É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|A perpetuação do conflito em Gaza interessa aos extremistas israelenses e palestinos; leia a análise


O ambiente criado por Israel facilita o recrutamento de jovens pelo Hamas. Fazer essa análise não é justificar a violência. É entender suas causas - e honrar suas vítimas

Por Lourival Sant'Anna

Em toda disputa, o maior objetivo é provocar no adversário a reação esperada. A previsibilidade decorrente dessa tática permite o planejamento estratégico. Quem domina essa técnica é capaz de manter a iniciativa. Reduzido à condição de coadjuvante, o adversário consome seu tempo e energia reagindo, enquanto o protagonista se ocupa do próximo lance.

Se dois atores em lados opostos souberem empregar esse método com maestria e sem limites morais, ele se torna a única tática efetiva. O centro do tabuleiro é esvaziado, e a eletricidade se concentra nos polos opostos.

Os extremistas palestinos e israelenses empregam essa técnica há 80 anos. Sua eficácia avassaladora e seu custo humano são comprovados mais uma vez.

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Israel bombardeia o norte da Faixa de Gaza em preparação para a invasão terrestre em busca pelos terroristas do Hamas  Foto: Aris Messinis / AFP

As Forças de Defesa de Israel ignoraram as advertências dos serviços de inteligência israelense, egípcio e americano. Elas falharam durante as incursões terroristas do Hamas no dia 7 porque suas atenções estavam voltadas para as prioridades do governo de Binyamin Netanyahu: a expansão das colônias judaicas na Cisjordânia e o acesso de fiéis judeus ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa.

O governo israelense não concede alvará de construção para palestinos na Cisjordânia e demole casas novas, assim como as residências das famílias de palestinos acusados de atos de violência. Ao mesmo tempo, financia a construção de novas moradias e a criação de novos assentamentos para judeus na Cisjordânia.

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Essa política tem elevado as tensões e fomentado a atuação de células terroristas e de ataques de palestinos contra colonos judeus e contra as forças de segurança israelenses. Os judeus podem andar armados; os palestinos, não.

Os colonos, muitos deles recém-chegados da Europa e dos Estados Unidos, invadem casas de palestinos cujas famílias moram na Cisjordânia há muitas gerações, e os agridem, gritando frases como “vão embora, aqui não é a sua terra”. Algumas vezes, sob o olhar de aprovação de soldados israelenses.

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O ministro de Segurança, Itamar Ben-Gvir, líder dos colonos judeus da Cisjordânia, defende o livre acesso de fiéis judeus ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa. Grupos religiosos judeus acreditam que suas orações nesse local dariam início à construção do 3.º Templo. O 2.º Templo foi destruído pelos romanos no ano 70.

No mesmo local foi construída a mesquita entre 685 e 715. Os tratados de Paris e de Berlim, que regem o acesso a lugares sagrados em áreas disputadas, firmados em 1856 e 1878 respectivamente, determinam que só os judeus rezem no Muro das Lamentações, as fundações que restaram do 2.º Templo, e só os muçulmanos tenham acesso à parte de cima.

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Israel tradicionalmente respeitou essa regra, violada pelo atual governo ultranacionalista. No terceiro dia da festa judaica dos Tabernáculos, dia 1.º, a polícia israelense ordenou que os palestinos fechassem suas lojas na Cidade Velha de Jerusalém, e impediu o acesso dos muçulmanos, para garantir a entrada de judeus no complexo de Al-Aqsa.

Tumultos na mesquita de Al-Aqsa, em 2021, são apontados como início da nova onda de violência entre israelenses e palestinos Foto: Ahmad Gharabli/ AFP

O Hamas denominou a incursão no dia 7 de “Inundação de Al-Aqsa”. Segundo seu comandante militar, Mohammed Deif, a operação começou a ser planejada em maio de 2021, depois que policiais israelenses invadiram a mesquita, durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, espancaram e arrastaram palestinos de dentro de lá, alegando que eles os haviam atacado.

