É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|A força e a inspiração de Elizabeth II; leia a coluna de Lourival Sant’Anna


Como todo ser humano, Elizabeth tinha emoções e preferências, com as quais teve de aprender a lidar, para se comportar em público da forma exigida pelo cargo

Por Lourival Sant'Anna
Atualização:

Numa época de líderes narcísicos, frívolos, ignorantes e irresponsáveis, que se colocam acima das instituições e do bem comum, o reinado de Elizabeth II é uma fonte de inspiração. Como todo ser humano, Elizabeth tinha emoções e preferências, com as quais teve de aprender a lidar, para se comportar em público da forma exigida pelo cargo.

“Lilibeth” para os íntimos, a rainha era uma pessoa dotada de alegria de viver, que soltava gargalhadas, tinha empatia pelo sofrimento humano e paixões pessoais. Entretanto, sua função, como chefe de Estado, era unir o Reino Unido, acima das diferenças políticas, étnicas e religiosas.

Em um tempo de retrocesso rumo à teocracia, a rainha Elizabeth deixou claro, em uma rara entrevista, que a Igreja Anglicana, que ela chefiava, devia proteger as pessoas de todas as religiões, e também os ateus.

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Obviamente Elizabeth não era perfeita. Teve dificuldade, por exemplo, de manifestar compaixão por Diana, ex-mulher do então príncipe Charles, depois de sua trágica morte em 1997 na companhia de um bilionário egípcio enquanto fugiam de carro dos paparazzi.

Aconselhada a mudar de atitude, gravou um vídeo emotivo, que teve o efeito de reaproximar a monarquia dos súditos enlutados pela morte da popular princesa.

Elizabeth II e Diana, princesa de Gales, em foto de 1987 
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O pai de Elizabeth, George VI, tornou-se rei por acaso, depois da abdicação de seu irmão mais velho, Edward VIII, para se casar com uma americana duas vezes divorciada.

O nome de batismo de George VI era Albert. Ele adotou esse nome para restaurar o sentimento de continuidade entre os súditos, depois da traumática abdicação, já que seu pai se chamava George V.

Quando chegou a notícia da morte do tio, em 1936, Margaret, a irmã mais nova de Elizabeth, lhe perguntou se isso queria dizer que ela seria rainha. “Um dia”, respondeu a princesa, que tinha 10 anos. “Coitada”, rebateu Margareth. Ao contrário do que se imagina, a vida de um monarca que cumpre seus deveres não é fácil.

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George V e sua mulher Elizabeth, que tinha o mesmo nome da filha, não quiseram que a princesa chegasse despreparada como o pai ao trono, e investiram intensamente em sua educação, nos dois sentidos: o do conhecimento intelectual e o da domesticação das próprias emoções.

O resultado foi um reinado de 70 anos que trouxe estabilidade ao Reino Unido em um período de grandes transformações. Elizabeth, provavelmente, morreu com a sensação do dever cumprido, o que não significa a perfeição, mas a busca do possível. Dificilmente se poderá dizer isso de outros líderes que não dão sinais de saber qual é o seu dever.

Numa época de líderes narcísicos, frívolos, ignorantes e irresponsáveis, que se colocam acima das instituições e do bem comum, o reinado de Elizabeth II é uma fonte de inspiração. Como todo ser humano, Elizabeth tinha emoções e preferências, com as quais teve de aprender a lidar, para se comportar em público da forma exigida pelo cargo.

“Lilibeth” para os íntimos, a rainha era uma pessoa dotada de alegria de viver, que soltava gargalhadas, tinha empatia pelo sofrimento humano e paixões pessoais. Entretanto, sua função, como chefe de Estado, era unir o Reino Unido, acima das diferenças políticas, étnicas e religiosas.

Em um tempo de retrocesso rumo à teocracia, a rainha Elizabeth deixou claro, em uma rara entrevista, que a Igreja Anglicana, que ela chefiava, devia proteger as pessoas de todas as religiões, e também os ateus.

Obviamente Elizabeth não era perfeita. Teve dificuldade, por exemplo, de manifestar compaixão por Diana, ex-mulher do então príncipe Charles, depois de sua trágica morte em 1997 na companhia de um bilionário egípcio enquanto fugiam de carro dos paparazzi.

Aconselhada a mudar de atitude, gravou um vídeo emotivo, que teve o efeito de reaproximar a monarquia dos súditos enlutados pela morte da popular princesa.

Elizabeth II e Diana, princesa de Gales, em foto de 1987 

O pai de Elizabeth, George VI, tornou-se rei por acaso, depois da abdicação de seu irmão mais velho, Edward VIII, para se casar com uma americana duas vezes divorciada.

O nome de batismo de George VI era Albert. Ele adotou esse nome para restaurar o sentimento de continuidade entre os súditos, depois da traumática abdicação, já que seu pai se chamava George V.

Quando chegou a notícia da morte do tio, em 1936, Margaret, a irmã mais nova de Elizabeth, lhe perguntou se isso queria dizer que ela seria rainha. “Um dia”, respondeu a princesa, que tinha 10 anos. “Coitada”, rebateu Margareth. Ao contrário do que se imagina, a vida de um monarca que cumpre seus deveres não é fácil.

George V e sua mulher Elizabeth, que tinha o mesmo nome da filha, não quiseram que a princesa chegasse despreparada como o pai ao trono, e investiram intensamente em sua educação, nos dois sentidos: o do conhecimento intelectual e o da domesticação das próprias emoções.

O resultado foi um reinado de 70 anos que trouxe estabilidade ao Reino Unido em um período de grandes transformações. Elizabeth, provavelmente, morreu com a sensação do dever cumprido, o que não significa a perfeição, mas a busca do possível. Dificilmente se poderá dizer isso de outros líderes que não dão sinais de saber qual é o seu dever.

