É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Guerra na Ucrânia dá novo sentido aos valores europeus; leia a coluna de Lourival Sant’Anna


O conflito deu um novo sentido aos valores ocidentais, ao contrapor um regime autoritário a uma democracia; uma potência nuclear agressora a um país menor e vulnerável, mas cujo povo demonstra uma coragem comovente

Por Lourival Sant'Anna

A Comissão Europeia endossou na sexta-feira o pedido da Ucrânia para ingressar no bloco. A iniciativa tem enorme simbolismo, no momento em que a Rússia se impõe militarmente no leste da Ucrânia. E vem acompanhada de renovadas promessas por parte da Alemanha, França e Itália, cujos governantes visitaram Kiev na quinta-feira, de manter o apoio militar, econômico e político ao país.

Ao contrário da retórica de Vladimir Putin, o que motivou a invasão russa não foi a remota entrada da Ucrânia na Otan, congelada desde 2008, quando ele ordenou a invasão da Geórgia. A Rússia invadiu a Ucrânia em 2014 depois da queda do presidente Viktor Yanukovich, em meio a protestos populares, por ter cedido às pressões de Putin e desistido de ingressar na União Europeia (UE).

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A invasão deste ano é uma continuação da campanha iniciada em 2014, na qual a Rússia tomou 8% do território ucraniano. Putin teme que um vizinho democrático, próspero e europeu sirva de inspiração para os cidadãos russos.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski (centro), seguido pelos líderes de Romênia, Klaus Iohannis, Itália, Mario Draghi, França, Emmanuel Macron, e Alemanha, Olaf Scholz, em Kiev, na quinta-feira 16 de junho de 2022  Foto: Ludovic Marin/ Reuters

Quatro dias depois da invasão, no dia 28 de fevereiro, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, entrou formalmente com um pedido de ingresso rápido na UE, acompanhado de um apelo: “Nosso objetivo é estar com todos os europeus e ser igual a eles. Tenho certeza de que merecemos”.

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A guerra deu um novo sentido aos valores europeus — e ocidentais —, ao contrapor um regime autoritário a uma democracia; uma potência nuclear agressora a um país menor e vulnerável, mas cujo povo demonstra uma coragem comovente e uma disposição impressionante de se sacrificar por sua liberdade e dignidade. Tudo isso fala muito fundo na alma dos europeus, cujos pais e avós tiveram suas histórias marcadas por essa mesma coragem e sacrifício.

Na visita a Kiev, o presidente francês, Emmanuel Macron, reformulou suas declarações anteriores, de que era preciso “não humilhar a Rússia”. Ele reafirmou essa noção, mas acrescentou que um acordo de paz pressupõe uma volta às fronteiras anteriores a 2014. E disse: “A Ucrânia está resistindo. Ela tem de ser capaz de vencer”.

O chanceler Olaf Scholz, criticado por não ajudar a Ucrânia tanto quanto a Alemanha poderia, afirmou: “Não queremos só demonstrar solidariedade, mas assegurar que a ajuda financeira, humanitária e de armas continuará”.

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As diferenças em Mariupol, antes e depois da ocupação russa, imagens aéreas da usina Azovstal, o complexo é a última fortaleza de resistência de seus defensores

O Ministério da Defesa alemão informou que os 15 tanques Gepard com canhões antiaéreos prometidos serão entregues em julho, e os Panzerhaubitze 2000, em breve. Já a França prometeu mais 6 unidades Caesar de artilharia montada sobre caminhões, além dos 12 já entregues.

É muito aquém do que Mikhailo Podoliak, assessor militar de Zelenski, estima ser necessário para derrotar a Rússia: mil canhões de 155 mm, 300 lançadores múltiplos de foguetes e 500 tanques. A Otan realiza uma reunião de cúpula nos dias 29 e 30 em Madri, e esses pedidos estarão sobre a mesa.

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* É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

A Comissão Europeia endossou na sexta-feira o pedido da Ucrânia para ingressar no bloco. A iniciativa tem enorme simbolismo, no momento em que a Rússia se impõe militarmente no leste da Ucrânia. E vem acompanhada de renovadas promessas por parte da Alemanha, França e Itália, cujos governantes visitaram Kiev na quinta-feira, de manter o apoio militar, econômico e político ao país.

Ao contrário da retórica de Vladimir Putin, o que motivou a invasão russa não foi a remota entrada da Ucrânia na Otan, congelada desde 2008, quando ele ordenou a invasão da Geórgia. A Rússia invadiu a Ucrânia em 2014 depois da queda do presidente Viktor Yanukovich, em meio a protestos populares, por ter cedido às pressões de Putin e desistido de ingressar na União Europeia (UE).

A invasão deste ano é uma continuação da campanha iniciada em 2014, na qual a Rússia tomou 8% do território ucraniano. Putin teme que um vizinho democrático, próspero e europeu sirva de inspiração para os cidadãos russos.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski (centro), seguido pelos líderes de Romênia, Klaus Iohannis, Itália, Mario Draghi, França, Emmanuel Macron, e Alemanha, Olaf Scholz, em Kiev, na quinta-feira 16 de junho de 2022  Foto: Ludovic Marin/ Reuters

Quatro dias depois da invasão, no dia 28 de fevereiro, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, entrou formalmente com um pedido de ingresso rápido na UE, acompanhado de um apelo: “Nosso objetivo é estar com todos os europeus e ser igual a eles. Tenho certeza de que merecemos”.

