Kamala reacende entusiasmo democrata e torna Carolina do Norte competitiva outra vez


Quando Joe Biden era o candidato, Donald Trump liderava as pesquisas com uma margem confortável na Carolina do Norte; a entrada de Kamala mudou a corrida e os candidatos estão em empate técnico

Por Daniel Gateno

ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE, CAROLINA DO NORTE - Após um desempenho desastroso no debate presidencial no final de junho, o presidente Joe Biden sofreu uma enorme pressão de políticos do Partido Democrata para desistir de sua candidatura presidencial. Os democratas patinavam nas pesquisas nos Estados mais decisivos e uma volta de Donald Trump à Casa Branca parecia certa. Mas a saída de Biden e a entrada de Kamala Harris injetou energia na base democrata e tornou Estados como a Carolina do Norte competitivos novamente.

“Com Biden como candidato presidencial, a Carolina do Norte não poderia ser considerada um swing state por conta da vantagem de Trump”, avalia Michael Bitzer, professor de ciências políticas do Catawba College, em Salisbury, Carolina do Norte.

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Swing States, ou Estados-pêndulo em português, são aqueles que não têm um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Na Carolina do Norte, os republicanos têm vantagem e ganharam 11 das últimas 13 eleições presidenciais, com exceções para os democratas Jimmy Carter, em 1976, e Barack Obama, em 2008.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, enfrenta a vice-presidente americana e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, nas eleições presidenciais americanas  Foto: AP / AP

Com Biden no topo da chapa democrata, Trump chegou a liderar por cinco pontos nas pesquisas no Estado. Mas com Kamala a situação é diferente. Segundo uma média de pesquisas do site especializado Five Thirty Eight, Trump lidera com 48,3%, contra 47,1% de Kamala, um empate técnico.

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“É impossível apontar um favorito pelas estatísticas”, diz Bitzer. “Acredito que os dois candidatos estão empatados na Carolina do Norte”.

Ânimo democrata

A entrada de Kamala Harris na disputa animou a base do partido. Logo após a saída de Biden, 12 mil pessoas se registraram como voluntárias na campanha da vice-presidente na Carolina do Norte. Os democratas também abriram mais de 20 escritórios ao redor do Estado, muitos fora das zonas urbanas, que tradicionalmente votam mais na legenda.

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Kamala mudou a trajetória desta eleição, avalia Douglas Wilson, fundador da empresa de consultoria Alexandre Wilson Consulting, que presta consultoria a políticos democratas na Carolina do Norte. De acordo com o consultor, a vice-presidente animou o eleitorado jovem e a comunidade afro-americana no Estado, essencial para uma eventual vitória democrata.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um comício em Las Vegas, Nevada  Foto: Ethan Miller/AFP

O entusiasmo é tanto que integrantes do Partido Democrata comparam a campanha de Kamala com a de Obama em 2008. O ex-presidente foi o último democrata a vencer uma eleição presidencial no Estado.

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“Foi incrível trabalhar naquela campanha, com a quantidade de voluntários que tivemos, muitas pessoas estavam comprometidas com a candidatura. Eu enxergo este mesmo entusiasmo na campanha de Kamala”, avalia Marc Farinella, diretor da campanha de Obama em 2008 na Carolina do Norte.

Desafios

Mas a disputa segue indefinida. Especialistas entrevistados pelo Estadão apontam que a Carolina do Norte é um Estado com tendências conservadoras e de centro-direita, características que naturalmente favorecem o Partido Republicano.

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“Republicanos sempre chegam na eleição com 48% ou 49% das intenções de voto e os democratas começam com 47%”, aponta Wilson. “Em todos os pleitos o desafio do Partido Democrata é tentar passar por essa barreira de três pontos para chegar nos 50% e é sempre muito difícil”.

Os democratas até conseguem ter sucesso nas eleições locais. O partido venceu 7 dos últimos 8 pleitos para o governo da Carolina do Norte, mas os políticos precisam ter uma posição mais moderada para terem chance.

O atual governador da Carolina do Norte é o democrata Roy Cooper, um político moderado que foi cotado para ser vice de Kamala.

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O ex-presidente americano e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um comício em Greenville, Carolina do Norte  Foto: Evan Vucci/AP

“Nossos candidatos democratas para eleições locais precisam se encaixar nesta linha mais conservadora do Estado. Eles só serão eleitos se tiverem estas características”, destaca Bitzer, do Catawba College.

Quando este encaixe acontece, é normal que muitos eleitores votem nos democratas para o governo e no candidato republicano para a presidência.

