É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Por que os russos associam Putin à estabilidade da era soviética? Leia coluna de Lourival Sant’Anna


Ao se lançar em guerras com ex-repúblicas soviéticas, presidente mostra aos russos seu desejo de restabelecer o império

Por Lourival Sant'Anna

A rebelião armada conduzida pelo Grupo Wagner no fim de semana passado muda a percepção acerca do poder de Vladimir Putin. Depois de tanto tempo de especulação, agora sabemos que um movimento armado contra a autoridade de Putin pode tomar uma base militar, cruzar o país de sul a norte e chegar a 200 km de Moscou quase sem enfrentar resistência.

Putin chegou à presidência em 2000. Fiz coberturas na Rússia em 2002 e nas eleições de 2008 e 2018. Nesses três momentos distintos, notei um ponto em comum: Putin representa para os russos a recuperação da estabilidade, depois dos turbulentos anos 90.

A partir dessa premissa, uma conclusão lógica seria que a reação do Ocidente à invasão da Ucrânia, que isolou a Rússia, e a rebelião armada do Wagner representariam grandes abalos nessa garantia de estabilidade representada por Putin. Mas essa conclusão não capta as nuances do conteúdo concreto do que Putin representa para os russos, ainda no quadro dessa “estabilidade”.

continua após a publicidade
Putin visita base militar no Daguestão: russos veem com bons olhos ações militares em ex-repúblicas soviéticas  Foto: AP / AP

Foi o que me explicou Alexey Levinson, diretor de Pesquisas do Centro Analítico Yuri Levada, de Moscou, o grande instituto de opinião independente da Rússia. Visitei Levinson em seu escritório em Moscou em 2018, e sei do alto preço que ele e o Levada pagam por essa independência, reconhecida amplamente no Ocidente.

O índice de aprovação de Putin é de 81%, hoje. O número já capta, parcialmente, o efeito da rebelião. Em maio, era 83%. O Levada realiza essa pesquisa todos os meses desde 2000. Nas vésperas das invasões da Geórgia em 2008 e da Ucrânia em 2014 e 2022, a aprovação de Putin estava no seus níveis mais baixos, ao redor de 60%. As ações militares a elevaram para seus níveis mais altos, ao redor de 80%.

continua após a publicidade

Nostalgia soviética

As respostas dos pesquisados indicam que eles associam Putin ao tempo da União Soviética, quando os russos pertenciam a um grande país, respeitado (ou temido) pelo Ocidente. O sentimento é de melancolia. É nesse contexto que se encaixa o valor da “estabilidade”. Ao se lançar em guerras com ex-repúblicas soviéticas, Putin mostra aos russos seu desejo de restabelecer o império soviético.

Fui pedir ajuda também para Aleksander Losev, do Conselho para Política Externa e de Defesa, de Moscou. Ele me explicou que a elite intelectual russa vê Putin como um líder “moderado e pró-Ocidente”. “Se um Putin moderado e racional não conseguir resultados na Ucrânia, então o futuro líder russo, com os poderes de um ditador, vencerá. Nesse caso, a Europa perderá muito e a Ucrânia simplesmente desaparecerá.”

continua após a publicidade

Pode não ser o que os analistas ocidentais imaginam. Mas é o que os russos sentem. No fim das contas, é o que importa. Na próxima semana, explorarei as consequências militares do levante.

A rebelião armada conduzida pelo Grupo Wagner no fim de semana passado muda a percepção acerca do poder de Vladimir Putin. Depois de tanto tempo de especulação, agora sabemos que um movimento armado contra a autoridade de Putin pode tomar uma base militar, cruzar o país de sul a norte e chegar a 200 km de Moscou quase sem enfrentar resistência.

Putin chegou à presidência em 2000. Fiz coberturas na Rússia em 2002 e nas eleições de 2008 e 2018. Nesses três momentos distintos, notei um ponto em comum: Putin representa para os russos a recuperação da estabilidade, depois dos turbulentos anos 90.

A partir dessa premissa, uma conclusão lógica seria que a reação do Ocidente à invasão da Ucrânia, que isolou a Rússia, e a rebelião armada do Wagner representariam grandes abalos nessa garantia de estabilidade representada por Putin. Mas essa conclusão não capta as nuances do conteúdo concreto do que Putin representa para os russos, ainda no quadro dessa “estabilidade”.

Putin visita base militar no Daguestão: russos veem com bons olhos ações militares em ex-repúblicas soviéticas  Foto: AP / AP

Foi o que me explicou Alexey Levinson, diretor de Pesquisas do Centro Analítico Yuri Levada, de Moscou, o grande instituto de opinião independente da Rússia. Visitei Levinson em seu escritório em Moscou em 2018, e sei do alto preço que ele e o Levada pagam por essa independência, reconhecida amplamente no Ocidente.

O índice de aprovação de Putin é de 81%, hoje. O número já capta, parcialmente, o efeito da rebelião. Em maio, era 83%. O Levada realiza essa pesquisa todos os meses desde 2000. Nas vésperas das invasões da Geórgia em 2008 e da Ucrânia em 2014 e 2022, a aprovação de Putin estava no seus níveis mais baixos, ao redor de 60%. As ações militares a elevaram para seus níveis mais altos, ao redor de 80%.

