López Obrador e sucessora freiam participação do México em iniciativa de diálogo sobre Venezuela


Claudia Scheinbaum, a presidente eleita do México, destacou que não esta disposta a seguir a atuação diplomática adotada até agora

Por Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - Autoridades mexicanas decidiram frear a participação do país na iniciativa diplomática, ao lado de Brasil e Colômbia, que tenta mediar um entendimento na Venezuela, entre o ditador Nicolás Maduro e a oposição, após suspeita de fraude nas eleições presidenciais.

Nos últimos dois dias, o atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, e sua sucessora, a presidente eleita e aliada Claudia Scheinbaum, deram declarações à imprensa interpretadas nos meios diplomáticos como sinal claro de desengajamento do México.

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, queixou-se ao jornal El País que o México era o único dos três governos com o qual “não havia ainda interagido”.

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A presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, participa de evento ao lado do presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, e do governador de Sinaloa, Rubem Rocha, em Culiacan, México  Foto: Rashide Frias/AFP

Telefonema

Obrador afirmou durante a tradicional coletiva de imprensa diária que realiza na Cidade do México - a mañanera - que não pretende, por enquanto, atender a nova chamada telefônica que vinha sendo organizada em conjunto aos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro. Tentado há dias, o telefonema não ocorreu, também por causa da recusa de Obrador.

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“Agora não, porque vamos esperar que o tribunal eleitoral resolva, porque ainda está em processo. Creio que na sexta-feira desta semana vão resolver sobre as atas e sobre os resultados, então vamos aguardar”, disse López Obrador, na terça-feira, dia 13, no Palácio Nacional.

Ele se referia ao processo judicial de certificação encomendado por Maduro à sala eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça, órgão alinhado ao regime.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, participa de uma coletiva de imprensa na Cidade do México, México  Foto: Fernando Llano/AP
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A conferência telefônica serviria para que os três líderes trocassem impressões sobre a evolução dos fatos na Venezuela e discutissem em alto nível político saídas para a crise e os próximos passos, entre eles a ideia de realização de novas eleições, que já vem sendo apreciada por Lula, ministros e seu assessor especial Celso Amorim. Também havia uma proposta que eles conversassem diretamente com Maduro e com o opositor Edmundo González.

A oposição venezuelana rejeita aceitar novas eleições, algo visto como uma forma de Maduro se perpetuar no poder e anular uma eleição que ele, na verdade, perdeu.

Os três países, de governos simpáticos ao regime de Maduro, deixaram de reconhecer o resultado da eleição e apostavam numa na abordagem conjunta, uma tríade, para tentar convencer o regime a publicar os dados completos e detalhados da votação realizada em 28 de julho.

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O Conselho Nacional Eleitoral anunciou, sem demonstrar provas, que Maduro venceu e foi reeleito com 52% contra 43% de González. A oposição disse que o desafiante triunfou com 67% dos votos, contra 30% do ditador chavista. Para sustentar seus argumentos, a plataforma unitária coletou e divulgou online cópias de cerca de 25 mil atas das mesas de votação. Esses documentos não tem sido aceitos pelos três países.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de coletiva de imprensa em Caracas, Venezuela  Foto: Matias Delacroix/AP

Um dia antes de Obrador suspender o telefonema, a presidente eleita Scheinbaum havia sido questionada sobre qual seria a sua postura em face da crise venezuelana e dos apelos da oposição. Ela defendeu a “transparência” sobre os votos e sugeriu que fossem feitos todos os recursos à Justiça do país.

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“Que cheguem à última instância jurídica na Venezuela e, se há problemas, não cabe a nós (resolver). Respeitamos a todos, sobretudo o direito dos venzuelanos de escolher quem os governa, e, se há um problema, para isso há instituições internacionais”, disse a próxima presidente mexicana, indicando também não estar disposta a seguir a ação diplomática adotada até então.

López Obrador e Lula já indicaram que o problema deveria ser resolvido pelas duas forças políticas venezuelanas e por via das instituições venezuelanas. Ambos sugeriram recurso da oposição à Justiça, que, na prática, é controlada pelo chavismo.

