É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Condenação de Trump mergulha EUA em incertezas, mas republicano se beneficia de cenário imprevisível


O grande trunfo de Trump é surpreender seus oponentes com lances para os quais eles não estão preparados

Por Lourival Sant'Anna

A condenação de Donald Trump lança os Estados Unidos em um cenário de incertezas nas esferas jurídica e política. Obviamente o ex-presidente e candidato não gostaria de estar nessa situação. Por outro lado, ele tem uma habilidade única de navegar em uma trama inédita e carregada de imprevisibilidade como essa.

Esse é o grande trunfo de Trump: surpreender seus oponentes com lances para os quais eles não estão preparados, e não há um roteiro de como responder. Os autores da Constituição americana não previram um condenado em processos criminais com chances de se eleger presidente.

Depois da Guerra Civil, concluída em 1865, foi acrescentada a 14.ª Emenda, que impede envolvidos em insurreições de exercer cargos federais. Ao julgar se esse caso se aplicava ao envolvimento de Trump na invasão do Capitólio, a Suprema Corte decidiu, por 5 votos a 4, que o Congresso precisaria deliberar se o ex-presidente cometeu esse crime. Os republicanos têm maioria na Câmara.

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Trump ganhou espaço como ator anti-sistema. Ele reflete a insatisfação de parte dos americanos com o funcionamento das instituições. O fato de ser condenado em processo criminal e réu em outros três só reforça a adesão de seus eleitores.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de uma coletiva de imprensa após uma audiência de seu julgamento no Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York  Foto: Curtis Means/AFP

Duas pesquisas, uma em abril e outra em maio, da CNN e do Emerson College, respectivamente, revelaram que entre 24% e 25% dos eleitores de Trump “poderiam reconsiderar” sua escolha se ele fosse condenado nesse processo, envolvendo a compra do silêncio da atriz pornográfica Stormy Daniels sobre o suposto caso entre ambos.

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A sondagem da CNN mostrou ainda que esse é o processo com menos impacto sobre os eleitores de Trump. Os outros três, sobre a retenção de documentos confidenciais em sua residência na Flórida, a tentativa de reverter a derrota eleitoral na Geórgia e a conspiração para continuar no poder mesmo tendo perdido para Joe Biden, nessa ordem, afetariam mais o humor do eleitorado.

Como o presidente é eleito pelo Colégio Eleitoral, e em 44 Estados o resultado é previsível, o foco da atenção está naqueles que efetivamente definem o pleito, que neste ano serão Arizona, Nevada, Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Pesquisas anteriores revelaram que, se Trump fosse condenado em qualquer um dos quatro processos criminais, parte dos eleitores independentes nesses seis Estados se negaria a votar nele.

Tudo isso é significativo, considerando que a disputa deverá ser acirrada. Entretanto, essas pesquisas são anteriores às condenações, e à resposta que Trump constrói diante delas.

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O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump discursa na Trump Tower, em Nova York  Foto: Doug Mills/NYT

Na manhã seguinte à condenação, na sexta-feira, ele fez um discurso diante de jornalistas e seguidores, ao pé da escada rolante da Trump Tower, na 5.ª Avenida, em Nova York, de onde se lançou pré-candidato a presidente, em 2016. O que havia sido anunciado como entrevista coletiva na verdade foi um monólogo de frases desconectas entre si, mas contundentes.

“Se podem fazer isso comigo, podem fazer com qualquer um”, começou Trump. “São pessoas más. Acho que seis estão usando remédios”, continuou, referindo-se aparentemente aos jurados. “Eles vêm do Oriente Médio, África, Ásia, de instituições de saúde mental, prisões”, continuou, saltando bruscamente para os imigrantes. “O presidente, um grupo de fascistas, não faz nada a respeito”, acusou.

