A primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, afirmou nesta segunda-feira, 17, reconhecer erros cometidos na área econômica no primeiro mês do mandato e lamentou por eles. Em entrevista à BBC, a premiê se responsabilizou pelos erros e tratou de descartar a renúncia do cargo, confirmando que seguirá nele até as eleições de 2025.
“Eu queria agir para ajudar as pessoas com as contas de energia e para lidar com a questão dos impostos altos, mas fomos longe demais e muito rápido”, declarou Truss, que propôs cortar os impostos dos mais ricos e subsidiar as tarifas de energia dos britânicos, afetadas pela guerra na Ucrânia.
Há apenas seis semanas no cargo, a premiê enfrentou uma série de críticas pelo plano, que causou desestabilização no mercado e desvalorização da libra, e foi pressionada a abandoná-lo. Na sexta-feira, 14, o então secretário do Tesouro, o ultraliberal Kwasi Kwarteng, foi demitido e substituído por Jeremy Hunt. Hunt afirmou nesta segunda que vai reverter a política econômica.
À BBC, Liz Truss disse que nomeou Hunt porque sabia que precisava mudar de direção. “Teria sido completamente irresponsável da minha parte não agir no interesse nacional da maneira que agi”, disse ela.
A entrevista aconteceu no momento em que a credibilidade da premiê, que substituiu Boris Johnson no cargo após uma disputa interna no Partido Conservador contra Rishi Sunak, estava em baixa. Ela tinha uma reunião prevista nesta segunda-feira com deputados do partido para convencê-los a mantê-la no cargo, em meio a rumores de que alguns estavam cogitando nomes para substituí-la.
Na entrevista, a britânica reafirmou o compromisso de se manter no cargo. “Quero aceitar minha responsabilidade e lamentar os erros cometidos”, disse a líder conservadora.
Novo secretário do Tesouro
O novo secretário do Tesouro britânico, Jeremy Hunt, disse nesta segunda-feira que vai reverter praticamente todos os cortes de impostos planejados pela primeira-ministra Liz Truss, rejeitando o plano econômico ultraliberal. Truss aceitou a mudança e disse à BBC que está “comprometida com a estabilidade do Reino Unido”, apesar de acreditar em um caminho de impostos baixos e crescimento alto.
Durante as declarações de Hunt, concedida no parlamento britânico, Liz Truss permaneceu em silêncio e com um semblante de preocupação. Ela escutou o novo chefe do Tesouro afirmar que medidas como mais impostos sobre as empresas de energia, que foram repetidamente rejeitadas pela premiê durante a campanha, não estão descartadas. “A primeira-ministra e eu concordamos ontem em reverter quase todas as medidas fiscais anunciadas no plano de crescimento há três semanas”, anunciou Hunt.
Além disso, entre suas principais decisões, a ajuda às famílias para pagar as contas de energia caras será limitada a seis meses, até abril, em vez dos dois anos prometidos por Truss e Kwarteng. Depois das mudanças, Hunt apresentará, conforme planejado inicialmente, seu plano orçamentário completo no dia 31 de outubro, juntamente com as previsões para a economia britânica feitas pelo órgão público OBR. /AFP, AP, EFE