Kamala ou Trump: como o resultado das eleições pode impactar a relação dos EUA com Ásia e Oceania


A China é o principal desafio para os EUA, mas próximo presidente americano ainda terá de lidar com a guerra no Oriente Médio e escalada de tensões entre as Coreias

Por Isabel Gomes

À medida que a corrida presidencial dos Estados Unidos se aproxima de seu fim, o mundo aguarda com crescente expectativa o desfecho das eleições. Na Ásia e na Oceania, a disputa entre Donald Trump e Kamala Harris pelo controle da Casa Branca em 2025 é observada com especial atenção, uma vez que as decisões da próxima administração terão repercussões significativas sobre a economia e a estabilidade desta região crítica.

A China é o grande protagonista desta novela. O país de Xi Jinping se destaca como o principal concorrente dos EUA na competição econômica e como um ator desafiador nas complexas questões de defesa de segurança, incluindo Taiwan e a Coreia do Sul. Soma-se a esse cenário a guerra em Gaza, onde as ações americanas podem ser decisivas para um cessar-fogo, bem como as ameaças representadas pelos programas nucleares do Irã e da Coreia do Norte.

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Uma administração Trump poderia intensificar pressões econômicas e adotar uma postura isolacionista, enquanto Kamala buscaria fortalecer parcerias regionais e equilibrar diálogo e pressão, evitando confrontos diretos com Pequim. Veja abaixo como as eleições dos Estados Unidos podem impactar alguns dos países da Ásia e da Oceania.

Na China, a competição é a mesma, mas com diferentes intensidades

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Lidar com a China é, e mais uma vez será, um dos principais desafios para o governo americano. Washington e Pequim travam uma luta feroz para conquistar pontos de estrangulamento em cadeias econômicas e, na geopolítica, a China é um ator estratégico na ameaça (ou controle, com negociações) para a estabilidade regional.

A competição estratégica, portanto, mais uma vez dará o tom para a relação bilateral. Durante a campanha, Donald Trump e Kamala Harris foram enfáticos, em diversas declarações, sobre suas ambições de “conter” a China. O que os difere neste caso é a intensidade desta contenção, explica Pedro Brites, professor da FGV que pesquisa as relações internacionais da Ásia.

O Projeto 2025, do qual o republicano tem tentado se desvencilhar, descreve o “comércio irrestrito com a China” como uma “catástrofe”. Já a campanha do Partido Democrata fala em uma abordagem “dura, mas inteligente” em relação à China. “Não nos desculparemos por recuar em relação às práticas comerciais injustas que prejudicam os trabalhadores americanos... mas não buscamos o conflito”, diz a plataforma democrata.

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Não é novidade que Trump tem uma política isolacionista. Contra a China, esse modo de agir se reverte em medidas mais duras comparada às das administrações de Joe Biden e Barack Obama. Segundo Brites, “Trump tem uma postura mais autônoma, utilizando sanções bilaterais para pressionar a China economicamente e exigindo mais comprometimento dos países asiáticos”.

Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen (2D), e o vice-diretor do Banco Popular da China, Xuan Changneng (centro E), realizam reunião do Grupo de Trabalho Financeiro no Departamento do Tesouro em Washington, 28 de outubro. Foto: Saul Loeb/AFP

O republicano propôs uma tarifa de 60% sobre os bens da China – e uma tarifa de até 20% sobre tudo o que os Estados Unidos importam. A ameaça ainda foi maior: em uma entrevista ao jornal Wall Street Journal, Trump disse que colocaria tarifas de 200% sobre os produtos chineses se a China “entrasse em Taiwan”.

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Por outro lado, Kamala provavelmente dará continuidade à abordagem de Biden, apostando em acordos militares com parceiros da região e em um equilíbrio entre momentos de pressão e diálogo. “A estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos em 2022, lançada no governo Biden, deixa claro que a China é o principal objetivo competitivo, mas algum nível de engajamento é preciso’”, ressalta o especialista.

Diferentemente de Trump, governo democrata tem tentado direcionar suas táticas para setores mais estratégicos, como renováveis ou semicondutores. Em maio, Biden aumentou as tarifas sobre 14 categorias de importações da China, incluindo aço e alumínio, veículos elétricos e chips de computador.

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Independentemente do governo, Xi Jinping deverá tentar acordos e defender uma abordagem menos hostil dos EUA em relação à China. Mas um governo Trump poderia despertar a intenção de Pequim de testar a disposição dos EUA em apoiar aliados, como apontou Bonny Lin no relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) sobre o impacto das eleições americanas para o mundo.

“Se Trump vencer, pode haver mais incentivos para a China ser oportunista e testar os Estados Unidos antes de sua posse. A China poderia, por exemplo, aumentar significativa e temporariamente o comportamento coercitivo no Mar da China Meridional ou no Estreito de Taiwan”, escreveu Lin.

