Julgamento de Cristina Kirchner na Argentina acentua polarização a menos de um ano de eleição


Vice-presidente, de 69 anos, é acusada de conceder de forma fraudulenta contratos de obras públicas na província de Santa Cruz

Por Fernanda Simas
Atualização:

O julgamento da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nesta terça-feira, 6, promete mexer com as estruturas políticas da Argentina, num momento de instabilidade. A tendência, segundo analistas, é que a decisão da Justiça deve acirrar a polarização dos últimos anos entre os K (pró Cristina) e os AntiK (contra), ainda que sem mudanças significativas de cenários políticos para o ano eleitoral de 2023. A vice-presidente, de 69 anos, é acusada de conceder de forma fraudulenta contratos de obras públicas na província de Santa Cruz e o resultado de primeira instância será dado.

A condenação é muito provável e a própria vice-presidente já trabalha com essa hipótese, denunciando o uso político da Justiça no país. Cristina diz que está perante não de um tribunal constitucional, mas de um pelotão de fuzilamento midiático-judicial e sua condenação já está escrita.

“Estou certo de que ela está muito tranquila, sabe há três anos que sua condenação está escrita e esse é um passo lógico no caminho que os poderes demarcaram no caminho do processo de perseguição”, disse ao Estadão o deputado governista Rodolfo Tahilade, próximo à vice-presidente.

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Vice-presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, acena para apoiadores de uma sacada do Congresso em Buenos Aires em imagem de 23 de agosto deste ano Foto: Juan Mabromata / AFP

A procuradoria pede uma pena de 12 anos de prisão e a inabilitação política de exercer cargos públicos. Mas, mesmo se for condenada nesta terça, Cristina não será presa antes de uma decisão da Suprema Corte do país.

Movimentos sociais prometem uma grande paralisação em caso de condenação. Mas analistas políticos acreditam que o tamanho das manifestações vai depender do aceno político de Cristina. Se ela sair em público e pedir que as pessoas saiam às ruas, a reação pode ser imediata.

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“Não se sabe o que será decidido. De toda forma, se Cristina for condenada, isso vai impactar, mas ao mesmo tempo, não muda o clima da vida política na Argentina. Estamos em uma sociedade muito polarizada, como ocorre no Brasil, nos EUA, com ao menos ⅔ da população participando muito ativamente dessa polarização, a favor e contra o governo, o peronismo. Esses 60%, 70% da população mantêm suas posições apesar das notícias que saem”, explicou o analista político Andres Fidanza.

Opositores de Cristina Kirchner realizam manifestação em frente ao tribunal de Comodoro durante o julgamento em que a vice-presidente é acusada de corrupção, em imagem de 29 de novembro deste ano Foto: Luis Robayo / AFP

Preocupação com a economia

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Para Fidanza, a preocupação principal dos argentinos está com a situação econômica e é isso que deve direcionar as manifestações até o fim do ano. “O pulso social nas ruas está mais de acordo com o dia a dia, com a situação econômica, em particular a inflação. Isso está em primeiro plano”, disse.

O analista político Gustavo Marangoni acredita que o clima de polarização seguirá no país. “Aqueles que consideram que Cristina é vítima da perseguição e os que consideram que ela é culpada, continuarão pensando o mesmo e os indiferentes não devem mudar de opinião depois (da decisão)”,afirmou.

De toda forma, o uso político do caso é inevitável. “A vice-presidente vai dizer que é perseguida, falar da vinculação de juízes e procuradores com distintas figuras da oposição. Com certeza, haverá um uso político. Na oposição, vão usar a condenação”, disse Fidanza.

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Imagem de 18 de setembro de 2018 mostra Cristina Kirchner deixando tribunal federal em Buenos Aires após prestar depoimento à Justiça Foto: Eitan Abramovich / AFP

Entenda o caso

Santa Cruz é a província onde nasceu o ex-presidente e marido de Cristina, Néstor Kirchner, morto em 2010. Foi lá que Cristina iniciou sua carreira política.

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A província petroleira foi palco de muitas obras públicas. A Procuradoria acusa Cristina de comandar uma associação ilícita quando era presidente do país, entre 2007 e 2015, e favorecer o empresário Lázaro Báez - próximo de sua família - na concessão de licitações.

