Lula anuncia lema do G-20 no Brasil e defende que grupo evite discussão sobre guerra na Ucrânia


Presidente recebe da Índia o comando simbólico do bloco e diz que organização brasileira terá como mote ‘Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável’

Por Felipe Frazão
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste domingo, dia 10, que o G-20 deixe de concentrar suas discussões sobre assuntos como a guerra na Ucrânia e evite a divisão interna, uma situação flagrante que domina os trabalhos do grupo das principais economias do mundo, desde o ano passado.

“Não podemos deixar que questões geopolíticas sequestrem agenda de discussões de várias instâncias do G-20″, afirmou o petista, no discurso final da Cúpula em Nova Délhi, na Índia. “Não nos interessa um G-20 dividido. Só com uma ação conjunta podemos fazer frente aos desafios de nossos dias. Precisamos de paz e de cooperação em vez do conflito.”

O discurso de Lula ocorre num cenário de disputas geopolíticas polarizadas pelos Estados Unidos e pela China, e potencializado pela guerra entre a Rússia e Ucrânia.

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Lula anunciou na Índia que o País adotou como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A oposição entre interesses de países ocidentais, organizados por meio do G-7 e aliados, e o alinhamento de chineses e russos marcou e com frequência travou as discussões e deliberações do G-20 indiano, como vinha ocorrendo também durante a presidência da Indonésia, em 2022.

O discurso de Lula reflete ainda a agenda internacional pregada por ele nos últimos meses, que tem atraído críticas dentro e fora do Brasil.

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Essa política é marcada por um não alinhamento à guerra na Ucrânia, por vezes entendido como um apoio tácito à Rússia, e o questionamento do dólar como base do comércio internacional, em um aceno ao protagonismo chinês.

No sinal mais recente desse alinhamento ao bloco antiocidental, Lula disse na Índia que conta com a presença do líder russo Vladimir Putin na cúpula do G-20 do ano que vem, no Brasil. Putin tem contra si um mandado de prisão internacional para responder no Tribunal de Haia por crimes de guerra. Segundo Lula, no entanto, o presidente russo não será presos se pisar no País.

Como signatário do Tratado de Roma, o País teria de entregá-lo ao TPI. Na recente cúpula do Brics na África do Sul, Putin evitou uma viagem ao país africano, que também é signatário do tratado.

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Decisões coordenadas

O G-20 é historicamente um organismo criado para discussões e decisões coordenadas, entre países ricos e emergentes, de cunho econômico e financeiro. Mas há grupos técnicos de trabalho e interação entre ministros de diversos setores, como Saúde, Turismo, Educação, Ciência, entre outros.

Segundo fontes do governo brasileiro, esses trabalhos passaram a ser dominados pela discussão sobre a guerra na Ucrânia, deflagrada em fevereiro do ano passado, por uma invasão militar russa. Países aliados de Kiev colocaram o assunto na agenda de forma permanente e chegaram a conseguir uma declaração final dura, em 2022, que condenava a agressão militar da Rússia e cobrava sua retirada na Ucrânia. Agora, a declaração oficial do G-20 sobre a guerra foi amenizada na edição de Nova Délhi.

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Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, ausentaram-se da 18ª Cúpula de Líderes do G-20, concluída neste domingo, em Nova Délhi, na Índia. Diplomatas que atuam no G-20 entenderam a atitude como uma forma de tirar o peso político do evento e demonstrar que as deliberações seriam fragilizadas e que o bloco tende a perder relevância.

Mundo Justo e Planeta Sustentável

Ao receber o comando simbólico do grupo para a organização da cúpula brasileira em 2024, Lula anunciou na Índia que o País adotou como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.

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O premiê indiano, Narendra Modi, passou a Lula o martelo que simboliza o poder. Na prática, o Brasil assumirá por um ano a coordenação dos trabalhos. A data começa em 1º de dezembro, seguindo o calendário da organização. O País sediará em 18 e 19 de novembro de 2024 a cúpula de líderes no Rio de Janeiro. Lula disse que o governo promoverá reuniões de trabalho nas cinco regiões.

