Lula cita ‘acordo herdado’ do governo Bolsonaro para justificar impasse entre Mercosul e UE


Presidente disse que o texto tratava os sul-americanos como ‘colonizados’; livre comércio com a União Europeia foi firmado em 2019 e passa por revisão

Por Jéssica Petrovna
Atualização:

ENVIADA ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a versão do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia de 2019, ainda no governo Jair Bolsonaro para justificar o atraso na finalização do pacto, esperado para a Cúpula do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira,7. Em discurso na cúpula, o petista criticou o protecionismo dos europeus e o texto “herdado” do governo anterior.

O acordo, fechado em junho de 2019, vem sendo negociado há 20 anos, mas ganhou impulso durante a gestão Michel Temer, quando o então presidente brasileiro e o argentino Mauricio Macri aceleraram as tratativas com os europeus. No primeiro semestre do governo Bolsonaro, ele foi fechado.

“Herdamos o acordo do governo passado, que vocês conhecem”, disse Lula sem citar nominalmente o ex-presidente. “A versão era inaceitável, nos tratava como inferiores, eu diria até que nos tratava como se nós fossemos colonizados ainda.”

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O acordo atualmente passa por uma revisão técnica - processo que abriu caminho para as novas exigências dos dois lados. A Europa cobra mais compromisso com o meio ambiente e o Brasil quer garantias para sua política industrial.

Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva speaks during the 63rd Mercosur Summit, in Rio de Janeiro, Brazil, Thursday, Dec. 7, 2023. (AP Photo/Silvia Izquierdo) Foto: AP / AP

No discurso de hoje, Lula ainda voltou a defender a necessidade de não abrir mão da questão das compras governamentais, que, segundo ele, não deveriam ser abertas aos europeus.

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“Eu disse era inaceitável aquela carta, com as palavras que eles colocavam para nós. Depois eles mudaram a carta, mas não mudam nada na questão industrial”, reclamou o petista. “Todo mundo sabe que as compras governamentais são muito importantes para um país se desenvolver e não dá para gente abrir do jeito que eles queriam que a gente abrisse”, afirmou.

O presidente pretendia concluir a negociação com a União Europeia nesta Cúpula, mas a Argentina resistiu em assinar o acordo às vésperas da posse do libertário Javier Milei, marcada para domingo, 10. Para piorar o cenário, o presidente francês Emmanuel Macron chamou o acordo de “antiquado” às margens da COP28, em Dubai, a viagem que Lula queria usar para avançar nas conversas com representantes europeus.

Lula disse que “fez um apelo para que Macron deixasse de ser tão protecionista” e lembrou que os antigos governos da França tinham a mesma posição. Ainda segundo o presidente, o chanceler alemão Olaf Scholz se comprometeu em tentar convencer o líder francês durante o encontro que tiveram em Berlim no fim de semana, mas não deu retorno: “significa que ele também não conseguiu”, concluiu Lulqa.

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‘Hermanos’

Lula aproveitou a Cúpula do Mercosul para se despedir do presidente argentino Alberto Fernández. Em três dias, o peronista dará lugar ao libertário Javier Milei, um crítico do petista que agora dá sinais de moderação.

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Lula começou o discurso dizendo que a Cúpula do Rio marca a despedida de Fernández e a chegada de um novo presidente argentino. Depois, ele voltou a falar da troca de comando na Casa Rosada e se disse “pessoalmente triste” com a saída de Fernández a quem chamou de amigo e lembrou da visita que ele fez a Lula na prisão, em 2019. Na época, o peronista ainda era candidato à eleição na Argentina e liderava a disputa.

“Temos uma relação de amizade”, disse Lula. “Nunca esqueço o geste dele ao ir me visitar na sede da Polícia Federal em 2018 (na verdade, foi em 2019). Esse gesto de Alberto Fernández eu nunca vou esquecer, vou guardar para o resto de nossas vidas”, reafirmou.

ENVIADA ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a versão do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia de 2019, ainda no governo Jair Bolsonaro para justificar o atraso na finalização do pacto, esperado para a Cúpula do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira,7. Em discurso na cúpula, o petista criticou o protecionismo dos europeus e o texto “herdado” do governo anterior.