Taiwan: defesa ampliada ou incerteza estratégica

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A apenas cerca de 160 quilômetros da China, está Taiwan, a ilha reivindicada pelo governo de Xi Jinping, que repetidamente ameaça invadir o território. Para defesa de sua autonomia, Taiwan vê a aliança com os Estados Unidos como essencial — a legislação americana, desde 1979, prevê que os EUA ajudem a manter a estabilidade no Pacífico Ocidental e mantenham relações com Taiwan.

Neste sentido, Kamala é vista como uma defensora de Taiwan no contexto de alianças regionais. “A Kamala tem pensado na ideia de defesa de Taiwan dentro de um contexto mais amplo de arranjos regionais de segurança”, aponta Brites.

Dando continuidade aos planos de Biden, Kamala buscaria fortalecer parcerias com aliados da Ásia e Oceania, promovendo a cooperação multilateral para contrabalançar a influência da China sem provocar confrontos diretos.

Frame de vídeo divulgado pela Guarda Costeira de Taiwan mostra barco da Guarda Costeira da China passando perto da costa das ilhas Matsu, Taiwan. Foto: Costa de Taiwan Guarda via AP

Mas para a democrata, talvez este seja o limite. Embora Biden já tenha afirmado que os EUA defenderiam Taiwan em caso de uma invasão, Kamala afirmou que “não entraria em hipóteses” quando questionada sobre o mesmo tema, limitando-se a dizer que “haverá consequências econômicas reais” para China se ela invadir Taiwan.

Trump, por sua vez, oferece maior imprevisibilidade. Não se sabe até que ponto o republicano defenderia as reivindicações da China ou estaria disposto a negociar com Pequim sobre Taiwan. “A abordagem de Trump é o que chamamos de incerteza estratégica”, comenta Brites. “Ao mesmo tempo que ele aumenta pressões sobre a China, exige que Taiwan e Japão assumam mais responsabilidades com a própria segurança.”

Quando estava na Casa Branca, Trump aumentou as vendas de armas para Taiwan, com o valor recorde de quase US$ 18 bilhões em vendas notificadas ao Congresso, segundo o grupo de pesquisa Brookings, de Washington. Mesmo assim, seguindo a lógica de sua política “America First”, o republicano manifestou várias vezes ceticismo do quão benéfico era para os Estados Unidos seguir apoiando Taiwan. Esse ceticismo, caso reeleito, poderia se repetir.

O que poderia entrar em jogo em apoio à Taiwan no governo do republicano seria a pressão econômica que o ex-presidente retomaria contra a China, possivelmente usada como uma ferramenta de persuasão para evitar uma invasão a Taiwan. Em uma entrevista ao The Wall Street Journal, Trump disse que “não precisaria” usar força militar contra a China porque o líder Xi Jinping “me respeita e sabe que sou louco”.

A imprevisibilidade da Península Coreana

A Península Coreana é, provavelmente, a região da Ásia com maiores pontos de divergência entre os dois candidatos e que, portanto, corre o risco de uma grande virada de cenário caso Trump vença as eleições. Hoje, conforme explica Brites, o governo democrata segue uma “paciência estratégica”, evitando negociações diretas com a Coreia do Norte e focando em articulações regionais para pressionar o regime norte-coreano, principalmente na tríplice EUA-Coreia do Sul-Japão. Kamala provavelmente permaneceria neste caminho.

Já Trump, por sua vez, embora já tenha trocado farpas com Kim Jong-un, encerrou seu mandato com uma certa proximidade diplomática com o ditador norte-coreano. O republicano chegou a dizer durante um comício que Kim gostaria de vê-lo de volta ao cargo e que o norte-coreano “sente falta” de Trump.

Por outro lado, com a Coreia do Sul, Trump não mantém uma postura tão amigável quanto a gestão Biden-Kamala. Seul tem um superávit comercial de US$ 44,5 bilhões com os Estados Unidos e, quando presidente, Trump afirmou que o gasto com defesa da Coreia do Sul era insuficiente, exigindo que a contribuição aumentasse em cinco vezes. Não é difícil imaginar, portanto, que Seul seria alvo de novas rusgas com Trump, caso reeleito.

A principal prioridade para o próximo governo dos EUA é interromper, se não reverter, o progresso nos programas nucleares e de armas do regime norte-coreano, e qualquer acordo nuclear parece pouco provável independente de quem vencer as eleições. Mas Trump parece estar mais disposto a negociar com Kim que, por sua vez, costuma usar o programa nuclear como moeda de Barganha, conforme pontua Brites, e Pyongyang poderia usar isso a seu favor.

