É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Uma paz que conforta apenas a Putin; leia a coluna de Lourival Sant’Anna


Ao longo de séculos, os ucranianos colecionaram lições sobre o que significa o imperialismo russo

Por Lourival Sant'Anna

Neste um ano de guerra, foram poucas as noites em que eu não acordei pensando no sofrimento das crianças ucranianas, poucas as vezes em que olhei para os meus filhos sem pensar na dor dos pais impotentes diante dos bombardeios.

Estive muitas vezes sob bombardeio, como correspondente de guerra, por vontade própria, e consigo apenas tangenciar o assombro de viver isso com os filhos ou pais idosos.

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Então, por que não estou aliviado com o “position paper” da China, ou com a iniciativa de paz do presidente Lula? Porque só têm o efeito de dissipar a energia daqueles que desejam o fim da guerra, e de criar uma zona de conforto para o presidente Vladimir Putin.

Brasil e China começam reafirmando o princípio da soberania. A seguir, abrem espaço para a negação da integridade territorial ucraniana pela Rússia. “O Brasil considera o pedido de cessação das hostilidades como um apelo a ambos os lados para interromper a violência sem precondições”, disse o embaixador Ronaldo Costa Filho, durante a votação de quinta-feira na Assembleia Geral da ONU.

Líderes dos setores de defesa de 50 países se reuniram na base aérea de Ramstein, na Alemanha, na sexta-feira, 20 Foto: Michael Probst / AP
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O position paper chinês trata Rússia e Ucrânia como se fossem igualmente responsáveis pela violência, e não fala da retirada das tropas russas.

Em contraste, a resolução aprovada pela Assembleia, assim como os discursos dos representantes dos EUA e da Europa, exigem claramente que a Rússia retire suas tropas de todo o território ucraniano.

Essa é uma diferença fundamental. A guerra só existe porque a Rússia ocupa partes da Ucrânia e teria tomado todo o país, não fosse a coragem dos ucranianos e a ajuda militar e humanitária de 54 países.

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Buscar uma solução para a guerra ignorando suas causas é propor uma paz baseada na injustiça, que, a rigor, não é paz, mas submissão.

Ao longo de séculos de imperialismo russo, os ucranianos colecionaram lições do que isso significa, e preferem morrer lutando para impedir: privação proposital de comida, deslocamento de populações, adoções forçadas de crianças, estupros, tortura, execuções sumárias — crimes de guerra que se repetem na atual ocupação russa.

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Seria imoral abandonar parte da população ucraniana. E contraproducente, porque, se Putin não for derrotado militarmente, ele voltará, como aconteceu depois de 2014, quando ocupou 8% da Ucrânia.

As importações de produtos russos pelo Brasil aumentaram 38% no ano passado. Esses dólares enviados pelo Brasil se convertem em drones e mísseis iranianos, munição norte-coreana e sangue ucraniano.

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Se o Brasil quer realmente pôr fim a essa guerra, deve começar comprando fertilizantes de outros países. Isso é muito mais fácil do que mudar os fornecedores de gás, que requer infraestrutura, como a Europa fez.

Neste um ano de guerra, foram poucas as noites em que eu não acordei pensando no sofrimento das crianças ucranianas, poucas as vezes em que olhei para os meus filhos sem pensar na dor dos pais impotentes diante dos bombardeios.

Estive muitas vezes sob bombardeio, como correspondente de guerra, por vontade própria, e consigo apenas tangenciar o assombro de viver isso com os filhos ou pais idosos.

Então, por que não estou aliviado com o “position paper” da China, ou com a iniciativa de paz do presidente Lula? Porque só têm o efeito de dissipar a energia daqueles que desejam o fim da guerra, e de criar uma zona de conforto para o presidente Vladimir Putin.

Brasil e China começam reafirmando o princípio da soberania. A seguir, abrem espaço para a negação da integridade territorial ucraniana pela Rússia. “O Brasil considera o pedido de cessação das hostilidades como um apelo a ambos os lados para interromper a violência sem precondições”, disse o embaixador Ronaldo Costa Filho, durante a votação de quinta-feira na Assembleia Geral da ONU.

Líderes dos setores de defesa de 50 países se reuniram na base aérea de Ramstein, na Alemanha, na sexta-feira, 20 Foto: Michael Probst / AP

O position paper chinês trata Rússia e Ucrânia como se fossem igualmente responsáveis pela violência, e não fala da retirada das tropas russas.

Em contraste, a resolução aprovada pela Assembleia, assim como os discursos dos representantes dos EUA e da Europa, exigem claramente que a Rússia retire suas tropas de todo o território ucraniano.

Essa é uma diferença fundamental. A guerra só existe porque a Rússia ocupa partes da Ucrânia e teria tomado todo o país, não fosse a coragem dos ucranianos e a ajuda militar e humanitária de 54 países.

