É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Tanques, o novo objetivo em uma longa guerra na Ucrânia; leia a coluna de Lourival Sant’Anna


Com os tanques, os ucranianos aspiram liberar outras cidades e recuperar a Crimeia

Por Lourival Sant'Anna
Atualização:

BERLIM ― A guerra na Ucrânia entra em nova fase, com o envio de tanques de batalha americanos e europeus. Até aqui, o objetivo da Otan era evitar a vitória da Rússia. A partir de agora, o objetivo é assegurar a vitória da Ucrânia. O que não muda a realidade fundamental: essa será uma longa guerra de atrito.

A ajuda militar da aliança ocidental à Ucrânia começou timidamente, com os drones turcos Bayraktar, os mísseis portáteis americanos Javelin e anglo-suecos NLAW.

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Os ucranianos demonstraram notável destreza e inteligência tática no uso dessas armas leves, repelindo os avanços dos invasores.

Líderes dos setores de defesa de 50 países se reuniram na base aérea de Ramstein, na Alemanha, na sexta-feira, 20 Foto: Michael Probst / AP

Os russos recuaram e passaram a destruir a infraestrutura civil da Ucrânia com mísseis, para tentar forçar uma rendição. Os ucranianos suplicaram à Otan por defesa antiaérea, mas os governos ocidentais foram intimidados pela chantagem nuclear de Vladimir Putin.

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A segunda grande onda de ajuda militar foram sistemas de multi-lançadores móveis de mísseis, sobretudo os Himars americanos e os IRIS-T alemães. De novo, os ucranianos fizeram uso exemplar dessas armas, atingindo alvos militares russos atrás da linha de contato.

Os ucranianos recuperaram Kherson, ao sul, a principal cidade ocupada pelos russos, e impediram a tomada de Kharkiv, no leste, segunda maior cidade da Ucrânia. A cada vitória ucraniana no terreno, a Rússia intensificou os ataques a alvos civis, encorajando a Otan a remover os obstáculos políticos a mais ajuda.

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Vieram as baterias antiaéreas Nasams, que protegem Washington. E, finalmente, a decisão de enviar os Patriots, o mais potente sistema antimísseis. Tudo isso teve emprego defensivo.

Com os tanques, os ucranianos aspiram a liberar o restante do território. Não será rápido nem fácil. Para as dezenas de tanques que eles receberão, os russos têm centenas, e enorme capacidade de alistar recrutas e mercenários.

Leopard 2, tanque de fabricação alemã, é objeto de desejo das autoridades militares ucranianas. Foto: Michael Sohn/ AP - 28/09/2011
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Os ucranianos querem recuperar a Crimeia, ocupada em 2014, e historicamente integrada às estepes ucranianas.

Os tártaros da península, parcialmente retirados à força por Josef Stalin em suas limpezas étnicas, têm longo histórico de resistir ao imperialismo russo com os ucranianos. A ligação também é geoeconômica: a água da Crimeia vem da Ucrânia e seus produtos escoam para ela.

EUA garantiram o envio de 50 blindados Bradley para a Ucrânia. Foto: Baderkhan Ahmad/ AP
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O dirigente soviético de origem ucraniana Nikita Kruchev devolveu a Crimeia à Ucrânia em 1954 porque entendia isso, não para adular sua terra natal. Então empobrecida, a Crimeia prosperou.

Mas perder a Crimeia exporia toda a frivolidade dessa guerra, até mesmo para a alienada opinião pública russa. O custo político para Putin seria proibitivo. É por isso que não há desfecho à vista.

BERLIM ― A guerra na Ucrânia entra em nova fase, com o envio de tanques de batalha americanos e europeus. Até aqui, o objetivo da Otan era evitar a vitória da Rússia. A partir de agora, o objetivo é assegurar a vitória da Ucrânia. O que não muda a realidade fundamental: essa será uma longa guerra de atrito.

A ajuda militar da aliança ocidental à Ucrânia começou timidamente, com os drones turcos Bayraktar, os mísseis portáteis americanos Javelin e anglo-suecos NLAW.

Os ucranianos demonstraram notável destreza e inteligência tática no uso dessas armas leves, repelindo os avanços dos invasores.

Líderes dos setores de defesa de 50 países se reuniram na base aérea de Ramstein, na Alemanha, na sexta-feira, 20 Foto: Michael Probst / AP

Os russos recuaram e passaram a destruir a infraestrutura civil da Ucrânia com mísseis, para tentar forçar uma rendição. Os ucranianos suplicaram à Otan por defesa antiaérea, mas os governos ocidentais foram intimidados pela chantagem nuclear de Vladimir Putin.

A segunda grande onda de ajuda militar foram sistemas de multi-lançadores móveis de mísseis, sobretudo os Himars americanos e os IRIS-T alemães. De novo, os ucranianos fizeram uso exemplar dessas armas, atingindo alvos militares russos atrás da linha de contato.