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O Hamas venceu as eleições de 2006 na Faixa de Gaza e seu rival palestino, o Fatah, ganhou na Cisjordânia. Mas Estados Unidos e União Europeia anunciaram o corte da ajuda de meio bilhão de dólares cada para os palestinos, se o Hamas assumisse, por considerá-lo organização terrorista. O Fatah então continuou governando Gaza até o ano seguinte, quando o Hamas tomou o poder no território à força.

Desde então, houve cinco guerras entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, que está sob bloqueio israelense. Metade da população do território está desempregada. Segundo o Programa de Alimentos da ONU, 1,84 milhão de palestinos não tem comida suficiente, ou seja, um terço da população nos dois territórios e mais Jerusalém Oriental. Desses, 1,1 milhão vive em “grave insegurança alimentar” – 90% deles na Faixa de Gaza.

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Esse ambiente facilita o recrutamento de jovens pelo Hamas. Os ultranacionalistas israelenses sabem disso. A perpetuação do conflito interessa a ambos. Fazer essa análise não é justificar a violência. É entender suas causas. E, nesse sentido, honrar suas vítimas.

Em toda disputa, o maior objetivo é provocar no adversário a reação esperada. A previsibilidade decorrente dessa tática permite o planejamento estratégico. Quem domina essa técnica é capaz de manter a iniciativa. Reduzido à condição de coadjuvante, o adversário consome seu tempo e energia reagindo, enquanto o protagonista se ocupa do próximo lance.

Se dois atores em lados opostos souberem empregar esse método com maestria e sem limites morais, ele se torna a única tática efetiva. O centro do tabuleiro é esvaziado, e a eletricidade se concentra nos polos opostos.

Os extremistas palestinos e israelenses empregam essa técnica há 80 anos. Sua eficácia avassaladora e seu custo humano são comprovados mais uma vez.

Israel bombardeia o norte da Faixa de Gaza em preparação para a invasão terrestre em busca pelos terroristas do Hamas  Foto: Aris Messinis / AFP

As Forças de Defesa de Israel ignoraram as advertências dos serviços de inteligência israelense, egípcio e americano. Elas falharam durante as incursões terroristas do Hamas no dia 7 porque suas atenções estavam voltadas para as prioridades do governo de Binyamin Netanyahu: a expansão das colônias judaicas na Cisjordânia e o acesso de fiéis judeus ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa.

O governo israelense não concede alvará de construção para palestinos na Cisjordânia e demole casas novas, assim como as residências das famílias de palestinos acusados de atos de violência. Ao mesmo tempo, financia a construção de novas moradias e a criação de novos assentamentos para judeus na Cisjordânia.

Essa política tem elevado as tensões e fomentado a atuação de células terroristas e de ataques de palestinos contra colonos judeus e contra as forças de segurança israelenses. Os judeus podem andar armados; os palestinos, não.

Os colonos, muitos deles recém-chegados da Europa e dos Estados Unidos, invadem casas de palestinos cujas famílias moram na Cisjordânia há muitas gerações, e os agridem, gritando frases como “vão embora, aqui não é a sua terra”. Algumas vezes, sob o olhar de aprovação de soldados israelenses.

O ministro de Segurança, Itamar Ben-Gvir, líder dos colonos judeus da Cisjordânia, defende o livre acesso de fiéis judeus ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa. Grupos religiosos judeus acreditam que suas orações nesse local dariam início à construção do 3.º Templo. O 2.º Templo foi destruído pelos romanos no ano 70.

No mesmo local foi construída a mesquita entre 685 e 715. Os tratados de Paris e de Berlim, que regem o acesso a lugares sagrados em áreas disputadas, firmados em 1856 e 1878 respectivamente, determinam que só os judeus rezem no Muro das Lamentações, as fundações que restaram do 2.º Templo, e só os muçulmanos tenham acesso à parte de cima.

