É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Realpolitik à brasileira: o que o País tirou de lições da tentativa de golpe de janeiro


Governo brasileiro não precisaria abdicar dos interesses nacionais para defender democracia

Por Lourival Sant'Anna

A democracia brasileira sobreviveu a uma traumática prova em janeiro, mas o governo e parte da opinião pública no Brasil tiraram conclusões diferentes do Ocidente das implicações globais dessa ameaça. O debate no País é dominado por um tipo de realpolitik que pretende isolar os interesses do Brasil de seus valores.

O presidente Lula se negou a assinar a declaração final da Cúpula da Democracia promovida por Joe Biden porque ela condena a invasão da Ucrânia e exige a retirada imediata das tropas russas. Uma fonte em Brasília me disse que na visão do governo esse não é um tema relacionado à democracia, e deve ser discutido no âmbito da ONU.

A política externa de um país democrático tem dois componentes: os interesses nacionais, incluindo econômicos e de segurança, e os valores. O peso dado a cada um depende da conjuntura internacional.

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No canto, à direita, o embaixador brasileiro na ONU, Ronald Costa Filho, votando a favor da resolução da ONU sobre a invasão russa à Ucrânia em 25 de fevereiro Foto: Carlo Allegri/Reuters

A agressão russa contra a Ucrânia acirrou a preocupação dos países avançados com os ataques à democracia e à ordem internacional. Seus governos relegaram a segundo plano interesses econômicos e eleitorais, para impor sanções à Rússia e ajudar a Ucrânia.

Se Donald Trump e Marine Le Pen fossem presidentes, provavelmente toda a Ucrânia estaria sob ocupação russa, por falta de massa crítica na liderança da Otan. Ouço com frequência: “O que ganharíamos apoiando a Ucrânia?” É o tipo de pergunta que Trump faria.

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Não faz sentido analisar países ignorando quem os governa. O golpe militar de 1964 foi apoiado pelos governos de Lyndon Johnson e Richard Nixon. O então secretário de Estado Henry Kissinger, que formulou essa realpolitik, é hoje citado para responsabilizar a Otan pela agressão russa e justificar a complacência com Vladimir Putin.

Eleito em 1976, Jimmy Carter abandonou essa política. Passou a pressionar efetivamente, e não só em discursos, pelo respeito aos direitos humanos e a redemocratização no Brasil.

Uma segunda justificativa contra a ajuda à Ucrânia é a invasão do Iraque em 2003, como prova de hipocrisia americana. Depois do Iraque, os EUA foram os maiores prejudicados por esse crime de guerra de George W. Bush, que custou a vida de 4.431 soldados americanos e US$ 2,4 trilhões. Desde 2008, nenhum presidente americano, democrata ou republicano, elegeu-se sem prometer desengajar-se do Iraque, Afeganistão e demais conflitos; promessas que Biden e Trump cumpriram, atraindo críticas por isso.

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Uma terceira justificativa são os fertilizantes russos. É do interesse nacional brasileiro reduzir gradualmente essa dependência, diversificando fornecedores e capacitando-se para fabricar fertilizantes, como fez a Europa ao montar usinas de gaseificação do gás liquefeito vindo de cargueiros, no lugar do que vinha da Rússia por gasodutos.

Como se vê, o governo brasileiro não precisaria abdicar dos interesses nacionais para defender a democracia e a soberania efetivamente — não só com discursos.

A democracia brasileira sobreviveu a uma traumática prova em janeiro, mas o governo e parte da opinião pública no Brasil tiraram conclusões diferentes do Ocidente das implicações globais dessa ameaça. O debate no País é dominado por um tipo de realpolitik que pretende isolar os interesses do Brasil de seus valores.

O presidente Lula se negou a assinar a declaração final da Cúpula da Democracia promovida por Joe Biden porque ela condena a invasão da Ucrânia e exige a retirada imediata das tropas russas. Uma fonte em Brasília me disse que na visão do governo esse não é um tema relacionado à democracia, e deve ser discutido no âmbito da ONU.

