Liz Cheney desafia poder de Trump no mais trumpista dos Estados americanos


Deputada se tornou símbolo da resistência contra ex-presidente dentro do Partido Republicano, o que acabou custando sua chance de disputar a reeleição na Câmara

Por Renata Tranches
Atualização:

Após seus candidatos sofrerem várias derrotas no mês de maio, Donald Trump concentrou suas atenções no mais trumpista dos Estados americanos, o Wyoming. É de lá que sai a mais dissonante voz contra ele dentro do Partido Republicano, a deputada Liz Cheney, que ao enfrentar o ex-presidente bateu recordes de arrecadação para sua campanha, mas acabou derrotada na disputa de primárias pelo nome apoiado pelo magnata. Ao reconhecer a derrota, Liz Cheney prometeu fazer todo o possível para evitar que Trump volte à Casa Branca, abrindo a possibilidade de sair candidata à indicação do partido para a presidência em 2024 .

A batalha no Wyoming pela única cadeira na Câmara, na terça-feira, 16, foi um recorte importante da rivalidade dentro do partido. De um lado, Cheney, herdeira de uma dinastia. Do outro, cinco oponentes, entre eles, uma candidata que recebeu o apoio oficial do magnata, a advogada Harriet Hageman, que não reconhece a vitória de Joe Biden nas eleições de 2020. Hageman acabou vitoriosa na noite de terça-feira.

A disputa aconteceu em um lugar onde, há dois anos, Trump venceu Biden por 43 pontos porcentuais, sua maior vantagem em qualquer Estado americano. Foi para lá que ele viajou, no fim de maio, para um evento de arrecadação de fundos para Hageman. “Liz Cheney é a América por último”, disse Trump, fazendo trocadilho com seu lema “America First” (América primeiro, em inglês).

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A deputada Liz Cheney (C) durante audiência do Comitê na Câmara que investiga o envolvimento de Donald Trump na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021  Foto: Photo for The Washington Post by Stefani Reynolds

O Partido Republicano no Estado também tem o presidente mais extremista do país, Frank Eathorne. Ele integra a milícia de extrema direita Oath Keepers com um destacado papel na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Mais do que apoiar sua rival, Trump faz campanha contra Cheney. Desde que dez republicanos votaram a favor do seu segundo processo de impeachment, o ex-presidente tem se dedicado a se vingar deles, direcionando apoio a seus desafetos.

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Três deles se aposentaram e desistiram de enfrentá-lo para buscar a reeleição em novembro. “Eles estão todos assustados de enfrentar Trump”, afirmou ao Estadão o cientista político da Western Carolina University Christopher Cooper.

Mas é na filha do ex-vice-presidente Dick Cheney que Trump e seus aliados se concentraram para expurgar da legenda seus últimos críticos. Cheney era a terceira republicana mais importante antes de um grupo pró-Trump rebaixá-la e afastá-la da cúpula.

Recorde de arrecadação

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Ser rebaixada dentro do próprio partido seria um problema para a campanha de qualquer candidato, mas não para Cheney. A perseguição de Trump teve um efeito colateral e a deputada bateu recorde de arrecadação de uma campanha para a Câmara no partido.

Segundo a ABC News, a congressista levantou US$ 3 milhões nos primeiros três meses do ano. A quantia representou US$ 1 milhão a mais do que o arrecadado pela deputada Elise Stefanik, de Nova York, que substituiu Cheney no partido.

Cheney acumulava em junho em caixa quase US$ 7 milhões faltando cerca de cinco meses para as eleições. Com uma população de apenas 580 mil, segundo o professor de ciências políticas da Universidade do Wyoming James King, seria impossível qualquer candidato levantar essa quantia sem doações de residentes de outros Estados.

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Ele lembra que Hageman também recebeu uma doação expressiva: US$ 1,3 milhão para o mesmo período. O próprio Trump doou meio milhão. “Dessa forma, ambas aparecem como símbolos das facções dentro do Partido Republicano”, afirmou King ao Estadão.

Para os analistas, as doações a Cheney são resultado de sua batalha contra Trump. Entre os nomes republicanos que saíram em defesa de Cheney estão o do ex-presidente George W. Bush, de quem Dick Cheney foi vice, e de dois ex-pré-candidatos à presidência, Mitt Romney e Paul Ryan.

