É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Resposta chinesa à visita de Pelosi a Taiwan reforça coesão anti-Pequim


O que é percebido na China como afronta deve energizar os preparativos para a tomada da ilha

Por Lourival Sant'Anna

A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, recebeu um raro apoio de 26 dos 50 senadores republicanos, incluindo o líder da bancada, Mitch McConnell.

Em comunicado, o grupo lembra que, “por décadas, membros do Congresso, incluindo ex-presidentes da Câmara, viajaram para Taiwan”, referindo-se à visita do então líder republicano Newt Gingrich, em 1997.

Pelosi declarou que a China impede Taiwan de ir a fóruns internacionais, como a Organização Mundial de Saúde, durante a pandemia, quando os taiwaneses poderiam ter compartilhado sua bem-sucedida contenção do vírus. “Mas não vai isolar Taiwan nos impedindo de viajar para lá. E não vai ditar a agenda das autoridades americanas.”

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Numa análise momentânea, a viagem foi um sucesso. Em meio a especulações, na imprensa chinesa, de que o avião de Pelosi poderia ser impedido de pousar em Taipei, ela seguiu seu trajeto sem atropelos.

A presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, é recebida pela presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, na sede da presidência em Taipei  Foto: Taiwan Presidential Office/AFP - 03.08.2022

Como escrevi na coluna de domingo passado, o presidente Xi Jinping não tem condições políticas de escalar esse conflito agora. Ele vai assegurar mais um mandato no Congresso do Partido Comunista, entre outubro e novembro. Já há um descontentamento com os transtornos e a desaceleração econômica causados pela política de covid zero, e com os danos à imagem da China resultantes da “parceria sem limites” com a Rússia.

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Saindo da política e indo para a geopolítica, há dois movimentos com efeitos contrários. A resposta chinesa, na forma de exercícios militares que resultaram num bloqueio de Taiwan, e disparos de 11 mísseis, 5 dos quais caíram na zona econômica exclusiva (ZEE) do Japão, potencializam a coesão da região contra a China.

China e Taiwan estão separadas por 160 km. Entre a China e a ZEE, são no mínimo 2.630 km. Foi um ataque premeditado, horas antes da visita de Pelosi ao Japão. A Coreia do Norte, cliente da China, também deve retaliar contra a presença dela na zona desmilitarizada que a separa da Coreia do Sul.

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Tudo isso confirma a necessidade de Taiwan, Japão, Coreia do Sul, Índia, Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Vietnã de estreitar a cooperação de segurança. Não só entre si, mas também com a Otan. No novo conceito estratégico elaborado na última cúpula da aliança, em junho, pela primeira vez a China é citada como ameaça.

Japão e Coreia do Sul participaram como observadores, também pela primeira vez. Os EUA lideram arranjos de segurança na região, como o Quad, com Índia, Japão e Austrália, que já se desdobrou em Quad Plus, acrescentando Coreia do Sul, Nova Zelândia e Vietnã. Em contrapartida, o que é percebido na China como afronta deve energizar os preparativos para a tomada da ilha.

A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, recebeu um raro apoio de 26 dos 50 senadores republicanos, incluindo o líder da bancada, Mitch McConnell.

Em comunicado, o grupo lembra que, “por décadas, membros do Congresso, incluindo ex-presidentes da Câmara, viajaram para Taiwan”, referindo-se à visita do então líder republicano Newt Gingrich, em 1997.

Pelosi declarou que a China impede Taiwan de ir a fóruns internacionais, como a Organização Mundial de Saúde, durante a pandemia, quando os taiwaneses poderiam ter compartilhado sua bem-sucedida contenção do vírus. “Mas não vai isolar Taiwan nos impedindo de viajar para lá. E não vai ditar a agenda das autoridades americanas.”

Numa análise momentânea, a viagem foi um sucesso. Em meio a especulações, na imprensa chinesa, de que o avião de Pelosi poderia ser impedido de pousar em Taipei, ela seguiu seu trajeto sem atropelos.

A presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, é recebida pela presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, na sede da presidência em Taipei  Foto: Taiwan Presidential Office/AFP - 03.08.2022

Como escrevi na coluna de domingo passado, o presidente Xi Jinping não tem condições políticas de escalar esse conflito agora. Ele vai assegurar mais um mandato no Congresso do Partido Comunista, entre outubro e novembro. Já há um descontentamento com os transtornos e a desaceleração econômica causados pela política de covid zero, e com os danos à imagem da China resultantes da “parceria sem limites” com a Rússia.