A vice-presidente nega as acusações. Dias depois de anunciar sua candidatura à vice-presidência, Cristina realizou uma intervenção virtual no processo que sofre desde maio de 2019. Em seu discurso, ela acusou os promotores de terem “inventado e deturpado” os fatos e garantiu que “ficou provado que eram falsos, que nem sequer existiram”.

O julgamento da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nesta terça-feira, 6, promete mexer com as estruturas políticas da Argentina, num momento de instabilidade. A tendência, segundo analistas, é que a decisão da Justiça deve acirrar a polarização dos últimos anos entre os K (pró Cristina) e os AntiK (contra), ainda que sem mudanças significativas de cenários políticos para o ano eleitoral de 2023. A vice-presidente, de 69 anos, é acusada de conceder de forma fraudulenta contratos de obras públicas na província de Santa Cruz e o resultado de primeira instância será dado.

A condenação é muito provável e a própria vice-presidente já trabalha com essa hipótese, denunciando o uso político da Justiça no país. Cristina diz que está perante não de um tribunal constitucional, mas de um pelotão de fuzilamento midiático-judicial e sua condenação já está escrita.

“Estou certo de que ela está muito tranquila, sabe há três anos que sua condenação está escrita e esse é um passo lógico no caminho que os poderes demarcaram no caminho do processo de perseguição”, disse ao Estadão o deputado governista Rodolfo Tahilade, próximo à vice-presidente.

Vice-presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, acena para apoiadores de uma sacada do Congresso em Buenos Aires em imagem de 23 de agosto deste ano Foto: Juan Mabromata / AFP

A procuradoria pede uma pena de 12 anos de prisão e a inabilitação política de exercer cargos públicos. Mas, mesmo se for condenada nesta terça, Cristina não será presa antes de uma decisão da Suprema Corte do país.

Movimentos sociais prometem uma grande paralisação em caso de condenação. Mas analistas políticos acreditam que o tamanho das manifestações vai depender do aceno político de Cristina. Se ela sair em público e pedir que as pessoas saiam às ruas, a reação pode ser imediata.

“Não se sabe o que será decidido. De toda forma, se Cristina for condenada, isso vai impactar, mas ao mesmo tempo, não muda o clima da vida política na Argentina. Estamos em uma sociedade muito polarizada, como ocorre no Brasil, nos EUA, com ao menos ⅔ da população participando muito ativamente dessa polarização, a favor e contra o governo, o peronismo. Esses 60%, 70% da população mantêm suas posições apesar das notícias que saem”, explicou o analista político Andres Fidanza.

Opositores de Cristina Kirchner realizam manifestação em frente ao tribunal de Comodoro durante o julgamento em que a vice-presidente é acusada de corrupção, em imagem de 29 de novembro deste ano Foto: Luis Robayo / AFP

Preocupação com a economia

Para Fidanza, a preocupação principal dos argentinos está com a situação econômica e é isso que deve direcionar as manifestações até o fim do ano. “O pulso social nas ruas está mais de acordo com o dia a dia, com a situação econômica, em particular a inflação. Isso está em primeiro plano”, disse.

O analista político Gustavo Marangoni acredita que o clima de polarização seguirá no país. “Aqueles que consideram que Cristina é vítima da perseguição e os que consideram que ela é culpada, continuarão pensando o mesmo e os indiferentes não devem mudar de opinião depois (da decisão)”,afirmou.

De toda forma, o uso político do caso é inevitável. “A vice-presidente vai dizer que é perseguida, falar da vinculação de juízes e procuradores com distintas figuras da oposição. Com certeza, haverá um uso político. Na oposição, vão usar a condenação”, disse Fidanza.

Imagem de 18 de setembro de 2018 mostra Cristina Kirchner deixando tribunal federal em Buenos Aires após prestar depoimento à Justiça Foto: Eitan Abramovich / AFP

Entenda o caso

Santa Cruz é a província onde nasceu o ex-presidente e marido de Cristina, Néstor Kirchner, morto em 2010. Foi lá que Cristina iniciou sua carreira política.

A província petroleira foi palco de muitas obras públicas. A Procuradoria acusa Cristina de comandar uma associação ilícita quando era presidente do país, entre 2007 e 2015, e favorecer o empresário Lázaro Báez - próximo de sua família - na concessão de licitações.

A vice-presidente nega as acusações. Dias depois de anunciar sua candidatura à vice-presidência, Cristina realizou uma intervenção virtual no processo que sofre desde maio de 2019. Em seu discurso, ela acusou os promotores de terem “inventado e deturpado” os fatos e garantiu que “ficou provado que eram falsos, que nem sequer existiram”.