EX-presidente Donald Trump discursa em evento para arrecadação de fundos para a adversária de Liz Cheney nas primárias do Wyoming  Foto: Chet Strange/Getty Images/AFP
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Depois de votar pelo impeachment, Cheney passou a integrar e copresidir a comissão que investiga o envolvimento do ex-presidente no ataque ao Congresso. A comissão é composta por sete democratas e dois republicanos. Trump disse ao Washington Post em junho que ela é sua algoz na comissão. “Ela é pior do que qualquer democrata”, disse.

Cheney representa Wyoming em Washington desde 2017 e, desde a primeira vitória política de seu pai, há 44 anos, a família nunca perdeu uma eleição no Estado. Agora, porém, perdeu o direito de disputar a reeleição. Ela foi derrotada na noite de terça-feira por uma margem de mais de 35 pontos, em um alerta da rápida mudança do Partido Republicano para a direita radical.

Mesmo antes, com a perspectiva de derrota, Cheney vinha sendo sido uma crítica voraz não apenas de Trump, a quem já chamou de perigo à democracia, mas do partido. Em uma entrevista que ela concedeu ao programa CBS Sunday Morning, Cheney disse que há um culto de personalidade em torno de Trump no partido.

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Cooper não vê a deputada como um nome viável para as eleições de 2024. Mesmo que saia candidata à Casa Branca, ela provavelmente não ganharia a indicação de um Partido Republicano hostil. Mas, segundo ele, é inegável como ela se projetou graças ao embate contra Trump. “Estamos a quase 8 mil km de distância e falando sobre ela”, brinca o analista.

Após seus candidatos sofrerem várias derrotas no mês de maio, Donald Trump concentrou suas atenções no mais trumpista dos Estados americanos, o Wyoming. É de lá que sai a mais dissonante voz contra ele dentro do Partido Republicano, a deputada Liz Cheney, que ao enfrentar o ex-presidente bateu recordes de arrecadação para sua campanha, mas acabou derrotada na disputa de primárias pelo nome apoiado pelo magnata. Ao reconhecer a derrota, Liz Cheney prometeu fazer todo o possível para evitar que Trump volte à Casa Branca, abrindo a possibilidade de sair candidata à indicação do partido para a presidência em 2024 .

A batalha no Wyoming pela única cadeira na Câmara, na terça-feira, 16, foi um recorte importante da rivalidade dentro do partido. De um lado, Cheney, herdeira de uma dinastia. Do outro, cinco oponentes, entre eles, uma candidata que recebeu o apoio oficial do magnata, a advogada Harriet Hageman, que não reconhece a vitória de Joe Biden nas eleições de 2020. Hageman acabou vitoriosa na noite de terça-feira.

A disputa aconteceu em um lugar onde, há dois anos, Trump venceu Biden por 43 pontos porcentuais, sua maior vantagem em qualquer Estado americano. Foi para lá que ele viajou, no fim de maio, para um evento de arrecadação de fundos para Hageman. “Liz Cheney é a América por último”, disse Trump, fazendo trocadilho com seu lema “America First” (América primeiro, em inglês).

A deputada Liz Cheney (C) durante audiência do Comitê na Câmara que investiga o envolvimento de Donald Trump na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021  Foto: Photo for The Washington Post by Stefani Reynolds

O Partido Republicano no Estado também tem o presidente mais extremista do país, Frank Eathorne. Ele integra a milícia de extrema direita Oath Keepers com um destacado papel na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Mais do que apoiar sua rival, Trump faz campanha contra Cheney. Desde que dez republicanos votaram a favor do seu segundo processo de impeachment, o ex-presidente tem se dedicado a se vingar deles, direcionando apoio a seus desafetos.

Três deles se aposentaram e desistiram de enfrentá-lo para buscar a reeleição em novembro. “Eles estão todos assustados de enfrentar Trump”, afirmou ao Estadão o cientista político da Western Carolina University Christopher Cooper.

Mas é na filha do ex-vice-presidente Dick Cheney que Trump e seus aliados se concentraram para expurgar da legenda seus últimos críticos. Cheney era a terceira republicana mais importante antes de um grupo pró-Trump rebaixá-la e afastá-la da cúpula.

