direitos em um grau significativo”, disse o juiz Brett Kavanaugh, também conservador, a Jason Murray.

“O motivo de estarmos aqui é que o presidente Trump tentou privar o direito de 80 milhões de americanos que votaram contra ele”, respondeu o advogado.

As ações de Donald Trump no 6 de janeiro de 2021, quando seus apoiadores mais radicais tentaram impedir que a derrota para Joe Biden fosse sacramentada pelo Congresso, tomaram pouco tempo da audiência. Além da discussão sobre o impacto de retirá-lo da disputa, os juízes focaram em questões técnicas sobre a 14ª emenda e na definição de insurreição.

A juíza Ketanji Brown Jackson, liberal nomeada por Biden para Suprema Corte, perguntou o que o advogado do líder republicano Jonathan Mitchell entende por insurreição. A resposta foi que seria uma tentativa organizada e violenta de tomar o governo e que o ataque ao Capitólio foi “um motim, não uma insurreição”.

Além de negar a insurreição, a defesa de Donald Trump também alegam que a 14ª emenda não compreende o presidente da República. Em suma, a Seção 3 afirma que nenhuma pessoa que prestou o juramento de apoiar a Constituição e depois se envolveu em insurreição ou rebelião contra a mesma deverá ocupar qualquer cargo público nos Estados Unidos. A lei especifica senadores, representantes do Congresso, eleitores do presidente e do vice (delegados do Colégio Eleitoral), mas não fala explicitamente do presidente. Há discussão é se o genérico “officer”, usado para descrever funcionários públicos e autoridades, compreende o chefe da Casa Branca.

Durante as suas intervenções, Jackson pareceu concordar com o argumento ao notar que “presidente” não está na lista de cargos descrita na lei. “Isso me deixa preocupada porque talvez eles não estivessem concentrados no presidente”, disse a juíza.

Donald Trump fala com a imprensa em Mar-a-Lago, Flórida, início do julgamento na Suprema Corte, 8 de fevereiro de 2024.  Foto: AP / Rebecca Blackwell

Reação de Trump

O ex-presidente Donald Trump não compareceu à audiência em Washington e falou rapidamente com a imprensa na mansão de Mar-a-Lago, Flórida, antes de viajar seguir para Las Vegas, onde participa do caucus de Nevada. “Você pode pegar a pessoa que está liderando em todos os lugares e dizer: ‘Ei, não vamos deixar você concorrer’. Sabe, acho que isso é muito difícil de fazer, mas vou deixar isso para a Suprema Corte”, disse ele.

Trump se colocou como vítima e negou que tenha feito qualquer coisa errada no dia 6 de janeiro. “Dê uma olhada nas minhas palavras”, disse ao descrever “muito bonitas e comoventes”, as mensagens que publicou no X (na época Twitter) - e que tem sido apontadas como evidência de que o então presidente teria incitado o ataque.

O republicano também negou que tenha sido uma insurreição e afirmou falsamente que “não havia armas, não havia nada”. No mês passado, contudo, o Departamento de Justiça dos EUA disse que 116 pessoas foram formalmente acusadas por entrar em área de acesso restrito com armas perigosas ou letais ao detalhar o avanço dos processos nos três anos ataque ao Capitólio.

A Suprema Corte americana começou a julgar nesta quinta-feira, 8, se Donald Trump pode ser candidato à presidência dos Estados Unidos. Embora a decisão não tenha prazo para ser anunciada e o desfecho de um caso inédito seja difícil de prever, a audiência que se estendeu por cerca de duas horas dá uma pista: os juízes pareceram céticos quanto a possibilidade de barrar o líder do partido Republicano das primárias.

A ação que chegou à Suprema Corte começou no Estado do Colorado, o primeiro a declarar Trump inelegível pelo ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, com base na Seção 3 da 14ª Emenda. A lei criada na Reconstrução depois da Guerra Civil - e praticamente esquecida na história recente - proíbe pessoas que tenham participado de insurreição após jurar apoiar a Constituição de ocupar cargos públicos.

“Pareceu haver muito pouco apoio para o lado do Colorado”, disse o professor de direito da Universidade da Califórnia (UCLA) ao Washington Post. “Uma preocupação continuava surgindo: há um interesse federal na eleição para presidente e permitir que os Estados sejam capazes de interferir poderia levar a uma corrida para o abismo”, concluiu. Para o analista, é possível esperar até que a Suprema Corte seja unânime em reverter a decisão que tirou Trump das primárias do Estado, marcadas para 5 de março.

A proximidade da votação tende a acelerar o resultado, segundo a imprensa americana.

Ao longo da audiência, os juízes se mostraram inclinados à tese de que Estados não poderiam desqualificar candidatos à presidência, a menos que o Congresso aprovasse essa previsão. Essa foi uma das linhas da defesa do ex-presidente, que a 14ª precisaria ser regulamentada pelo Legislativo, antes de ser aplicada ao líder republicano.