Por conta das tendências mais conservadoras do Estado, Farinella aponta que os democratas têm mais chance de vencer em outros Estados-pêndulo como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia. “Será uma batalha difícil na Carolina do Norte, mas Estados-pêndulo são Estados-pêndulo, Kamala pode ganhar todos”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento ao lado de Tucker Carlson, em Glendale, Arizona  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Transformação

As chances do Partido Democrata no Estado aumentaram nos últimos anos por conta de um clima de transformação na Carolina do Norte, com aumento da população e mudanças no perfil demográfico do Estado.

Segundo estatísticas do governo estadual, 99 mil americanos se mudaram anualmente para a Carolina do Norte de outros Estados desde 2020. Em termos de população, a Carolina do Norte é o Estado americano que mais cresceu.

O aumento se tornou visível em cidades como Charlotte e Raleigh, capital do Estado. As duas estão entre as 10 que mais crescem nos EUA, segundo um estudo da Universidade da Carolina do Norte.

De acordo com um levantamento do governo do Estado, 80 dos 100 condados da Carolina do Norte são considerados rurais, áreas que tradicionalmente votam mais nos republicanos. Mas muitos condados considerados rurais estão se tornando suburbanos por conta do crescimento do Estado. Áreas urbanas tendem a votar mais nos democratas e os subúrbios se dividem.

O Estado atrai americanos com diploma superior por abrigar o chamado Triângulo da Pesquisa, um dos centros empresariais que mais cresce nos Estados Unidos, com uma grande quantidade de companhias de tecnologia e farmacêuticas. A região tem este nome por conta de três universidades que ficam a poucos minutos de distância entre si: a Universidade de Duke, a Universidade Estadual da Carolina do Norte e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

O novo polo empresarial no Estado também levou muitos afro-americanos a se mudarem para a Carolina do Norte, em um movimento que também aconteceu na Geórgia e alavancou a vitória de Biden no Estado vizinho nas eleições passadas.

Segundo o Censo americano, cerca de 21,1% da população da Carolina do Norte é composta de afro-americanos. Para uma vitória de Kamala no Estado, os democratas precisam que cerca de 20% do total de votantes democratas em novembro sejam afro-americanos, segundo Bitzer, do Catawba College.

“Muitos americanos estão se mudando de outras regiões para a Carolina do Norte. A economia está ótima no Estado, com muito crescimento e novas empresas de tecnologia”, afirma Farinella, diretor da campanha de Obama em 2008 na Carolina do Norte. “Nós vimos que este eleitorado vota nos democratas e é mais receptivo à mensagem de Kamala”.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um comício em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Ryan M. Kelly/AFP

Campanha polêmica para o governo

Outro fator que deve movimentar a corrida presidencial na Carolina do Norte é o pleito para o governo do Estado. O procurador-geral da Carolina do Norte, o democrata Josh Stein, enfrenta o atual vice-governador do Estado, o republicano Mark Robinson.

O republicano é conhecido por colecionar declarações polêmicas em relação a mulheres, a comunidade LGBT, judeus e muçulmanos. Ele é um dos principais representantes do movimento MAGA (Make America Great Again) do ex-presidente Donald Trump e teve o apoio do candidato presidencial republicano. Em setembro, uma reportagem da CNN americana noticiou que Robinson fez uma série de comentários perturbadores em um site pornográfico ao longo dos últimos dez anos. Em um deles, Robinson se apelida de “negro nazista” e expressou apoio a volta da escravidão.

Desde então, o republicano despencou nas pesquisas e Trump procurou se distanciar do ex-pupilo. Stein lidera por mais de 15 pontos em todos os levantamentos.

O procurador-geral da Carolina do Norte e candidato ao governo do Estado, Josh Stein, discursa antes da vice-presidente Kamala Harris, em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Mike Stewart/AP

“Neste momento, a questão não é se Josh Stein será o próximo governador, mas de quanto ele vai ganhar”, destaca Bitzer. O especialista aponta que uma vantagem maior que seis pontos percentuais a favor de Stein pode ser também positiva para Kamala. “Se a vantagem for grande para os democratas na eleição para o governo, isso pode significar uma vitória na eleição presidencial”.

Mas Trump não despencou junto com Robinson nas pesquisas, em um movimento que sinaliza a lealdade de seu eleitorado na Carolina do Norte. O republicano realizou diversos comícios no Estado nos últimos dias da campanha, mas sem a presença de Robinson.

O vice-governador da Carolina do Norte e candidato ao governo, Mark Robinson, discursa antes de Donald Trump em um comício em Asheville, Carolina do Norte  Foto: Matt Rourke/AP

“Trump consegue não ser julgado por declarações absurdas da mesma forma que outros políticos, como Mark Robinson”, destaca Wilson. “Para muitos republicanos, Trump nunca foi tão direto em suas falas polêmicas como Robinson foi. Muitos membros da legenda devem votar em Trump e no candidato democrata para o governo”.

ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE, CAROLINA DO NORTE - Após um desempenho desastroso no debate presidencial no final de junho, o presidente Joe Biden sofreu uma enorme pressão de políticos do Partido Democrata para desistir de sua candidatura presidencial. Os democratas patinavam nas pesquisas nos Estados mais decisivos e uma volta de Donald Trump à Casa Branca parecia certa. Mas a saída de Biden e a entrada de Kamala Harris injetou energia na base democrata e tornou Estados como a Carolina do Norte competitivos novamente.

“Com Biden como candidato presidencial, a Carolina do Norte não poderia ser considerada um swing state por conta da vantagem de Trump”, avalia Michael Bitzer, professor de ciências políticas do Catawba College, em Salisbury, Carolina do Norte.

Swing States, ou Estados-pêndulo em português, são aqueles que não têm um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Na Carolina do Norte, os republicanos têm vantagem e ganharam 11 das últimas 13 eleições presidenciais, com exceções para os democratas Jimmy Carter, em 1976, e Barack Obama, em 2008.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, enfrenta a vice-presidente americana e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, nas eleições presidenciais americanas  Foto: AP / AP

Com Biden no topo da chapa democrata, Trump chegou a liderar por cinco pontos nas pesquisas no Estado. Mas com Kamala a situação é diferente. Segundo uma média de pesquisas do site especializado Five Thirty Eight, Trump lidera com 48,3%, contra 47,1% de Kamala, um empate técnico.

“É impossível apontar um favorito pelas estatísticas”, diz Bitzer. “Acredito que os dois candidatos estão empatados na Carolina do Norte”.

Ânimo democrata

A entrada de Kamala Harris na disputa animou a base do partido. Logo após a saída de Biden, 12 mil pessoas se registraram como voluntárias na campanha da vice-presidente na Carolina do Norte. Os democratas também abriram mais de 20 escritórios ao redor do Estado, muitos fora das zonas urbanas, que tradicionalmente votam mais na legenda.

Kamala mudou a trajetória desta eleição, avalia Douglas Wilson, fundador da empresa de consultoria Alexandre Wilson Consulting, que presta consultoria a políticos democratas na Carolina do Norte. De acordo com o consultor, a vice-presidente animou o eleitorado jovem e a comunidade afro-americana no Estado, essencial para uma eventual vitória democrata.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um comício em Las Vegas, Nevada  Foto: Ethan Miller/AFP

O entusiasmo é tanto que integrantes do Partido Democrata comparam a campanha de Kamala com a de Obama em 2008. O ex-presidente foi o último democrata a vencer uma eleição presidencial no Estado.

“Foi incrível trabalhar naquela campanha, com a quantidade de voluntários que tivemos, muitas pessoas estavam comprometidas com a candidatura. Eu enxergo este mesmo entusiasmo na campanha de Kamala”, avalia Marc Farinella, diretor da campanha de Obama em 2008 na Carolina do Norte.

Desafios

Mas a disputa segue indefinida. Especialistas entrevistados pelo Estadão apontam que a Carolina do Norte é um Estado com tendências conservadoras e de centro-direita, características que naturalmente favorecem o Partido Republicano.

“Republicanos sempre chegam na eleição com 48% ou 49% das intenções de voto e os democratas começam com 47%”, aponta Wilson. “Em todos os pleitos o desafio do Partido Democrata é tentar passar por essa barreira de três pontos para chegar nos 50% e é sempre muito difícil”.

Os democratas até conseguem ter sucesso nas eleições locais. O partido venceu 7 dos últimos 8 pleitos para o governo da Carolina do Norte, mas os políticos precisam ter uma posição mais moderada para terem chance.

O atual governador da Carolina do Norte é o democrata Roy Cooper, um político moderado que foi cotado para ser vice de Kamala.

O ex-presidente americano e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um comício em Greenville, Carolina do Norte  Foto: Evan Vucci/AP

“Nossos candidatos democratas para eleições locais precisam se encaixar nesta linha mais conservadora do Estado. Eles só serão eleitos se tiverem estas características”, destaca Bitzer, do Catawba College.

Quando este encaixe acontece, é normal que muitos eleitores votem nos democratas para o governo e no candidato republicano para a presidência.

Por conta das tendências mais conservadoras do Estado, Farinella aponta que os democratas têm mais chance de vencer em outros Estados-pêndulo como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia. “Será uma batalha difícil na Carolina do Norte, mas Estados-pêndulo são Estados-pêndulo, Kamala pode ganhar todos”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento ao lado de Tucker Carlson, em Glendale, Arizona  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Transformação

As chances do Partido Democrata no Estado aumentaram nos últimos anos por conta de um clima de transformação na Carolina do Norte, com aumento da população e mudanças no perfil demográfico do Estado.