Discurso de Lula reproduz a preocupação com um possível esvaziamento do grupo Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula disse que orientou sua equipe a organizar o G-20 de forma que as “trilhas” - como são conhecidos os grupos técnicos - de finanças e de política trabalhem de forma integrada e coordenada. “Não adianta acordarmos a melhor política pública se não alocarmos recursos necessários para implementação”, argumentou. Ele também defendeu que haja mais espaços para que a sociedade se manifeste e possa reportar aos representantes de governos suas recomendações.

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O G-20 no Brasil adotará três eixos prioritários:

  • Inclusão social e combate à fome
  • Transição energética e desenvolvimento sustentável, nas vertentes social, econômica e ambiental
  • Reforma das instituições de governança global

O presidente voltou a dizer que lançará duas forças-tarefas durante a coordenação brasileira dos trabalhos do G-20: a “Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza” e a “Mobilização Global Contra a Mudança do Clima”.

“Se quisermos fazer a diferença temos que colocar a redução de desigualdades no centro da agenda internacional”, defendeu o petista. “Precisamos redobrar esforços para alcançar a meta de acabar com a fome no mundo até 2030, caso contrário estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos.”

O presidente enumerou alguns dos pontos-chave de reivindicação do Brasil, como a cobrança por efetiva entrega de dinheiro dos países ricos e industrializados para financiamento climático e a reforma das instituições financeiras e do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Agir para combater a mudança do clima exige vontade política e determinação dos governantes e também recursos e transferência de tecnologia. Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do FMI. A OMC tem que ser revitalizada e seu sistema de solução de controvérsias precisa voltar a funcionar. Para recuperar força política, o Conselho de Segurança da ONU precisa contar com novos países em desenvolvimento entre seus membros permanente e não permanentes”, disse Lula.

Ciclone no RS

Cobrado por não ter visitado a região atingida por um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, Lula voltou a falar da tragédia durante o encerramento do G-20. O presidente disse que a “natureza continua dando demostração de que precisamos cuidar dela com muito mais carinho”.

“Essa semana, há três dias, no meu Brasil, um ciclone, no Estado do Rio Grande do Sul, nunca havia tido ciclone, matou 46 pessoas, e tem quase 50 pessoas desaparecidas. Isso nos chama atenção porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta”, afirmou Lula. Em verdade, a formação de ciclones é comum no Sul do Brasil. O Estado de Santa Catarina costuma ser mais atingido, mas já havia registros também no Rio Grande do Sul e no Paraná.

ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste domingo, dia 10, que o G-20 deixe de concentrar suas discussões sobre assuntos como a guerra na Ucrânia e evite a divisão interna, uma situação flagrante que domina os trabalhos do grupo das principais economias do mundo, desde o ano passado.

“Não podemos deixar que questões geopolíticas sequestrem agenda de discussões de várias instâncias do G-20″, afirmou o petista, no discurso final da Cúpula em Nova Délhi, na Índia. “Não nos interessa um G-20 dividido. Só com uma ação conjunta podemos fazer frente aos desafios de nossos dias. Precisamos de paz e de cooperação em vez do conflito.”

O discurso de Lula ocorre num cenário de disputas geopolíticas polarizadas pelos Estados Unidos e pela China, e potencializado pela guerra entre a Rússia e Ucrânia.

Lula anunciou na Índia que o País adotou como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A oposição entre interesses de países ocidentais, organizados por meio do G-7 e aliados, e o alinhamento de chineses e russos marcou e com frequência travou as discussões e deliberações do G-20 indiano, como vinha ocorrendo também durante a presidência da Indonésia, em 2022.

O discurso de Lula reflete ainda a agenda internacional pregada por ele nos últimos meses, que tem atraído críticas dentro e fora do Brasil.

Essa política é marcada por um não alinhamento à guerra na Ucrânia, por vezes entendido como um apoio tácito à Rússia, e o questionamento do dólar como base do comércio internacional, em um aceno ao protagonismo chinês.

