WASHINGTON - A desclassificação de documentos ligados às acusações por tráfico sexual contra o milionário Jeffrey Epstein foi antecedida por fervorosas especulações sobre possíveis nomes da elite dos Estados Unidos e do Reino Unido que pudessem aparecer entre as denúncias. Entre eles, o ex-presidente americano Bill Clinton.
Embora seja mencionado nos documentos relacionados aos crimes do milionário, Clinton não recebeu acusações por nenhuma das vítimas de Epstein. O ex-presidente reconheceu que voou várias vezes no jato particular de Epstein há duas décadas. Essas viagens, inclusive, foram amplamente divulgadas pela imprensa no passado e, por isso, não surpreenderam ao aparecer nos documentos desclassificados nesta semana.
Sobre as viagens na aeronave privada, Clinton disse anteriormente por meio de um porta-voz que enquanto viajava no jato de Epstein nunca visitou suas casas, não tinha conhecimento de seus crimes e não falou com Epstein desde sua condenação na Flórida.
Clinton uma vez chegou a elogiar publicamente o intelecto e os esforços filantrópicos do financista. Em uma declaração de 2019, por outro lado, disse que não sabia nada sobre os “crimes terríveis” de Epstein.
Johanna Sjoberg, uma das vítimas de Epstein, testemunhou em seu depoimento que, embora nunca tenha conhecido Clinton, Epstein uma vez comentou com ela que “Clinton gosta de jovens”. Ela interpretou o comentário como uma referência a mulheres jovens ou meninas. Quando questionada se o ex-presidente era amigo do milionário, ela afirmou entender que Epstein tinha “negócios” com Clinton.
Em um documento de 2016, os advogados de Ghislaine Maxwell, ex-namorada de Epstein que também foi acusada e condenada por tráfico sexual, disseram que os registos do FBI e do Serviço Secreto refutaram as alegações de que Bill Clinton visitou a ilha privada de Epstein no Caribe e disseram o ex-presidente não foi acusado de qualquer má conduta sexual ligada a Epstein. Ghislaine disse em depoimento que “as alegações de que Clinton fez uma refeição na ilha de Jeffrey são 100 por cento falsas”. Ela acrescentou que tinha “certeza de que ele fez uma refeição no avião de Jeffrey”.
Outros documentos divulgados incluíam argumentos jurídicos sobre se Clinton deveria ser deposto quando ainda era presidente, entre 1993 e 2001. Os advogados de Virginia Giuffre, outra vítima que denunciou Epstein, tentaram, sem sucesso, intimá-lo a testemunhar, argumentando que o ex-presidente era uma “pessoa-chave que pode fornecer informações sobre seu relacionamento próximo” com Epstein.
Para a CNN, um porta-voz de Clinton ressaltou na quarta-feira a negação de 2019 e declarou que “já se passaram quase 20 anos desde a última vez que o presidente Clinton teve contato com Epstein”./Com Associated Press e Washington Post.