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“Querem destruir nosso país, que está em muito má forma”, prosseguiu Trump. “Querem aumentar impostos, impedir vocês de ter carros, tornar muito possível para os chineses fazer carros para nós.” O discurso foi e voltou de forma circular nas suas ideias-força: a perseguição da Justiça contra ele, a incompetência de Biden e a imigração. Disse que o juiz do caso, Juan Merchan, que por sinal nasceu na Colômbia, “parece um anjo, mas é um diabo”. E que 5 de novembro (data da eleição) “será o dia mais importante da história” dos EUA.

O ex-presidente lançou também novos “fatos alternativos”, termo cunhado por sua ex-conselheira Kellyanne Conway no início de seu governo em 2017: a criminalidade caiu 72% na Venezuela, cujas prisões estariam vazias, assim como as do Congo, porque os detentos teriam migrado para os Estados Unidos; 29 mil chineses, a maioria homens em perfeito estado para serem soldados, teriam entrado no país, levando tendas e celulares de última geração, para formar um exército, e assim por diante.

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Acuado, Trump reage da forma que sabe: construindo uma realidade própria para seus seguidores habitarem. Até que ponto isso convencerá os eleitores independentes, ou se votarão em Trump apesar de seus problemas com a Justiça, será determinante nessa eleição.

A condenação de Donald Trump lança os Estados Unidos em um cenário de incertezas nas esferas jurídica e política. Obviamente o ex-presidente e candidato não gostaria de estar nessa situação. Por outro lado, ele tem uma habilidade única de navegar em uma trama inédita e carregada de imprevisibilidade como essa.

Esse é o grande trunfo de Trump: surpreender seus oponentes com lances para os quais eles não estão preparados, e não há um roteiro de como responder. Os autores da Constituição americana não previram um condenado em processos criminais com chances de se eleger presidente.

Depois da Guerra Civil, concluída em 1865, foi acrescentada a 14.ª Emenda, que impede envolvidos em insurreições de exercer cargos federais. Ao julgar se esse caso se aplicava ao envolvimento de Trump na invasão do Capitólio, a Suprema Corte decidiu, por 5 votos a 4, que o Congresso precisaria deliberar se o ex-presidente cometeu esse crime. Os republicanos têm maioria na Câmara.

Trump ganhou espaço como ator anti-sistema. Ele reflete a insatisfação de parte dos americanos com o funcionamento das instituições. O fato de ser condenado em processo criminal e réu em outros três só reforça a adesão de seus eleitores.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de uma coletiva de imprensa após uma audiência de seu julgamento no Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York  Foto: Curtis Means/AFP

Duas pesquisas, uma em abril e outra em maio, da CNN e do Emerson College, respectivamente, revelaram que entre 24% e 25% dos eleitores de Trump “poderiam reconsiderar” sua escolha se ele fosse condenado nesse processo, envolvendo a compra do silêncio da atriz pornográfica Stormy Daniels sobre o suposto caso entre ambos.

A sondagem da CNN mostrou ainda que esse é o processo com menos impacto sobre os eleitores de Trump. Os outros três, sobre a retenção de documentos confidenciais em sua residência na Flórida, a tentativa de reverter a derrota eleitoral na Geórgia e a conspiração para continuar no poder mesmo tendo perdido para Joe Biden, nessa ordem, afetariam mais o humor do eleitorado.

Como o presidente é eleito pelo Colégio Eleitoral, e em 44 Estados o resultado é previsível, o foco da atenção está naqueles que efetivamente definem o pleito, que neste ano serão Arizona, Nevada, Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Pesquisas anteriores revelaram que, se Trump fosse condenado em qualquer um dos quatro processos criminais, parte dos eleitores independentes nesses seis Estados se negaria a votar nele.

