Le Pen bate recorde na intenção de votos e ameaça reeleição de Macron


Candidata de extrema direita à presidência acerta no discurso sobre perda de poder de compra e ganha espaço entre eleitores

Por Redação
Atualização:

PARIS — Com um discurso de ataque à crise econômica na França e à perda do poder de compra dos franceses de classes média e baixa, a candidata da extrema direita Marine Le Pen diminuiu a vantagem do presidente Emmanuel Macron na corrida eleitoral do país às vésperas do primeiro turno, no domingo.

Uma pesquisa da Harris Interactive para o semanário de negócios Challenges mostrou, nesta terça-feira, 5, que Le Pen, cuja campanha presidencial ganhou força nos últimos dias, registrou 48,5% das intenções de voto em um provável segundo turno contra Macron, que busca a reeleição. Macron tem 53% das intenções de voto. Trata-se do índice mais alto que ela já alcançou.

Outra pesquisa, do respeitado grupo Ifop-Fiducial, mostrou Le Pen com 21,5% dos votos no primeiro turno da votação no próximo domingo, quase o dobro dos votos de Éric Zemmour, o radical de extrema direita que tem 11%, e reduzindo a diferença para Macron, que tem 28%. Os dois candidatos mais votados disputarão o segundo turno em 24 de abril.

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Marine Le Pen entra em palco em comício de sua campanha em Frejus, em imagem de setembro de 2021 Foto: Daniel Cole

Mais preocupante para Macron, a pesquisa sugeriu que ele superaria Le Pen, mas com apenas 53,5%, ante 46,5% dela no segundo turno. Na última eleição presidencial, em 2017, Macron derrotou Le Pen no segundo por 66,1% dos votos, ante 33,9% dela.

Marine Le Pen, a líder de extrema direita que faz sua terceira tentativa de chegar ao poder, aumentou sua popularidade nas últimas duas semanas ao colocar seu foco em questões de custo de vida e perda de poder de compra dos franceses, o que ressoou com os milhões de franceses de rendas média e baixa que lutam para sobreviver após um aumento de mais de 35% nos preços do gás no ano passado, além do aumento do preço dos alimentos.

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O avanço da extrema direita anti-imigração, simpática ao presidente russo, Vladimir Putin, e cética em relação à União Europeia e à Otan fez Macron acordar para as dificuldades que deve enfrentar na eleição. No fim de semana, diante de uma multidão de 30 mil apoiadores nos subúrbios de Paris, ele falou: ‘não pensem que está tudo decidido, que tudo vai dar certo. Saiam para votar”.

“É uma ilusão acreditar que esta eleição será vencida facilmente por Macron”, disse Nicolas Tenzer, um autor que ensina ciência política na Universidade Sciences Po. “Com uma alta taxa de abstenção, o que é possível, e o nível de ódio contra o presidente entre algumas pessoas, pode haver uma verdadeira surpresa. A ideia de que Le Pen vença não é impossível.”

Édouard Philippe, ex-primeiro-ministro do governo de Macron, alertou na semana passada que “é claro que Le Pen pode vencer”.

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Essa noção teria parecido ridícula meses atrás, quando Le Pen parecia irrecuperável diante do furor radical de Zemmour, um comentarista de TV anti-imigrante que virou político ao emular Donald Trump.

‘Mais palatável’

Agora, no entanto, a campanha de Zemmour parece estar afundando, e sua candidatura de frases de feito tornou Le Pen mais “palatável”. Tanto que Le Pen abandonou em parte o discurso xenofóbico para se concentrar incansavelmente em questões econômicas, prometendo reduzir os preços do gás e da eletricidade, taxar a contratação de funcionários estrangeiros para favorecer os nacionais, preservar a semana de 35 horas e manter a idade de aposentadoria em 62 anos, enquanto Macron quer aumentar para 65.

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Já Macron caiu dois ou três pontos porcentuais nas pesquisas na semana passada, cada vez mais criticado por sua recusa em debater outros candidatos e seu ar de ter assuntos mais importantes em sua mente, como guerra e paz na Europa, do que as maquinações da democracia francesa.

Presidente Emmanuel Macron faz campanha em Spezet na reta final de sua campanha que busca a reeleição 

O amplo uso de empresas de consultoria por seu governo também levou a uma onda de críticas a Macron nos últimos dias. Ex-banqueiro, Macron tem sido frequentemente atacado como “o presidente dos ricos” em um país com sentimentos profundamente ambivalentes sobre riqueza e capitalismo.

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O cenário preocupante para Macron é que o voto de Zemmour vá para Le Pen em um segundo turno, e que ela ganhe força com a abstenção de ampla parte da esquerda que se sente traída ou apenas visceralmente hostil em relação ao presidente, ou por alguns eleitores de centro-direita para quem a imigração é uma questão central.