A política externa de um país democrático tem dois componentes: os interesses nacionais, incluindo econômicos e de segurança, e os valores. O peso dado a cada um depende da conjuntura internacional.

No canto, à direita, o embaixador brasileiro na ONU, Ronald Costa Filho, votando a favor da resolução da ONU sobre a invasão russa à Ucrânia em 25 de fevereiro Foto: Carlo Allegri/Reuters

A agressão russa contra a Ucrânia acirrou a preocupação dos países avançados com os ataques à democracia e à ordem internacional. Seus governos relegaram a segundo plano interesses econômicos e eleitorais, para impor sanções à Rússia e ajudar a Ucrânia.

Se Donald Trump e Marine Le Pen fossem presidentes, provavelmente toda a Ucrânia estaria sob ocupação russa, por falta de massa crítica na liderança da Otan. Ouço com frequência: “O que ganharíamos apoiando a Ucrânia?” É o tipo de pergunta que Trump faria.

Não faz sentido analisar países ignorando quem os governa. O golpe militar de 1964 foi apoiado pelos governos de Lyndon Johnson e Richard Nixon. O então secretário de Estado Henry Kissinger, que formulou essa realpolitik, é hoje citado para responsabilizar a Otan pela agressão russa e justificar a complacência com Vladimir Putin.

Eleito em 1976, Jimmy Carter abandonou essa política. Passou a pressionar efetivamente, e não só em discursos, pelo respeito aos direitos humanos e a redemocratização no Brasil.

Uma segunda justificativa contra a ajuda à Ucrânia é a invasão do Iraque em 2003, como prova de hipocrisia americana. Depois do Iraque, os EUA foram os maiores prejudicados por esse crime de guerra de George W. Bush, que custou a vida de 4.431 soldados americanos e US$ 2,4 trilhões. Desde 2008, nenhum presidente americano, democrata ou republicano, elegeu-se sem prometer desengajar-se do Iraque, Afeganistão e demais conflitos; promessas que Biden e Trump cumpriram, atraindo críticas por isso.

Uma terceira justificativa são os fertilizantes russos. É do interesse nacional brasileiro reduzir gradualmente essa dependência, diversificando fornecedores e capacitando-se para fabricar fertilizantes, como fez a Europa ao montar usinas de gaseificação do gás liquefeito vindo de cargueiros, no lugar do que vinha da Rússia por gasodutos.

Como se vê, o governo brasileiro não precisaria abdicar dos interesses nacionais para defender a democracia e a soberania efetivamente — não só com discursos.

A democracia brasileira sobreviveu a uma traumática prova em janeiro, mas o governo e parte da opinião pública no Brasil tiraram conclusões diferentes do Ocidente das implicações globais dessa ameaça. O debate no País é dominado por um tipo de realpolitik que pretende isolar os interesses do Brasil de seus valores.

O presidente Lula se negou a assinar a declaração final da Cúpula da Democracia promovida por Joe Biden porque ela condena a invasão da Ucrânia e exige a retirada imediata das tropas russas. Uma fonte em Brasília me disse que na visão do governo esse não é um tema relacionado à democracia, e deve ser discutido no âmbito da ONU.

A política externa de um país democrático tem dois componentes: os interesses nacionais, incluindo econômicos e de segurança, e os valores. O peso dado a cada um depende da conjuntura internacional.

No canto, à direita, o embaixador brasileiro na ONU, Ronald Costa Filho, votando a favor da resolução da ONU sobre a invasão russa à Ucrânia em 25 de fevereiro Foto: Carlo Allegri/Reuters

A agressão russa contra a Ucrânia acirrou a preocupação dos países avançados com os ataques à democracia e à ordem internacional. Seus governos relegaram a segundo plano interesses econômicos e eleitorais, para impor sanções à Rússia e ajudar a Ucrânia.

Se Donald Trump e Marine Le Pen fossem presidentes, provavelmente toda a Ucrânia estaria sob ocupação russa, por falta de massa crítica na liderança da Otan. Ouço com frequência: “O que ganharíamos apoiando a Ucrânia?” É o tipo de pergunta que Trump faria.