No sinal mais recente desse alinhamento ao bloco antiocidental, Lula disse na Índia que conta com a presença do líder russo Vladimir Putin na cúpula do G-20 do ano que vem, no Brasil. Putin tem contra si um mandado de prisão internacional para responder no Tribunal de Haia por crimes de guerra. Segundo Lula, no entanto, o presidente russo não será presos se pisar no País.

Como signatário do Tratado de Roma, o País teria de entregá-lo ao TPI. Na recente cúpula do Brics na África do Sul, Putin evitou uma viagem ao país africano, que também é signatário do tratado.

Decisões coordenadas

O G-20 é historicamente um organismo criado para discussões e decisões coordenadas, entre países ricos e emergentes, de cunho econômico e financeiro. Mas há grupos técnicos de trabalho e interação entre ministros de diversos setores, como Saúde, Turismo, Educação, Ciência, entre outros.

Segundo fontes do governo brasileiro, esses trabalhos passaram a ser dominados pela discussão sobre a guerra na Ucrânia, deflagrada em fevereiro do ano passado, por uma invasão militar russa. Países aliados de Kiev colocaram o assunto na agenda de forma permanente e chegaram a conseguir uma declaração final dura, em 2022, que condenava a agressão militar da Rússia e cobrava sua retirada na Ucrânia. Agora, a declaração oficial do G-20 sobre a guerra foi amenizada na edição de Nova Délhi.

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, ausentaram-se da 18ª Cúpula de Líderes do G-20, concluída neste domingo, em Nova Délhi, na Índia. Diplomatas que atuam no G-20 entenderam a atitude como uma forma de tirar o peso político do evento e demonstrar que as deliberações seriam fragilizadas e que o bloco tende a perder relevância.

Mundo Justo e Planeta Sustentável

Ao receber o comando simbólico do grupo para a organização da cúpula brasileira em 2024, Lula anunciou na Índia que o País adotou como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.

O premiê indiano, Narendra Modi, passou a Lula o martelo que simboliza o poder. Na prática, o Brasil assumirá por um ano a coordenação dos trabalhos. A data começa em 1º de dezembro, seguindo o calendário da organização. O País sediará em 18 e 19 de novembro de 2024 a cúpula de líderes no Rio de Janeiro. Lula disse que o governo promoverá reuniões de trabalho nas cinco regiões.

Discurso de Lula reproduz a preocupação com um possível esvaziamento do grupo Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula disse que orientou sua equipe a organizar o G-20 de forma que as “trilhas” - como são conhecidos os grupos técnicos - de finanças e de política trabalhem de forma integrada e coordenada. “Não adianta acordarmos a melhor política pública se não alocarmos recursos necessários para implementação”, argumentou. Ele também defendeu que haja mais espaços para que a sociedade se manifeste e possa reportar aos representantes de governos suas recomendações.

O G-20 no Brasil adotará três eixos prioritários:

  • Inclusão social e combate à fome
  • Transição energética e desenvolvimento sustentável, nas vertentes social, econômica e ambiental
  • Reforma das instituições de governança global

O presidente voltou a dizer que lançará duas forças-tarefas durante a coordenação brasileira dos trabalhos do G-20: a “Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza” e a “Mobilização Global Contra a Mudança do Clima”.

“Se quisermos fazer a diferença temos que colocar a redução de desigualdades no centro da agenda internacional”, defendeu o petista. “Precisamos redobrar esforços para alcançar a meta de acabar com a fome no mundo até 2030, caso contrário estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos.”

O presidente enumerou alguns dos pontos-chave de reivindicação do Brasil, como a cobrança por efetiva entrega de dinheiro dos países ricos e industrializados para financiamento climático e a reforma das instituições financeiras e do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Agir para combater a mudança do clima exige vontade política e determinação dos governantes e também recursos e transferência de tecnologia. Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do FMI. A OMC tem que ser revitalizada e seu sistema de solução de controvérsias precisa voltar a funcionar. Para recuperar força política, o Conselho de Segurança da ONU precisa contar com novos países em desenvolvimento entre seus membros permanente e não permanentes”, disse Lula.