Obrador vinha resistindo, assim como Lula, à proposta de uma verificação da votação em âmbito internacional. “Basta de intervencionismo”, disse Obrador. “As duas partes que contem os votos, que revisem as atas.”

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Diplomacia

Apesar disso, o México continua a ser procurado por interlocutores internacionais, como chanceleres de potências aliadas, para conversar sobre a situação na Venezuela.

Além de falar com os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, e da Colômbia, Luis Murillo, a secretária das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena, conversou nos últimos dias com seus homólogos do Chile, Alberto Klaveren, dos Estados Unidos, Antony Blinken, e da Espanha, José Alberto Albares.

Prestes a transmitir o governo a sua pupila, em 1º de outubro, López Obrador jamais deu grande atenção à diplomacia presidencial e fez escassas viagens ao exterior, concentradas nos Estados Unidos e países de seu entorno, centro-americanos e caribenhos, que buscou liderar perante Washington na busca de recursos e por causa da questão migratória.

Na América do Sul, foi à Colômbia e Chile. O mexicano sempre adotou tom amigável com países alvo de sanções sob regimes ditatoriais da América Latina, como a Venezuela, e viajou a Cuba e Nicarágua.

BRASÍLIA - Autoridades mexicanas decidiram frear a participação do país na iniciativa diplomática, ao lado de Brasil e Colômbia, que tenta mediar um entendimento na Venezuela, entre o ditador Nicolás Maduro e a oposição, após suspeita de fraude nas eleições presidenciais.

Nos últimos dois dias, o atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, e sua sucessora, a presidente eleita e aliada Claudia Scheinbaum, deram declarações à imprensa interpretadas nos meios diplomáticos como sinal claro de desengajamento do México.

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, queixou-se ao jornal El País que o México era o único dos três governos com o qual “não havia ainda interagido”.

A presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, participa de evento ao lado do presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, e do governador de Sinaloa, Rubem Rocha, em Culiacan, México  Foto: Rashide Frias/AFP

Telefonema

Obrador afirmou durante a tradicional coletiva de imprensa diária que realiza na Cidade do México - a mañanera - que não pretende, por enquanto, atender a nova chamada telefônica que vinha sendo organizada em conjunto aos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro. Tentado há dias, o telefonema não ocorreu, também por causa da recusa de Obrador.

“Agora não, porque vamos esperar que o tribunal eleitoral resolva, porque ainda está em processo. Creio que na sexta-feira desta semana vão resolver sobre as atas e sobre os resultados, então vamos aguardar”, disse López Obrador, na terça-feira, dia 13, no Palácio Nacional.

Ele se referia ao processo judicial de certificação encomendado por Maduro à sala eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça, órgão alinhado ao regime.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, participa de uma coletiva de imprensa na Cidade do México, México  Foto: Fernando Llano/AP

A conferência telefônica serviria para que os três líderes trocassem impressões sobre a evolução dos fatos na Venezuela e discutissem em alto nível político saídas para a crise e os próximos passos, entre eles a ideia de realização de novas eleições, que já vem sendo apreciada por Lula, ministros e seu assessor especial Celso Amorim. Também havia uma proposta que eles conversassem diretamente com Maduro e com o opositor Edmundo González.

A oposição venezuelana rejeita aceitar novas eleições, algo visto como uma forma de Maduro se perpetuar no poder e anular uma eleição que ele, na verdade, perdeu.

Os três países, de governos simpáticos ao regime de Maduro, deixaram de reconhecer o resultado da eleição e apostavam numa na abordagem conjunta, uma tríade, para tentar convencer o regime a publicar os dados completos e detalhados da votação realizada em 28 de julho.

O Conselho Nacional Eleitoral anunciou, sem demonstrar provas, que Maduro venceu e foi reeleito com 52% contra 43% de González. A oposição disse que o desafiante triunfou com 67% dos votos, contra 30% do ditador chavista. Para sustentar seus argumentos, a plataforma unitária coletou e divulgou online cópias de cerca de 25 mil atas das mesas de votação. Esses documentos não tem sido aceitos pelos três países.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de coletiva de imprensa em Caracas, Venezuela  Foto: Matias Delacroix/AP

Um dia antes de Obrador suspender o telefonema, a presidente eleita Scheinbaum havia sido questionada sobre qual seria a sua postura em face da crise venezuelana e dos apelos da oposição. Ela defendeu a “transparência” sobre os votos e sugeriu que fossem feitos todos os recursos à Justiça do país.

