Kim ignora miséria na Coreia do Norte e monta exército de hackers


Líder da Coreia do Norte investiu em massa na formação de jovens programadores para colocar país no clube de potências cibernéticas

Por Rodrigo Turrer

Na Coreia do Norte, ao menos 11 milhões de pessoas, mais de 40% da população, não têm acesso a comida nutritiva, água potável e serviços básicos. A penúria não impediu o líder do país, Kim Jong-un, de investir e formar, em menos de uma década, um dos mais bem treinados exércitos de hackers do mundo – colocando o país no clube de potências cibernéticas.

Kim Jong-un em complexo tecnológico de Pyongyang: corrida para transformar país em potência cibernética Foto: Kim Jong-un em complexo tecnológico de Pyongyang: corrida para transformar país em potência cibernética North Korea's Korean Central News Agency (KCNA) REUTERS/KCNA

O exército de hackers da Coreia do Norte existe desde o fim dos anos 90, quando Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, citou a programação como uma forma de reconstruir a economia. “No futuro, todas as batalhas serão pelo computador”, disse. 

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Serviços de inteligência e empresas de segurança virtual, porém, sempre consideraram a Coreia do Norte uma ameaça secundária. Desde que Kim assumiu, em 2011, ele determinou um investimento em massa no setor. 

O resultado: nos últimos 26 meses, as impressões digitais do país apareceram em um número crescente de ataques cibernéticos, com o nível de habilidade de seus hackers aprimorados rapidamente e seus alvos cada vez mais preocupantes, segundo levantamento da empresa americana de cibersegurança AlienVault. 

Especialistas afirmam que o gasto do governo com o programa pode ser de centenas de milhões de dólares desde 2011. Segundo eles, Pyongyang mostra níveis de originalidade em sua codificação e técnicas que surpreenderam os pesquisadores. O país demonstrou disposição para perseguir alvos como bancos centrais, sistemas de venda online e criptomoedas – uma tentativa de conseguir dinheiro para compensar as sanções econômicas ou ameaçar instituições financeiras estrangeiras. A Coreia do Norte nega envolvimento com hackers, e diz que as acusações são “propaganda inimiga”. 

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O líder norte-coreano, Kim Jong-un Foto: KCNA via REUTERS

Muitos ataques norte-coreanos ocorrem sem um objetivo claro, em busca de pontos fracos para aprender sobre os inimigos ou obter dinheiro. “A frequência dos casos, sua clara ligação com a Coreia do Norte e a sofisticação deveriam ser a principal preocupação em relação ao país”, disse  ex-analista do Departamento de Defesa dos EUA. “Tanto ou até mais do que o arsenal nuclear.”

Alguns são enviados para o exterior para dominar idiomas estrangeiros ou para participar de “hackatons” internacionais, uma espécie de olimpíada de hackers, em lugares como Índia ou China, onde competem contra codificadores de todo o mundo. Em uma competição global de 2015 chamada CodeChef, dirigida por uma empresa indiana de software, as equipes norte-coreanas ficaram em primeiro, segundo e terceiro lugares, entre as mais de 7.600 do mundo inteiro. Três dos 15 principais codificadores da rede da CodeChef, com cerca de 100 mil participantes, são norte-coreanos.

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Desertores norte-coreanos e pesquisadores sul-coreanos dizem que o exército cibernético da Coreia do Norte tem cerca de 7 mil hackers que recebem amplos apartamentos em Pyongyang e isenções do serviço militar obrigatório, além de treinamento especial e cursos no exterior. 

Muitos usam inglês perfeito e incorporam linguagens na codificação para fazer parecer que os golpes vieram de outros países. E eles estão ganhando uma reputação como inovadores em invadir smartphones, escondendo malware em aplicativos da Bíblia ou usando o Facebook para infectar alvos.

Em maio, o país foi responsável por um flagelo chamado WannaCry, que por alguns dias infectou e criptografou computadores em todo o mundo, exigindo que as organizações pagassem resgates em bitcoins para desbloquear seus dados. Alguns anos antes, a Coreia do Norte roubou e publicou a correspondência privada de executivos da Sony, empresa produtora de A Entrevista, filme que satiriza o país.

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Um desertor norte-coreano que trabalhou no exército de hackers deu detalhes à Bloomberg no ano passado. “A Coreia do Norte fará qualquer coisa por dinheiro, mesmo que isso signifique pedir para você roubar”, disse o hacker, que reconheceu ter participado de instalações de vírus para roubar números de cartão de crédito. 