Ainda assim, Macron provou ser capaz de ocupar todo o espectro central da política francesa por meio de sua insistência de que liberar a economia é compatível com a manutenção, e até mesmo aumentar, o papel do Estado francês na proteção social. Figuras proeminentes da centro-esquerda e centro-direita participaram de seu comício no sábado. / REUTERS, AFP e NYT

PARIS — Com um discurso de ataque à crise econômica na França e à perda do poder de compra dos franceses de classes média e baixa, a candidata da extrema direita Marine Le Pen diminuiu a vantagem do presidente Emmanuel Macron na corrida eleitoral do país às vésperas do primeiro turno, no domingo.

Uma pesquisa da Harris Interactive para o semanário de negócios Challenges mostrou, nesta terça-feira, 5, que Le Pen, cuja campanha presidencial ganhou força nos últimos dias, registrou 48,5% das intenções de voto em um provável segundo turno contra Macron, que busca a reeleição. Macron tem 53% das intenções de voto. Trata-se do índice mais alto que ela já alcançou.

Outra pesquisa, do respeitado grupo Ifop-Fiducial, mostrou Le Pen com 21,5% dos votos no primeiro turno da votação no próximo domingo, quase o dobro dos votos de Éric Zemmour, o radical de extrema direita que tem 11%, e reduzindo a diferença para Macron, que tem 28%. Os dois candidatos mais votados disputarão o segundo turno em 24 de abril.

Marine Le Pen entra em palco em comício de sua campanha em Frejus, em imagem de setembro de 2021 Foto: Daniel Cole

Mais preocupante para Macron, a pesquisa sugeriu que ele superaria Le Pen, mas com apenas 53,5%, ante 46,5% dela no segundo turno. Na última eleição presidencial, em 2017, Macron derrotou Le Pen no segundo por 66,1% dos votos, ante 33,9% dela.

Marine Le Pen, a líder de extrema direita que faz sua terceira tentativa de chegar ao poder, aumentou sua popularidade nas últimas duas semanas ao colocar seu foco em questões de custo de vida e perda de poder de compra dos franceses, o que ressoou com os milhões de franceses de rendas média e baixa que lutam para sobreviver após um aumento de mais de 35% nos preços do gás no ano passado, além do aumento do preço dos alimentos.

O avanço da extrema direita anti-imigração, simpática ao presidente russo, Vladimir Putin, e cética em relação à União Europeia e à Otan fez Macron acordar para as dificuldades que deve enfrentar na eleição. No fim de semana, diante de uma multidão de 30 mil apoiadores nos subúrbios de Paris, ele falou: ‘não pensem que está tudo decidido, que tudo vai dar certo. Saiam para votar”.

“É uma ilusão acreditar que esta eleição será vencida facilmente por Macron”, disse Nicolas Tenzer, um autor que ensina ciência política na Universidade Sciences Po. “Com uma alta taxa de abstenção, o que é possível, e o nível de ódio contra o presidente entre algumas pessoas, pode haver uma verdadeira surpresa. A ideia de que Le Pen vença não é impossível.”

Édouard Philippe, ex-primeiro-ministro do governo de Macron, alertou na semana passada que “é claro que Le Pen pode vencer”.

Essa noção teria parecido ridícula meses atrás, quando Le Pen parecia irrecuperável diante do furor radical de Zemmour, um comentarista de TV anti-imigrante que virou político ao emular Donald Trump.

‘Mais palatável’

Agora, no entanto, a campanha de Zemmour parece estar afundando, e sua candidatura de frases de feito tornou Le Pen mais “palatável”. Tanto que Le Pen abandonou em parte o discurso xenofóbico para se concentrar incansavelmente em questões econômicas, prometendo reduzir os preços do gás e da eletricidade, taxar a contratação de funcionários estrangeiros para favorecer os nacionais, preservar a semana de 35 horas e manter a idade de aposentadoria em 62 anos, enquanto Macron quer aumentar para 65.

Já Macron caiu dois ou três pontos porcentuais nas pesquisas na semana passada, cada vez mais criticado por sua recusa em debater outros candidatos e seu ar de ter assuntos mais importantes em sua mente, como guerra e paz na Europa, do que as maquinações da democracia francesa.

Presidente Emmanuel Macron faz campanha em Spezet na reta final de sua campanha que busca a reeleição 

O amplo uso de empresas de consultoria por seu governo também levou a uma onda de críticas a Macron nos últimos dias. Ex-banqueiro, Macron tem sido frequentemente atacado como “o presidente dos ricos” em um país com sentimentos profundamente ambivalentes sobre riqueza e capitalismo.

O cenário preocupante para Macron é que o voto de Zemmour vá para Le Pen em um segundo turno, e que ela ganhe força com a abstenção de ampla parte da esquerda que se sente traída ou apenas visceralmente hostil em relação ao presidente, ou por alguns eleitores de centro-direita para quem a imigração é uma questão central.