Ciclone no RS

Cobrado por não ter visitado a região atingida por um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, Lula voltou a falar da tragédia durante o encerramento do G-20. O presidente disse que a “natureza continua dando demostração de que precisamos cuidar dela com muito mais carinho”.

“Essa semana, há três dias, no meu Brasil, um ciclone, no Estado do Rio Grande do Sul, nunca havia tido ciclone, matou 46 pessoas, e tem quase 50 pessoas desaparecidas. Isso nos chama atenção porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta”, afirmou Lula. Em verdade, a formação de ciclones é comum no Sul do Brasil. O Estado de Santa Catarina costuma ser mais atingido, mas já havia registros também no Rio Grande do Sul e no Paraná.

ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste domingo, dia 10, que o G-20 deixe de concentrar suas discussões sobre assuntos como a guerra na Ucrânia e evite a divisão interna, uma situação flagrante que domina os trabalhos do grupo das principais economias do mundo, desde o ano passado.

“Não podemos deixar que questões geopolíticas sequestrem agenda de discussões de várias instâncias do G-20″, afirmou o petista, no discurso final da Cúpula em Nova Délhi, na Índia. “Não nos interessa um G-20 dividido. Só com uma ação conjunta podemos fazer frente aos desafios de nossos dias. Precisamos de paz e de cooperação em vez do conflito.”

O discurso de Lula ocorre num cenário de disputas geopolíticas polarizadas pelos Estados Unidos e pela China, e potencializado pela guerra entre a Rússia e Ucrânia.

Lula anunciou na Índia que o País adotou como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A oposição entre interesses de países ocidentais, organizados por meio do G-7 e aliados, e o alinhamento de chineses e russos marcou e com frequência travou as discussões e deliberações do G-20 indiano, como vinha ocorrendo também durante a presidência da Indonésia, em 2022.

O discurso de Lula reflete ainda a agenda internacional pregada por ele nos últimos meses, que tem atraído críticas dentro e fora do Brasil.

Essa política é marcada por um não alinhamento à guerra na Ucrânia, por vezes entendido como um apoio tácito à Rússia, e o questionamento do dólar como base do comércio internacional, em um aceno ao protagonismo chinês.

No sinal mais recente desse alinhamento ao bloco antiocidental, Lula disse na Índia que conta com a presença do líder russo Vladimir Putin na cúpula do G-20 do ano que vem, no Brasil. Putin tem contra si um mandado de prisão internacional para responder no Tribunal de Haia por crimes de guerra. Segundo Lula, no entanto, o presidente russo não será presos se pisar no País.

Como signatário do Tratado de Roma, o País teria de entregá-lo ao TPI. Na recente cúpula do Brics na África do Sul, Putin evitou uma viagem ao país africano, que também é signatário do tratado.

Decisões coordenadas

O G-20 é historicamente um organismo criado para discussões e decisões coordenadas, entre países ricos e emergentes, de cunho econômico e financeiro. Mas há grupos técnicos de trabalho e interação entre ministros de diversos setores, como Saúde, Turismo, Educação, Ciência, entre outros.

Segundo fontes do governo brasileiro, esses trabalhos passaram a ser dominados pela discussão sobre a guerra na Ucrânia, deflagrada em fevereiro do ano passado, por uma invasão militar russa. Países aliados de Kiev colocaram o assunto na agenda de forma permanente e chegaram a conseguir uma declaração final dura, em 2022, que condenava a agressão militar da Rússia e cobrava sua retirada na Ucrânia. Agora, a declaração oficial do G-20 sobre a guerra foi amenizada na edição de Nova Délhi.

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, ausentaram-se da 18ª Cúpula de Líderes do G-20, concluída neste domingo, em Nova Délhi, na Índia. Diplomatas que atuam no G-20 entenderam a atitude como uma forma de tirar o peso político do evento e demonstrar que as deliberações seriam fragilizadas e que o bloco tende a perder relevância.