Não faz sentido analisar países ignorando quem os governa. O golpe militar de 1964 foi apoiado pelos governos de Lyndon Johnson e Richard Nixon. O então secretário de Estado Henry Kissinger, que formulou essa realpolitik, é hoje citado para responsabilizar a Otan pela agressão russa e justificar a complacência com Vladimir Putin.

Eleito em 1976, Jimmy Carter abandonou essa política. Passou a pressionar efetivamente, e não só em discursos, pelo respeito aos direitos humanos e a redemocratização no Brasil.

Uma segunda justificativa contra a ajuda à Ucrânia é a invasão do Iraque em 2003, como prova de hipocrisia americana. Depois do Iraque, os EUA foram os maiores prejudicados por esse crime de guerra de George W. Bush, que custou a vida de 4.431 soldados americanos e US$ 2,4 trilhões. Desde 2008, nenhum presidente americano, democrata ou republicano, elegeu-se sem prometer desengajar-se do Iraque, Afeganistão e demais conflitos; promessas que Biden e Trump cumpriram, atraindo críticas por isso.

Uma terceira justificativa são os fertilizantes russos. É do interesse nacional brasileiro reduzir gradualmente essa dependência, diversificando fornecedores e capacitando-se para fabricar fertilizantes, como fez a Europa ao montar usinas de gaseificação do gás liquefeito vindo de cargueiros, no lugar do que vinha da Rússia por gasodutos.

Como se vê, o governo brasileiro não precisaria abdicar dos interesses nacionais para defender a democracia e a soberania efetivamente — não só com discursos.

A democracia brasileira sobreviveu a uma traumática prova em janeiro, mas o governo e parte da opinião pública no Brasil tiraram conclusões diferentes do Ocidente das implicações globais dessa ameaça. O debate no País é dominado por um tipo de realpolitik que pretende isolar os interesses do Brasil de seus valores.

O presidente Lula se negou a assinar a declaração final da Cúpula da Democracia promovida por Joe Biden porque ela condena a invasão da Ucrânia e exige a retirada imediata das tropas russas. Uma fonte em Brasília me disse que na visão do governo esse não é um tema relacionado à democracia, e deve ser discutido no âmbito da ONU.

A política externa de um país democrático tem dois componentes: os interesses nacionais, incluindo econômicos e de segurança, e os valores. O peso dado a cada um depende da conjuntura internacional.

No canto, à direita, o embaixador brasileiro na ONU, Ronald Costa Filho, votando a favor da resolução da ONU sobre a invasão russa à Ucrânia em 25 de fevereiro Foto: Carlo Allegri/Reuters

A agressão russa contra a Ucrânia acirrou a preocupação dos países avançados com os ataques à democracia e à ordem internacional. Seus governos relegaram a segundo plano interesses econômicos e eleitorais, para impor sanções à Rússia e ajudar a Ucrânia.

Se Donald Trump e Marine Le Pen fossem presidentes, provavelmente toda a Ucrânia estaria sob ocupação russa, por falta de massa crítica na liderança da Otan. Ouço com frequência: “O que ganharíamos apoiando a Ucrânia?” É o tipo de pergunta que Trump faria.

Não faz sentido analisar países ignorando quem os governa. O golpe militar de 1964 foi apoiado pelos governos de Lyndon Johnson e Richard Nixon. O então secretário de Estado Henry Kissinger, que formulou essa realpolitik, é hoje citado para responsabilizar a Otan pela agressão russa e justificar a complacência com Vladimir Putin.

Eleito em 1976, Jimmy Carter abandonou essa política. Passou a pressionar efetivamente, e não só em discursos, pelo respeito aos direitos humanos e a redemocratização no Brasil.