Segundo estatísticas do governo estadual, 99 mil americanos se mudaram anualmente para a Carolina do Norte de outros Estados desde 2020. Em termos de população, a Carolina do Norte é o Estado americano que mais cresceu.

O aumento se tornou visível em cidades como Charlotte e Raleigh, capital do Estado. As duas estão entre as 10 que mais crescem nos EUA, segundo um estudo da Universidade da Carolina do Norte.

De acordo com um levantamento do governo do Estado, 80 dos 100 condados da Carolina do Norte são considerados rurais, áreas que tradicionalmente votam mais nos republicanos. Mas muitos condados considerados rurais estão se tornando suburbanos por conta do crescimento do Estado. Áreas urbanas tendem a votar mais nos democratas e os subúrbios se dividem.

O Estado atrai americanos com diploma superior por abrigar o chamado Triângulo da Pesquisa, um dos centros empresariais que mais cresce nos Estados Unidos, com uma grande quantidade de companhias de tecnologia e farmacêuticas. A região tem este nome por conta de três universidades que ficam a poucos minutos de distância entre si: a Universidade de Duke, a Universidade Estadual da Carolina do Norte e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

O novo polo empresarial no Estado também levou muitos afro-americanos a se mudarem para a Carolina do Norte, em um movimento que também aconteceu na Geórgia e alavancou a vitória de Biden no Estado vizinho nas eleições passadas.

Segundo o Censo americano, cerca de 21,1% da população da Carolina do Norte é composta de afro-americanos. Para uma vitória de Kamala no Estado, os democratas precisam que cerca de 20% do total de votantes democratas em novembro sejam afro-americanos, segundo Bitzer, do Catawba College.

“Muitos americanos estão se mudando de outras regiões para a Carolina do Norte. A economia está ótima no Estado, com muito crescimento e novas empresas de tecnologia”, afirma Farinella, diretor da campanha de Obama em 2008 na Carolina do Norte. “Nós vimos que este eleitorado vota nos democratas e é mais receptivo à mensagem de Kamala”.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um comício em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Ryan M. Kelly/AFP

Campanha polêmica para o governo

Outro fator que deve movimentar a corrida presidencial na Carolina do Norte é o pleito para o governo do Estado. O procurador-geral da Carolina do Norte, o democrata Josh Stein, enfrenta o atual vice-governador do Estado, o republicano Mark Robinson.

O republicano é conhecido por colecionar declarações polêmicas em relação a mulheres, a comunidade LGBT, judeus e muçulmanos. Ele é um dos principais representantes do movimento MAGA (Make America Great Again) do ex-presidente Donald Trump e teve o apoio do candidato presidencial republicano. Em setembro, uma reportagem da CNN americana noticiou que Robinson fez uma série de comentários perturbadores em um site pornográfico ao longo dos últimos dez anos. Em um deles, Robinson se apelida de “negro nazista” e expressou apoio a volta da escravidão.

Desde então, o republicano despencou nas pesquisas e Trump procurou se distanciar do ex-pupilo. Stein lidera por mais de 15 pontos em todos os levantamentos.

O procurador-geral da Carolina do Norte e candidato ao governo do Estado, Josh Stein, discursa antes da vice-presidente Kamala Harris, em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Mike Stewart/AP

“Neste momento, a questão não é se Josh Stein será o próximo governador, mas de quanto ele vai ganhar”, destaca Bitzer. O especialista aponta que uma vantagem maior que seis pontos percentuais a favor de Stein pode ser também positiva para Kamala. “Se a vantagem for grande para os democratas na eleição para o governo, isso pode significar uma vitória na eleição presidencial”.

Mas Trump não despencou junto com Robinson nas pesquisas, em um movimento que sinaliza a lealdade de seu eleitorado na Carolina do Norte. O republicano realizou diversos comícios no Estado nos últimos dias da campanha, mas sem a presença de Robinson.

O vice-governador da Carolina do Norte e candidato ao governo, Mark Robinson, discursa antes de Donald Trump em um comício em Asheville, Carolina do Norte  Foto: Matt Rourke/AP

“Trump consegue não ser julgado por declarações absurdas da mesma forma que outros políticos, como Mark Robinson”, destaca Wilson. “Para muitos republicanos, Trump nunca foi tão direto em suas falas polêmicas como Robinson foi. Muitos membros da legenda devem votar em Trump e no candidato democrata para o governo”.

ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE, CAROLINA DO NORTE - Após um desempenho desastroso no debate presidencial no final de junho, o presidente Joe Biden sofreu uma enorme pressão de políticos do Partido Democrata para desistir de sua candidatura presidencial. Os democratas patinavam nas pesquisas nos Estados mais decisivos e uma volta de Donald Trump à Casa Branca parecia certa. Mas a saída de Biden e a entrada de Kamala Harris injetou energia na base democrata e tornou Estados como a Carolina do Norte competitivos novamente.

“Com Biden como candidato presidencial, a Carolina do Norte não poderia ser considerada um swing state por conta da vantagem de Trump”, avalia Michael Bitzer, professor de ciências políticas do Catawba College, em Salisbury, Carolina do Norte.

Swing States, ou Estados-pêndulo em português, são aqueles que não têm um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Na Carolina do Norte, os republicanos têm vantagem e ganharam 11 das últimas 13 eleições presidenciais, com exceções para os democratas Jimmy Carter, em 1976, e Barack Obama, em 2008.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, enfrenta a vice-presidente americana e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, nas eleições presidenciais americanas  Foto: AP / AP

Com Biden no topo da chapa democrata, Trump chegou a liderar por cinco pontos nas pesquisas no Estado. Mas com Kamala a situação é diferente. Segundo uma média de pesquisas do site especializado Five Thirty Eight, Trump lidera com 48,3%, contra 47,1% de Kamala, um empate técnico.

“É impossível apontar um favorito pelas estatísticas”, diz Bitzer. “Acredito que os dois candidatos estão empatados na Carolina do Norte”.

Ânimo democrata

A entrada de Kamala Harris na disputa animou a base do partido. Logo após a saída de Biden, 12 mil pessoas se registraram como voluntárias na campanha da vice-presidente na Carolina do Norte. Os democratas também abriram mais de 20 escritórios ao redor do Estado, muitos fora das zonas urbanas, que tradicionalmente votam mais na legenda.

Kamala mudou a trajetória desta eleição, avalia Douglas Wilson, fundador da empresa de consultoria Alexandre Wilson Consulting, que presta consultoria a políticos democratas na Carolina do Norte. De acordo com o consultor, a vice-presidente animou o eleitorado jovem e a comunidade afro-americana no Estado, essencial para uma eventual vitória democrata.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um comício em Las Vegas, Nevada  Foto: Ethan Miller/AFP

O entusiasmo é tanto que integrantes do Partido Democrata comparam a campanha de Kamala com a de Obama em 2008. O ex-presidente foi o último democrata a vencer uma eleição presidencial no Estado.

“Foi incrível trabalhar naquela campanha, com a quantidade de voluntários que tivemos, muitas pessoas estavam comprometidas com a candidatura. Eu enxergo este mesmo entusiasmo na campanha de Kamala”, avalia Marc Farinella, diretor da campanha de Obama em 2008 na Carolina do Norte.

Desafios

Mas a disputa segue indefinida. Especialistas entrevistados pelo Estadão apontam que a Carolina do Norte é um Estado com tendências conservadoras e de centro-direita, características que naturalmente favorecem o Partido Republicano.

“Republicanos sempre chegam na eleição com 48% ou 49% das intenções de voto e os democratas começam com 47%”, aponta Wilson. “Em todos os pleitos o desafio do Partido Democrata é tentar passar por essa barreira de três pontos para chegar nos 50% e é sempre muito difícil”.

Os democratas até conseguem ter sucesso nas eleições locais. O partido venceu 7 dos últimos 8 pleitos para o governo da Carolina do Norte, mas os políticos precisam ter uma posição mais moderada para terem chance.

O atual governador da Carolina do Norte é o democrata Roy Cooper, um político moderado que foi cotado para ser vice de Kamala.

O ex-presidente americano e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um comício em Greenville, Carolina do Norte  Foto: Evan Vucci/AP

“Nossos candidatos democratas para eleições locais precisam se encaixar nesta linha mais conservadora do Estado. Eles só serão eleitos se tiverem estas características”, destaca Bitzer, do Catawba College.

Quando este encaixe acontece, é normal que muitos eleitores votem nos democratas para o governo e no candidato republicano para a presidência.

Por conta das tendências mais conservadoras do Estado, Farinella aponta que os democratas têm mais chance de vencer em outros Estados-pêndulo como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia. “Será uma batalha difícil na Carolina do Norte, mas Estados-pêndulo são Estados-pêndulo, Kamala pode ganhar todos”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento ao lado de Tucker Carlson, em Glendale, Arizona  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Transformação

As chances do Partido Democrata no Estado aumentaram nos últimos anos por conta de um clima de transformação na Carolina do Norte, com aumento da população e mudanças no perfil demográfico do Estado.