Buscar uma solução para a guerra ignorando suas causas é propor uma paz baseada na injustiça, que, a rigor, não é paz, mas submissão.

Ao longo de séculos de imperialismo russo, os ucranianos colecionaram lições do que isso significa, e preferem morrer lutando para impedir: privação proposital de comida, deslocamento de populações, adoções forçadas de crianças, estupros, tortura, execuções sumárias — crimes de guerra que se repetem na atual ocupação russa.

Seria imoral abandonar parte da população ucraniana. E contraproducente, porque, se Putin não for derrotado militarmente, ele voltará, como aconteceu depois de 2014, quando ocupou 8% da Ucrânia.

As importações de produtos russos pelo Brasil aumentaram 38% no ano passado. Esses dólares enviados pelo Brasil se convertem em drones e mísseis iranianos, munição norte-coreana e sangue ucraniano.

Se o Brasil quer realmente pôr fim a essa guerra, deve começar comprando fertilizantes de outros países. Isso é muito mais fácil do que mudar os fornecedores de gás, que requer infraestrutura, como a Europa fez.

Neste um ano de guerra, foram poucas as noites em que eu não acordei pensando no sofrimento das crianças ucranianas, poucas as vezes em que olhei para os meus filhos sem pensar na dor dos pais impotentes diante dos bombardeios.

Estive muitas vezes sob bombardeio, como correspondente de guerra, por vontade própria, e consigo apenas tangenciar o assombro de viver isso com os filhos ou pais idosos.

Então, por que não estou aliviado com o “position paper” da China, ou com a iniciativa de paz do presidente Lula? Porque só têm o efeito de dissipar a energia daqueles que desejam o fim da guerra, e de criar uma zona de conforto para o presidente Vladimir Putin.

Brasil e China começam reafirmando o princípio da soberania. A seguir, abrem espaço para a negação da integridade territorial ucraniana pela Rússia. “O Brasil considera o pedido de cessação das hostilidades como um apelo a ambos os lados para interromper a violência sem precondições”, disse o embaixador Ronaldo Costa Filho, durante a votação de quinta-feira na Assembleia Geral da ONU.

Líderes dos setores de defesa de 50 países se reuniram na base aérea de Ramstein, na Alemanha, na sexta-feira, 20 Foto: Michael Probst / AP

O position paper chinês trata Rússia e Ucrânia como se fossem igualmente responsáveis pela violência, e não fala da retirada das tropas russas.

Em contraste, a resolução aprovada pela Assembleia, assim como os discursos dos representantes dos EUA e da Europa, exigem claramente que a Rússia retire suas tropas de todo o território ucraniano.

Essa é uma diferença fundamental. A guerra só existe porque a Rússia ocupa partes da Ucrânia e teria tomado todo o país, não fosse a coragem dos ucranianos e a ajuda militar e humanitária de 54 países.

Buscar uma solução para a guerra ignorando suas causas é propor uma paz baseada na injustiça, que, a rigor, não é paz, mas submissão.

Ao longo de séculos de imperialismo russo, os ucranianos colecionaram lições do que isso significa, e preferem morrer lutando para impedir: privação proposital de comida, deslocamento de populações, adoções forçadas de crianças, estupros, tortura, execuções sumárias — crimes de guerra que se repetem na atual ocupação russa.

Seria imoral abandonar parte da população ucraniana. E contraproducente, porque, se Putin não for derrotado militarmente, ele voltará, como aconteceu depois de 2014, quando ocupou 8% da Ucrânia.

As importações de produtos russos pelo Brasil aumentaram 38% no ano passado. Esses dólares enviados pelo Brasil se convertem em drones e mísseis iranianos, munição norte-coreana e sangue ucraniano.

Se o Brasil quer realmente pôr fim a essa guerra, deve começar comprando fertilizantes de outros países. Isso é muito mais fácil do que mudar os fornecedores de gás, que requer infraestrutura, como a Europa fez.

Neste um ano de guerra, foram poucas as noites em que eu não acordei pensando no sofrimento das crianças ucranianas, poucas as vezes em que olhei para os meus filhos sem pensar na dor dos pais impotentes diante dos bombardeios.

Estive muitas vezes sob bombardeio, como correspondente de guerra, por vontade própria, e consigo apenas tangenciar o assombro de viver isso com os filhos ou pais idosos.

Então, por que não estou aliviado com o “position paper” da China, ou com a iniciativa de paz do presidente Lula? Porque só têm o efeito de dissipar a energia daqueles que desejam o fim da guerra, e de criar uma zona de conforto para o presidente Vladimir Putin.

Brasil e China começam reafirmando o princípio da soberania. A seguir, abrem espaço para a negação da integridade territorial ucraniana pela Rússia. “O Brasil considera o pedido de cessação das hostilidades como um apelo a ambos os lados para interromper a violência sem precondições”, disse o embaixador Ronaldo Costa Filho, durante a votação de quinta-feira na Assembleia Geral da ONU.