Israel tradicionalmente respeitou essa regra, violada pelo atual governo ultranacionalista. No terceiro dia da festa judaica dos Tabernáculos, dia 1.º, a polícia israelense ordenou que os palestinos fechassem suas lojas na Cidade Velha de Jerusalém, e impediu o acesso dos muçulmanos, para garantir a entrada de judeus no complexo de Al-Aqsa.

Tumultos na mesquita de Al-Aqsa, em 2021, são apontados como início da nova onda de violência entre israelenses e palestinos Foto: Ahmad Gharabli/ AFP

O Hamas denominou a incursão no dia 7 de “Inundação de Al-Aqsa”. Segundo seu comandante militar, Mohammed Deif, a operação começou a ser planejada em maio de 2021, depois que policiais israelenses invadiram a mesquita, durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, espancaram e arrastaram palestinos de dentro de lá, alegando que eles os haviam atacado.

O Hamas venceu as eleições de 2006 na Faixa de Gaza e seu rival palestino, o Fatah, ganhou na Cisjordânia. Mas Estados Unidos e União Europeia anunciaram o corte da ajuda de meio bilhão de dólares cada para os palestinos, se o Hamas assumisse, por considerá-lo organização terrorista. O Fatah então continuou governando Gaza até o ano seguinte, quando o Hamas tomou o poder no território à força.

Desde então, houve cinco guerras entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, que está sob bloqueio israelense. Metade da população do território está desempregada. Segundo o Programa de Alimentos da ONU, 1,84 milhão de palestinos não tem comida suficiente, ou seja, um terço da população nos dois territórios e mais Jerusalém Oriental. Desses, 1,1 milhão vive em “grave insegurança alimentar” – 90% deles na Faixa de Gaza.

Esse ambiente facilita o recrutamento de jovens pelo Hamas. Os ultranacionalistas israelenses sabem disso. A perpetuação do conflito interessa a ambos. Fazer essa análise não é justificar a violência. É entender suas causas. E, nesse sentido, honrar suas vítimas.

Em toda disputa, o maior objetivo é provocar no adversário a reação esperada. A previsibilidade decorrente dessa tática permite o planejamento estratégico. Quem domina essa técnica é capaz de manter a iniciativa. Reduzido à condição de coadjuvante, o adversário consome seu tempo e energia reagindo, enquanto o protagonista se ocupa do próximo lance.

Se dois atores em lados opostos souberem empregar esse método com maestria e sem limites morais, ele se torna a única tática efetiva. O centro do tabuleiro é esvaziado, e a eletricidade se concentra nos polos opostos.

Os extremistas palestinos e israelenses empregam essa técnica há 80 anos. Sua eficácia avassaladora e seu custo humano são comprovados mais uma vez.

Israel bombardeia o norte da Faixa de Gaza em preparação para a invasão terrestre em busca pelos terroristas do Hamas  Foto: Aris Messinis / AFP

As Forças de Defesa de Israel ignoraram as advertências dos serviços de inteligência israelense, egípcio e americano. Elas falharam durante as incursões terroristas do Hamas no dia 7 porque suas atenções estavam voltadas para as prioridades do governo de Binyamin Netanyahu: a expansão das colônias judaicas na Cisjordânia e o acesso de fiéis judeus ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa.

O governo israelense não concede alvará de construção para palestinos na Cisjordânia e demole casas novas, assim como as residências das famílias de palestinos acusados de atos de violência. Ao mesmo tempo, financia a construção de novas moradias e a criação de novos assentamentos para judeus na Cisjordânia.

Essa política tem elevado as tensões e fomentado a atuação de células terroristas e de ataques de palestinos contra colonos judeus e contra as forças de segurança israelenses. Os judeus podem andar armados; os palestinos, não.