Numa época de líderes narcísicos, frívolos, ignorantes e irresponsáveis, que se colocam acima das instituições e do bem comum, o reinado de Elizabeth II é uma fonte de inspiração. Como todo ser humano, Elizabeth tinha emoções e preferências, com as quais teve de aprender a lidar, para se comportar em público da forma exigida pelo cargo.

“Lilibeth” para os íntimos, a rainha era uma pessoa dotada de alegria de viver, que soltava gargalhadas, tinha empatia pelo sofrimento humano e paixões pessoais. Entretanto, sua função, como chefe de Estado, era unir o Reino Unido, acima das diferenças políticas, étnicas e religiosas.

Em um tempo de retrocesso rumo à teocracia, a rainha Elizabeth deixou claro, em uma rara entrevista, que a Igreja Anglicana, que ela chefiava, devia proteger as pessoas de todas as religiões, e também os ateus.

Obviamente Elizabeth não era perfeita. Teve dificuldade, por exemplo, de manifestar compaixão por Diana, ex-mulher do então príncipe Charles, depois de sua trágica morte em 1997 na companhia de um bilionário egípcio enquanto fugiam de carro dos paparazzi.

Aconselhada a mudar de atitude, gravou um vídeo emotivo, que teve o efeito de reaproximar a monarquia dos súditos enlutados pela morte da popular princesa.

Elizabeth II e Diana, princesa de Gales, em foto de 1987 

O pai de Elizabeth, George VI, tornou-se rei por acaso, depois da abdicação de seu irmão mais velho, Edward VIII, para se casar com uma americana duas vezes divorciada.

O nome de batismo de George VI era Albert. Ele adotou esse nome para restaurar o sentimento de continuidade entre os súditos, depois da traumática abdicação, já que seu pai se chamava George V.

Quando chegou a notícia da morte do tio, em 1936, Margaret, a irmã mais nova de Elizabeth, lhe perguntou se isso queria dizer que ela seria rainha. “Um dia”, respondeu a princesa, que tinha 10 anos. “Coitada”, rebateu Margareth. Ao contrário do que se imagina, a vida de um monarca que cumpre seus deveres não é fácil.

George V e sua mulher Elizabeth, que tinha o mesmo nome da filha, não quiseram que a princesa chegasse despreparada como o pai ao trono, e investiram intensamente em sua educação, nos dois sentidos: o do conhecimento intelectual e o da domesticação das próprias emoções.

O resultado foi um reinado de 70 anos que trouxe estabilidade ao Reino Unido em um período de grandes transformações. Elizabeth, provavelmente, morreu com a sensação do dever cumprido, o que não significa a perfeição, mas a busca do possível. Dificilmente se poderá dizer isso de outros líderes que não dão sinais de saber qual é o seu dever.

Numa época de líderes narcísicos, frívolos, ignorantes e irresponsáveis, que se colocam acima das instituições e do bem comum, o reinado de Elizabeth II é uma fonte de inspiração. Como todo ser humano, Elizabeth tinha emoções e preferências, com as quais teve de aprender a lidar, para se comportar em público da forma exigida pelo cargo.

“Lilibeth” para os íntimos, a rainha era uma pessoa dotada de alegria de viver, que soltava gargalhadas, tinha empatia pelo sofrimento humano e paixões pessoais. Entretanto, sua função, como chefe de Estado, era unir o Reino Unido, acima das diferenças políticas, étnicas e religiosas.

Em um tempo de retrocesso rumo à teocracia, a rainha Elizabeth deixou claro, em uma rara entrevista, que a Igreja Anglicana, que ela chefiava, devia proteger as pessoas de todas as religiões, e também os ateus.

Obviamente Elizabeth não era perfeita. Teve dificuldade, por exemplo, de manifestar compaixão por Diana, ex-mulher do então príncipe Charles, depois de sua trágica morte em 1997 na companhia de um bilionário egípcio enquanto fugiam de carro dos paparazzi.

Aconselhada a mudar de atitude, gravou um vídeo emotivo, que teve o efeito de reaproximar a monarquia dos súditos enlutados pela morte da popular princesa.

Elizabeth II e Diana, princesa de Gales, em foto de 1987 

O pai de Elizabeth, George VI, tornou-se rei por acaso, depois da abdicação de seu irmão mais velho, Edward VIII, para se casar com uma americana duas vezes divorciada.

O nome de batismo de George VI era Albert. Ele adotou esse nome para restaurar o sentimento de continuidade entre os súditos, depois da traumática abdicação, já que seu pai se chamava George V.

Quando chegou a notícia da morte do tio, em 1936, Margaret, a irmã mais nova de Elizabeth, lhe perguntou se isso queria dizer que ela seria rainha. “Um dia”, respondeu a princesa, que tinha 10 anos. “Coitada”, rebateu Margareth. Ao contrário do que se imagina, a vida de um monarca que cumpre seus deveres não é fácil.

George V e sua mulher Elizabeth, que tinha o mesmo nome da filha, não quiseram que a princesa chegasse despreparada como o pai ao trono, e investiram intensamente em sua educação, nos dois sentidos: o do conhecimento intelectual e o da domesticação das próprias emoções.

O resultado foi um reinado de 70 anos que trouxe estabilidade ao Reino Unido em um período de grandes transformações. Elizabeth, provavelmente, morreu com a sensação do dever cumprido, o que não significa a perfeição, mas a busca do possível. Dificilmente se poderá dizer isso de outros líderes que não dão sinais de saber qual é o seu dever.

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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