Trump, em abril de 2018, encontrou-se com Kim Jong-Un em Singapura. Foto: AP Photo/Evan Vucci, arquivo

“Se eventualmente a Coreia do Norte tivesse uma outra chance de fazer um encontro de cúpula presidencial com os Estados Unidos e tivesse que interromper o seu programa (para isso), eles provavelmente fariam, para poder ter visibilidade ou para poder avançar em alguma outra área de interesse”, avalia o especialista.

O segundo ano de guerra no Oriente Médio

No Oriente Médio, o foco do governo americano será o segundo ano da guerra em Gaza. Trump critica duramente a atual política de Biden e Kamala para o Oriente Médio, defendendo uma postura de apoio incondicional a Israel. Ele se opõe a uma solução de dois Estados neste momento, classificando o recente ataque do Hamas como um empecilho para qualquer negociação pacífica.

Na questão iraniana, o republicano reafirma a necessidade de retomar sanções econômicas mais severas. Em 2018, Trump desfez o acordo nuclear iraniano, assinado durante o governo Obama, argumentando que ele era “fraco” e inadequado para conter o poderio militar e nuclear do Irã. Essa ruptura levou à imposição de sanções severas, visando enfraquecer a economia iraniana e limitar o financiamento de grupos armados aliados do Irã no Oriente Médio.

Apesar de rusgas passadas, Trump também parece ter caminhos mais abertos com Netanyahu, que tem dado menos ouvido aos apelos de Biden por um cessar-fogo, e isso pode ser estratégico. No relatório do CSIS sobre o impacto das eleições, Jon B. Alterman escreveu: “Alguns argumentam que Netanyahu está tentando esperar Biden, na esperança de que uma presidência de Trump crie menos pressões por concessões às aspirações nacionais palestinas. Alguns até acusam Netanyahu de estar fazendo o que pode para criar esse resultado.”

Vice-presidente Kamala Harris e primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu em um encontro em Washington em julho. Foto: Roberto Schmidt/AFP

Kamala, por sua vez, defende o direito de defesa de Israel, embora a democrata tenha pressionado Binyamin Netanyahu por um cessar-fogo. Comparada ao governo Biden, a vice-presidente, contudo, deverá ser mais pressionada, aponta Cristina Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“A Kamala, se eleita, seria mais suscetível a pressões de uma grande parte da comunidade árabe muçulmana para dar menos apoio a Israel”, diz a especialista. Neste sentido, embora seja improvável que uma administração de Kamala tenha alguma mudança brusca em relação à postura de Biden, ela provavelmente adotaria outro tom para tratar da guerra.

Na Oceania, Austrália tenta fortalecer AUKUS

Tratando-se da Oceania, o ator mais importante em relações bilaterais com os Estados Unidos é a Austrália com quem, desde 2021, o país mantém o acordo AUKUS, juntamente do Reino Unido. Com Kamala, a relação EUA-Austrália provavelmente se concentrará em fortalecer a cooperação multilateral e aprofundar alianças diplomáticas e comerciais na região. A Austrália, nesse cenário, busca garantir o fortalecimento dessa aliança estratégica.

Sob uma administração Trump, o cenário para a Austrália seria mais pragmático e transacional, possivelmente reduzindo a previsibilidade no suporte americano a longo prazo. Ainda assim, Trump deve manter o interesse no AUKUS e nas questões de segurança no Indo-Pacífico, mas espera-se uma maior ênfase na independência dos aliados, incentivando a Austrália a ampliar suas capacidades de defesa de forma mais autônoma.

À medida que a corrida presidencial dos Estados Unidos se aproxima de seu fim, o mundo aguarda com crescente expectativa o desfecho das eleições. Na Ásia e na Oceania, a disputa entre Donald Trump e Kamala Harris pelo controle da Casa Branca em 2025 é observada com especial atenção, uma vez que as decisões da próxima administração terão repercussões significativas sobre a economia e a estabilidade desta região crítica.

A China é o grande protagonista desta novela. O país de Xi Jinping se destaca como o principal concorrente dos EUA na competição econômica e como um ator desafiador nas complexas questões de defesa de segurança, incluindo Taiwan e a Coreia do Sul. Soma-se a esse cenário a guerra em Gaza, onde as ações americanas podem ser decisivas para um cessar-fogo, bem como as ameaças representadas pelos programas nucleares do Irã e da Coreia do Norte.

Uma administração Trump poderia intensificar pressões econômicas e adotar uma postura isolacionista, enquanto Kamala buscaria fortalecer parcerias regionais e equilibrar diálogo e pressão, evitando confrontos diretos com Pequim. Veja abaixo como as eleições dos Estados Unidos podem impactar alguns dos países da Ásia e da Oceania.

Na China, a competição é a mesma, mas com diferentes intensidades

Lidar com a China é, e mais uma vez será, um dos principais desafios para o governo americano. Washington e Pequim travam uma luta feroz para conquistar pontos de estrangulamento em cadeias econômicas e, na geopolítica, a China é um ator estratégico na ameaça (ou controle, com negociações) para a estabilidade regional.