“Que cheguem à última instância jurídica na Venezuela e, se há problemas, não cabe a nós (resolver). Respeitamos a todos, sobretudo o direito dos venzuelanos de escolher quem os governa, e, se há um problema, para isso há instituições internacionais”, disse a próxima presidente mexicana, indicando também não estar disposta a seguir a ação diplomática adotada até então.

López Obrador e Lula já indicaram que o problema deveria ser resolvido pelas duas forças políticas venezuelanas e por via das instituições venezuelanas. Ambos sugeriram recurso da oposição à Justiça, que, na prática, é controlada pelo chavismo.

Obrador vinha resistindo, assim como Lula, à proposta de uma verificação da votação em âmbito internacional. “Basta de intervencionismo”, disse Obrador. “As duas partes que contem os votos, que revisem as atas.”

Diplomacia

Apesar disso, o México continua a ser procurado por interlocutores internacionais, como chanceleres de potências aliadas, para conversar sobre a situação na Venezuela.

Além de falar com os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, e da Colômbia, Luis Murillo, a secretária das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena, conversou nos últimos dias com seus homólogos do Chile, Alberto Klaveren, dos Estados Unidos, Antony Blinken, e da Espanha, José Alberto Albares.

Prestes a transmitir o governo a sua pupila, em 1º de outubro, López Obrador jamais deu grande atenção à diplomacia presidencial e fez escassas viagens ao exterior, concentradas nos Estados Unidos e países de seu entorno, centro-americanos e caribenhos, que buscou liderar perante Washington na busca de recursos e por causa da questão migratória.

Na América do Sul, foi à Colômbia e Chile. O mexicano sempre adotou tom amigável com países alvo de sanções sob regimes ditatoriais da América Latina, como a Venezuela, e viajou a Cuba e Nicarágua.

BRASÍLIA - Autoridades mexicanas decidiram frear a participação do país na iniciativa diplomática, ao lado de Brasil e Colômbia, que tenta mediar um entendimento na Venezuela, entre o ditador Nicolás Maduro e a oposição, após suspeita de fraude nas eleições presidenciais.

Nos últimos dois dias, o atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, e sua sucessora, a presidente eleita e aliada Claudia Scheinbaum, deram declarações à imprensa interpretadas nos meios diplomáticos como sinal claro de desengajamento do México.

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, queixou-se ao jornal El País que o México era o único dos três governos com o qual “não havia ainda interagido”.

A presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, participa de evento ao lado do presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, e do governador de Sinaloa, Rubem Rocha, em Culiacan, México  Foto: Rashide Frias/AFP

Telefonema

Obrador afirmou durante a tradicional coletiva de imprensa diária que realiza na Cidade do México - a mañanera - que não pretende, por enquanto, atender a nova chamada telefônica que vinha sendo organizada em conjunto aos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro. Tentado há dias, o telefonema não ocorreu, também por causa da recusa de Obrador.

“Agora não, porque vamos esperar que o tribunal eleitoral resolva, porque ainda está em processo. Creio que na sexta-feira desta semana vão resolver sobre as atas e sobre os resultados, então vamos aguardar”, disse López Obrador, na terça-feira, dia 13, no Palácio Nacional.

Ele se referia ao processo judicial de certificação encomendado por Maduro à sala eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça, órgão alinhado ao regime.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, participa de uma coletiva de imprensa na Cidade do México, México  Foto: Fernando Llano/AP

A conferência telefônica serviria para que os três líderes trocassem impressões sobre a evolução dos fatos na Venezuela e discutissem em alto nível político saídas para a crise e os próximos passos, entre eles a ideia de realização de novas eleições, que já vem sendo apreciada por Lula, ministros e seu assessor especial Celso Amorim. Também havia uma proposta que eles conversassem diretamente com Maduro e com o opositor Edmundo González.