Tudo isso é significativo, considerando que a disputa deverá ser acirrada. Entretanto, essas pesquisas são anteriores às condenações, e à resposta que Trump constrói diante delas.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump discursa na Trump Tower, em Nova York  Foto: Doug Mills/NYT

Na manhã seguinte à condenação, na sexta-feira, ele fez um discurso diante de jornalistas e seguidores, ao pé da escada rolante da Trump Tower, na 5.ª Avenida, em Nova York, de onde se lançou pré-candidato a presidente, em 2016. O que havia sido anunciado como entrevista coletiva na verdade foi um monólogo de frases desconectas entre si, mas contundentes.

“Se podem fazer isso comigo, podem fazer com qualquer um”, começou Trump. “São pessoas más. Acho que seis estão usando remédios”, continuou, referindo-se aparentemente aos jurados. “Eles vêm do Oriente Médio, África, Ásia, de instituições de saúde mental, prisões”, continuou, saltando bruscamente para os imigrantes. “O presidente, um grupo de fascistas, não faz nada a respeito”, acusou.

“Querem destruir nosso país, que está em muito má forma”, prosseguiu Trump. “Querem aumentar impostos, impedir vocês de ter carros, tornar muito possível para os chineses fazer carros para nós.” O discurso foi e voltou de forma circular nas suas ideias-força: a perseguição da Justiça contra ele, a incompetência de Biden e a imigração. Disse que o juiz do caso, Juan Merchan, que por sinal nasceu na Colômbia, “parece um anjo, mas é um diabo”. E que 5 de novembro (data da eleição) “será o dia mais importante da história” dos EUA.

O ex-presidente lançou também novos “fatos alternativos”, termo cunhado por sua ex-conselheira Kellyanne Conway no início de seu governo em 2017: a criminalidade caiu 72% na Venezuela, cujas prisões estariam vazias, assim como as do Congo, porque os detentos teriam migrado para os Estados Unidos; 29 mil chineses, a maioria homens em perfeito estado para serem soldados, teriam entrado no país, levando tendas e celulares de última geração, para formar um exército, e assim por diante.

Acuado, Trump reage da forma que sabe: construindo uma realidade própria para seus seguidores habitarem. Até que ponto isso convencerá os eleitores independentes, ou se votarão em Trump apesar de seus problemas com a Justiça, será determinante nessa eleição.

A condenação de Donald Trump lança os Estados Unidos em um cenário de incertezas nas esferas jurídica e política. Obviamente o ex-presidente e candidato não gostaria de estar nessa situação. Por outro lado, ele tem uma habilidade única de navegar em uma trama inédita e carregada de imprevisibilidade como essa.

Esse é o grande trunfo de Trump: surpreender seus oponentes com lances para os quais eles não estão preparados, e não há um roteiro de como responder. Os autores da Constituição americana não previram um condenado em processos criminais com chances de se eleger presidente.

Depois da Guerra Civil, concluída em 1865, foi acrescentada a 14.ª Emenda, que impede envolvidos em insurreições de exercer cargos federais. Ao julgar se esse caso se aplicava ao envolvimento de Trump na invasão do Capitólio, a Suprema Corte decidiu, por 5 votos a 4, que o Congresso precisaria deliberar se o ex-presidente cometeu esse crime. Os republicanos têm maioria na Câmara.

Trump ganhou espaço como ator anti-sistema. Ele reflete a insatisfação de parte dos americanos com o funcionamento das instituições. O fato de ser condenado em processo criminal e réu em outros três só reforça a adesão de seus eleitores.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de uma coletiva de imprensa após uma audiência de seu julgamento no Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York  Foto: Curtis Means/AFP

Duas pesquisas, uma em abril e outra em maio, da CNN e do Emerson College, respectivamente, revelaram que entre 24% e 25% dos eleitores de Trump “poderiam reconsiderar” sua escolha se ele fosse condenado nesse processo, envolvendo a compra do silêncio da atriz pornográfica Stormy Daniels sobre o suposto caso entre ambos.

A sondagem da CNN mostrou ainda que esse é o processo com menos impacto sobre os eleitores de Trump. Os outros três, sobre a retenção de documentos confidenciais em sua residência na Flórida, a tentativa de reverter a derrota eleitoral na Geórgia e a conspiração para continuar no poder mesmo tendo perdido para Joe Biden, nessa ordem, afetariam mais o humor do eleitorado.