A competição estratégica, portanto, mais uma vez dará o tom para a relação bilateral. Durante a campanha, Donald Trump e Kamala Harris foram enfáticos, em diversas declarações, sobre suas ambições de “conter” a China. O que os difere neste caso é a intensidade desta contenção, explica Pedro Brites, professor da FGV que pesquisa as relações internacionais da Ásia.

O Projeto 2025, do qual o republicano tem tentado se desvencilhar, descreve o “comércio irrestrito com a China” como uma “catástrofe”. Já a campanha do Partido Democrata fala em uma abordagem “dura, mas inteligente” em relação à China. “Não nos desculparemos por recuar em relação às práticas comerciais injustas que prejudicam os trabalhadores americanos... mas não buscamos o conflito”, diz a plataforma democrata.

Não é novidade que Trump tem uma política isolacionista. Contra a China, esse modo de agir se reverte em medidas mais duras comparada às das administrações de Joe Biden e Barack Obama. Segundo Brites, “Trump tem uma postura mais autônoma, utilizando sanções bilaterais para pressionar a China economicamente e exigindo mais comprometimento dos países asiáticos”.

Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen (2D), e o vice-diretor do Banco Popular da China, Xuan Changneng (centro E), realizam reunião do Grupo de Trabalho Financeiro no Departamento do Tesouro em Washington, 28 de outubro. Foto: Saul Loeb/AFP

O republicano propôs uma tarifa de 60% sobre os bens da China – e uma tarifa de até 20% sobre tudo o que os Estados Unidos importam. A ameaça ainda foi maior: em uma entrevista ao jornal Wall Street Journal, Trump disse que colocaria tarifas de 200% sobre os produtos chineses se a China “entrasse em Taiwan”.

Por outro lado, Kamala provavelmente dará continuidade à abordagem de Biden, apostando em acordos militares com parceiros da região e em um equilíbrio entre momentos de pressão e diálogo. “A estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos em 2022, lançada no governo Biden, deixa claro que a China é o principal objetivo competitivo, mas algum nível de engajamento é preciso’”, ressalta o especialista.

Diferentemente de Trump, governo democrata tem tentado direcionar suas táticas para setores mais estratégicos, como renováveis ou semicondutores. Em maio, Biden aumentou as tarifas sobre 14 categorias de importações da China, incluindo aço e alumínio, veículos elétricos e chips de computador.

Independentemente do governo, Xi Jinping deverá tentar acordos e defender uma abordagem menos hostil dos EUA em relação à China. Mas um governo Trump poderia despertar a intenção de Pequim de testar a disposição dos EUA em apoiar aliados, como apontou Bonny Lin no relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) sobre o impacto das eleições americanas para o mundo.

“Se Trump vencer, pode haver mais incentivos para a China ser oportunista e testar os Estados Unidos antes de sua posse. A China poderia, por exemplo, aumentar significativa e temporariamente o comportamento coercitivo no Mar da China Meridional ou no Estreito de Taiwan”, escreveu Lin.

Taiwan: defesa ampliada ou incerteza estratégica

A apenas cerca de 160 quilômetros da China, está Taiwan, a ilha reivindicada pelo governo de Xi Jinping, que repetidamente ameaça invadir o território. Para defesa de sua autonomia, Taiwan vê a aliança com os Estados Unidos como essencial — a legislação americana, desde 1979, prevê que os EUA ajudem a manter a estabilidade no Pacífico Ocidental e mantenham relações com Taiwan.

Neste sentido, Kamala é vista como uma defensora de Taiwan no contexto de alianças regionais. “A Kamala tem pensado na ideia de defesa de Taiwan dentro de um contexto mais amplo de arranjos regionais de segurança”, aponta Brites.

Dando continuidade aos planos de Biden, Kamala buscaria fortalecer parcerias com aliados da Ásia e Oceania, promovendo a cooperação multilateral para contrabalançar a influência da China sem provocar confrontos diretos.

Frame de vídeo divulgado pela Guarda Costeira de Taiwan mostra barco da Guarda Costeira da China passando perto da costa das ilhas Matsu, Taiwan. Foto: Costa de Taiwan Guarda via AP

Mas para a democrata, talvez este seja o limite. Embora Biden já tenha afirmado que os EUA defenderiam Taiwan em caso de uma invasão, Kamala afirmou que “não entraria em hipóteses” quando questionada sobre o mesmo tema, limitando-se a dizer que “haverá consequências econômicas reais” para China se ela invadir Taiwan.