Apesar do trabalho, ele negou que os hackers tivessem qualquer privilégio. “Programadores de elite? De jeito nenhum. Éramos apenas um bando de trabalhadores pobres e mal pagos” – assim como a maioria da população. / COM W.POST

Na Coreia do Norte, ao menos 11 milhões de pessoas, mais de 40% da população, não têm acesso a comida nutritiva, água potável e serviços básicos. A penúria não impediu o líder do país, Kim Jong-un, de investir e formar, em menos de uma década, um dos mais bem treinados exércitos de hackers do mundo – colocando o país no clube de potências cibernéticas.

Kim Jong-un em complexo tecnológico de Pyongyang: corrida para transformar país em potência cibernética Foto: Kim Jong-un em complexo tecnológico de Pyongyang: corrida para transformar país em potência cibernética North Korea's Korean Central News Agency (KCNA) REUTERS/KCNA

O exército de hackers da Coreia do Norte existe desde o fim dos anos 90, quando Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, citou a programação como uma forma de reconstruir a economia. “No futuro, todas as batalhas serão pelo computador”, disse. 

Serviços de inteligência e empresas de segurança virtual, porém, sempre consideraram a Coreia do Norte uma ameaça secundária. Desde que Kim assumiu, em 2011, ele determinou um investimento em massa no setor. 

O resultado: nos últimos 26 meses, as impressões digitais do país apareceram em um número crescente de ataques cibernéticos, com o nível de habilidade de seus hackers aprimorados rapidamente e seus alvos cada vez mais preocupantes, segundo levantamento da empresa americana de cibersegurança AlienVault. 

Especialistas afirmam que o gasto do governo com o programa pode ser de centenas de milhões de dólares desde 2011. Segundo eles, Pyongyang mostra níveis de originalidade em sua codificação e técnicas que surpreenderam os pesquisadores. O país demonstrou disposição para perseguir alvos como bancos centrais, sistemas de venda online e criptomoedas – uma tentativa de conseguir dinheiro para compensar as sanções econômicas ou ameaçar instituições financeiras estrangeiras. A Coreia do Norte nega envolvimento com hackers, e diz que as acusações são “propaganda inimiga”. 

O líder norte-coreano, Kim Jong-un Foto: KCNA via REUTERS

Muitos ataques norte-coreanos ocorrem sem um objetivo claro, em busca de pontos fracos para aprender sobre os inimigos ou obter dinheiro. “A frequência dos casos, sua clara ligação com a Coreia do Norte e a sofisticação deveriam ser a principal preocupação em relação ao país”, disse  ex-analista do Departamento de Defesa dos EUA. “Tanto ou até mais do que o arsenal nuclear.”

Alguns são enviados para o exterior para dominar idiomas estrangeiros ou para participar de “hackatons” internacionais, uma espécie de olimpíada de hackers, em lugares como Índia ou China, onde competem contra codificadores de todo o mundo. Em uma competição global de 2015 chamada CodeChef, dirigida por uma empresa indiana de software, as equipes norte-coreanas ficaram em primeiro, segundo e terceiro lugares, entre as mais de 7.600 do mundo inteiro. Três dos 15 principais codificadores da rede da CodeChef, com cerca de 100 mil participantes, são norte-coreanos.

Desertores norte-coreanos e pesquisadores sul-coreanos dizem que o exército cibernético da Coreia do Norte tem cerca de 7 mil hackers que recebem amplos apartamentos em Pyongyang e isenções do serviço militar obrigatório, além de treinamento especial e cursos no exterior. 

Muitos usam inglês perfeito e incorporam linguagens na codificação para fazer parecer que os golpes vieram de outros países. E eles estão ganhando uma reputação como inovadores em invadir smartphones, escondendo malware em aplicativos da Bíblia ou usando o Facebook para infectar alvos.

Em maio, o país foi responsável por um flagelo chamado WannaCry, que por alguns dias infectou e criptografou computadores em todo o mundo, exigindo que as organizações pagassem resgates em bitcoins para desbloquear seus dados. Alguns anos antes, a Coreia do Norte roubou e publicou a correspondência privada de executivos da Sony, empresa produtora de A Entrevista, filme que satiriza o país.

Um desertor norte-coreano que trabalhou no exército de hackers deu detalhes à Bloomberg no ano passado. “A Coreia do Norte fará qualquer coisa por dinheiro, mesmo que isso signifique pedir para você roubar”, disse o hacker, que reconheceu ter participado de instalações de vírus para roubar números de cartão de crédito. 