Segundo estatísticas do governo estadual, 99 mil americanos se mudaram anualmente para a Carolina do Norte de outros Estados desde 2020. Em termos de população, a Carolina do Norte é o Estado americano que mais cresceu.

O aumento se tornou visível em cidades como Charlotte e Raleigh, capital do Estado. As duas estão entre as 10 que mais crescem nos EUA, segundo um estudo da Universidade da Carolina do Norte.

De acordo com um levantamento do governo do Estado, 80 dos 100 condados da Carolina do Norte são considerados rurais, áreas que tradicionalmente votam mais nos republicanos. Mas muitos condados considerados rurais estão se tornando suburbanos por conta do crescimento do Estado. Áreas urbanas tendem a votar mais nos democratas e os subúrbios se dividem.

O Estado atrai americanos com diploma superior por abrigar o chamado Triângulo da Pesquisa, um dos centros empresariais que mais cresce nos Estados Unidos, com uma grande quantidade de companhias de tecnologia e farmacêuticas. A região tem este nome por conta de três universidades que ficam a poucos minutos de distância entre si: a Universidade de Duke, a Universidade Estadual da Carolina do Norte e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

O novo polo empresarial no Estado também levou muitos afro-americanos a se mudarem para a Carolina do Norte, em um movimento que também aconteceu na Geórgia e alavancou a vitória de Biden no Estado vizinho nas eleições passadas.

Segundo o Censo americano, cerca de 21,1% da população da Carolina do Norte é composta de afro-americanos. Para uma vitória de Kamala no Estado, os democratas precisam que cerca de 20% do total de votantes democratas em novembro sejam afro-americanos, segundo Bitzer, do Catawba College.

“Muitos americanos estão se mudando de outras regiões para a Carolina do Norte. A economia está ótima no Estado, com muito crescimento e novas empresas de tecnologia”, afirma Farinella, diretor da campanha de Obama em 2008 na Carolina do Norte. “Nós vimos que este eleitorado vota nos democratas e é mais receptivo à mensagem de Kamala”.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um comício em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Ryan M. Kelly/AFP

Campanha polêmica para o governo

Outro fator que deve movimentar a corrida presidencial na Carolina do Norte é o pleito para o governo do Estado. O procurador-geral da Carolina do Norte, o democrata Josh Stein, enfrenta o atual vice-governador do Estado, o republicano Mark Robinson.

O republicano é conhecido por colecionar declarações polêmicas em relação a mulheres, a comunidade LGBT, judeus e muçulmanos. Ele é um dos principais representantes do movimento MAGA (Make America Great Again) do ex-presidente Donald Trump e teve o apoio do candidato presidencial republicano. Em setembro, uma reportagem da CNN americana noticiou que Robinson fez uma série de comentários perturbadores em um site pornográfico ao longo dos últimos dez anos. Em um deles, Robinson se apelida de “negro nazista” e expressou apoio a volta da escravidão.

Desde então, o republicano despencou nas pesquisas e Trump procurou se distanciar do ex-pupilo. Stein lidera por mais de 15 pontos em todos os levantamentos.

O procurador-geral da Carolina do Norte e candidato ao governo do Estado, Josh Stein, discursa antes da vice-presidente Kamala Harris, em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Mike Stewart/AP

“Neste momento, a questão não é se Josh Stein será o próximo governador, mas de quanto ele vai ganhar”, destaca Bitzer. O especialista aponta que uma vantagem maior que seis pontos percentuais a favor de Stein pode ser também positiva para Kamala. “Se a vantagem for grande para os democratas na eleição para o governo, isso pode significar uma vitória na eleição presidencial”.

Mas Trump não despencou junto com Robinson nas pesquisas, em um movimento que sinaliza a lealdade de seu eleitorado na Carolina do Norte. O republicano realizou diversos comícios no Estado nos últimos dias da campanha, mas sem a presença de Robinson.

O vice-governador da Carolina do Norte e candidato ao governo, Mark Robinson, discursa antes de Donald Trump em um comício em Asheville, Carolina do Norte  Foto: Matt Rourke/AP

“Trump consegue não ser julgado por declarações absurdas da mesma forma que outros políticos, como Mark Robinson”, destaca Wilson. “Para muitos republicanos, Trump nunca foi tão direto em suas falas polêmicas como Robinson foi. Muitos membros da legenda devem votar em Trump e no candidato democrata para o governo”.