Trump, por sua vez, oferece maior imprevisibilidade. Não se sabe até que ponto o republicano defenderia as reivindicações da China ou estaria disposto a negociar com Pequim sobre Taiwan. “A abordagem de Trump é o que chamamos de incerteza estratégica”, comenta Brites. “Ao mesmo tempo que ele aumenta pressões sobre a China, exige que Taiwan e Japão assumam mais responsabilidades com a própria segurança.”

Quando estava na Casa Branca, Trump aumentou as vendas de armas para Taiwan, com o valor recorde de quase US$ 18 bilhões em vendas notificadas ao Congresso, segundo o grupo de pesquisa Brookings, de Washington. Mesmo assim, seguindo a lógica de sua política “America First”, o republicano manifestou várias vezes ceticismo do quão benéfico era para os Estados Unidos seguir apoiando Taiwan. Esse ceticismo, caso reeleito, poderia se repetir.

O que poderia entrar em jogo em apoio à Taiwan no governo do republicano seria a pressão econômica que o ex-presidente retomaria contra a China, possivelmente usada como uma ferramenta de persuasão para evitar uma invasão a Taiwan. Em uma entrevista ao The Wall Street Journal, Trump disse que “não precisaria” usar força militar contra a China porque o líder Xi Jinping “me respeita e sabe que sou louco”.

A imprevisibilidade da Península Coreana

A Península Coreana é, provavelmente, a região da Ásia com maiores pontos de divergência entre os dois candidatos e que, portanto, corre o risco de uma grande virada de cenário caso Trump vença as eleições. Hoje, conforme explica Brites, o governo democrata segue uma “paciência estratégica”, evitando negociações diretas com a Coreia do Norte e focando em articulações regionais para pressionar o regime norte-coreano, principalmente na tríplice EUA-Coreia do Sul-Japão. Kamala provavelmente permaneceria neste caminho.

Já Trump, por sua vez, embora já tenha trocado farpas com Kim Jong-un, encerrou seu mandato com uma certa proximidade diplomática com o ditador norte-coreano. O republicano chegou a dizer durante um comício que Kim gostaria de vê-lo de volta ao cargo e que o norte-coreano “sente falta” de Trump.

Por outro lado, com a Coreia do Sul, Trump não mantém uma postura tão amigável quanto a gestão Biden-Kamala. Seul tem um superávit comercial de US$ 44,5 bilhões com os Estados Unidos e, quando presidente, Trump afirmou que o gasto com defesa da Coreia do Sul era insuficiente, exigindo que a contribuição aumentasse em cinco vezes. Não é difícil imaginar, portanto, que Seul seria alvo de novas rusgas com Trump, caso reeleito.

A principal prioridade para o próximo governo dos EUA é interromper, se não reverter, o progresso nos programas nucleares e de armas do regime norte-coreano, e qualquer acordo nuclear parece pouco provável independente de quem vencer as eleições. Mas Trump parece estar mais disposto a negociar com Kim que, por sua vez, costuma usar o programa nuclear como moeda de Barganha, conforme pontua Brites, e Pyongyang poderia usar isso a seu favor.

Trump, em abril de 2018, encontrou-se com Kim Jong-Un em Singapura. Foto: AP Photo/Evan Vucci, arquivo

“Se eventualmente a Coreia do Norte tivesse uma outra chance de fazer um encontro de cúpula presidencial com os Estados Unidos e tivesse que interromper o seu programa (para isso), eles provavelmente fariam, para poder ter visibilidade ou para poder avançar em alguma outra área de interesse”, avalia o especialista.

O segundo ano de guerra no Oriente Médio

No Oriente Médio, o foco do governo americano será o segundo ano da guerra em Gaza. Trump critica duramente a atual política de Biden e Kamala para o Oriente Médio, defendendo uma postura de apoio incondicional a Israel. Ele se opõe a uma solução de dois Estados neste momento, classificando o recente ataque do Hamas como um empecilho para qualquer negociação pacífica.

Na questão iraniana, o republicano reafirma a necessidade de retomar sanções econômicas mais severas. Em 2018, Trump desfez o acordo nuclear iraniano, assinado durante o governo Obama, argumentando que ele era “fraco” e inadequado para conter o poderio militar e nuclear do Irã. Essa ruptura levou à imposição de sanções severas, visando enfraquecer a economia iraniana e limitar o financiamento de grupos armados aliados do Irã no Oriente Médio.

Apesar de rusgas passadas, Trump também parece ter caminhos mais abertos com Netanyahu, que tem dado menos ouvido aos apelos de Biden por um cessar-fogo, e isso pode ser estratégico. No relatório do CSIS sobre o impacto das eleições, Jon B. Alterman escreveu: “Alguns argumentam que Netanyahu está tentando esperar Biden, na esperança de que uma presidência de Trump crie menos pressões por concessões às aspirações nacionais palestinas. Alguns até acusam Netanyahu de estar fazendo o que pode para criar esse resultado.”