Apesar do trabalho, ele negou que os hackers tivessem qualquer privilégio. “Programadores de elite? De jeito nenhum. Éramos apenas um bando de trabalhadores pobres e mal pagos” – assim como a maioria da população. / COM W.POST

Na Coreia do Norte, ao menos 11 milhões de pessoas, mais de 40% da população, não têm acesso a comida nutritiva, água potável e serviços básicos. A penúria não impediu o líder do país, Kim Jong-un, de investir e formar, em menos de uma década, um dos mais bem treinados exércitos de hackers do mundo – colocando o país no clube de potências cibernéticas.

Kim Jong-un em complexo tecnológico de Pyongyang: corrida para transformar país em potência cibernética Foto: Kim Jong-un em complexo tecnológico de Pyongyang: corrida para transformar país em potência cibernética North Korea's Korean Central News Agency (KCNA) REUTERS/KCNA

O exército de hackers da Coreia do Norte existe desde o fim dos anos 90, quando Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, citou a programação como uma forma de reconstruir a economia. “No futuro, todas as batalhas serão pelo computador”, disse. 

Serviços de inteligência e empresas de segurança virtual, porém, sempre consideraram a Coreia do Norte uma ameaça secundária. Desde que Kim assumiu, em 2011, ele determinou um investimento em massa no setor. 

O resultado: nos últimos 26 meses, as impressões digitais do país apareceram em um número crescente de ataques cibernéticos, com o nível de habilidade de seus hackers aprimorados rapidamente e seus alvos cada vez mais preocupantes, segundo levantamento da empresa americana de cibersegurança AlienVault. 

Especialistas afirmam que o gasto do governo com o programa pode ser de centenas de milhões de dólares desde 2011. Segundo eles, Pyongyang mostra níveis de originalidade em sua codificação e técnicas que surpreenderam os pesquisadores. O país demonstrou disposição para perseguir alvos como bancos centrais, sistemas de venda online e criptomoedas – uma tentativa de conseguir dinheiro para compensar as sanções econômicas ou ameaçar instituições financeiras estrangeiras. A Coreia do Norte nega envolvimento com hackers, e diz que as acusações são “propaganda inimiga”. 

O líder norte-coreano, Kim Jong-un Foto: KCNA via REUTERS

Muitos ataques norte-coreanos ocorrem sem um objetivo claro, em busca de pontos fracos para aprender sobre os inimigos ou obter dinheiro. “A frequência dos casos, sua clara ligação com a Coreia do Norte e a sofisticação deveriam ser a principal preocupação em relação ao país”, disse  ex-analista do Departamento de Defesa dos EUA. “Tanto ou até mais do que o arsenal nuclear.”

Alguns são enviados para o exterior para dominar idiomas estrangeiros ou para participar de “hackatons” internacionais, uma espécie de olimpíada de hackers, em lugares como Índia ou China, onde competem contra codificadores de todo o mundo. Em uma competição global de 2015 chamada CodeChef, dirigida por uma empresa indiana de software, as equipes norte-coreanas ficaram em primeiro, segundo e terceiro lugares, entre as mais de 7.600 do mundo inteiro. Três dos 15 principais codificadores da rede da CodeChef, com cerca de 100 mil participantes, são norte-coreanos.

Desertores norte-coreanos e pesquisadores sul-coreanos dizem que o exército cibernético da Coreia do Norte tem cerca de 7 mil hackers que recebem amplos apartamentos em Pyongyang e isenções do serviço militar obrigatório, além de treinamento especial e cursos no exterior. 

Muitos usam inglês perfeito e incorporam linguagens na codificação para fazer parecer que os golpes vieram de outros países. E eles estão ganhando uma reputação como inovadores em invadir smartphones, escondendo malware em aplicativos da Bíblia ou usando o Facebook para infectar alvos.

Em maio, o país foi responsável por um flagelo chamado WannaCry, que por alguns dias infectou e criptografou computadores em todo o mundo, exigindo que as organizações pagassem resgates em bitcoins para desbloquear seus dados. Alguns anos antes, a Coreia do Norte roubou e publicou a correspondência privada de executivos da Sony, empresa produtora de A Entrevista, filme que satiriza o país.

Um desertor norte-coreano que trabalhou no exército de hackers deu detalhes à Bloomberg no ano passado. “A Coreia do Norte fará qualquer coisa por dinheiro, mesmo que isso signifique pedir para você roubar”, disse o hacker, que reconheceu ter participado de instalações de vírus para roubar números de cartão de crédito. 