Nostalgia soviética

As respostas dos pesquisados indicam que eles associam Putin ao tempo da União Soviética, quando os russos pertenciam a um grande país, respeitado (ou temido) pelo Ocidente. O sentimento é de melancolia. É nesse contexto que se encaixa o valor da “estabilidade”. Ao se lançar em guerras com ex-repúblicas soviéticas, Putin mostra aos russos seu desejo de restabelecer o império soviético.

Fui pedir ajuda também para Aleksander Losev, do Conselho para Política Externa e de Defesa, de Moscou. Ele me explicou que a elite intelectual russa vê Putin como um líder “moderado e pró-Ocidente”. “Se um Putin moderado e racional não conseguir resultados na Ucrânia, então o futuro líder russo, com os poderes de um ditador, vencerá. Nesse caso, a Europa perderá muito e a Ucrânia simplesmente desaparecerá.”

Pode não ser o que os analistas ocidentais imaginam. Mas é o que os russos sentem. No fim das contas, é o que importa. Na próxima semana, explorarei as consequências militares do levante.

A rebelião armada conduzida pelo Grupo Wagner no fim de semana passado muda a percepção acerca do poder de Vladimir Putin. Depois de tanto tempo de especulação, agora sabemos que um movimento armado contra a autoridade de Putin pode tomar uma base militar, cruzar o país de sul a norte e chegar a 200 km de Moscou quase sem enfrentar resistência.

Putin chegou à presidência em 2000. Fiz coberturas na Rússia em 2002 e nas eleições de 2008 e 2018. Nesses três momentos distintos, notei um ponto em comum: Putin representa para os russos a recuperação da estabilidade, depois dos turbulentos anos 90.

A partir dessa premissa, uma conclusão lógica seria que a reação do Ocidente à invasão da Ucrânia, que isolou a Rússia, e a rebelião armada do Wagner representariam grandes abalos nessa garantia de estabilidade representada por Putin. Mas essa conclusão não capta as nuances do conteúdo concreto do que Putin representa para os russos, ainda no quadro dessa “estabilidade”.

Putin visita base militar no Daguestão: russos veem com bons olhos ações militares em ex-repúblicas soviéticas  Foto: AP / AP

Foi o que me explicou Alexey Levinson, diretor de Pesquisas do Centro Analítico Yuri Levada, de Moscou, o grande instituto de opinião independente da Rússia. Visitei Levinson em seu escritório em Moscou em 2018, e sei do alto preço que ele e o Levada pagam por essa independência, reconhecida amplamente no Ocidente.

O índice de aprovação de Putin é de 81%, hoje. O número já capta, parcialmente, o efeito da rebelião. Em maio, era 83%. O Levada realiza essa pesquisa todos os meses desde 2000. Nas vésperas das invasões da Geórgia em 2008 e da Ucrânia em 2014 e 2022, a aprovação de Putin estava no seus níveis mais baixos, ao redor de 60%. As ações militares a elevaram para seus níveis mais altos, ao redor de 80%.

Nostalgia soviética

As respostas dos pesquisados indicam que eles associam Putin ao tempo da União Soviética, quando os russos pertenciam a um grande país, respeitado (ou temido) pelo Ocidente. O sentimento é de melancolia. É nesse contexto que se encaixa o valor da “estabilidade”. Ao se lançar em guerras com ex-repúblicas soviéticas, Putin mostra aos russos seu desejo de restabelecer o império soviético.

Fui pedir ajuda também para Aleksander Losev, do Conselho para Política Externa e de Defesa, de Moscou. Ele me explicou que a elite intelectual russa vê Putin como um líder “moderado e pró-Ocidente”. “Se um Putin moderado e racional não conseguir resultados na Ucrânia, então o futuro líder russo, com os poderes de um ditador, vencerá. Nesse caso, a Europa perderá muito e a Ucrânia simplesmente desaparecerá.”

Pode não ser o que os analistas ocidentais imaginam. Mas é o que os russos sentem. No fim das contas, é o que importa. Na próxima semana, explorarei as consequências militares do levante.

A rebelião armada conduzida pelo Grupo Wagner no fim de semana passado muda a percepção acerca do poder de Vladimir Putin. Depois de tanto tempo de especulação, agora sabemos que um movimento armado contra a autoridade de Putin pode tomar uma base militar, cruzar o país de sul a norte e chegar a 200 km de Moscou quase sem enfrentar resistência.

Putin chegou à presidência em 2000. Fiz coberturas na Rússia em 2002 e nas eleições de 2008 e 2018. Nesses três momentos distintos, notei um ponto em comum: Putin representa para os russos a recuperação da estabilidade, depois dos turbulentos anos 90.

A partir dessa premissa, uma conclusão lógica seria que a reação do Ocidente à invasão da Ucrânia, que isolou a Rússia, e a rebelião armada do Wagner representariam grandes abalos nessa garantia de estabilidade representada por Putin. Mas essa conclusão não capta as nuances do conteúdo concreto do que Putin representa para os russos, ainda no quadro dessa “estabilidade”.