Os ucranianos recuperaram Kherson, ao sul, a principal cidade ocupada pelos russos, e impediram a tomada de Kharkiv, no leste, segunda maior cidade da Ucrânia. A cada vitória ucraniana no terreno, a Rússia intensificou os ataques a alvos civis, encorajando a Otan a remover os obstáculos políticos a mais ajuda.

Vieram as baterias antiaéreas Nasams, que protegem Washington. E, finalmente, a decisão de enviar os Patriots, o mais potente sistema antimísseis. Tudo isso teve emprego defensivo.

Com os tanques, os ucranianos aspiram a liberar o restante do território. Não será rápido nem fácil. Para as dezenas de tanques que eles receberão, os russos têm centenas, e enorme capacidade de alistar recrutas e mercenários.

Leopard 2, tanque de fabricação alemã, é objeto de desejo das autoridades militares ucranianas. Foto: Michael Sohn/ AP - 28/09/2011

Os ucranianos querem recuperar a Crimeia, ocupada em 2014, e historicamente integrada às estepes ucranianas.

Os tártaros da península, parcialmente retirados à força por Josef Stalin em suas limpezas étnicas, têm longo histórico de resistir ao imperialismo russo com os ucranianos. A ligação também é geoeconômica: a água da Crimeia vem da Ucrânia e seus produtos escoam para ela.

EUA garantiram o envio de 50 blindados Bradley para a Ucrânia. Foto: Baderkhan Ahmad/ AP

O dirigente soviético de origem ucraniana Nikita Kruchev devolveu a Crimeia à Ucrânia em 1954 porque entendia isso, não para adular sua terra natal. Então empobrecida, a Crimeia prosperou.

Mas perder a Crimeia exporia toda a frivolidade dessa guerra, até mesmo para a alienada opinião pública russa. O custo político para Putin seria proibitivo. É por isso que não há desfecho à vista.

BERLIM ― A guerra na Ucrânia entra em nova fase, com o envio de tanques de batalha americanos e europeus. Até aqui, o objetivo da Otan era evitar a vitória da Rússia. A partir de agora, o objetivo é assegurar a vitória da Ucrânia. O que não muda a realidade fundamental: essa será uma longa guerra de atrito.

A ajuda militar da aliança ocidental à Ucrânia começou timidamente, com os drones turcos Bayraktar, os mísseis portáteis americanos Javelin e anglo-suecos NLAW.

Os ucranianos demonstraram notável destreza e inteligência tática no uso dessas armas leves, repelindo os avanços dos invasores.

Líderes dos setores de defesa de 50 países se reuniram na base aérea de Ramstein, na Alemanha, na sexta-feira, 20 Foto: Michael Probst / AP

Os russos recuaram e passaram a destruir a infraestrutura civil da Ucrânia com mísseis, para tentar forçar uma rendição. Os ucranianos suplicaram à Otan por defesa antiaérea, mas os governos ocidentais foram intimidados pela chantagem nuclear de Vladimir Putin.

A segunda grande onda de ajuda militar foram sistemas de multi-lançadores móveis de mísseis, sobretudo os Himars americanos e os IRIS-T alemães. De novo, os ucranianos fizeram uso exemplar dessas armas, atingindo alvos militares russos atrás da linha de contato.

Os ucranianos recuperaram Kherson, ao sul, a principal cidade ocupada pelos russos, e impediram a tomada de Kharkiv, no leste, segunda maior cidade da Ucrânia. A cada vitória ucraniana no terreno, a Rússia intensificou os ataques a alvos civis, encorajando a Otan a remover os obstáculos políticos a mais ajuda.

Vieram as baterias antiaéreas Nasams, que protegem Washington. E, finalmente, a decisão de enviar os Patriots, o mais potente sistema antimísseis. Tudo isso teve emprego defensivo.

Com os tanques, os ucranianos aspiram a liberar o restante do território. Não será rápido nem fácil. Para as dezenas de tanques que eles receberão, os russos têm centenas, e enorme capacidade de alistar recrutas e mercenários.

Leopard 2, tanque de fabricação alemã, é objeto de desejo das autoridades militares ucranianas. Foto: Michael Sohn/ AP - 28/09/2011

Os ucranianos querem recuperar a Crimeia, ocupada em 2014, e historicamente integrada às estepes ucranianas.

Os tártaros da península, parcialmente retirados à força por Josef Stalin em suas limpezas étnicas, têm longo histórico de resistir ao imperialismo russo com os ucranianos. A ligação também é geoeconômica: a água da Crimeia vem da Ucrânia e seus produtos escoam para ela.

EUA garantiram o envio de 50 blindados Bradley para a Ucrânia. Foto: Baderkhan Ahmad/ AP

O dirigente soviético de origem ucraniana Nikita Kruchev devolveu a Crimeia à Ucrânia em 1954 porque entendia isso, não para adular sua terra natal. Então empobrecida, a Crimeia prosperou.

Mas perder a Crimeia exporia toda a frivolidade dessa guerra, até mesmo para a alienada opinião pública russa. O custo político para Putin seria proibitivo. É por isso que não há desfecho à vista.

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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