Os colonos, muitos deles recém-chegados da Europa e dos Estados Unidos, invadem casas de palestinos cujas famílias moram na Cisjordânia há muitas gerações, e os agridem, gritando frases como “vão embora, aqui não é a sua terra”. Algumas vezes, sob o olhar de aprovação de soldados israelenses.

O ministro de Segurança, Itamar Ben-Gvir, líder dos colonos judeus da Cisjordânia, defende o livre acesso de fiéis judeus ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa. Grupos religiosos judeus acreditam que suas orações nesse local dariam início à construção do 3.º Templo. O 2.º Templo foi destruído pelos romanos no ano 70.

No mesmo local foi construída a mesquita entre 685 e 715. Os tratados de Paris e de Berlim, que regem o acesso a lugares sagrados em áreas disputadas, firmados em 1856 e 1878 respectivamente, determinam que só os judeus rezem no Muro das Lamentações, as fundações que restaram do 2.º Templo, e só os muçulmanos tenham acesso à parte de cima.

Israel tradicionalmente respeitou essa regra, violada pelo atual governo ultranacionalista. No terceiro dia da festa judaica dos Tabernáculos, dia 1.º, a polícia israelense ordenou que os palestinos fechassem suas lojas na Cidade Velha de Jerusalém, e impediu o acesso dos muçulmanos, para garantir a entrada de judeus no complexo de Al-Aqsa.

Tumultos na mesquita de Al-Aqsa, em 2021, são apontados como início da nova onda de violência entre israelenses e palestinos Foto: Ahmad Gharabli/ AFP

O Hamas denominou a incursão no dia 7 de “Inundação de Al-Aqsa”. Segundo seu comandante militar, Mohammed Deif, a operação começou a ser planejada em maio de 2021, depois que policiais israelenses invadiram a mesquita, durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, espancaram e arrastaram palestinos de dentro de lá, alegando que eles os haviam atacado.

O Hamas venceu as eleições de 2006 na Faixa de Gaza e seu rival palestino, o Fatah, ganhou na Cisjordânia. Mas Estados Unidos e União Europeia anunciaram o corte da ajuda de meio bilhão de dólares cada para os palestinos, se o Hamas assumisse, por considerá-lo organização terrorista. O Fatah então continuou governando Gaza até o ano seguinte, quando o Hamas tomou o poder no território à força.

Desde então, houve cinco guerras entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, que está sob bloqueio israelense. Metade da população do território está desempregada. Segundo o Programa de Alimentos da ONU, 1,84 milhão de palestinos não tem comida suficiente, ou seja, um terço da população nos dois territórios e mais Jerusalém Oriental. Desses, 1,1 milhão vive em “grave insegurança alimentar” – 90% deles na Faixa de Gaza.

Esse ambiente facilita o recrutamento de jovens pelo Hamas. Os ultranacionalistas israelenses sabem disso. A perpetuação do conflito interessa a ambos. Fazer essa análise não é justificar a violência. É entender suas causas. E, nesse sentido, honrar suas vítimas.

Em toda disputa, o maior objetivo é provocar no adversário a reação esperada. A previsibilidade decorrente dessa tática permite o planejamento estratégico. Quem domina essa técnica é capaz de manter a iniciativa. Reduzido à condição de coadjuvante, o adversário consome seu tempo e energia reagindo, enquanto o protagonista se ocupa do próximo lance.

Se dois atores em lados opostos souberem empregar esse método com maestria e sem limites morais, ele se torna a única tática efetiva. O centro do tabuleiro é esvaziado, e a eletricidade se concentra nos polos opostos.

Os extremistas palestinos e israelenses empregam essa técnica há 80 anos. Sua eficácia avassaladora e seu custo humano são comprovados mais uma vez.