Como o presidente é eleito pelo Colégio Eleitoral, e em 44 Estados o resultado é previsível, o foco da atenção está naqueles que efetivamente definem o pleito, que neste ano serão Arizona, Nevada, Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Pesquisas anteriores revelaram que, se Trump fosse condenado em qualquer um dos quatro processos criminais, parte dos eleitores independentes nesses seis Estados se negaria a votar nele.

Tudo isso é significativo, considerando que a disputa deverá ser acirrada. Entretanto, essas pesquisas são anteriores às condenações, e à resposta que Trump constrói diante delas.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump discursa na Trump Tower, em Nova York  Foto: Doug Mills/NYT

Na manhã seguinte à condenação, na sexta-feira, ele fez um discurso diante de jornalistas e seguidores, ao pé da escada rolante da Trump Tower, na 5.ª Avenida, em Nova York, de onde se lançou pré-candidato a presidente, em 2016. O que havia sido anunciado como entrevista coletiva na verdade foi um monólogo de frases desconectas entre si, mas contundentes.

“Se podem fazer isso comigo, podem fazer com qualquer um”, começou Trump. “São pessoas más. Acho que seis estão usando remédios”, continuou, referindo-se aparentemente aos jurados. “Eles vêm do Oriente Médio, África, Ásia, de instituições de saúde mental, prisões”, continuou, saltando bruscamente para os imigrantes. “O presidente, um grupo de fascistas, não faz nada a respeito”, acusou.

“Querem destruir nosso país, que está em muito má forma”, prosseguiu Trump. “Querem aumentar impostos, impedir vocês de ter carros, tornar muito possível para os chineses fazer carros para nós.” O discurso foi e voltou de forma circular nas suas ideias-força: a perseguição da Justiça contra ele, a incompetência de Biden e a imigração. Disse que o juiz do caso, Juan Merchan, que por sinal nasceu na Colômbia, “parece um anjo, mas é um diabo”. E que 5 de novembro (data da eleição) “será o dia mais importante da história” dos EUA.

O ex-presidente lançou também novos “fatos alternativos”, termo cunhado por sua ex-conselheira Kellyanne Conway no início de seu governo em 2017: a criminalidade caiu 72% na Venezuela, cujas prisões estariam vazias, assim como as do Congo, porque os detentos teriam migrado para os Estados Unidos; 29 mil chineses, a maioria homens em perfeito estado para serem soldados, teriam entrado no país, levando tendas e celulares de última geração, para formar um exército, e assim por diante.

Acuado, Trump reage da forma que sabe: construindo uma realidade própria para seus seguidores habitarem. Até que ponto isso convencerá os eleitores independentes, ou se votarão em Trump apesar de seus problemas com a Justiça, será determinante nessa eleição.

A condenação de Donald Trump lança os Estados Unidos em um cenário de incertezas nas esferas jurídica e política. Obviamente o ex-presidente e candidato não gostaria de estar nessa situação. Por outro lado, ele tem uma habilidade única de navegar em uma trama inédita e carregada de imprevisibilidade como essa.

Esse é o grande trunfo de Trump: surpreender seus oponentes com lances para os quais eles não estão preparados, e não há um roteiro de como responder. Os autores da Constituição americana não previram um condenado em processos criminais com chances de se eleger presidente.

Depois da Guerra Civil, concluída em 1865, foi acrescentada a 14.ª Emenda, que impede envolvidos em insurreições de exercer cargos federais. Ao julgar se esse caso se aplicava ao envolvimento de Trump na invasão do Capitólio, a Suprema Corte decidiu, por 5 votos a 4, que o Congresso precisaria deliberar se o ex-presidente cometeu esse crime. Os republicanos têm maioria na Câmara.

