É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Conflitos assombram o mundo; leia a coluna de Lourival Sant’Anna


Além da guerra na Ucrânia, China ameaça tomar Taiwan e Irã, fazer a bomba nuclear

Por Lourival Sant'Anna

Três cenários de conflitos assombram o mundo: a guerra na Ucrânia, a perspectiva de anexação forçada de Taiwan pela China e o avanço do Irã rumo à bomba atômica. Os três estão interligados.

Nove meses depois da invasão, a Ucrânia está submetida à escuridão, ao frio e à falta de água, por causa dos bombardeios russos à infraestrutura de eletricidade.

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Moradores de Kherson, na Ucrânia, recebem água e mantimentos; país sofre com ataques à sua infraestrutura Foto: GENYA SAVILOV/AFP

Os ataques, a centenas de quilômetros do front, têm o objetivo de forçar a rendição ucraniana. Nesses nove meses, os ucranianos enfrentaram os maiores sofrimentos que um ser humano pode experimentar, incluindo bombardeios a hospitais, torturas, raptos de crianças, abusos sexuais e ameaças nucleares.

Tudo isso reforçou a determinação de não se render, expressa no lema “melhor sem eletricidade do que com a Rússia. As atrocidades russas tiveram o mesmo impacto sobre o Ocidente. Inflação causada pelas sanções e gastos crescentes com ajuda humanitária e militar não estão demovendo americanos, europeus e aliados asiáticos.

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O governo americano anunciou na quarta-feira, 23, o 26.º pacote de ajuda militar à Ucrânia, de US$ 400 milhões. O total já soma US$ 19,7 bilhões. A Europa estuda a nona leva de sanções contra a Rússia e incrementa o envio de armas e ajuda à Ucrânia.

As forças ucranianas avançam nos dois frontes, sul e nordeste, nas províncias de Kherson e Kharkiv, respectivamente. As tropas russas continuam sofrendo com a falta de comando, capacidade tática, treinamento, equipamento e moral.

Dificuldades

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Esse quadro sugere para os militares chineses e para o ditador Xi Jinping que o custo de tomar Taiwan seria alto. À diferença da fronteira seca entre Rússia e Ucrânia, a invasão envolve atravessar o Estreito de Taiwan. Desembarques anfíbios são sempre difíceis. E os taiwaneses demonstram a mesma disposição dos ucranianos de defender sua democracia e soberania.

Presidente chinês, Xi Jinping, acena durante reunião do Partido Comunista Chinês; anexar Taiwan à China está nos planos Foto: Andy Wong/AP

É provável que Xi adie a aventura mais para perto do fim de seu terceiro mandato, em 2027.

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Urânio

Já o Irã avança na direção da bomba nuclear. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, o país já dispõe de 62,3 kg de urânio enriquecido a 60%. A bomba de Hiroshima tinha 64 kg. O grau mínimo de enriquecimento para a bomba é de 90%, mas a aceleração é geométrica.

In an image from Google Earth, the entrance to the Fordo uranium enrichment site, in the mountains of Iran. Fordo, which some analysts feared was impervious to bombing, is to be partly converted to advanced nuclear research and the production of medical isotopes, and have no bomb-grade fissile material on hand. (Google Earth via The New York Times) -- NO SALES; FOR EDITORIAL USE ONLY WITH STORY SLUGGED IRAN-NUKE-TALKS BY SANGER AND GORDON. ALL OTHER USE PROHIBITED. —  
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Na coluna de 28 de agosto, escrevi que o acordo nuclear com o Irã parecia próximo. Desde então, dois obstáculos surgiram: o fornecimento de drones iranianos para a Rússia e a repressão brutal aos protestos desencadeados pela morte da jovem curda Mahsa Amini.

Estados Unidos e Israel estão dispostos a impedir militarmente o Irã de adquirir a bomba. Esse parece ser o próximo conflito armado.

Três cenários de conflitos assombram o mundo: a guerra na Ucrânia, a perspectiva de anexação forçada de Taiwan pela China e o avanço do Irã rumo à bomba atômica. Os três estão interligados.

Nove meses depois da invasão, a Ucrânia está submetida à escuridão, ao frio e à falta de água, por causa dos bombardeios russos à infraestrutura de eletricidade.

Moradores de Kherson, na Ucrânia, recebem água e mantimentos; país sofre com ataques à sua infraestrutura Foto: GENYA SAVILOV/AFP

Os ataques, a centenas de quilômetros do front, têm o objetivo de forçar a rendição ucraniana. Nesses nove meses, os ucranianos enfrentaram os maiores sofrimentos que um ser humano pode experimentar, incluindo bombardeios a hospitais, torturas, raptos de crianças, abusos sexuais e ameaças nucleares.

Tudo isso reforçou a determinação de não se render, expressa no lema “melhor sem eletricidade do que com a Rússia. As atrocidades russas tiveram o mesmo impacto sobre o Ocidente. Inflação causada pelas sanções e gastos crescentes com ajuda humanitária e militar não estão demovendo americanos, europeus e aliados asiáticos.

O governo americano anunciou na quarta-feira, 23, o 26.º pacote de ajuda militar à Ucrânia, de US$ 400 milhões. O total já soma US$ 19,7 bilhões. A Europa estuda a nona leva de sanções contra a Rússia e incrementa o envio de armas e ajuda à Ucrânia.

As forças ucranianas avançam nos dois frontes, sul e nordeste, nas províncias de Kherson e Kharkiv, respectivamente. As tropas russas continuam sofrendo com a falta de comando, capacidade tática, treinamento, equipamento e moral.