Vice-presidente Kamala Harris e primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu em um encontro em Washington em julho. Foto: Roberto Schmidt/AFP

Kamala, por sua vez, defende o direito de defesa de Israel, embora a democrata tenha pressionado Binyamin Netanyahu por um cessar-fogo. Comparada ao governo Biden, a vice-presidente, contudo, deverá ser mais pressionada, aponta Cristina Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“A Kamala, se eleita, seria mais suscetível a pressões de uma grande parte da comunidade árabe muçulmana para dar menos apoio a Israel”, diz a especialista. Neste sentido, embora seja improvável que uma administração de Kamala tenha alguma mudança brusca em relação à postura de Biden, ela provavelmente adotaria outro tom para tratar da guerra.

Na Oceania, Austrália tenta fortalecer AUKUS

Tratando-se da Oceania, o ator mais importante em relações bilaterais com os Estados Unidos é a Austrália com quem, desde 2021, o país mantém o acordo AUKUS, juntamente do Reino Unido. Com Kamala, a relação EUA-Austrália provavelmente se concentrará em fortalecer a cooperação multilateral e aprofundar alianças diplomáticas e comerciais na região. A Austrália, nesse cenário, busca garantir o fortalecimento dessa aliança estratégica.

Sob uma administração Trump, o cenário para a Austrália seria mais pragmático e transacional, possivelmente reduzindo a previsibilidade no suporte americano a longo prazo. Ainda assim, Trump deve manter o interesse no AUKUS e nas questões de segurança no Indo-Pacífico, mas espera-se uma maior ênfase na independência dos aliados, incentivando a Austrália a ampliar suas capacidades de defesa de forma mais autônoma.

À medida que a corrida presidencial dos Estados Unidos se aproxima de seu fim, o mundo aguarda com crescente expectativa o desfecho das eleições. Na Ásia e na Oceania, a disputa entre Donald Trump e Kamala Harris pelo controle da Casa Branca em 2025 é observada com especial atenção, uma vez que as decisões da próxima administração terão repercussões significativas sobre a economia e a estabilidade desta região crítica.

A China é o grande protagonista desta novela. O país de Xi Jinping se destaca como o principal concorrente dos EUA na competição econômica e como um ator desafiador nas complexas questões de defesa de segurança, incluindo Taiwan e a Coreia do Sul. Soma-se a esse cenário a guerra em Gaza, onde as ações americanas podem ser decisivas para um cessar-fogo, bem como as ameaças representadas pelos programas nucleares do Irã e da Coreia do Norte.

Uma administração Trump poderia intensificar pressões econômicas e adotar uma postura isolacionista, enquanto Kamala buscaria fortalecer parcerias regionais e equilibrar diálogo e pressão, evitando confrontos diretos com Pequim. Veja abaixo como as eleições dos Estados Unidos podem impactar alguns dos países da Ásia e da Oceania.

Na China, a competição é a mesma, mas com diferentes intensidades

Lidar com a China é, e mais uma vez será, um dos principais desafios para o governo americano. Washington e Pequim travam uma luta feroz para conquistar pontos de estrangulamento em cadeias econômicas e, na geopolítica, a China é um ator estratégico na ameaça (ou controle, com negociações) para a estabilidade regional.

A competição estratégica, portanto, mais uma vez dará o tom para a relação bilateral. Durante a campanha, Donald Trump e Kamala Harris foram enfáticos, em diversas declarações, sobre suas ambições de “conter” a China. O que os difere neste caso é a intensidade desta contenção, explica Pedro Brites, professor da FGV que pesquisa as relações internacionais da Ásia.

O Projeto 2025, do qual o republicano tem tentado se desvencilhar, descreve o “comércio irrestrito com a China” como uma “catástrofe”. Já a campanha do Partido Democrata fala em uma abordagem “dura, mas inteligente” em relação à China. “Não nos desculparemos por recuar em relação às práticas comerciais injustas que prejudicam os trabalhadores americanos... mas não buscamos o conflito”, diz a plataforma democrata.

Não é novidade que Trump tem uma política isolacionista. Contra a China, esse modo de agir se reverte em medidas mais duras comparada às das administrações de Joe Biden e Barack Obama. Segundo Brites, “Trump tem uma postura mais autônoma, utilizando sanções bilaterais para pressionar a China economicamente e exigindo mais comprometimento dos países asiáticos”.

Secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen (2D), e o vice-diretor do Banco Popular da China, Xuan Changneng (centro E), realizam reunião do Grupo de Trabalho Financeiro no Departamento do Tesouro em Washington, 28 de outubro. Foto: Saul Loeb/AFP

O republicano propôs uma tarifa de 60% sobre os bens da China – e uma tarifa de até 20% sobre tudo o que os Estados Unidos importam. A ameaça ainda foi maior: em uma entrevista ao jornal Wall Street Journal, Trump disse que colocaria tarifas de 200% sobre os produtos chineses se a China “entrasse em Taiwan”.