ENVIADO ESPECIAL A CHARLOTTE, CAROLINA DO NORTE - Após um desempenho desastroso no debate presidencial no final de junho, o presidente Joe Biden sofreu uma enorme pressão de políticos do Partido Democrata para desistir de sua candidatura presidencial. Os democratas patinavam nas pesquisas nos Estados mais decisivos e uma volta de Donald Trump à Casa Branca parecia certa. Mas a saída de Biden e a entrada de Kamala Harris injetou energia na base democrata e tornou Estados como a Carolina do Norte competitivos novamente.

“Com Biden como candidato presidencial, a Carolina do Norte não poderia ser considerada um swing state por conta da vantagem de Trump”, avalia Michael Bitzer, professor de ciências políticas do Catawba College, em Salisbury, Carolina do Norte.

Swing States, ou Estados-pêndulo em português, são aqueles que não têm um comportamento eleitoral definido, podendo variar entre uma vitória democrata ou republicana, dependendo da eleição. Na Carolina do Norte, os republicanos têm vantagem e ganharam 11 das últimas 13 eleições presidenciais, com exceções para os democratas Jimmy Carter, em 1976, e Barack Obama, em 2008.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, enfrenta a vice-presidente americana e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, nas eleições presidenciais americanas  Foto: AP / AP

Com Biden no topo da chapa democrata, Trump chegou a liderar por cinco pontos nas pesquisas no Estado. Mas com Kamala a situação é diferente. Segundo uma média de pesquisas do site especializado Five Thirty Eight, Trump lidera com 48,3%, contra 47,1% de Kamala, um empate técnico.

“É impossível apontar um favorito pelas estatísticas”, diz Bitzer. “Acredito que os dois candidatos estão empatados na Carolina do Norte”.

Ânimo democrata

A entrada de Kamala Harris na disputa animou a base do partido. Logo após a saída de Biden, 12 mil pessoas se registraram como voluntárias na campanha da vice-presidente na Carolina do Norte. Os democratas também abriram mais de 20 escritórios ao redor do Estado, muitos fora das zonas urbanas, que tradicionalmente votam mais na legenda.

Kamala mudou a trajetória desta eleição, avalia Douglas Wilson, fundador da empresa de consultoria Alexandre Wilson Consulting, que presta consultoria a políticos democratas na Carolina do Norte. De acordo com o consultor, a vice-presidente animou o eleitorado jovem e a comunidade afro-americana no Estado, essencial para uma eventual vitória democrata.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um comício em Las Vegas, Nevada  Foto: Ethan Miller/AFP

O entusiasmo é tanto que integrantes do Partido Democrata comparam a campanha de Kamala com a de Obama em 2008. O ex-presidente foi o último democrata a vencer uma eleição presidencial no Estado.

“Foi incrível trabalhar naquela campanha, com a quantidade de voluntários que tivemos, muitas pessoas estavam comprometidas com a candidatura. Eu enxergo este mesmo entusiasmo na campanha de Kamala”, avalia Marc Farinella, diretor da campanha de Obama em 2008 na Carolina do Norte.

Desafios

Mas a disputa segue indefinida. Especialistas entrevistados pelo Estadão apontam que a Carolina do Norte é um Estado com tendências conservadoras e de centro-direita, características que naturalmente favorecem o Partido Republicano.

“Republicanos sempre chegam na eleição com 48% ou 49% das intenções de voto e os democratas começam com 47%”, aponta Wilson. “Em todos os pleitos o desafio do Partido Democrata é tentar passar por essa barreira de três pontos para chegar nos 50% e é sempre muito difícil”.

Os democratas até conseguem ter sucesso nas eleições locais. O partido venceu 7 dos últimos 8 pleitos para o governo da Carolina do Norte, mas os políticos precisam ter uma posição mais moderada para terem chance.

O atual governador da Carolina do Norte é o democrata Roy Cooper, um político moderado que foi cotado para ser vice de Kamala.

O ex-presidente americano e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um comício em Greenville, Carolina do Norte  Foto: Evan Vucci/AP

“Nossos candidatos democratas para eleições locais precisam se encaixar nesta linha mais conservadora do Estado. Eles só serão eleitos se tiverem estas características”, destaca Bitzer, do Catawba College.

Quando este encaixe acontece, é normal que muitos eleitores votem nos democratas para o governo e no candidato republicano para a presidência.

Por conta das tendências mais conservadoras do Estado, Farinella aponta que os democratas têm mais chance de vencer em outros Estados-pêndulo como Michigan, Wisconsin e Pensilvânia. “Será uma batalha difícil na Carolina do Norte, mas Estados-pêndulo são Estados-pêndulo, Kamala pode ganhar todos”.

O ex-presidente dos Estados Unidos e candidato presidencial republicano, Donald Trump, participa de um evento ao lado de Tucker Carlson, em Glendale, Arizona  Foto: Julia Demaree Nikhinson/AP

Transformação

As chances do Partido Democrata no Estado aumentaram nos últimos anos por conta de um clima de transformação na Carolina do Norte, com aumento da população e mudanças no perfil demográfico do Estado.