Mundo Justo e Planeta Sustentável

Ao receber o comando simbólico do grupo para a organização da cúpula brasileira em 2024, Lula anunciou na Índia que o País adotou como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.

O premiê indiano, Narendra Modi, passou a Lula o martelo que simboliza o poder. Na prática, o Brasil assumirá por um ano a coordenação dos trabalhos. A data começa em 1º de dezembro, seguindo o calendário da organização. O País sediará em 18 e 19 de novembro de 2024 a cúpula de líderes no Rio de Janeiro. Lula disse que o governo promoverá reuniões de trabalho nas cinco regiões.

Discurso de Lula reproduz a preocupação com um possível esvaziamento do grupo Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula disse que orientou sua equipe a organizar o G-20 de forma que as “trilhas” - como são conhecidos os grupos técnicos - de finanças e de política trabalhem de forma integrada e coordenada. “Não adianta acordarmos a melhor política pública se não alocarmos recursos necessários para implementação”, argumentou. Ele também defendeu que haja mais espaços para que a sociedade se manifeste e possa reportar aos representantes de governos suas recomendações.

O G-20 no Brasil adotará três eixos prioritários:

  • Inclusão social e combate à fome
  • Transição energética e desenvolvimento sustentável, nas vertentes social, econômica e ambiental
  • Reforma das instituições de governança global

O presidente voltou a dizer que lançará duas forças-tarefas durante a coordenação brasileira dos trabalhos do G-20: a “Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza” e a “Mobilização Global Contra a Mudança do Clima”.

“Se quisermos fazer a diferença temos que colocar a redução de desigualdades no centro da agenda internacional”, defendeu o petista. “Precisamos redobrar esforços para alcançar a meta de acabar com a fome no mundo até 2030, caso contrário estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos.”

O presidente enumerou alguns dos pontos-chave de reivindicação do Brasil, como a cobrança por efetiva entrega de dinheiro dos países ricos e industrializados para financiamento climático e a reforma das instituições financeiras e do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Agir para combater a mudança do clima exige vontade política e determinação dos governantes e também recursos e transferência de tecnologia. Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do FMI. A OMC tem que ser revitalizada e seu sistema de solução de controvérsias precisa voltar a funcionar. Para recuperar força política, o Conselho de Segurança da ONU precisa contar com novos países em desenvolvimento entre seus membros permanente e não permanentes”, disse Lula.

Ciclone no RS

Cobrado por não ter visitado a região atingida por um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, Lula voltou a falar da tragédia durante o encerramento do G-20. O presidente disse que a “natureza continua dando demostração de que precisamos cuidar dela com muito mais carinho”.

“Essa semana, há três dias, no meu Brasil, um ciclone, no Estado do Rio Grande do Sul, nunca havia tido ciclone, matou 46 pessoas, e tem quase 50 pessoas desaparecidas. Isso nos chama atenção porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta”, afirmou Lula. Em verdade, a formação de ciclones é comum no Sul do Brasil. O Estado de Santa Catarina costuma ser mais atingido, mas já havia registros também no Rio Grande do Sul e no Paraná.

ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste domingo, dia 10, que o G-20 deixe de concentrar suas discussões sobre assuntos como a guerra na Ucrânia e evite a divisão interna, uma situação flagrante que domina os trabalhos do grupo das principais economias do mundo, desde o ano passado.

“Não podemos deixar que questões geopolíticas sequestrem agenda de discussões de várias instâncias do G-20″, afirmou o petista, no discurso final da Cúpula em Nova Délhi, na Índia. “Não nos interessa um G-20 dividido. Só com uma ação conjunta podemos fazer frente aos desafios de nossos dias. Precisamos de paz e de cooperação em vez do conflito.”

O discurso de Lula ocorre num cenário de disputas geopolíticas polarizadas pelos Estados Unidos e pela China, e potencializado pela guerra entre a Rússia e Ucrânia.