O julgamento da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nesta terça-feira, 6, promete mexer com as estruturas políticas da Argentina, num momento de instabilidade. A tendência, segundo analistas, é que a decisão da Justiça deve acirrar a polarização dos últimos anos entre os K (pró Cristina) e os AntiK (contra), ainda que sem mudanças significativas de cenários políticos para o ano eleitoral de 2023. A vice-presidente, de 69 anos, é acusada de conceder de forma fraudulenta contratos de obras públicas na província de Santa Cruz e o resultado de primeira instância será dado.

A condenação é muito provável e a própria vice-presidente já trabalha com essa hipótese, denunciando o uso político da Justiça no país. Cristina diz que está perante não de um tribunal constitucional, mas de um pelotão de fuzilamento midiático-judicial e sua condenação já está escrita.

“Estou certo de que ela está muito tranquila, sabe há três anos que sua condenação está escrita e esse é um passo lógico no caminho que os poderes demarcaram no caminho do processo de perseguição”, disse ao Estadão o deputado governista Rodolfo Tahilade, próximo à vice-presidente.

Vice-presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, acena para apoiadores de uma sacada do Congresso em Buenos Aires em imagem de 23 de agosto deste ano Foto: Juan Mabromata / AFP

A procuradoria pede uma pena de 12 anos de prisão e a inabilitação política de exercer cargos públicos. Mas, mesmo se for condenada nesta terça, Cristina não será presa antes de uma decisão da Suprema Corte do país.

Movimentos sociais prometem uma grande paralisação em caso de condenação. Mas analistas políticos acreditam que o tamanho das manifestações vai depender do aceno político de Cristina. Se ela sair em público e pedir que as pessoas saiam às ruas, a reação pode ser imediata.

“Não se sabe o que será decidido. De toda forma, se Cristina for condenada, isso vai impactar, mas ao mesmo tempo, não muda o clima da vida política na Argentina. Estamos em uma sociedade muito polarizada, como ocorre no Brasil, nos EUA, com ao menos ⅔ da população participando muito ativamente dessa polarização, a favor e contra o governo, o peronismo. Esses 60%, 70% da população mantêm suas posições apesar das notícias que saem”, explicou o analista político Andres Fidanza.

Opositores de Cristina Kirchner realizam manifestação em frente ao tribunal de Comodoro durante o julgamento em que a vice-presidente é acusada de corrupção, em imagem de 29 de novembro deste ano Foto: Luis Robayo / AFP

Preocupação com a economia

Para Fidanza, a preocupação principal dos argentinos está com a situação econômica e é isso que deve direcionar as manifestações até o fim do ano. “O pulso social nas ruas está mais de acordo com o dia a dia, com a situação econômica, em particular a inflação. Isso está em primeiro plano”, disse.

O analista político Gustavo Marangoni acredita que o clima de polarização seguirá no país. “Aqueles que consideram que Cristina é vítima da perseguição e os que consideram que ela é culpada, continuarão pensando o mesmo e os indiferentes não devem mudar de opinião depois (da decisão)”,afirmou.

De toda forma, o uso político do caso é inevitável. “A vice-presidente vai dizer que é perseguida, falar da vinculação de juízes e procuradores com distintas figuras da oposição. Com certeza, haverá um uso político. Na oposição, vão usar a condenação”, disse Fidanza.

Imagem de 18 de setembro de 2018 mostra Cristina Kirchner deixando tribunal federal em Buenos Aires após prestar depoimento à Justiça Foto: Eitan Abramovich / AFP

Entenda o caso

Santa Cruz é a província onde nasceu o ex-presidente e marido de Cristina, Néstor Kirchner, morto em 2010. Foi lá que Cristina iniciou sua carreira política.

A província petroleira foi palco de muitas obras públicas. A Procuradoria acusa Cristina de comandar uma associação ilícita quando era presidente do país, entre 2007 e 2015, e favorecer o empresário Lázaro Báez - próximo de sua família - na concessão de licitações.

A vice-presidente nega as acusações. Dias depois de anunciar sua candidatura à vice-presidência, Cristina realizou uma intervenção virtual no processo que sofre desde maio de 2019. Em seu discurso, ela acusou os promotores de terem “inventado e deturpado” os fatos e garantiu que “ficou provado que eram falsos, que nem sequer existiram”.