Por outro lado, Kamala provavelmente dará continuidade à abordagem de Biden, apostando em acordos militares com parceiros da região e em um equilíbrio entre momentos de pressão e diálogo. “A estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos em 2022, lançada no governo Biden, deixa claro que a China é o principal objetivo competitivo, mas algum nível de engajamento é preciso’”, ressalta o especialista.

Diferentemente de Trump, governo democrata tem tentado direcionar suas táticas para setores mais estratégicos, como renováveis ou semicondutores. Em maio, Biden aumentou as tarifas sobre 14 categorias de importações da China, incluindo aço e alumínio, veículos elétricos e chips de computador.

Independentemente do governo, Xi Jinping deverá tentar acordos e defender uma abordagem menos hostil dos EUA em relação à China. Mas um governo Trump poderia despertar a intenção de Pequim de testar a disposição dos EUA em apoiar aliados, como apontou Bonny Lin no relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) sobre o impacto das eleições americanas para o mundo.

“Se Trump vencer, pode haver mais incentivos para a China ser oportunista e testar os Estados Unidos antes de sua posse. A China poderia, por exemplo, aumentar significativa e temporariamente o comportamento coercitivo no Mar da China Meridional ou no Estreito de Taiwan”, escreveu Lin.

Taiwan: defesa ampliada ou incerteza estratégica

A apenas cerca de 160 quilômetros da China, está Taiwan, a ilha reivindicada pelo governo de Xi Jinping, que repetidamente ameaça invadir o território. Para defesa de sua autonomia, Taiwan vê a aliança com os Estados Unidos como essencial — a legislação americana, desde 1979, prevê que os EUA ajudem a manter a estabilidade no Pacífico Ocidental e mantenham relações com Taiwan.

Neste sentido, Kamala é vista como uma defensora de Taiwan no contexto de alianças regionais. “A Kamala tem pensado na ideia de defesa de Taiwan dentro de um contexto mais amplo de arranjos regionais de segurança”, aponta Brites.

Dando continuidade aos planos de Biden, Kamala buscaria fortalecer parcerias com aliados da Ásia e Oceania, promovendo a cooperação multilateral para contrabalançar a influência da China sem provocar confrontos diretos.

Frame de vídeo divulgado pela Guarda Costeira de Taiwan mostra barco da Guarda Costeira da China passando perto da costa das ilhas Matsu, Taiwan. Foto: Costa de Taiwan Guarda via AP

Mas para a democrata, talvez este seja o limite. Embora Biden já tenha afirmado que os EUA defenderiam Taiwan em caso de uma invasão, Kamala afirmou que “não entraria em hipóteses” quando questionada sobre o mesmo tema, limitando-se a dizer que “haverá consequências econômicas reais” para China se ela invadir Taiwan.

Trump, por sua vez, oferece maior imprevisibilidade. Não se sabe até que ponto o republicano defenderia as reivindicações da China ou estaria disposto a negociar com Pequim sobre Taiwan. “A abordagem de Trump é o que chamamos de incerteza estratégica”, comenta Brites. “Ao mesmo tempo que ele aumenta pressões sobre a China, exige que Taiwan e Japão assumam mais responsabilidades com a própria segurança.”

Quando estava na Casa Branca, Trump aumentou as vendas de armas para Taiwan, com o valor recorde de quase US$ 18 bilhões em vendas notificadas ao Congresso, segundo o grupo de pesquisa Brookings, de Washington. Mesmo assim, seguindo a lógica de sua política “America First”, o republicano manifestou várias vezes ceticismo do quão benéfico era para os Estados Unidos seguir apoiando Taiwan. Esse ceticismo, caso reeleito, poderia se repetir.

O que poderia entrar em jogo em apoio à Taiwan no governo do republicano seria a pressão econômica que o ex-presidente retomaria contra a China, possivelmente usada como uma ferramenta de persuasão para evitar uma invasão a Taiwan. Em uma entrevista ao The Wall Street Journal, Trump disse que “não precisaria” usar força militar contra a China porque o líder Xi Jinping “me respeita e sabe que sou louco”.

A imprevisibilidade da Península Coreana

A Península Coreana é, provavelmente, a região da Ásia com maiores pontos de divergência entre os dois candidatos e que, portanto, corre o risco de uma grande virada de cenário caso Trump vença as eleições. Hoje, conforme explica Brites, o governo democrata segue uma “paciência estratégica”, evitando negociações diretas com a Coreia do Norte e focando em articulações regionais para pressionar o regime norte-coreano, principalmente na tríplice EUA-Coreia do Sul-Japão. Kamala provavelmente permaneceria neste caminho.