A oposição venezuelana rejeita aceitar novas eleições, algo visto como uma forma de Maduro se perpetuar no poder e anular uma eleição que ele, na verdade, perdeu.

Os três países, de governos simpáticos ao regime de Maduro, deixaram de reconhecer o resultado da eleição e apostavam numa na abordagem conjunta, uma tríade, para tentar convencer o regime a publicar os dados completos e detalhados da votação realizada em 28 de julho.

O Conselho Nacional Eleitoral anunciou, sem demonstrar provas, que Maduro venceu e foi reeleito com 52% contra 43% de González. A oposição disse que o desafiante triunfou com 67% dos votos, contra 30% do ditador chavista. Para sustentar seus argumentos, a plataforma unitária coletou e divulgou online cópias de cerca de 25 mil atas das mesas de votação. Esses documentos não tem sido aceitos pelos três países.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de coletiva de imprensa em Caracas, Venezuela  Foto: Matias Delacroix/AP

Um dia antes de Obrador suspender o telefonema, a presidente eleita Scheinbaum havia sido questionada sobre qual seria a sua postura em face da crise venezuelana e dos apelos da oposição. Ela defendeu a “transparência” sobre os votos e sugeriu que fossem feitos todos os recursos à Justiça do país.

“Que cheguem à última instância jurídica na Venezuela e, se há problemas, não cabe a nós (resolver). Respeitamos a todos, sobretudo o direito dos venzuelanos de escolher quem os governa, e, se há um problema, para isso há instituições internacionais”, disse a próxima presidente mexicana, indicando também não estar disposta a seguir a ação diplomática adotada até então.

López Obrador e Lula já indicaram que o problema deveria ser resolvido pelas duas forças políticas venezuelanas e por via das instituições venezuelanas. Ambos sugeriram recurso da oposição à Justiça, que, na prática, é controlada pelo chavismo.

Obrador vinha resistindo, assim como Lula, à proposta de uma verificação da votação em âmbito internacional. “Basta de intervencionismo”, disse Obrador. “As duas partes que contem os votos, que revisem as atas.”

Diplomacia

Apesar disso, o México continua a ser procurado por interlocutores internacionais, como chanceleres de potências aliadas, para conversar sobre a situação na Venezuela.

Além de falar com os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, e da Colômbia, Luis Murillo, a secretária das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena, conversou nos últimos dias com seus homólogos do Chile, Alberto Klaveren, dos Estados Unidos, Antony Blinken, e da Espanha, José Alberto Albares.

Prestes a transmitir o governo a sua pupila, em 1º de outubro, López Obrador jamais deu grande atenção à diplomacia presidencial e fez escassas viagens ao exterior, concentradas nos Estados Unidos e países de seu entorno, centro-americanos e caribenhos, que buscou liderar perante Washington na busca de recursos e por causa da questão migratória.

Na América do Sul, foi à Colômbia e Chile. O mexicano sempre adotou tom amigável com países alvo de sanções sob regimes ditatoriais da América Latina, como a Venezuela, e viajou a Cuba e Nicarágua.

BRASÍLIA - Autoridades mexicanas decidiram frear a participação do país na iniciativa diplomática, ao lado de Brasil e Colômbia, que tenta mediar um entendimento na Venezuela, entre o ditador Nicolás Maduro e a oposição, após suspeita de fraude nas eleições presidenciais.

Nos últimos dois dias, o atual presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, e sua sucessora, a presidente eleita e aliada Claudia Scheinbaum, deram declarações à imprensa interpretadas nos meios diplomáticos como sinal claro de desengajamento do México.

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, queixou-se ao jornal El País que o México era o único dos três governos com o qual “não havia ainda interagido”.

A presidente eleita do México, Claudia Sheinbaum, participa de evento ao lado do presidente do México, Andres Manuel Lopez Obrador, e do governador de Sinaloa, Rubem Rocha, em Culiacan, México  Foto: Rashide Frias/AFP

Telefonema

Obrador afirmou durante a tradicional coletiva de imprensa diária que realiza na Cidade do México - a mañanera - que não pretende, por enquanto, atender a nova chamada telefônica que vinha sendo organizada em conjunto aos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro. Tentado há dias, o telefonema não ocorreu, também por causa da recusa de Obrador.