Lula anunciou na Índia que o País adotou como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A oposição entre interesses de países ocidentais, organizados por meio do G-7 e aliados, e o alinhamento de chineses e russos marcou e com frequência travou as discussões e deliberações do G-20 indiano, como vinha ocorrendo também durante a presidência da Indonésia, em 2022.

O discurso de Lula reflete ainda a agenda internacional pregada por ele nos últimos meses, que tem atraído críticas dentro e fora do Brasil.

Essa política é marcada por um não alinhamento à guerra na Ucrânia, por vezes entendido como um apoio tácito à Rússia, e o questionamento do dólar como base do comércio internacional, em um aceno ao protagonismo chinês.

No sinal mais recente desse alinhamento ao bloco antiocidental, Lula disse na Índia que conta com a presença do líder russo Vladimir Putin na cúpula do G-20 do ano que vem, no Brasil. Putin tem contra si um mandado de prisão internacional para responder no Tribunal de Haia por crimes de guerra. Segundo Lula, no entanto, o presidente russo não será presos se pisar no País.

Como signatário do Tratado de Roma, o País teria de entregá-lo ao TPI. Na recente cúpula do Brics na África do Sul, Putin evitou uma viagem ao país africano, que também é signatário do tratado.

Decisões coordenadas

O G-20 é historicamente um organismo criado para discussões e decisões coordenadas, entre países ricos e emergentes, de cunho econômico e financeiro. Mas há grupos técnicos de trabalho e interação entre ministros de diversos setores, como Saúde, Turismo, Educação, Ciência, entre outros.

Segundo fontes do governo brasileiro, esses trabalhos passaram a ser dominados pela discussão sobre a guerra na Ucrânia, deflagrada em fevereiro do ano passado, por uma invasão militar russa. Países aliados de Kiev colocaram o assunto na agenda de forma permanente e chegaram a conseguir uma declaração final dura, em 2022, que condenava a agressão militar da Rússia e cobrava sua retirada na Ucrânia. Agora, a declaração oficial do G-20 sobre a guerra foi amenizada na edição de Nova Délhi.

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, ausentaram-se da 18ª Cúpula de Líderes do G-20, concluída neste domingo, em Nova Délhi, na Índia. Diplomatas que atuam no G-20 entenderam a atitude como uma forma de tirar o peso político do evento e demonstrar que as deliberações seriam fragilizadas e que o bloco tende a perder relevância.

Mundo Justo e Planeta Sustentável

Ao receber o comando simbólico do grupo para a organização da cúpula brasileira em 2024, Lula anunciou na Índia que o País adotou como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.

O premiê indiano, Narendra Modi, passou a Lula o martelo que simboliza o poder. Na prática, o Brasil assumirá por um ano a coordenação dos trabalhos. A data começa em 1º de dezembro, seguindo o calendário da organização. O País sediará em 18 e 19 de novembro de 2024 a cúpula de líderes no Rio de Janeiro. Lula disse que o governo promoverá reuniões de trabalho nas cinco regiões.

Discurso de Lula reproduz a preocupação com um possível esvaziamento do grupo Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula disse que orientou sua equipe a organizar o G-20 de forma que as “trilhas” - como são conhecidos os grupos técnicos - de finanças e de política trabalhem de forma integrada e coordenada. “Não adianta acordarmos a melhor política pública se não alocarmos recursos necessários para implementação”, argumentou. Ele também defendeu que haja mais espaços para que a sociedade se manifeste e possa reportar aos representantes de governos suas recomendações.

O G-20 no Brasil adotará três eixos prioritários:

  • Inclusão social e combate à fome
  • Transição energética e desenvolvimento sustentável, nas vertentes social, econômica e ambiental
  • Reforma das instituições de governança global

O presidente voltou a dizer que lançará duas forças-tarefas durante a coordenação brasileira dos trabalhos do G-20: a “Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza” e a “Mobilização Global Contra a Mudança do Clima”.