O julgamento da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nesta terça-feira, 6, promete mexer com as estruturas políticas da Argentina, num momento de instabilidade. A tendência, segundo analistas, é que a decisão da Justiça deve acirrar a polarização dos últimos anos entre os K (pró Cristina) e os AntiK (contra), ainda que sem mudanças significativas de cenários políticos para o ano eleitoral de 2023. A vice-presidente, de 69 anos, é acusada de conceder de forma fraudulenta contratos de obras públicas na província de Santa Cruz e o resultado de primeira instância será dado.

A condenação é muito provável e a própria vice-presidente já trabalha com essa hipótese, denunciando o uso político da Justiça no país. Cristina diz que está perante não de um tribunal constitucional, mas de um pelotão de fuzilamento midiático-judicial e sua condenação já está escrita.

“Estou certo de que ela está muito tranquila, sabe há três anos que sua condenação está escrita e esse é um passo lógico no caminho que os poderes demarcaram no caminho do processo de perseguição”, disse ao Estadão o deputado governista Rodolfo Tahilade, próximo à vice-presidente.

Vice-presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, acena para apoiadores de uma sacada do Congresso em Buenos Aires em imagem de 23 de agosto deste ano Foto: Juan Mabromata / AFP

A procuradoria pede uma pena de 12 anos de prisão e a inabilitação política de exercer cargos públicos. Mas, mesmo se for condenada nesta terça, Cristina não será presa antes de uma decisão da Suprema Corte do país.

Movimentos sociais prometem uma grande paralisação em caso de condenação. Mas analistas políticos acreditam que o tamanho das manifestações vai depender do aceno político de Cristina. Se ela sair em público e pedir que as pessoas saiam às ruas, a reação pode ser imediata.

“Não se sabe o que será decidido. De toda forma, se Cristina for condenada, isso vai impactar, mas ao mesmo tempo, não muda o clima da vida política na Argentina. Estamos em uma sociedade muito polarizada, como ocorre no Brasil, nos EUA, com ao menos ⅔ da população participando muito ativamente dessa polarização, a favor e contra o governo, o peronismo. Esses 60%, 70% da população mantêm suas posições apesar das notícias que saem”, explicou o analista político Andres Fidanza.

Opositores de Cristina Kirchner realizam manifestação em frente ao tribunal de Comodoro durante o julgamento em que a vice-presidente é acusada de corrupção, em imagem de 29 de novembro deste ano Foto: Luis Robayo / AFP

Preocupação com a economia

Para Fidanza, a preocupação principal dos argentinos está com a situação econômica e é isso que deve direcionar as manifestações até o fim do ano. “O pulso social nas ruas está mais de acordo com o dia a dia, com a situação econômica, em particular a inflação. Isso está em primeiro plano”, disse.

O analista político Gustavo Marangoni acredita que o clima de polarização seguirá no país. “Aqueles que consideram que Cristina é vítima da perseguição e os que consideram que ela é culpada, continuarão pensando o mesmo e os indiferentes não devem mudar de opinião depois (da decisão)”,afirmou.

De toda forma, o uso político do caso é inevitável. “A vice-presidente vai dizer que é perseguida, falar da vinculação de juízes e procuradores com distintas figuras da oposição. Com certeza, haverá um uso político. Na oposição, vão usar a condenação”, disse Fidanza.

Imagem de 18 de setembro de 2018 mostra Cristina Kirchner deixando tribunal federal em Buenos Aires após prestar depoimento à Justiça Foto: Eitan Abramovich / AFP

Entenda o caso

Santa Cruz é a província onde nasceu o ex-presidente e marido de Cristina, Néstor Kirchner, morto em 2010. Foi lá que Cristina iniciou sua carreira política.

A província petroleira foi palco de muitas obras públicas. A Procuradoria acusa Cristina de comandar uma associação ilícita quando era presidente do país, entre 2007 e 2015, e favorecer o empresário Lázaro Báez - próximo de sua família - na concessão de licitações.

A vice-presidente nega as acusações. Dias depois de anunciar sua candidatura à vice-presidência, Cristina realizou uma intervenção virtual no processo que sofre desde maio de 2019. Em seu discurso, ela acusou os promotores de terem “inventado e deturpado” os fatos e garantiu que “ficou provado que eram falsos, que nem sequer existiram”.