Recorde de arrecadação

Ser rebaixada dentro do próprio partido seria um problema para a campanha de qualquer candidato, mas não para Cheney. A perseguição de Trump teve um efeito colateral e a deputada bateu recorde de arrecadação de uma campanha para a Câmara no partido.

Segundo a ABC News, a congressista levantou US$ 3 milhões nos primeiros três meses do ano. A quantia representou US$ 1 milhão a mais do que o arrecadado pela deputada Elise Stefanik, de Nova York, que substituiu Cheney no partido.

Cheney acumulava em junho em caixa quase US$ 7 milhões faltando cerca de cinco meses para as eleições. Com uma população de apenas 580 mil, segundo o professor de ciências políticas da Universidade do Wyoming James King, seria impossível qualquer candidato levantar essa quantia sem doações de residentes de outros Estados.

Ele lembra que Hageman também recebeu uma doação expressiva: US$ 1,3 milhão para o mesmo período. O próprio Trump doou meio milhão. “Dessa forma, ambas aparecem como símbolos das facções dentro do Partido Republicano”, afirmou King ao Estadão.

Para os analistas, as doações a Cheney são resultado de sua batalha contra Trump. Entre os nomes republicanos que saíram em defesa de Cheney estão o do ex-presidente George W. Bush, de quem Dick Cheney foi vice, e de dois ex-pré-candidatos à presidência, Mitt Romney e Paul Ryan.

EX-presidente Donald Trump discursa em evento para arrecadação de fundos para a adversária de Liz Cheney nas primárias do Wyoming  Foto: Chet Strange/Getty Images/AFP

Depois de votar pelo impeachment, Cheney passou a integrar e copresidir a comissão que investiga o envolvimento do ex-presidente no ataque ao Congresso. A comissão é composta por sete democratas e dois republicanos. Trump disse ao Washington Post em junho que ela é sua algoz na comissão. “Ela é pior do que qualquer democrata”, disse.

Cheney representa Wyoming em Washington desde 2017 e, desde a primeira vitória política de seu pai, há 44 anos, a família nunca perdeu uma eleição no Estado. Agora, porém, perdeu o direito de disputar a reeleição. Ela foi derrotada na noite de terça-feira por uma margem de mais de 35 pontos, em um alerta da rápida mudança do Partido Republicano para a direita radical.

Mesmo antes, com a perspectiva de derrota, Cheney vinha sendo sido uma crítica voraz não apenas de Trump, a quem já chamou de perigo à democracia, mas do partido. Em uma entrevista que ela concedeu ao programa CBS Sunday Morning, Cheney disse que há um culto de personalidade em torno de Trump no partido.

Cooper não vê a deputada como um nome viável para as eleições de 2024. Mesmo que saia candidata à Casa Branca, ela provavelmente não ganharia a indicação de um Partido Republicano hostil. Mas, segundo ele, é inegável como ela se projetou graças ao embate contra Trump. “Estamos a quase 8 mil km de distância e falando sobre ela”, brinca o analista.

Após seus candidatos sofrerem várias derrotas no mês de maio, Donald Trump concentrou suas atenções no mais trumpista dos Estados americanos, o Wyoming. É de lá que sai a mais dissonante voz contra ele dentro do Partido Republicano, a deputada Liz Cheney, que ao enfrentar o ex-presidente bateu recordes de arrecadação para sua campanha, mas acabou derrotada na disputa de primárias pelo nome apoiado pelo magnata. Ao reconhecer a derrota, Liz Cheney prometeu fazer todo o possível para evitar que Trump volte à Casa Branca, abrindo a possibilidade de sair candidata à indicação do partido para a presidência em 2024 .

A batalha no Wyoming pela única cadeira na Câmara, na terça-feira, 16, foi um recorte importante da rivalidade dentro do partido. De um lado, Cheney, herdeira de uma dinastia. Do outro, cinco oponentes, entre eles, uma candidata que recebeu o apoio oficial do magnata, a advogada Harriet Hageman, que não reconhece a vitória de Joe Biden nas eleições de 2020. Hageman acabou vitoriosa na noite de terça-feira.

A disputa aconteceu em um lugar onde, há dois anos, Trump venceu Biden por 43 pontos porcentuais, sua maior vantagem em qualquer Estado americano. Foi para lá que ele viajou, no fim de maio, para um evento de arrecadação de fundos para Hageman. “Liz Cheney é a América por último”, disse Trump, fazendo trocadilho com seu lema “America First” (América primeiro, em inglês).