Putin visita base militar no Daguestão: russos veem com bons olhos ações militares em ex-repúblicas soviéticas  Foto: AP / AP

Foi o que me explicou Alexey Levinson, diretor de Pesquisas do Centro Analítico Yuri Levada, de Moscou, o grande instituto de opinião independente da Rússia. Visitei Levinson em seu escritório em Moscou em 2018, e sei do alto preço que ele e o Levada pagam por essa independência, reconhecida amplamente no Ocidente.

O índice de aprovação de Putin é de 81%, hoje. O número já capta, parcialmente, o efeito da rebelião. Em maio, era 83%. O Levada realiza essa pesquisa todos os meses desde 2000. Nas vésperas das invasões da Geórgia em 2008 e da Ucrânia em 2014 e 2022, a aprovação de Putin estava no seus níveis mais baixos, ao redor de 60%. As ações militares a elevaram para seus níveis mais altos, ao redor de 80%.

Nostalgia soviética

As respostas dos pesquisados indicam que eles associam Putin ao tempo da União Soviética, quando os russos pertenciam a um grande país, respeitado (ou temido) pelo Ocidente. O sentimento é de melancolia. É nesse contexto que se encaixa o valor da “estabilidade”. Ao se lançar em guerras com ex-repúblicas soviéticas, Putin mostra aos russos seu desejo de restabelecer o império soviético.

Fui pedir ajuda também para Aleksander Losev, do Conselho para Política Externa e de Defesa, de Moscou. Ele me explicou que a elite intelectual russa vê Putin como um líder “moderado e pró-Ocidente”. “Se um Putin moderado e racional não conseguir resultados na Ucrânia, então o futuro líder russo, com os poderes de um ditador, vencerá. Nesse caso, a Europa perderá muito e a Ucrânia simplesmente desaparecerá.”

Pode não ser o que os analistas ocidentais imaginam. Mas é o que os russos sentem. No fim das contas, é o que importa. Na próxima semana, explorarei as consequências militares do levante.

A rebelião armada conduzida pelo Grupo Wagner no fim de semana passado muda a percepção acerca do poder de Vladimir Putin. Depois de tanto tempo de especulação, agora sabemos que um movimento armado contra a autoridade de Putin pode tomar uma base militar, cruzar o país de sul a norte e chegar a 200 km de Moscou quase sem enfrentar resistência.

Putin chegou à presidência em 2000. Fiz coberturas na Rússia em 2002 e nas eleições de 2008 e 2018. Nesses três momentos distintos, notei um ponto em comum: Putin representa para os russos a recuperação da estabilidade, depois dos turbulentos anos 90.

A partir dessa premissa, uma conclusão lógica seria que a reação do Ocidente à invasão da Ucrânia, que isolou a Rússia, e a rebelião armada do Wagner representariam grandes abalos nessa garantia de estabilidade representada por Putin. Mas essa conclusão não capta as nuances do conteúdo concreto do que Putin representa para os russos, ainda no quadro dessa “estabilidade”.

Putin visita base militar no Daguestão: russos veem com bons olhos ações militares em ex-repúblicas soviéticas  Foto: AP / AP

Foi o que me explicou Alexey Levinson, diretor de Pesquisas do Centro Analítico Yuri Levada, de Moscou, o grande instituto de opinião independente da Rússia. Visitei Levinson em seu escritório em Moscou em 2018, e sei do alto preço que ele e o Levada pagam por essa independência, reconhecida amplamente no Ocidente.

O índice de aprovação de Putin é de 81%, hoje. O número já capta, parcialmente, o efeito da rebelião. Em maio, era 83%. O Levada realiza essa pesquisa todos os meses desde 2000. Nas vésperas das invasões da Geórgia em 2008 e da Ucrânia em 2014 e 2022, a aprovação de Putin estava no seus níveis mais baixos, ao redor de 60%. As ações militares a elevaram para seus níveis mais altos, ao redor de 80%.

Nostalgia soviética

As respostas dos pesquisados indicam que eles associam Putin ao tempo da União Soviética, quando os russos pertenciam a um grande país, respeitado (ou temido) pelo Ocidente. O sentimento é de melancolia. É nesse contexto que se encaixa o valor da “estabilidade”. Ao se lançar em guerras com ex-repúblicas soviéticas, Putin mostra aos russos seu desejo de restabelecer o império soviético.

Fui pedir ajuda também para Aleksander Losev, do Conselho para Política Externa e de Defesa, de Moscou. Ele me explicou que a elite intelectual russa vê Putin como um líder “moderado e pró-Ocidente”. “Se um Putin moderado e racional não conseguir resultados na Ucrânia, então o futuro líder russo, com os poderes de um ditador, vencerá. Nesse caso, a Europa perderá muito e a Ucrânia simplesmente desaparecerá.”

Pode não ser o que os analistas ocidentais imaginam. Mas é o que os russos sentem. No fim das contas, é o que importa. Na próxima semana, explorarei as consequências militares do levante.

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

Atualizamos nossa política de cookies

Ao utilizar nossos serviços, você aceita a política de monitoramento de cookies.