“Agora não, porque vamos esperar que o tribunal eleitoral resolva, porque ainda está em processo. Creio que na sexta-feira desta semana vão resolver sobre as atas e sobre os resultados, então vamos aguardar”, disse López Obrador, na terça-feira, dia 13, no Palácio Nacional.

Ele se referia ao processo judicial de certificação encomendado por Maduro à sala eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça, órgão alinhado ao regime.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, participa de uma coletiva de imprensa na Cidade do México, México  Foto: Fernando Llano/AP

A conferência telefônica serviria para que os três líderes trocassem impressões sobre a evolução dos fatos na Venezuela e discutissem em alto nível político saídas para a crise e os próximos passos, entre eles a ideia de realização de novas eleições, que já vem sendo apreciada por Lula, ministros e seu assessor especial Celso Amorim. Também havia uma proposta que eles conversassem diretamente com Maduro e com o opositor Edmundo González.

A oposição venezuelana rejeita aceitar novas eleições, algo visto como uma forma de Maduro se perpetuar no poder e anular uma eleição que ele, na verdade, perdeu.

Os três países, de governos simpáticos ao regime de Maduro, deixaram de reconhecer o resultado da eleição e apostavam numa na abordagem conjunta, uma tríade, para tentar convencer o regime a publicar os dados completos e detalhados da votação realizada em 28 de julho.

O Conselho Nacional Eleitoral anunciou, sem demonstrar provas, que Maduro venceu e foi reeleito com 52% contra 43% de González. A oposição disse que o desafiante triunfou com 67% dos votos, contra 30% do ditador chavista. Para sustentar seus argumentos, a plataforma unitária coletou e divulgou online cópias de cerca de 25 mil atas das mesas de votação. Esses documentos não tem sido aceitos pelos três países.

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, participa de coletiva de imprensa em Caracas, Venezuela  Foto: Matias Delacroix/AP

Um dia antes de Obrador suspender o telefonema, a presidente eleita Scheinbaum havia sido questionada sobre qual seria a sua postura em face da crise venezuelana e dos apelos da oposição. Ela defendeu a “transparência” sobre os votos e sugeriu que fossem feitos todos os recursos à Justiça do país.

“Que cheguem à última instância jurídica na Venezuela e, se há problemas, não cabe a nós (resolver). Respeitamos a todos, sobretudo o direito dos venzuelanos de escolher quem os governa, e, se há um problema, para isso há instituições internacionais”, disse a próxima presidente mexicana, indicando também não estar disposta a seguir a ação diplomática adotada até então.

López Obrador e Lula já indicaram que o problema deveria ser resolvido pelas duas forças políticas venezuelanas e por via das instituições venezuelanas. Ambos sugeriram recurso da oposição à Justiça, que, na prática, é controlada pelo chavismo.

Obrador vinha resistindo, assim como Lula, à proposta de uma verificação da votação em âmbito internacional. “Basta de intervencionismo”, disse Obrador. “As duas partes que contem os votos, que revisem as atas.”

Diplomacia

Apesar disso, o México continua a ser procurado por interlocutores internacionais, como chanceleres de potências aliadas, para conversar sobre a situação na Venezuela.

Além de falar com os chanceleres do Brasil, Mauro Vieira, e da Colômbia, Luis Murillo, a secretária das Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena, conversou nos últimos dias com seus homólogos do Chile, Alberto Klaveren, dos Estados Unidos, Antony Blinken, e da Espanha, José Alberto Albares.

Prestes a transmitir o governo a sua pupila, em 1º de outubro, López Obrador jamais deu grande atenção à diplomacia presidencial e fez escassas viagens ao exterior, concentradas nos Estados Unidos e países de seu entorno, centro-americanos e caribenhos, que buscou liderar perante Washington na busca de recursos e por causa da questão migratória.

Na América do Sul, foi à Colômbia e Chile. O mexicano sempre adotou tom amigável com países alvo de sanções sob regimes ditatoriais da América Latina, como a Venezuela, e viajou a Cuba e Nicarágua.

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