Ainda assim, Macron provou ser capaz de ocupar todo o espectro central da política francesa por meio de sua insistência de que liberar a economia é compatível com a manutenção, e até mesmo aumentar, o papel do Estado francês na proteção social. Figuras proeminentes da centro-esquerda e centro-direita participaram de seu comício no sábado. / REUTERS, AFP e NYT

PARIS — Com um discurso de ataque à crise econômica na França e à perda do poder de compra dos franceses de classes média e baixa, a candidata da extrema direita Marine Le Pen diminuiu a vantagem do presidente Emmanuel Macron na corrida eleitoral do país às vésperas do primeiro turno, no domingo.

Uma pesquisa da Harris Interactive para o semanário de negócios Challenges mostrou, nesta terça-feira, 5, que Le Pen, cuja campanha presidencial ganhou força nos últimos dias, registrou 48,5% das intenções de voto em um provável segundo turno contra Macron, que busca a reeleição. Macron tem 53% das intenções de voto. Trata-se do índice mais alto que ela já alcançou.

Outra pesquisa, do respeitado grupo Ifop-Fiducial, mostrou Le Pen com 21,5% dos votos no primeiro turno da votação no próximo domingo, quase o dobro dos votos de Éric Zemmour, o radical de extrema direita que tem 11%, e reduzindo a diferença para Macron, que tem 28%. Os dois candidatos mais votados disputarão o segundo turno em 24 de abril.

Marine Le Pen entra em palco em comício de sua campanha em Frejus, em imagem de setembro de 2021 Foto: Daniel Cole

Mais preocupante para Macron, a pesquisa sugeriu que ele superaria Le Pen, mas com apenas 53,5%, ante 46,5% dela no segundo turno. Na última eleição presidencial, em 2017, Macron derrotou Le Pen no segundo por 66,1% dos votos, ante 33,9% dela.

Marine Le Pen, a líder de extrema direita que faz sua terceira tentativa de chegar ao poder, aumentou sua popularidade nas últimas duas semanas ao colocar seu foco em questões de custo de vida e perda de poder de compra dos franceses, o que ressoou com os milhões de franceses de rendas média e baixa que lutam para sobreviver após um aumento de mais de 35% nos preços do gás no ano passado, além do aumento do preço dos alimentos.

O avanço da extrema direita anti-imigração, simpática ao presidente russo, Vladimir Putin, e cética em relação à União Europeia e à Otan fez Macron acordar para as dificuldades que deve enfrentar na eleição. No fim de semana, diante de uma multidão de 30 mil apoiadores nos subúrbios de Paris, ele falou: ‘não pensem que está tudo decidido, que tudo vai dar certo. Saiam para votar”.

“É uma ilusão acreditar que esta eleição será vencida facilmente por Macron”, disse Nicolas Tenzer, um autor que ensina ciência política na Universidade Sciences Po. “Com uma alta taxa de abstenção, o que é possível, e o nível de ódio contra o presidente entre algumas pessoas, pode haver uma verdadeira surpresa. A ideia de que Le Pen vença não é impossível.”

Édouard Philippe, ex-primeiro-ministro do governo de Macron, alertou na semana passada que “é claro que Le Pen pode vencer”.

Essa noção teria parecido ridícula meses atrás, quando Le Pen parecia irrecuperável diante do furor radical de Zemmour, um comentarista de TV anti-imigrante que virou político ao emular Donald Trump.

‘Mais palatável’

Agora, no entanto, a campanha de Zemmour parece estar afundando, e sua candidatura de frases de feito tornou Le Pen mais “palatável”. Tanto que Le Pen abandonou em parte o discurso xenofóbico para se concentrar incansavelmente em questões econômicas, prometendo reduzir os preços do gás e da eletricidade, taxar a contratação de funcionários estrangeiros para favorecer os nacionais, preservar a semana de 35 horas e manter a idade de aposentadoria em 62 anos, enquanto Macron quer aumentar para 65.

Já Macron caiu dois ou três pontos porcentuais nas pesquisas na semana passada, cada vez mais criticado por sua recusa em debater outros candidatos e seu ar de ter assuntos mais importantes em sua mente, como guerra e paz na Europa, do que as maquinações da democracia francesa.

Presidente Emmanuel Macron faz campanha em Spezet na reta final de sua campanha que busca a reeleição 

O amplo uso de empresas de consultoria por seu governo também levou a uma onda de críticas a Macron nos últimos dias. Ex-banqueiro, Macron tem sido frequentemente atacado como “o presidente dos ricos” em um país com sentimentos profundamente ambivalentes sobre riqueza e capitalismo.

O cenário preocupante para Macron é que o voto de Zemmour vá para Le Pen em um segundo turno, e que ela ganhe força com a abstenção de ampla parte da esquerda que se sente traída ou apenas visceralmente hostil em relação ao presidente, ou por alguns eleitores de centro-direita para quem a imigração é uma questão central.

Ainda assim, Macron provou ser capaz de ocupar todo o espectro central da política francesa por meio de sua insistência de que liberar a economia é compatível com a manutenção, e até mesmo aumentar, o papel do Estado francês na proteção social. Figuras proeminentes da centro-esquerda e centro-direita participaram de seu comício no sábado. / REUTERS, AFP e NYT

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