A guerra deu um novo sentido aos valores europeus — e ocidentais —, ao contrapor um regime autoritário a uma democracia; uma potência nuclear agressora a um país menor e vulnerável, mas cujo povo demonstra uma coragem comovente e uma disposição impressionante de se sacrificar por sua liberdade e dignidade. Tudo isso fala muito fundo na alma dos europeus, cujos pais e avós tiveram suas histórias marcadas por essa mesma coragem e sacrifício.

Na visita a Kiev, o presidente francês, Emmanuel Macron, reformulou suas declarações anteriores, de que era preciso “não humilhar a Rússia”. Ele reafirmou essa noção, mas acrescentou que um acordo de paz pressupõe uma volta às fronteiras anteriores a 2014. E disse: “A Ucrânia está resistindo. Ela tem de ser capaz de vencer”.

O chanceler Olaf Scholz, criticado por não ajudar a Ucrânia tanto quanto a Alemanha poderia, afirmou: “Não queremos só demonstrar solidariedade, mas assegurar que a ajuda financeira, humanitária e de armas continuará”.

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O Ministério da Defesa alemão informou que os 15 tanques Gepard com canhões antiaéreos prometidos serão entregues em julho, e os Panzerhaubitze 2000, em breve. Já a França prometeu mais 6 unidades Caesar de artilharia montada sobre caminhões, além dos 12 já entregues.

É muito aquém do que Mikhailo Podoliak, assessor militar de Zelenski, estima ser necessário para derrotar a Rússia: mil canhões de 155 mm, 300 lançadores múltiplos de foguetes e 500 tanques. A Otan realiza uma reunião de cúpula nos dias 29 e 30 em Madri, e esses pedidos estarão sobre a mesa.

* É COLUNISTA DO ESTADÃO E ANALISTA DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS

A Comissão Europeia endossou na sexta-feira o pedido da Ucrânia para ingressar no bloco. A iniciativa tem enorme simbolismo, no momento em que a Rússia se impõe militarmente no leste da Ucrânia. E vem acompanhada de renovadas promessas por parte da Alemanha, França e Itália, cujos governantes visitaram Kiev na quinta-feira, de manter o apoio militar, econômico e político ao país.

Ao contrário da retórica de Vladimir Putin, o que motivou a invasão russa não foi a remota entrada da Ucrânia na Otan, congelada desde 2008, quando ele ordenou a invasão da Geórgia. A Rússia invadiu a Ucrânia em 2014 depois da queda do presidente Viktor Yanukovich, em meio a protestos populares, por ter cedido às pressões de Putin e desistido de ingressar na União Europeia (UE).

A invasão deste ano é uma continuação da campanha iniciada em 2014, na qual a Rússia tomou 8% do território ucraniano. Putin teme que um vizinho democrático, próspero e europeu sirva de inspiração para os cidadãos russos.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski (centro), seguido pelos líderes de Romênia, Klaus Iohannis, Itália, Mario Draghi, França, Emmanuel Macron, e Alemanha, Olaf Scholz, em Kiev, na quinta-feira 16 de junho de 2022  Foto: Ludovic Marin/ Reuters

Quatro dias depois da invasão, no dia 28 de fevereiro, o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, entrou formalmente com um pedido de ingresso rápido na UE, acompanhado de um apelo: “Nosso objetivo é estar com todos os europeus e ser igual a eles. Tenho certeza de que merecemos”.

A guerra deu um novo sentido aos valores europeus — e ocidentais —, ao contrapor um regime autoritário a uma democracia; uma potência nuclear agressora a um país menor e vulnerável, mas cujo povo demonstra uma coragem comovente e uma disposição impressionante de se sacrificar por sua liberdade e dignidade. Tudo isso fala muito fundo na alma dos europeus, cujos pais e avós tiveram suas histórias marcadas por essa mesma coragem e sacrifício.

Na visita a Kiev, o presidente francês, Emmanuel Macron, reformulou suas declarações anteriores, de que era preciso “não humilhar a Rússia”. Ele reafirmou essa noção, mas acrescentou que um acordo de paz pressupõe uma volta às fronteiras anteriores a 2014. E disse: “A Ucrânia está resistindo. Ela tem de ser capaz de vencer”.

O chanceler Olaf Scholz, criticado por não ajudar a Ucrânia tanto quanto a Alemanha poderia, afirmou: “Não queremos só demonstrar solidariedade, mas assegurar que a ajuda financeira, humanitária e de armas continuará”.

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As diferenças em Mariupol, antes e depois da ocupação russa, imagens aéreas da usina Azovstal, o complexo é a última fortaleza de resistência de seus defensores

O Ministério da Defesa alemão informou que os 15 tanques Gepard com canhões antiaéreos prometidos serão entregues em julho, e os Panzerhaubitze 2000, em breve. Já a França prometeu mais 6 unidades Caesar de artilharia montada sobre caminhões, além dos 12 já entregues.

É muito aquém do que Mikhailo Podoliak, assessor militar de Zelenski, estima ser necessário para derrotar a Rússia: mil canhões de 155 mm, 300 lançadores múltiplos de foguetes e 500 tanques. A Otan realiza uma reunião de cúpula nos dias 29 e 30 em Madri, e esses pedidos estarão sobre a mesa.

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