Apesar do trabalho, ele negou que os hackers tivessem qualquer privilégio. “Programadores de elite? De jeito nenhum. Éramos apenas um bando de trabalhadores pobres e mal pagos” – assim como a maioria da população. / COM W.POST

Na Coreia do Norte, ao menos 11 milhões de pessoas, mais de 40% da população, não têm acesso a comida nutritiva, água potável e serviços básicos. A penúria não impediu o líder do país, Kim Jong-un, de investir e formar, em menos de uma década, um dos mais bem treinados exércitos de hackers do mundo – colocando o país no clube de potências cibernéticas.

Kim Jong-un em complexo tecnológico de Pyongyang: corrida para transformar país em potência cibernética Foto: Kim Jong-un em complexo tecnológico de Pyongyang: corrida para transformar país em potência cibernética North Korea's Korean Central News Agency (KCNA) REUTERS/KCNA

O exército de hackers da Coreia do Norte existe desde o fim dos anos 90, quando Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, citou a programação como uma forma de reconstruir a economia. “No futuro, todas as batalhas serão pelo computador”, disse. 

Serviços de inteligência e empresas de segurança virtual, porém, sempre consideraram a Coreia do Norte uma ameaça secundária. Desde que Kim assumiu, em 2011, ele determinou um investimento em massa no setor. 

O resultado: nos últimos 26 meses, as impressões digitais do país apareceram em um número crescente de ataques cibernéticos, com o nível de habilidade de seus hackers aprimorados rapidamente e seus alvos cada vez mais preocupantes, segundo levantamento da empresa americana de cibersegurança AlienVault. 

Especialistas afirmam que o gasto do governo com o programa pode ser de centenas de milhões de dólares desde 2011. Segundo eles, Pyongyang mostra níveis de originalidade em sua codificação e técnicas que surpreenderam os pesquisadores. O país demonstrou disposição para perseguir alvos como bancos centrais, sistemas de venda online e criptomoedas – uma tentativa de conseguir dinheiro para compensar as sanções econômicas ou ameaçar instituições financeiras estrangeiras. A Coreia do Norte nega envolvimento com hackers, e diz que as acusações são “propaganda inimiga”. 

O líder norte-coreano, Kim Jong-un Foto: KCNA via REUTERS

Muitos ataques norte-coreanos ocorrem sem um objetivo claro, em busca de pontos fracos para aprender sobre os inimigos ou obter dinheiro. “A frequência dos casos, sua clara ligação com a Coreia do Norte e a sofisticação deveriam ser a principal preocupação em relação ao país”, disse  ex-analista do Departamento de Defesa dos EUA. “Tanto ou até mais do que o arsenal nuclear.”

Alguns são enviados para o exterior para dominar idiomas estrangeiros ou para participar de “hackatons” internacionais, uma espécie de olimpíada de hackers, em lugares como Índia ou China, onde competem contra codificadores de todo o mundo. Em uma competição global de 2015 chamada CodeChef, dirigida por uma empresa indiana de software, as equipes norte-coreanas ficaram em primeiro, segundo e terceiro lugares, entre as mais de 7.600 do mundo inteiro. Três dos 15 principais codificadores da rede da CodeChef, com cerca de 100 mil participantes, são norte-coreanos.

Desertores norte-coreanos e pesquisadores sul-coreanos dizem que o exército cibernético da Coreia do Norte tem cerca de 7 mil hackers que recebem amplos apartamentos em Pyongyang e isenções do serviço militar obrigatório, além de treinamento especial e cursos no exterior. 

Muitos usam inglês perfeito e incorporam linguagens na codificação para fazer parecer que os golpes vieram de outros países. E eles estão ganhando uma reputação como inovadores em invadir smartphones, escondendo malware em aplicativos da Bíblia ou usando o Facebook para infectar alvos.

Em maio, o país foi responsável por um flagelo chamado WannaCry, que por alguns dias infectou e criptografou computadores em todo o mundo, exigindo que as organizações pagassem resgates em bitcoins para desbloquear seus dados. Alguns anos antes, a Coreia do Norte roubou e publicou a correspondência privada de executivos da Sony, empresa produtora de A Entrevista, filme que satiriza o país.

Um desertor norte-coreano que trabalhou no exército de hackers deu detalhes à Bloomberg no ano passado. “A Coreia do Norte fará qualquer coisa por dinheiro, mesmo que isso signifique pedir para você roubar”, disse o hacker, que reconheceu ter participado de instalações de vírus para roubar números de cartão de crédito. 

