É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Estabilidade conquistada por Milei é um ganho, apesar das dificuldades


Apesar da queda da inflação, o custo de vida subiu, muitas empresas fecharam e o desemprego está alto, em 6,9%, embora tenha caído 0,7 ponto porcentual em relação ao trimestre anterior

Por Lourival Sant'Anna
Atualização:

O governo de Javier Milei completa seu primeiro aniversário focado na tarefa à qual sucessivas equipes econômicas argentinas têm se dedicado nas últimas décadas: a negociação de um novo empréstimo com o FMI. A situação, porém, é diferente: a política econômica é coroada de elogios do Fundo, e de êxitos no sentido de ordenar o caos que caracterizou o país ao longo deste século.

“Durante o último ano, as autoridades argentinas vêm implementando seu programa de estabilização econômica, e têm conseguido resultados impressionantes”, reconheceu a porta-voz do FMI, Julie, Kozack. “Eles incluem uma redução considerável da inflação, superávit fiscal e uma melhor cobertura das reservas internacionais.”

Em relatório publicado há dois meses, o FMI destacou que a Argentina é o único país da região com superávit fiscal, estimado em 1,8% em 2024 — seu primeiro nos últimos 16 anos. No terceiro trimestre, a economia argentina cresceu 3,9% ante o período anterior, interrompendo a recessão técnica iniciada no fim do ano passado. Mesmo assim, o Fundo projeta recessão em torno de 3,5% no ano. Já para 2025, a estimativa é de crescimento de cerca de 5%”.

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Presidente da Argentina, Javier Milei, termina primeiro ano de mandato com bons resultados econômicos Foto: Filippo Monteforte/FILIPPO MONTEFORTE

A inflação deve cair de 211% em 2023, a mais alta do mundo, para 140% este ano. Para 2025, a previsão do FMI é de 45%. A principal causa disso é a queda do gasto público primário, que não inclui os juros, de 35,3% em 2023 para 30,2% este ano.

As reservas cambiais subiram, nos últimos 12 meses, de US$ 21,5 bilhões para US$ 32,3 bilhões. Contribuiu para isso a anistia tributária para a repatriação de dinheiro do exterior. Mesmo assim, o governo considera que necessita de US$ 10 a US$ 15 bilhões do FMI. O Fundo condiciona a ajuda à retirada dos controles cambiais. O governo mantém esses controles por considerar insuficiente o colchão das reservas — num ciclo vicioso.

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Para o economista Carlos Melconian, o dólar deveria estar valendo entre 1.300 e 1.400 pesos, e não em torno de 1.000 — a cotação oficial. Economista da campanha presidencial de Patricia Bullrich, hoje ministra da Segurança, Melconian me disse que a retirada do controle no comércio exterior renderia ao BC argentino US$ 16 bilhões ao ano.

Apesar da queda da inflação, o custo de vida subiu, muitas empresas fecharam e o desemprego está alto, em 6,9%, embora tenha caído 0,7 ponto porcentual em relação ao trimestre anterior.

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Escrevo de Buenos Aires, e mesmo pessoas que não votaram em Milei reconhecem que a estabilidade é um ganho, apesar dessas dificuldades.

O governo de Javier Milei completa seu primeiro aniversário focado na tarefa à qual sucessivas equipes econômicas argentinas têm se dedicado nas últimas décadas: a negociação de um novo empréstimo com o FMI. A situação, porém, é diferente: a política econômica é coroada de elogios do Fundo, e de êxitos no sentido de ordenar o caos que caracterizou o país ao longo deste século.

“Durante o último ano, as autoridades argentinas vêm implementando seu programa de estabilização econômica, e têm conseguido resultados impressionantes”, reconheceu a porta-voz do FMI, Julie, Kozack. “Eles incluem uma redução considerável da inflação, superávit fiscal e uma melhor cobertura das reservas internacionais.”

Em relatório publicado há dois meses, o FMI destacou que a Argentina é o único país da região com superávit fiscal, estimado em 1,8% em 2024 — seu primeiro nos últimos 16 anos. No terceiro trimestre, a economia argentina cresceu 3,9% ante o período anterior, interrompendo a recessão técnica iniciada no fim do ano passado. Mesmo assim, o Fundo projeta recessão em torno de 3,5% no ano. Já para 2025, a estimativa é de crescimento de cerca de 5%”.