“Se quisermos fazer a diferença temos que colocar a redução de desigualdades no centro da agenda internacional”, defendeu o petista. “Precisamos redobrar esforços para alcançar a meta de acabar com a fome no mundo até 2030, caso contrário estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos.”

O presidente enumerou alguns dos pontos-chave de reivindicação do Brasil, como a cobrança por efetiva entrega de dinheiro dos países ricos e industrializados para financiamento climático e a reforma das instituições financeiras e do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Agir para combater a mudança do clima exige vontade política e determinação dos governantes e também recursos e transferência de tecnologia. Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do FMI. A OMC tem que ser revitalizada e seu sistema de solução de controvérsias precisa voltar a funcionar. Para recuperar força política, o Conselho de Segurança da ONU precisa contar com novos países em desenvolvimento entre seus membros permanente e não permanentes”, disse Lula.

Ciclone no RS

Cobrado por não ter visitado a região atingida por um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, Lula voltou a falar da tragédia durante o encerramento do G-20. O presidente disse que a “natureza continua dando demostração de que precisamos cuidar dela com muito mais carinho”.

“Essa semana, há três dias, no meu Brasil, um ciclone, no Estado do Rio Grande do Sul, nunca havia tido ciclone, matou 46 pessoas, e tem quase 50 pessoas desaparecidas. Isso nos chama atenção porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta”, afirmou Lula. Em verdade, a formação de ciclones é comum no Sul do Brasil. O Estado de Santa Catarina costuma ser mais atingido, mas já havia registros também no Rio Grande do Sul e no Paraná.

ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste domingo, dia 10, que o G-20 deixe de concentrar suas discussões sobre assuntos como a guerra na Ucrânia e evite a divisão interna, uma situação flagrante que domina os trabalhos do grupo das principais economias do mundo, desde o ano passado.

“Não podemos deixar que questões geopolíticas sequestrem agenda de discussões de várias instâncias do G-20″, afirmou o petista, no discurso final da Cúpula em Nova Délhi, na Índia. “Não nos interessa um G-20 dividido. Só com uma ação conjunta podemos fazer frente aos desafios de nossos dias. Precisamos de paz e de cooperação em vez do conflito.”

O discurso de Lula ocorre num cenário de disputas geopolíticas polarizadas pelos Estados Unidos e pela China, e potencializado pela guerra entre a Rússia e Ucrânia.

Lula anunciou na Índia que o País adotou como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A oposição entre interesses de países ocidentais, organizados por meio do G-7 e aliados, e o alinhamento de chineses e russos marcou e com frequência travou as discussões e deliberações do G-20 indiano, como vinha ocorrendo também durante a presidência da Indonésia, em 2022.

O discurso de Lula reflete ainda a agenda internacional pregada por ele nos últimos meses, que tem atraído críticas dentro e fora do Brasil.

Essa política é marcada por um não alinhamento à guerra na Ucrânia, por vezes entendido como um apoio tácito à Rússia, e o questionamento do dólar como base do comércio internacional, em um aceno ao protagonismo chinês.

No sinal mais recente desse alinhamento ao bloco antiocidental, Lula disse na Índia que conta com a presença do líder russo Vladimir Putin na cúpula do G-20 do ano que vem, no Brasil. Putin tem contra si um mandado de prisão internacional para responder no Tribunal de Haia por crimes de guerra. Segundo Lula, no entanto, o presidente russo não será presos se pisar no País.

Como signatário do Tratado de Roma, o País teria de entregá-lo ao TPI. Na recente cúpula do Brics na África do Sul, Putin evitou uma viagem ao país africano, que também é signatário do tratado.

Decisões coordenadas

O G-20 é historicamente um organismo criado para discussões e decisões coordenadas, entre países ricos e emergentes, de cunho econômico e financeiro. Mas há grupos técnicos de trabalho e interação entre ministros de diversos setores, como Saúde, Turismo, Educação, Ciência, entre outros.