Pequeno grupo de manifestantes pede que Donald Trump seja declarado inelegível em protesto na frente da Suprema Corte, Washington, 8 de fevereiro de 2024.  Foto: AP / Manuel Balce Ceneta

“Por que um único Estado deveria ter o habilidade de tomar essa decisão não apenas para os seus próprios cidadãos, mas para o resto do país?”, questionou a juíza Elena Kagan. “Essa questão, se um ex-presidente é desqualificado para ser presidente de novo por insurreição, soa muito nacional para mim”, acrescentou.

A declaração da magistrada, que integra da minoria liberal na Suprema Corte, reforça a percepção de que não só os conservadores estão dispostos a manter Donald Trump na disputa. E que os juízes devem chegar rapidamente a um consenso.

O presidente da Corte, o conservador John Roberts apontou que se a decisão do Colorado fosse mantida, outros Estados poderiam avançar para desqualificar candidatos, tanto republicanos como democratas. “Isso se resumirá a apenas um punhado de Estados que decidirão a eleição presidencial. Essa é uma consequência bastante assustadora”, disse.

Na mesma linha, Samuel Alito, também ala conservadora, alertou que os Estados podem chegar a conclusões diferentes sobre o mesmo caso ao insistir nas possíveis consequências de manter a decisão que retirou Trump das primárias.

O advogado Jason Murray, representando o grupo que moveu a ação, argumentou que a questão - se Trump está ou não qualificado a concorrer à Casa Branca - agora seria respondida pela Suprema Corte. Ou seja, não seria mais a decisão de um único Estado.

No Maine, o líder republicano também foi barrado das primárias e a fase de recursos está em modo de espera pela decisão de Washington. Dezenas de ações semelhantes foram movidas pelo país, a maior parte delas já rejeitadas. Por isso, o parecer da Suprema Corte deve ter repercussões mais amplas.

Outra preocupação apontada pelos juízes foi o possível impacto que remover um candidato da disputa presidencial teria para a democracia americana. “Pense no direito das pessoas de eleger candidatos de sua escolha, de deixar que as pessoas decidam, porque sua posição tem o efeito de privar os eleitores de direitos em um grau significativo”, disse o juiz Brett Kavanaugh, também conservador, a Jason Murray.

“O motivo de estarmos aqui é que o presidente Trump tentou privar o direito de 80 milhões de americanos que votaram contra ele”, respondeu o advogado.

As ações de Donald Trump no 6 de janeiro de 2021, quando seus apoiadores mais radicais tentaram impedir que a derrota para Joe Biden fosse sacramentada pelo Congresso, tomaram pouco tempo da audiência. Além da discussão sobre o impacto de retirá-lo da disputa, os juízes focaram em questões técnicas sobre a 14ª emenda e na definição de insurreição.

A juíza Ketanji Brown Jackson, liberal nomeada por Biden para Suprema Corte, perguntou o que o advogado do líder republicano Jonathan Mitchell entende por insurreição. A resposta foi que seria uma tentativa organizada e violenta de tomar o governo e que o ataque ao Capitólio foi “um motim, não uma insurreição”.

Além de negar a insurreição, a defesa de Donald Trump também alegam que a 14ª emenda não compreende o presidente da República. Em suma, a Seção 3 afirma que nenhuma pessoa que prestou o juramento de apoiar a Constituição e depois se envolveu em insurreição ou rebelião contra a mesma deverá ocupar qualquer cargo público nos Estados Unidos. A lei especifica senadores, representantes do Congresso, eleitores do presidente e do vice (delegados do Colégio Eleitoral), mas não fala explicitamente do presidente. Há discussão é se o genérico “officer”, usado para descrever funcionários públicos e autoridades, compreende o chefe da Casa Branca.

Durante as suas intervenções, Jackson pareceu concordar com o argumento ao notar que “presidente” não está na lista de cargos descrita na lei. “Isso me deixa preocupada porque talvez eles não estivessem concentrados no presidente”, disse a juíza.

Donald Trump fala com a imprensa em Mar-a-Lago, Flórida, início do julgamento na Suprema Corte, 8 de fevereiro de 2024.  Foto: AP / Rebecca Blackwell

Reação de Trump

O ex-presidente Donald Trump não compareceu à audiência em Washington e falou rapidamente com a imprensa na mansão de Mar-a-Lago, Flórida, antes de viajar seguir para Las Vegas, onde participa do caucus de Nevada. “Você pode pegar a pessoa que está liderando em todos os lugares e dizer: ‘Ei, não vamos deixar você concorrer’. Sabe, acho que isso é muito difícil de fazer, mas vou deixar isso para a Suprema Corte”, disse ele.

Trump se colocou como vítima e negou que tenha feito qualquer coisa errada no dia 6 de janeiro. “Dê uma olhada nas minhas palavras”, disse ao descrever “muito bonitas e comoventes”, as mensagens que publicou no X (na época Twitter) - e que tem sido apontadas como evidência de que o então presidente teria incitado o ataque.

O republicano também negou que tenha sido uma insurreição e afirmou falsamente que “não havia armas, não havia nada”. No mês passado, contudo, o Departamento de Justiça dos EUA disse que 116 pessoas foram formalmente acusadas por entrar em área de acesso restrito com armas perigosas ou letais ao detalhar o avanço dos processos nos três anos ataque ao Capitólio.

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