Israel bombardeia o norte da Faixa de Gaza em preparação para a invasão terrestre em busca pelos terroristas do Hamas  Foto: Aris Messinis / AFP

As Forças de Defesa de Israel ignoraram as advertências dos serviços de inteligência israelense, egípcio e americano. Elas falharam durante as incursões terroristas do Hamas no dia 7 porque suas atenções estavam voltadas para as prioridades do governo de Binyamin Netanyahu: a expansão das colônias judaicas na Cisjordânia e o acesso de fiéis judeus ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa.

O governo israelense não concede alvará de construção para palestinos na Cisjordânia e demole casas novas, assim como as residências das famílias de palestinos acusados de atos de violência. Ao mesmo tempo, financia a construção de novas moradias e a criação de novos assentamentos para judeus na Cisjordânia.

Essa política tem elevado as tensões e fomentado a atuação de células terroristas e de ataques de palestinos contra colonos judeus e contra as forças de segurança israelenses. Os judeus podem andar armados; os palestinos, não.

Os colonos, muitos deles recém-chegados da Europa e dos Estados Unidos, invadem casas de palestinos cujas famílias moram na Cisjordânia há muitas gerações, e os agridem, gritando frases como “vão embora, aqui não é a sua terra”. Algumas vezes, sob o olhar de aprovação de soldados israelenses.

O ministro de Segurança, Itamar Ben-Gvir, líder dos colonos judeus da Cisjordânia, defende o livre acesso de fiéis judeus ao complexo da Mesquita de Al-Aqsa. Grupos religiosos judeus acreditam que suas orações nesse local dariam início à construção do 3.º Templo. O 2.º Templo foi destruído pelos romanos no ano 70.

No mesmo local foi construída a mesquita entre 685 e 715. Os tratados de Paris e de Berlim, que regem o acesso a lugares sagrados em áreas disputadas, firmados em 1856 e 1878 respectivamente, determinam que só os judeus rezem no Muro das Lamentações, as fundações que restaram do 2.º Templo, e só os muçulmanos tenham acesso à parte de cima.

Israel tradicionalmente respeitou essa regra, violada pelo atual governo ultranacionalista. No terceiro dia da festa judaica dos Tabernáculos, dia 1.º, a polícia israelense ordenou que os palestinos fechassem suas lojas na Cidade Velha de Jerusalém, e impediu o acesso dos muçulmanos, para garantir a entrada de judeus no complexo de Al-Aqsa.

Tumultos na mesquita de Al-Aqsa, em 2021, são apontados como início da nova onda de violência entre israelenses e palestinos Foto: Ahmad Gharabli/ AFP

O Hamas denominou a incursão no dia 7 de “Inundação de Al-Aqsa”. Segundo seu comandante militar, Mohammed Deif, a operação começou a ser planejada em maio de 2021, depois que policiais israelenses invadiram a mesquita, durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, espancaram e arrastaram palestinos de dentro de lá, alegando que eles os haviam atacado.

O Hamas venceu as eleições de 2006 na Faixa de Gaza e seu rival palestino, o Fatah, ganhou na Cisjordânia. Mas Estados Unidos e União Europeia anunciaram o corte da ajuda de meio bilhão de dólares cada para os palestinos, se o Hamas assumisse, por considerá-lo organização terrorista. O Fatah então continuou governando Gaza até o ano seguinte, quando o Hamas tomou o poder no território à força.

Desde então, houve cinco guerras entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza, que está sob bloqueio israelense. Metade da população do território está desempregada. Segundo o Programa de Alimentos da ONU, 1,84 milhão de palestinos não tem comida suficiente, ou seja, um terço da população nos dois territórios e mais Jerusalém Oriental. Desses, 1,1 milhão vive em “grave insegurança alimentar” – 90% deles na Faixa de Gaza.

Esse ambiente facilita o recrutamento de jovens pelo Hamas. Os ultranacionalistas israelenses sabem disso. A perpetuação do conflito interessa a ambos. Fazer essa análise não é justificar a violência. É entender suas causas. E, nesse sentido, honrar suas vítimas.

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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