Segundo fontes do governo brasileiro, esses trabalhos passaram a ser dominados pela discussão sobre a guerra na Ucrânia, deflagrada em fevereiro do ano passado, por uma invasão militar russa. Países aliados de Kiev colocaram o assunto na agenda de forma permanente e chegaram a conseguir uma declaração final dura, em 2022, que condenava a agressão militar da Rússia e cobrava sua retirada na Ucrânia. Agora, a declaração oficial do G-20 sobre a guerra foi amenizada na edição de Nova Délhi.

Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, ausentaram-se da 18ª Cúpula de Líderes do G-20, concluída neste domingo, em Nova Délhi, na Índia. Diplomatas que atuam no G-20 entenderam a atitude como uma forma de tirar o peso político do evento e demonstrar que as deliberações seriam fragilizadas e que o bloco tende a perder relevância.

Mundo Justo e Planeta Sustentável

Ao receber o comando simbólico do grupo para a organização da cúpula brasileira em 2024, Lula anunciou na Índia que o País adotou como lema “Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável”.

O premiê indiano, Narendra Modi, passou a Lula o martelo que simboliza o poder. Na prática, o Brasil assumirá por um ano a coordenação dos trabalhos. A data começa em 1º de dezembro, seguindo o calendário da organização. O País sediará em 18 e 19 de novembro de 2024 a cúpula de líderes no Rio de Janeiro. Lula disse que o governo promoverá reuniões de trabalho nas cinco regiões.

Discurso de Lula reproduz a preocupação com um possível esvaziamento do grupo Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula disse que orientou sua equipe a organizar o G-20 de forma que as “trilhas” - como são conhecidos os grupos técnicos - de finanças e de política trabalhem de forma integrada e coordenada. “Não adianta acordarmos a melhor política pública se não alocarmos recursos necessários para implementação”, argumentou. Ele também defendeu que haja mais espaços para que a sociedade se manifeste e possa reportar aos representantes de governos suas recomendações.

O G-20 no Brasil adotará três eixos prioritários:

  • Inclusão social e combate à fome
  • Transição energética e desenvolvimento sustentável, nas vertentes social, econômica e ambiental
  • Reforma das instituições de governança global

O presidente voltou a dizer que lançará duas forças-tarefas durante a coordenação brasileira dos trabalhos do G-20: a “Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza” e a “Mobilização Global Contra a Mudança do Clima”.

“Se quisermos fazer a diferença temos que colocar a redução de desigualdades no centro da agenda internacional”, defendeu o petista. “Precisamos redobrar esforços para alcançar a meta de acabar com a fome no mundo até 2030, caso contrário estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos.”

O presidente enumerou alguns dos pontos-chave de reivindicação do Brasil, como a cobrança por efetiva entrega de dinheiro dos países ricos e industrializados para financiamento climático e a reforma das instituições financeiras e do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Agir para combater a mudança do clima exige vontade política e determinação dos governantes e também recursos e transferência de tecnologia. Queremos maior participação dos países emergentes nas decisões do Banco Mundial e do FMI. A OMC tem que ser revitalizada e seu sistema de solução de controvérsias precisa voltar a funcionar. Para recuperar força política, o Conselho de Segurança da ONU precisa contar com novos países em desenvolvimento entre seus membros permanente e não permanentes”, disse Lula.

Ciclone no RS

Cobrado por não ter visitado a região atingida por um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, Lula voltou a falar da tragédia durante o encerramento do G-20. O presidente disse que a “natureza continua dando demostração de que precisamos cuidar dela com muito mais carinho”.

“Essa semana, há três dias, no meu Brasil, um ciclone, no Estado do Rio Grande do Sul, nunca havia tido ciclone, matou 46 pessoas, e tem quase 50 pessoas desaparecidas. Isso nos chama atenção porque fenômenos como esse têm acontecido nos mais diferentes lugares do nosso planeta”, afirmou Lula. Em verdade, a formação de ciclones é comum no Sul do Brasil. O Estado de Santa Catarina costuma ser mais atingido, mas já havia registros também no Rio Grande do Sul e no Paraná.

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