Líderes dos setores de defesa de 50 países se reuniram na base aérea de Ramstein, na Alemanha, na sexta-feira, 20 Foto: Michael Probst / AP

O position paper chinês trata Rússia e Ucrânia como se fossem igualmente responsáveis pela violência, e não fala da retirada das tropas russas.

Em contraste, a resolução aprovada pela Assembleia, assim como os discursos dos representantes dos EUA e da Europa, exigem claramente que a Rússia retire suas tropas de todo o território ucraniano.

Essa é uma diferença fundamental. A guerra só existe porque a Rússia ocupa partes da Ucrânia e teria tomado todo o país, não fosse a coragem dos ucranianos e a ajuda militar e humanitária de 54 países.

Buscar uma solução para a guerra ignorando suas causas é propor uma paz baseada na injustiça, que, a rigor, não é paz, mas submissão.

Ao longo de séculos de imperialismo russo, os ucranianos colecionaram lições do que isso significa, e preferem morrer lutando para impedir: privação proposital de comida, deslocamento de populações, adoções forçadas de crianças, estupros, tortura, execuções sumárias — crimes de guerra que se repetem na atual ocupação russa.

Seria imoral abandonar parte da população ucraniana. E contraproducente, porque, se Putin não for derrotado militarmente, ele voltará, como aconteceu depois de 2014, quando ocupou 8% da Ucrânia.

As importações de produtos russos pelo Brasil aumentaram 38% no ano passado. Esses dólares enviados pelo Brasil se convertem em drones e mísseis iranianos, munição norte-coreana e sangue ucraniano.

Se o Brasil quer realmente pôr fim a essa guerra, deve começar comprando fertilizantes de outros países. Isso é muito mais fácil do que mudar os fornecedores de gás, que requer infraestrutura, como a Europa fez.

Neste um ano de guerra, foram poucas as noites em que eu não acordei pensando no sofrimento das crianças ucranianas, poucas as vezes em que olhei para os meus filhos sem pensar na dor dos pais impotentes diante dos bombardeios.

Estive muitas vezes sob bombardeio, como correspondente de guerra, por vontade própria, e consigo apenas tangenciar o assombro de viver isso com os filhos ou pais idosos.

Então, por que não estou aliviado com o “position paper” da China, ou com a iniciativa de paz do presidente Lula? Porque só têm o efeito de dissipar a energia daqueles que desejam o fim da guerra, e de criar uma zona de conforto para o presidente Vladimir Putin.

Brasil e China começam reafirmando o princípio da soberania. A seguir, abrem espaço para a negação da integridade territorial ucraniana pela Rússia. “O Brasil considera o pedido de cessação das hostilidades como um apelo a ambos os lados para interromper a violência sem precondições”, disse o embaixador Ronaldo Costa Filho, durante a votação de quinta-feira na Assembleia Geral da ONU.

Líderes dos setores de defesa de 50 países se reuniram na base aérea de Ramstein, na Alemanha, na sexta-feira, 20 Foto: Michael Probst / AP

O position paper chinês trata Rússia e Ucrânia como se fossem igualmente responsáveis pela violência, e não fala da retirada das tropas russas.

Em contraste, a resolução aprovada pela Assembleia, assim como os discursos dos representantes dos EUA e da Europa, exigem claramente que a Rússia retire suas tropas de todo o território ucraniano.

Essa é uma diferença fundamental. A guerra só existe porque a Rússia ocupa partes da Ucrânia e teria tomado todo o país, não fosse a coragem dos ucranianos e a ajuda militar e humanitária de 54 países.

Buscar uma solução para a guerra ignorando suas causas é propor uma paz baseada na injustiça, que, a rigor, não é paz, mas submissão.

Ao longo de séculos de imperialismo russo, os ucranianos colecionaram lições do que isso significa, e preferem morrer lutando para impedir: privação proposital de comida, deslocamento de populações, adoções forçadas de crianças, estupros, tortura, execuções sumárias — crimes de guerra que se repetem na atual ocupação russa.

Seria imoral abandonar parte da população ucraniana. E contraproducente, porque, se Putin não for derrotado militarmente, ele voltará, como aconteceu depois de 2014, quando ocupou 8% da Ucrânia.

As importações de produtos russos pelo Brasil aumentaram 38% no ano passado. Esses dólares enviados pelo Brasil se convertem em drones e mísseis iranianos, munição norte-coreana e sangue ucraniano.

Se o Brasil quer realmente pôr fim a essa guerra, deve começar comprando fertilizantes de outros países. Isso é muito mais fácil do que mudar os fornecedores de gás, que requer infraestrutura, como a Europa fez.

Opinião por Lourival Sant'Anna

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