Segundo estatísticas do governo estadual, 99 mil americanos se mudaram anualmente para a Carolina do Norte de outros Estados desde 2020. Em termos de população, a Carolina do Norte é o Estado americano que mais cresceu.

O aumento se tornou visível em cidades como Charlotte e Raleigh, capital do Estado. As duas estão entre as 10 que mais crescem nos EUA, segundo um estudo da Universidade da Carolina do Norte.

De acordo com um levantamento do governo do Estado, 80 dos 100 condados da Carolina do Norte são considerados rurais, áreas que tradicionalmente votam mais nos republicanos. Mas muitos condados considerados rurais estão se tornando suburbanos por conta do crescimento do Estado. Áreas urbanas tendem a votar mais nos democratas e os subúrbios se dividem.

O Estado atrai americanos com diploma superior por abrigar o chamado Triângulo da Pesquisa, um dos centros empresariais que mais cresce nos Estados Unidos, com uma grande quantidade de companhias de tecnologia e farmacêuticas. A região tem este nome por conta de três universidades que ficam a poucos minutos de distância entre si: a Universidade de Duke, a Universidade Estadual da Carolina do Norte e a Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.

O novo polo empresarial no Estado também levou muitos afro-americanos a se mudarem para a Carolina do Norte, em um movimento que também aconteceu na Geórgia e alavancou a vitória de Biden no Estado vizinho nas eleições passadas.

Segundo o Censo americano, cerca de 21,1% da população da Carolina do Norte é composta de afro-americanos. Para uma vitória de Kamala no Estado, os democratas precisam que cerca de 20% do total de votantes democratas em novembro sejam afro-americanos, segundo Bitzer, do Catawba College.

“Muitos americanos estão se mudando de outras regiões para a Carolina do Norte. A economia está ótima no Estado, com muito crescimento e novas empresas de tecnologia”, afirma Farinella, diretor da campanha de Obama em 2008 na Carolina do Norte. “Nós vimos que este eleitorado vota nos democratas e é mais receptivo à mensagem de Kamala”.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata presidencial democrata, Kamala Harris, participa de um comício em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Ryan M. Kelly/AFP

Campanha polêmica para o governo

Outro fator que deve movimentar a corrida presidencial na Carolina do Norte é o pleito para o governo do Estado. O procurador-geral da Carolina do Norte, o democrata Josh Stein, enfrenta o atual vice-governador do Estado, o republicano Mark Robinson.

O republicano é conhecido por colecionar declarações polêmicas em relação a mulheres, a comunidade LGBT, judeus e muçulmanos. Ele é um dos principais representantes do movimento MAGA (Make America Great Again) do ex-presidente Donald Trump e teve o apoio do candidato presidencial republicano. Em setembro, uma reportagem da CNN americana noticiou que Robinson fez uma série de comentários perturbadores em um site pornográfico ao longo dos últimos dez anos. Em um deles, Robinson se apelida de “negro nazista” e expressou apoio a volta da escravidão.

Desde então, o republicano despencou nas pesquisas e Trump procurou se distanciar do ex-pupilo. Stein lidera por mais de 15 pontos em todos os levantamentos.

O procurador-geral da Carolina do Norte e candidato ao governo do Estado, Josh Stein, discursa antes da vice-presidente Kamala Harris, em Raleigh, Carolina do Norte  Foto: Mike Stewart/AP

“Neste momento, a questão não é se Josh Stein será o próximo governador, mas de quanto ele vai ganhar”, destaca Bitzer. O especialista aponta que uma vantagem maior que seis pontos percentuais a favor de Stein pode ser também positiva para Kamala. “Se a vantagem for grande para os democratas na eleição para o governo, isso pode significar uma vitória na eleição presidencial”.

Mas Trump não despencou junto com Robinson nas pesquisas, em um movimento que sinaliza a lealdade de seu eleitorado na Carolina do Norte. O republicano realizou diversos comícios no Estado nos últimos dias da campanha, mas sem a presença de Robinson.

O vice-governador da Carolina do Norte e candidato ao governo, Mark Robinson, discursa antes de Donald Trump em um comício em Asheville, Carolina do Norte  Foto: Matt Rourke/AP

“Trump consegue não ser julgado por declarações absurdas da mesma forma que outros políticos, como Mark Robinson”, destaca Wilson. “Para muitos republicanos, Trump nunca foi tão direto em suas falas polêmicas como Robinson foi. Muitos membros da legenda devem votar em Trump e no candidato democrata para o governo”.

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