Trump ganhou espaço como ator anti-sistema. Ele reflete a insatisfação de parte dos americanos com o funcionamento das instituições. O fato de ser condenado em processo criminal e réu em outros três só reforça a adesão de seus eleitores.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump participa de uma coletiva de imprensa após uma audiência de seu julgamento no Tribunal Criminal de Manhattan, em Nova York  Foto: Curtis Means/AFP

Duas pesquisas, uma em abril e outra em maio, da CNN e do Emerson College, respectivamente, revelaram que entre 24% e 25% dos eleitores de Trump “poderiam reconsiderar” sua escolha se ele fosse condenado nesse processo, envolvendo a compra do silêncio da atriz pornográfica Stormy Daniels sobre o suposto caso entre ambos.

A sondagem da CNN mostrou ainda que esse é o processo com menos impacto sobre os eleitores de Trump. Os outros três, sobre a retenção de documentos confidenciais em sua residência na Flórida, a tentativa de reverter a derrota eleitoral na Geórgia e a conspiração para continuar no poder mesmo tendo perdido para Joe Biden, nessa ordem, afetariam mais o humor do eleitorado.

Como o presidente é eleito pelo Colégio Eleitoral, e em 44 Estados o resultado é previsível, o foco da atenção está naqueles que efetivamente definem o pleito, que neste ano serão Arizona, Nevada, Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Wisconsin. Pesquisas anteriores revelaram que, se Trump fosse condenado em qualquer um dos quatro processos criminais, parte dos eleitores independentes nesses seis Estados se negaria a votar nele.

Tudo isso é significativo, considerando que a disputa deverá ser acirrada. Entretanto, essas pesquisas são anteriores às condenações, e à resposta que Trump constrói diante delas.

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump discursa na Trump Tower, em Nova York  Foto: Doug Mills/NYT

Na manhã seguinte à condenação, na sexta-feira, ele fez um discurso diante de jornalistas e seguidores, ao pé da escada rolante da Trump Tower, na 5.ª Avenida, em Nova York, de onde se lançou pré-candidato a presidente, em 2016. O que havia sido anunciado como entrevista coletiva na verdade foi um monólogo de frases desconectas entre si, mas contundentes.

“Se podem fazer isso comigo, podem fazer com qualquer um”, começou Trump. “São pessoas más. Acho que seis estão usando remédios”, continuou, referindo-se aparentemente aos jurados. “Eles vêm do Oriente Médio, África, Ásia, de instituições de saúde mental, prisões”, continuou, saltando bruscamente para os imigrantes. “O presidente, um grupo de fascistas, não faz nada a respeito”, acusou.

“Querem destruir nosso país, que está em muito má forma”, prosseguiu Trump. “Querem aumentar impostos, impedir vocês de ter carros, tornar muito possível para os chineses fazer carros para nós.” O discurso foi e voltou de forma circular nas suas ideias-força: a perseguição da Justiça contra ele, a incompetência de Biden e a imigração. Disse que o juiz do caso, Juan Merchan, que por sinal nasceu na Colômbia, “parece um anjo, mas é um diabo”. E que 5 de novembro (data da eleição) “será o dia mais importante da história” dos EUA.

O ex-presidente lançou também novos “fatos alternativos”, termo cunhado por sua ex-conselheira Kellyanne Conway no início de seu governo em 2017: a criminalidade caiu 72% na Venezuela, cujas prisões estariam vazias, assim como as do Congo, porque os detentos teriam migrado para os Estados Unidos; 29 mil chineses, a maioria homens em perfeito estado para serem soldados, teriam entrado no país, levando tendas e celulares de última geração, para formar um exército, e assim por diante.

Acuado, Trump reage da forma que sabe: construindo uma realidade própria para seus seguidores habitarem. Até que ponto isso convencerá os eleitores independentes, ou se votarão em Trump apesar de seus problemas com a Justiça, será determinante nessa eleição.

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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