Presidente da Argentina, Javier Milei, termina primeiro ano de mandato com bons resultados econômicos Foto: Filippo Monteforte/FILIPPO MONTEFORTE

A inflação deve cair de 211% em 2023, a mais alta do mundo, para 140% este ano. Para 2025, a previsão do FMI é de 45%. A principal causa disso é a queda do gasto público primário, que não inclui os juros, de 35,3% em 2023 para 30,2% este ano.

As reservas cambiais subiram, nos últimos 12 meses, de US$ 21,5 bilhões para US$ 32,3 bilhões. Contribuiu para isso a anistia tributária para a repatriação de dinheiro do exterior. Mesmo assim, o governo considera que necessita de US$ 10 a US$ 15 bilhões do FMI. O Fundo condiciona a ajuda à retirada dos controles cambiais. O governo mantém esses controles por considerar insuficiente o colchão das reservas — num ciclo vicioso.

Para o economista Carlos Melconian, o dólar deveria estar valendo entre 1.300 e 1.400 pesos, e não em torno de 1.000 — a cotação oficial. Economista da campanha presidencial de Patricia Bullrich, hoje ministra da Segurança, Melconian me disse que a retirada do controle no comércio exterior renderia ao BC argentino US$ 16 bilhões ao ano.

Apesar da queda da inflação, o custo de vida subiu, muitas empresas fecharam e o desemprego está alto, em 6,9%, embora tenha caído 0,7 ponto porcentual em relação ao trimestre anterior.

Escrevo de Buenos Aires, e mesmo pessoas que não votaram em Milei reconhecem que a estabilidade é um ganho, apesar dessas dificuldades.

O governo de Javier Milei completa seu primeiro aniversário focado na tarefa à qual sucessivas equipes econômicas argentinas têm se dedicado nas últimas décadas: a negociação de um novo empréstimo com o FMI. A situação, porém, é diferente: a política econômica é coroada de elogios do Fundo, e de êxitos no sentido de ordenar o caos que caracterizou o país ao longo deste século.

“Durante o último ano, as autoridades argentinas vêm implementando seu programa de estabilização econômica, e têm conseguido resultados impressionantes”, reconheceu a porta-voz do FMI, Julie, Kozack. “Eles incluem uma redução considerável da inflação, superávit fiscal e uma melhor cobertura das reservas internacionais.”

Em relatório publicado há dois meses, o FMI destacou que a Argentina é o único país da região com superávit fiscal, estimado em 1,8% em 2024 — seu primeiro nos últimos 16 anos. No terceiro trimestre, a economia argentina cresceu 3,9% ante o período anterior, interrompendo a recessão técnica iniciada no fim do ano passado. Mesmo assim, o Fundo projeta recessão em torno de 3,5% no ano. Já para 2025, a estimativa é de crescimento de cerca de 5%”.

Presidente da Argentina, Javier Milei, termina primeiro ano de mandato com bons resultados econômicos Foto: Filippo Monteforte/FILIPPO MONTEFORTE

A inflação deve cair de 211% em 2023, a mais alta do mundo, para 140% este ano. Para 2025, a previsão do FMI é de 45%. A principal causa disso é a queda do gasto público primário, que não inclui os juros, de 35,3% em 2023 para 30,2% este ano.

As reservas cambiais subiram, nos últimos 12 meses, de US$ 21,5 bilhões para US$ 32,3 bilhões. Contribuiu para isso a anistia tributária para a repatriação de dinheiro do exterior. Mesmo assim, o governo considera que necessita de US$ 10 a US$ 15 bilhões do FMI. O Fundo condiciona a ajuda à retirada dos controles cambiais. O governo mantém esses controles por considerar insuficiente o colchão das reservas — num ciclo vicioso.

Para o economista Carlos Melconian, o dólar deveria estar valendo entre 1.300 e 1.400 pesos, e não em torno de 1.000 — a cotação oficial. Economista da campanha presidencial de Patricia Bullrich, hoje ministra da Segurança, Melconian me disse que a retirada do controle no comércio exterior renderia ao BC argentino US$ 16 bilhões ao ano.

Apesar da queda da inflação, o custo de vida subiu, muitas empresas fecharam e o desemprego está alto, em 6,9%, embora tenha caído 0,7 ponto porcentual em relação ao trimestre anterior.

Escrevo de Buenos Aires, e mesmo pessoas que não votaram em Milei reconhecem que a estabilidade é um ganho, apesar dessas dificuldades.

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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