Dificuldades

Esse quadro sugere para os militares chineses e para o ditador Xi Jinping que o custo de tomar Taiwan seria alto. À diferença da fronteira seca entre Rússia e Ucrânia, a invasão envolve atravessar o Estreito de Taiwan. Desembarques anfíbios são sempre difíceis. E os taiwaneses demonstram a mesma disposição dos ucranianos de defender sua democracia e soberania.

Presidente chinês, Xi Jinping, acena durante reunião do Partido Comunista Chinês; anexar Taiwan à China está nos planos Foto: Andy Wong/AP

É provável que Xi adie a aventura mais para perto do fim de seu terceiro mandato, em 2027.

Urânio

Já o Irã avança na direção da bomba nuclear. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, o país já dispõe de 62,3 kg de urânio enriquecido a 60%. A bomba de Hiroshima tinha 64 kg. O grau mínimo de enriquecimento para a bomba é de 90%, mas a aceleração é geométrica.

In an image from Google Earth, the entrance to the Fordo uranium enrichment site, in the mountains of Iran. Fordo, which some analysts feared was impervious to bombing, is to be partly converted to advanced nuclear research and the production of medical isotopes, and have no bomb-grade fissile material on hand. (Google Earth via The New York Times) -- NO SALES; FOR EDITORIAL USE ONLY WITH STORY SLUGGED IRAN-NUKE-TALKS BY SANGER AND GORDON. ALL OTHER USE PROHIBITED. —  

Na coluna de 28 de agosto, escrevi que o acordo nuclear com o Irã parecia próximo. Desde então, dois obstáculos surgiram: o fornecimento de drones iranianos para a Rússia e a repressão brutal aos protestos desencadeados pela morte da jovem curda Mahsa Amini.

Estados Unidos e Israel estão dispostos a impedir militarmente o Irã de adquirir a bomba. Esse parece ser o próximo conflito armado.

Três cenários de conflitos assombram o mundo: a guerra na Ucrânia, a perspectiva de anexação forçada de Taiwan pela China e o avanço do Irã rumo à bomba atômica. Os três estão interligados.

Nove meses depois da invasão, a Ucrânia está submetida à escuridão, ao frio e à falta de água, por causa dos bombardeios russos à infraestrutura de eletricidade.

Moradores de Kherson, na Ucrânia, recebem água e mantimentos; país sofre com ataques à sua infraestrutura Foto: GENYA SAVILOV/AFP

Os ataques, a centenas de quilômetros do front, têm o objetivo de forçar a rendição ucraniana. Nesses nove meses, os ucranianos enfrentaram os maiores sofrimentos que um ser humano pode experimentar, incluindo bombardeios a hospitais, torturas, raptos de crianças, abusos sexuais e ameaças nucleares.

Tudo isso reforçou a determinação de não se render, expressa no lema “melhor sem eletricidade do que com a Rússia. As atrocidades russas tiveram o mesmo impacto sobre o Ocidente. Inflação causada pelas sanções e gastos crescentes com ajuda humanitária e militar não estão demovendo americanos, europeus e aliados asiáticos.

O governo americano anunciou na quarta-feira, 23, o 26.º pacote de ajuda militar à Ucrânia, de US$ 400 milhões. O total já soma US$ 19,7 bilhões. A Europa estuda a nona leva de sanções contra a Rússia e incrementa o envio de armas e ajuda à Ucrânia.

As forças ucranianas avançam nos dois frontes, sul e nordeste, nas províncias de Kherson e Kharkiv, respectivamente. As tropas russas continuam sofrendo com a falta de comando, capacidade tática, treinamento, equipamento e moral.

Dificuldades

Esse quadro sugere para os militares chineses e para o ditador Xi Jinping que o custo de tomar Taiwan seria alto. À diferença da fronteira seca entre Rússia e Ucrânia, a invasão envolve atravessar o Estreito de Taiwan. Desembarques anfíbios são sempre difíceis. E os taiwaneses demonstram a mesma disposição dos ucranianos de defender sua democracia e soberania.

Presidente chinês, Xi Jinping, acena durante reunião do Partido Comunista Chinês; anexar Taiwan à China está nos planos Foto: Andy Wong/AP

É provável que Xi adie a aventura mais para perto do fim de seu terceiro mandato, em 2027.

Urânio

Já o Irã avança na direção da bomba nuclear. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, o país já dispõe de 62,3 kg de urânio enriquecido a 60%. A bomba de Hiroshima tinha 64 kg. O grau mínimo de enriquecimento para a bomba é de 90%, mas a aceleração é geométrica.

In an image from Google Earth, the entrance to the Fordo uranium enrichment site, in the mountains of Iran. Fordo, which some analysts feared was impervious to bombing, is to be partly converted to advanced nuclear research and the production of medical isotopes, and have no bomb-grade fissile material on hand. (Google Earth via The New York Times) -- NO SALES; FOR EDITORIAL USE ONLY WITH STORY SLUGGED IRAN-NUKE-TALKS BY SANGER AND GORDON. ALL OTHER USE PROHIBITED. —  

Na coluna de 28 de agosto, escrevi que o acordo nuclear com o Irã parecia próximo. Desde então, dois obstáculos surgiram: o fornecimento de drones iranianos para a Rússia e a repressão brutal aos protestos desencadeados pela morte da jovem curda Mahsa Amini.

Estados Unidos e Israel estão dispostos a impedir militarmente o Irã de adquirir a bomba. Esse parece ser o próximo conflito armado.

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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