Já Trump, por sua vez, embora já tenha trocado farpas com Kim Jong-un, encerrou seu mandato com uma certa proximidade diplomática com o ditador norte-coreano. O republicano chegou a dizer durante um comício que Kim gostaria de vê-lo de volta ao cargo e que o norte-coreano “sente falta” de Trump.

Por outro lado, com a Coreia do Sul, Trump não mantém uma postura tão amigável quanto a gestão Biden-Kamala. Seul tem um superávit comercial de US$ 44,5 bilhões com os Estados Unidos e, quando presidente, Trump afirmou que o gasto com defesa da Coreia do Sul era insuficiente, exigindo que a contribuição aumentasse em cinco vezes. Não é difícil imaginar, portanto, que Seul seria alvo de novas rusgas com Trump, caso reeleito.

A principal prioridade para o próximo governo dos EUA é interromper, se não reverter, o progresso nos programas nucleares e de armas do regime norte-coreano, e qualquer acordo nuclear parece pouco provável independente de quem vencer as eleições. Mas Trump parece estar mais disposto a negociar com Kim que, por sua vez, costuma usar o programa nuclear como moeda de Barganha, conforme pontua Brites, e Pyongyang poderia usar isso a seu favor.

Trump, em abril de 2018, encontrou-se com Kim Jong-Un em Singapura. Foto: AP Photo/Evan Vucci, arquivo

“Se eventualmente a Coreia do Norte tivesse uma outra chance de fazer um encontro de cúpula presidencial com os Estados Unidos e tivesse que interromper o seu programa (para isso), eles provavelmente fariam, para poder ter visibilidade ou para poder avançar em alguma outra área de interesse”, avalia o especialista.

O segundo ano de guerra no Oriente Médio

No Oriente Médio, o foco do governo americano será o segundo ano da guerra em Gaza. Trump critica duramente a atual política de Biden e Kamala para o Oriente Médio, defendendo uma postura de apoio incondicional a Israel. Ele se opõe a uma solução de dois Estados neste momento, classificando o recente ataque do Hamas como um empecilho para qualquer negociação pacífica.

Na questão iraniana, o republicano reafirma a necessidade de retomar sanções econômicas mais severas. Em 2018, Trump desfez o acordo nuclear iraniano, assinado durante o governo Obama, argumentando que ele era “fraco” e inadequado para conter o poderio militar e nuclear do Irã. Essa ruptura levou à imposição de sanções severas, visando enfraquecer a economia iraniana e limitar o financiamento de grupos armados aliados do Irã no Oriente Médio.

Apesar de rusgas passadas, Trump também parece ter caminhos mais abertos com Netanyahu, que tem dado menos ouvido aos apelos de Biden por um cessar-fogo, e isso pode ser estratégico. No relatório do CSIS sobre o impacto das eleições, Jon B. Alterman escreveu: “Alguns argumentam que Netanyahu está tentando esperar Biden, na esperança de que uma presidência de Trump crie menos pressões por concessões às aspirações nacionais palestinas. Alguns até acusam Netanyahu de estar fazendo o que pode para criar esse resultado.”

Vice-presidente Kamala Harris e primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu em um encontro em Washington em julho. Foto: Roberto Schmidt/AFP

Kamala, por sua vez, defende o direito de defesa de Israel, embora a democrata tenha pressionado Binyamin Netanyahu por um cessar-fogo. Comparada ao governo Biden, a vice-presidente, contudo, deverá ser mais pressionada, aponta Cristina Pecequilo, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

“A Kamala, se eleita, seria mais suscetível a pressões de uma grande parte da comunidade árabe muçulmana para dar menos apoio a Israel”, diz a especialista. Neste sentido, embora seja improvável que uma administração de Kamala tenha alguma mudança brusca em relação à postura de Biden, ela provavelmente adotaria outro tom para tratar da guerra.

Na Oceania, Austrália tenta fortalecer AUKUS

Tratando-se da Oceania, o ator mais importante em relações bilaterais com os Estados Unidos é a Austrália com quem, desde 2021, o país mantém o acordo AUKUS, juntamente do Reino Unido. Com Kamala, a relação EUA-Austrália provavelmente se concentrará em fortalecer a cooperação multilateral e aprofundar alianças diplomáticas e comerciais na região. A Austrália, nesse cenário, busca garantir o fortalecimento dessa aliança estratégica.

Sob uma administração Trump, o cenário para a Austrália seria mais pragmático e transacional, possivelmente reduzindo a previsibilidade no suporte americano a longo prazo. Ainda assim, Trump deve manter o interesse no AUKUS e nas questões de segurança no Indo-Pacífico, mas espera-se uma maior ênfase na independência dos aliados, incentivando a Austrália a ampliar suas capacidades de defesa de forma mais autônoma.

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