O julgamento da vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, nesta terça-feira, 6, promete mexer com as estruturas políticas da Argentina, num momento de instabilidade. A tendência, segundo analistas, é que a decisão da Justiça deve acirrar a polarização dos últimos anos entre os K (pró Cristina) e os AntiK (contra), ainda que sem mudanças significativas de cenários políticos para o ano eleitoral de 2023. A vice-presidente, de 69 anos, é acusada de conceder de forma fraudulenta contratos de obras públicas na província de Santa Cruz e o resultado de primeira instância será dado.

A condenação é muito provável e a própria vice-presidente já trabalha com essa hipótese, denunciando o uso político da Justiça no país. Cristina diz que está perante não de um tribunal constitucional, mas de um pelotão de fuzilamento midiático-judicial e sua condenação já está escrita.

“Estou certo de que ela está muito tranquila, sabe há três anos que sua condenação está escrita e esse é um passo lógico no caminho que os poderes demarcaram no caminho do processo de perseguição”, disse ao Estadão o deputado governista Rodolfo Tahilade, próximo à vice-presidente.

Vice-presidente da Argentina, Cristina Fernandez de Kirchner, acena para apoiadores de uma sacada do Congresso em Buenos Aires em imagem de 23 de agosto deste ano Foto: Juan Mabromata / AFP

A procuradoria pede uma pena de 12 anos de prisão e a inabilitação política de exercer cargos públicos. Mas, mesmo se for condenada nesta terça, Cristina não será presa antes de uma decisão da Suprema Corte do país.

Movimentos sociais prometem uma grande paralisação em caso de condenação. Mas analistas políticos acreditam que o tamanho das manifestações vai depender do aceno político de Cristina. Se ela sair em público e pedir que as pessoas saiam às ruas, a reação pode ser imediata.

“Não se sabe o que será decidido. De toda forma, se Cristina for condenada, isso vai impactar, mas ao mesmo tempo, não muda o clima da vida política na Argentina. Estamos em uma sociedade muito polarizada, como ocorre no Brasil, nos EUA, com ao menos ⅔ da população participando muito ativamente dessa polarização, a favor e contra o governo, o peronismo. Esses 60%, 70% da população mantêm suas posições apesar das notícias que saem”, explicou o analista político Andres Fidanza.

Opositores de Cristina Kirchner realizam manifestação em frente ao tribunal de Comodoro durante o julgamento em que a vice-presidente é acusada de corrupção, em imagem de 29 de novembro deste ano Foto: Luis Robayo / AFP

Preocupação com a economia

Para Fidanza, a preocupação principal dos argentinos está com a situação econômica e é isso que deve direcionar as manifestações até o fim do ano. “O pulso social nas ruas está mais de acordo com o dia a dia, com a situação econômica, em particular a inflação. Isso está em primeiro plano”, disse.

O analista político Gustavo Marangoni acredita que o clima de polarização seguirá no país. “Aqueles que consideram que Cristina é vítima da perseguição e os que consideram que ela é culpada, continuarão pensando o mesmo e os indiferentes não devem mudar de opinião depois (da decisão)”,afirmou.

De toda forma, o uso político do caso é inevitável. “A vice-presidente vai dizer que é perseguida, falar da vinculação de juízes e procuradores com distintas figuras da oposição. Com certeza, haverá um uso político. Na oposição, vão usar a condenação”, disse Fidanza.

Imagem de 18 de setembro de 2018 mostra Cristina Kirchner deixando tribunal federal em Buenos Aires após prestar depoimento à Justiça Foto: Eitan Abramovich / AFP

Entenda o caso

Santa Cruz é a província onde nasceu o ex-presidente e marido de Cristina, Néstor Kirchner, morto em 2010. Foi lá que Cristina iniciou sua carreira política.

A província petroleira foi palco de muitas obras públicas. A Procuradoria acusa Cristina de comandar uma associação ilícita quando era presidente do país, entre 2007 e 2015, e favorecer o empresário Lázaro Báez - próximo de sua família - na concessão de licitações.

A vice-presidente nega as acusações. Dias depois de anunciar sua candidatura à vice-presidência, Cristina realizou uma intervenção virtual no processo que sofre desde maio de 2019. Em seu discurso, ela acusou os promotores de terem “inventado e deturpado” os fatos e garantiu que “ficou provado que eram falsos, que nem sequer existiram”.

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