Saindo da política e indo para a geopolítica, há dois movimentos com efeitos contrários. A resposta chinesa, na forma de exercícios militares que resultaram num bloqueio de Taiwan, e disparos de 11 mísseis, 5 dos quais caíram na zona econômica exclusiva (ZEE) do Japão, potencializam a coesão da região contra a China.

China e Taiwan estão separadas por 160 km. Entre a China e a ZEE, são no mínimo 2.630 km. Foi um ataque premeditado, horas antes da visita de Pelosi ao Japão. A Coreia do Norte, cliente da China, também deve retaliar contra a presença dela na zona desmilitarizada que a separa da Coreia do Sul.

Tudo isso confirma a necessidade de Taiwan, Japão, Coreia do Sul, Índia, Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Vietnã de estreitar a cooperação de segurança. Não só entre si, mas também com a Otan. No novo conceito estratégico elaborado na última cúpula da aliança, em junho, pela primeira vez a China é citada como ameaça.

Japão e Coreia do Sul participaram como observadores, também pela primeira vez. Os EUA lideram arranjos de segurança na região, como o Quad, com Índia, Japão e Austrália, que já se desdobrou em Quad Plus, acrescentando Coreia do Sul, Nova Zelândia e Vietnã. Em contrapartida, o que é percebido na China como afronta deve energizar os preparativos para a tomada da ilha.

A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, recebeu um raro apoio de 26 dos 50 senadores republicanos, incluindo o líder da bancada, Mitch McConnell.

Em comunicado, o grupo lembra que, “por décadas, membros do Congresso, incluindo ex-presidentes da Câmara, viajaram para Taiwan”, referindo-se à visita do então líder republicano Newt Gingrich, em 1997.

Pelosi declarou que a China impede Taiwan de ir a fóruns internacionais, como a Organização Mundial de Saúde, durante a pandemia, quando os taiwaneses poderiam ter compartilhado sua bem-sucedida contenção do vírus. “Mas não vai isolar Taiwan nos impedindo de viajar para lá. E não vai ditar a agenda das autoridades americanas.”

Numa análise momentânea, a viagem foi um sucesso. Em meio a especulações, na imprensa chinesa, de que o avião de Pelosi poderia ser impedido de pousar em Taipei, ela seguiu seu trajeto sem atropelos.

A presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, é recebida pela presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, na sede da presidência em Taipei  Foto: Taiwan Presidential Office/AFP - 03.08.2022

Como escrevi na coluna de domingo passado, o presidente Xi Jinping não tem condições políticas de escalar esse conflito agora. Ele vai assegurar mais um mandato no Congresso do Partido Comunista, entre outubro e novembro. Já há um descontentamento com os transtornos e a desaceleração econômica causados pela política de covid zero, e com os danos à imagem da China resultantes da “parceria sem limites” com a Rússia.

Saindo da política e indo para a geopolítica, há dois movimentos com efeitos contrários. A resposta chinesa, na forma de exercícios militares que resultaram num bloqueio de Taiwan, e disparos de 11 mísseis, 5 dos quais caíram na zona econômica exclusiva (ZEE) do Japão, potencializam a coesão da região contra a China.

China e Taiwan estão separadas por 160 km. Entre a China e a ZEE, são no mínimo 2.630 km. Foi um ataque premeditado, horas antes da visita de Pelosi ao Japão. A Coreia do Norte, cliente da China, também deve retaliar contra a presença dela na zona desmilitarizada que a separa da Coreia do Sul.

Tudo isso confirma a necessidade de Taiwan, Japão, Coreia do Sul, Índia, Austrália, Nova Zelândia, Malásia e Vietnã de estreitar a cooperação de segurança. Não só entre si, mas também com a Otan. No novo conceito estratégico elaborado na última cúpula da aliança, em junho, pela primeira vez a China é citada como ameaça.

Japão e Coreia do Sul participaram como observadores, também pela primeira vez. Os EUA lideram arranjos de segurança na região, como o Quad, com Índia, Japão e Austrália, que já se desdobrou em Quad Plus, acrescentando Coreia do Sul, Nova Zelândia e Vietnã. Em contrapartida, o que é percebido na China como afronta deve energizar os preparativos para a tomada da ilha.

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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