A deputada Liz Cheney (C) durante audiência do Comitê na Câmara que investiga o envolvimento de Donald Trump na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021  Foto: Photo for The Washington Post by Stefani Reynolds

O Partido Republicano no Estado também tem o presidente mais extremista do país, Frank Eathorne. Ele integra a milícia de extrema direita Oath Keepers com um destacado papel na invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Mais do que apoiar sua rival, Trump faz campanha contra Cheney. Desde que dez republicanos votaram a favor do seu segundo processo de impeachment, o ex-presidente tem se dedicado a se vingar deles, direcionando apoio a seus desafetos.

Três deles se aposentaram e desistiram de enfrentá-lo para buscar a reeleição em novembro. “Eles estão todos assustados de enfrentar Trump”, afirmou ao Estadão o cientista político da Western Carolina University Christopher Cooper.

Mas é na filha do ex-vice-presidente Dick Cheney que Trump e seus aliados se concentraram para expurgar da legenda seus últimos críticos. Cheney era a terceira republicana mais importante antes de um grupo pró-Trump rebaixá-la e afastá-la da cúpula.

Recorde de arrecadação

Ser rebaixada dentro do próprio partido seria um problema para a campanha de qualquer candidato, mas não para Cheney. A perseguição de Trump teve um efeito colateral e a deputada bateu recorde de arrecadação de uma campanha para a Câmara no partido.

Segundo a ABC News, a congressista levantou US$ 3 milhões nos primeiros três meses do ano. A quantia representou US$ 1 milhão a mais do que o arrecadado pela deputada Elise Stefanik, de Nova York, que substituiu Cheney no partido.

Cheney acumulava em junho em caixa quase US$ 7 milhões faltando cerca de cinco meses para as eleições. Com uma população de apenas 580 mil, segundo o professor de ciências políticas da Universidade do Wyoming James King, seria impossível qualquer candidato levantar essa quantia sem doações de residentes de outros Estados.

Ele lembra que Hageman também recebeu uma doação expressiva: US$ 1,3 milhão para o mesmo período. O próprio Trump doou meio milhão. “Dessa forma, ambas aparecem como símbolos das facções dentro do Partido Republicano”, afirmou King ao Estadão.

Para os analistas, as doações a Cheney são resultado de sua batalha contra Trump. Entre os nomes republicanos que saíram em defesa de Cheney estão o do ex-presidente George W. Bush, de quem Dick Cheney foi vice, e de dois ex-pré-candidatos à presidência, Mitt Romney e Paul Ryan.

EX-presidente Donald Trump discursa em evento para arrecadação de fundos para a adversária de Liz Cheney nas primárias do Wyoming  Foto: Chet Strange/Getty Images/AFP

Depois de votar pelo impeachment, Cheney passou a integrar e copresidir a comissão que investiga o envolvimento do ex-presidente no ataque ao Congresso. A comissão é composta por sete democratas e dois republicanos. Trump disse ao Washington Post em junho que ela é sua algoz na comissão. “Ela é pior do que qualquer democrata”, disse.

Cheney representa Wyoming em Washington desde 2017 e, desde a primeira vitória política de seu pai, há 44 anos, a família nunca perdeu uma eleição no Estado. Agora, porém, perdeu o direito de disputar a reeleição. Ela foi derrotada na noite de terça-feira por uma margem de mais de 35 pontos, em um alerta da rápida mudança do Partido Republicano para a direita radical.

Mesmo antes, com a perspectiva de derrota, Cheney vinha sendo sido uma crítica voraz não apenas de Trump, a quem já chamou de perigo à democracia, mas do partido. Em uma entrevista que ela concedeu ao programa CBS Sunday Morning, Cheney disse que há um culto de personalidade em torno de Trump no partido.

Cooper não vê a deputada como um nome viável para as eleições de 2024. Mesmo que saia candidata à Casa Branca, ela provavelmente não ganharia a indicação de um Partido Republicano hostil. Mas, segundo ele, é inegável como ela se projetou graças ao embate contra Trump. “Estamos a quase 8 mil km de distância e falando sobre ela”, brinca o analista.

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