Apesar do trabalho, ele negou que os hackers tivessem qualquer privilégio. “Programadores de elite? De jeito nenhum. Éramos apenas um bando de trabalhadores pobres e mal pagos” – assim como a maioria da população. / COM W.POST

Na Coreia do Norte, ao menos 11 milhões de pessoas, mais de 40% da população, não têm acesso a comida nutritiva, água potável e serviços básicos. A penúria não impediu o líder do país, Kim Jong-un, de investir e formar, em menos de uma década, um dos mais bem treinados exércitos de hackers do mundo – colocando o país no clube de potências cibernéticas.

Kim Jong-un em complexo tecnológico de Pyongyang: corrida para transformar país em potência cibernética Foto: Kim Jong-un em complexo tecnológico de Pyongyang: corrida para transformar país em potência cibernética North Korea's Korean Central News Agency (KCNA) REUTERS/KCNA

O exército de hackers da Coreia do Norte existe desde o fim dos anos 90, quando Kim Jong-il, pai de Kim Jong-un, citou a programação como uma forma de reconstruir a economia. “No futuro, todas as batalhas serão pelo computador”, disse. 

Serviços de inteligência e empresas de segurança virtual, porém, sempre consideraram a Coreia do Norte uma ameaça secundária. Desde que Kim assumiu, em 2011, ele determinou um investimento em massa no setor. 

O resultado: nos últimos 26 meses, as impressões digitais do país apareceram em um número crescente de ataques cibernéticos, com o nível de habilidade de seus hackers aprimorados rapidamente e seus alvos cada vez mais preocupantes, segundo levantamento da empresa americana de cibersegurança AlienVault. 

Especialistas afirmam que o gasto do governo com o programa pode ser de centenas de milhões de dólares desde 2011. Segundo eles, Pyongyang mostra níveis de originalidade em sua codificação e técnicas que surpreenderam os pesquisadores. O país demonstrou disposição para perseguir alvos como bancos centrais, sistemas de venda online e criptomoedas – uma tentativa de conseguir dinheiro para compensar as sanções econômicas ou ameaçar instituições financeiras estrangeiras. A Coreia do Norte nega envolvimento com hackers, e diz que as acusações são “propaganda inimiga”. 

O líder norte-coreano, Kim Jong-un Foto: KCNA via REUTERS

Muitos ataques norte-coreanos ocorrem sem um objetivo claro, em busca de pontos fracos para aprender sobre os inimigos ou obter dinheiro. “A frequência dos casos, sua clara ligação com a Coreia do Norte e a sofisticação deveriam ser a principal preocupação em relação ao país”, disse  ex-analista do Departamento de Defesa dos EUA. “Tanto ou até mais do que o arsenal nuclear.”

Alguns são enviados para o exterior para dominar idiomas estrangeiros ou para participar de “hackatons” internacionais, uma espécie de olimpíada de hackers, em lugares como Índia ou China, onde competem contra codificadores de todo o mundo. Em uma competição global de 2015 chamada CodeChef, dirigida por uma empresa indiana de software, as equipes norte-coreanas ficaram em primeiro, segundo e terceiro lugares, entre as mais de 7.600 do mundo inteiro. Três dos 15 principais codificadores da rede da CodeChef, com cerca de 100 mil participantes, são norte-coreanos.

Desertores norte-coreanos e pesquisadores sul-coreanos dizem que o exército cibernético da Coreia do Norte tem cerca de 7 mil hackers que recebem amplos apartamentos em Pyongyang e isenções do serviço militar obrigatório, além de treinamento especial e cursos no exterior. 

Muitos usam inglês perfeito e incorporam linguagens na codificação para fazer parecer que os golpes vieram de outros países. E eles estão ganhando uma reputação como inovadores em invadir smartphones, escondendo malware em aplicativos da Bíblia ou usando o Facebook para infectar alvos.

Em maio, o país foi responsável por um flagelo chamado WannaCry, que por alguns dias infectou e criptografou computadores em todo o mundo, exigindo que as organizações pagassem resgates em bitcoins para desbloquear seus dados. Alguns anos antes, a Coreia do Norte roubou e publicou a correspondência privada de executivos da Sony, empresa produtora de A Entrevista, filme que satiriza o país.

Um desertor norte-coreano que trabalhou no exército de hackers deu detalhes à Bloomberg no ano passado. “A Coreia do Norte fará qualquer coisa por dinheiro, mesmo que isso signifique pedir para você roubar”, disse o hacker, que reconheceu ter participado de instalações de vírus para roubar números de cartão de crédito. 

Apesar do trabalho, ele negou que os hackers tivessem qualquer privilégio. “Programadores de elite? De jeito nenhum. Éramos apenas um bando de trabalhadores pobres e mal pagos” – assim como a maioria da população. / COM W.POST

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