O livro de memórias do príncipe Harry, que teve seus trechos mais bombásticos com revelações contra a família real britânica amplamente divulgados pela imprensa, chegou às livrarias do mundo inteiro nesta terça-feira, 10.
No Reino Unido, os primeiros exemplares do livro foram vendidos pouco depois da meia-noite em livrarias que abriram especialmente para a ocasião. Em alguns estabelecimentos britânicos, o livro é anunciado pela metade do preço: 14 libras esterlinas, em vez de 28. No Brasil, O que sobra (Spare, no título original) está a venda por R$ 74,90.
Na livraria WS Smith, na estação ferroviária Victoria, em Londres, os exemplares foram desempacotados à meia-noite em ponto, sob os olhares das câmeras de televisão. Chris Imafidon, que trabalha no setor da educação, era o primeiro da fila. “Quero entender a perspectiva deles”, disse à agência France-Press, antes de sair com três exemplares.
O lançamento oficial da autobiografia, traduzida em 15 idiomas, acontece nesta terça-feira, mas grande parte do conteúdo vazou quando ela foi colocada à venda por engano em algumas livrarias da Espanha com dias de antecedência.
As profundas divisões na família real britânica são expostas no livro. William, herdeiro do trono e seu “amado irmão e inimigo jurado”, é seu principal alvo. O rei Charles III, que será coroado em 6 de maio, tampouco é poupado. Também sofrem ataques Kate, mulher de William, e Camilla, a rainha consorte.
Um dos fatos contados é uma briga entre Kate e Meghan por conta do vestido que a menina Charlotte, filha de Kate, usaria do no casamento dos tios. Segundo Harry, o caso foi, em grande parte, motivado por Kate, que ficou irritada por ter que esperar um dia para receber uma resposta de Meghan sobre a roupa, e deixou Meghan “chorando no chão”.
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Harry conta que o vestido de Charlotte ficou largo e isso levou a uma discussão entre as duas. A sugestão de Meghan de levar o vestido a um alfaiate de prontidão no Palácio de Kensington “não foi suficiente” para Kate que, segundo o livro, insistiu que “todos os vestidos precisavam ser refeitos”.
Antes do grande dia, Harry disse que Meghan estava fazendo malabarismos com o problema do vestido de Charlotte e o caos em torno de seu pai, Thomas Markle - e acabou “chorando no chão”. “Meg perguntou se Kate estava ciente do que estava acontecendo (com o pai dela) e Kate disse que estava bem ciente, mas queria saber dos vestidos”, informou o The Sun, citando o livro.
Contar a própria história
“Depois de 38 anos em que minha história foi contada por tantas pessoas com distorções e manipulações intencionais, me pareceu que era o momento certo para me reapropriar da minha história”, afirmou Harry em entrevista à emissora britânica ITV. Mas nada “foi feito com a intenção de ferir, ou de prejudicar”, sua família, ressaltou.
O Palácio de Buckingham não reagiu às declarações do príncipe.
Outros detalhes sórdidos incluem como perdeu a virgindade com uma mulher mais velha em um campo atrás de um pub, seu uso de cocaína na adolescência, as 25 pessoas que ele matou durante suas missões militares no Afeganistão, ou a mulher, que ele se abstém de chamar de “médium”, que lhe permitiu entrar em contato com sua mãe, a princesa Diana.
Os britânicos podem estar demonstrando um cansaço com as revelações de Harry e de sua mulher, Meghan Markle, onipresentes na mídia há semanas. Segundo uma pesquisa do instituto YouGov, 64% dos britânicos têm uma imagem negativa do filho caçula do rei Charles III. / AFP