Uma segunda justificativa contra a ajuda à Ucrânia é a invasão do Iraque em 2003, como prova de hipocrisia americana. Depois do Iraque, os EUA foram os maiores prejudicados por esse crime de guerra de George W. Bush, que custou a vida de 4.431 soldados americanos e US$ 2,4 trilhões. Desde 2008, nenhum presidente americano, democrata ou republicano, elegeu-se sem prometer desengajar-se do Iraque, Afeganistão e demais conflitos; promessas que Biden e Trump cumpriram, atraindo críticas por isso.

Uma terceira justificativa são os fertilizantes russos. É do interesse nacional brasileiro reduzir gradualmente essa dependência, diversificando fornecedores e capacitando-se para fabricar fertilizantes, como fez a Europa ao montar usinas de gaseificação do gás liquefeito vindo de cargueiros, no lugar do que vinha da Rússia por gasodutos.

Como se vê, o governo brasileiro não precisaria abdicar dos interesses nacionais para defender a democracia e a soberania efetivamente — não só com discursos.

A democracia brasileira sobreviveu a uma traumática prova em janeiro, mas o governo e parte da opinião pública no Brasil tiraram conclusões diferentes do Ocidente das implicações globais dessa ameaça. O debate no País é dominado por um tipo de realpolitik que pretende isolar os interesses do Brasil de seus valores.

O presidente Lula se negou a assinar a declaração final da Cúpula da Democracia promovida por Joe Biden porque ela condena a invasão da Ucrânia e exige a retirada imediata das tropas russas. Uma fonte em Brasília me disse que na visão do governo esse não é um tema relacionado à democracia, e deve ser discutido no âmbito da ONU.

A política externa de um país democrático tem dois componentes: os interesses nacionais, incluindo econômicos e de segurança, e os valores. O peso dado a cada um depende da conjuntura internacional.

No canto, à direita, o embaixador brasileiro na ONU, Ronald Costa Filho, votando a favor da resolução da ONU sobre a invasão russa à Ucrânia em 25 de fevereiro Foto: Carlo Allegri/Reuters

A agressão russa contra a Ucrânia acirrou a preocupação dos países avançados com os ataques à democracia e à ordem internacional. Seus governos relegaram a segundo plano interesses econômicos e eleitorais, para impor sanções à Rússia e ajudar a Ucrânia.

Se Donald Trump e Marine Le Pen fossem presidentes, provavelmente toda a Ucrânia estaria sob ocupação russa, por falta de massa crítica na liderança da Otan. Ouço com frequência: “O que ganharíamos apoiando a Ucrânia?” É o tipo de pergunta que Trump faria.

Não faz sentido analisar países ignorando quem os governa. O golpe militar de 1964 foi apoiado pelos governos de Lyndon Johnson e Richard Nixon. O então secretário de Estado Henry Kissinger, que formulou essa realpolitik, é hoje citado para responsabilizar a Otan pela agressão russa e justificar a complacência com Vladimir Putin.

Eleito em 1976, Jimmy Carter abandonou essa política. Passou a pressionar efetivamente, e não só em discursos, pelo respeito aos direitos humanos e a redemocratização no Brasil.

Uma segunda justificativa contra a ajuda à Ucrânia é a invasão do Iraque em 2003, como prova de hipocrisia americana. Depois do Iraque, os EUA foram os maiores prejudicados por esse crime de guerra de George W. Bush, que custou a vida de 4.431 soldados americanos e US$ 2,4 trilhões. Desde 2008, nenhum presidente americano, democrata ou republicano, elegeu-se sem prometer desengajar-se do Iraque, Afeganistão e demais conflitos; promessas que Biden e Trump cumpriram, atraindo críticas por isso.

Uma terceira justificativa são os fertilizantes russos. É do interesse nacional brasileiro reduzir gradualmente essa dependência, diversificando fornecedores e capacitando-se para fabricar fertilizantes, como fez a Europa ao montar usinas de gaseificação do gás liquefeito vindo de cargueiros, no lugar do que vinha da Rússia por gasodutos.

Como se vê, o governo brasileiro não precisaria abdicar dos interesses nacionais para defender a democracia e a soberania efetivamente — não só com discursos.

Opinião por Lourival Sant'Anna

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