O acordo, fechado em junho de 2019, vem sendo negociado há 20 anos, mas ganhou impulso durante a gestão Michel Temer, quando o então presidente brasileiro e o argentino Mauricio Macri aceleraram as tratativas com os europeus. No primeiro semestre do governo Bolsonaro, ele foi fechado.

“Herdamos o acordo do governo passado, que vocês conhecem”, disse Lula sem citar nominalmente o ex-presidente. “A versão era inaceitável, nos tratava como inferiores, eu diria até que nos tratava como se nós fossemos colonizados ainda.”

O acordo atualmente passa por uma revisão técnica - processo que abriu caminho para as novas exigências dos dois lados. A Europa cobra mais compromisso com o meio ambiente e o Brasil quer garantias para sua política industrial.

Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva speaks during the 63rd Mercosur Summit, in Rio de Janeiro, Brazil, Thursday, Dec. 7, 2023. (AP Photo/Silvia Izquierdo) Foto: AP / AP

No discurso de hoje, Lula ainda voltou a defender a necessidade de não abrir mão da questão das compras governamentais, que, segundo ele, não deveriam ser abertas aos europeus.

“Eu disse era inaceitável aquela carta, com as palavras que eles colocavam para nós. Depois eles mudaram a carta, mas não mudam nada na questão industrial”, reclamou o petista. “Todo mundo sabe que as compras governamentais são muito importantes para um país se desenvolver e não dá para gente abrir do jeito que eles queriam que a gente abrisse”, afirmou.

O presidente pretendia concluir a negociação com a União Europeia nesta Cúpula, mas a Argentina resistiu em assinar o acordo às vésperas da posse do libertário Javier Milei, marcada para domingo, 10. Para piorar o cenário, o presidente francês Emmanuel Macron chamou o acordo de “antiquado” às margens da COP28, em Dubai, a viagem que Lula queria usar para avançar nas conversas com representantes europeus.

Lula disse que “fez um apelo para que Macron deixasse de ser tão protecionista” e lembrou que os antigos governos da França tinham a mesma posição. Ainda segundo o presidente, o chanceler alemão Olaf Scholz se comprometeu em tentar convencer o líder francês durante o encontro que tiveram em Berlim no fim de semana, mas não deu retorno: “significa que ele também não conseguiu”, concluiu Lulqa.

‘Hermanos’

Lula aproveitou a Cúpula do Mercosul para se despedir do presidente argentino Alberto Fernández. Em três dias, o peronista dará lugar ao libertário Javier Milei, um crítico do petista que agora dá sinais de moderação.

Lula começou o discurso dizendo que a Cúpula do Rio marca a despedida de Fernández e a chegada de um novo presidente argentino. Depois, ele voltou a falar da troca de comando na Casa Rosada e se disse “pessoalmente triste” com a saída de Fernández a quem chamou de amigo e lembrou da visita que ele fez a Lula na prisão, em 2019. Na época, o peronista ainda era candidato à eleição na Argentina e liderava a disputa.

“Temos uma relação de amizade”, disse Lula. “Nunca esqueço o geste dele ao ir me visitar na sede da Polícia Federal em 2018 (na verdade, foi em 2019). Esse gesto de Alberto Fernández eu nunca vou esquecer, vou guardar para o resto de nossas vidas”, reafirmou.

ENVIADA ESPECIAL AO RIO DE JANEIRO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a versão do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia de 2019, ainda no governo Jair Bolsonaro para justificar o atraso na finalização do pacto, esperado para a Cúpula do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira,7. Em discurso na cúpula, o petista criticou o protecionismo dos europeus e o texto “herdado” do governo anterior.

O acordo, fechado em junho de 2019, vem sendo negociado há 20 anos, mas ganhou impulso durante a gestão Michel Temer, quando o então presidente brasileiro e o argentino Mauricio Macri aceleraram as tratativas com os europeus. No primeiro semestre do governo Bolsonaro, ele foi fechado.

“Herdamos o acordo do governo passado, que vocês conhecem”, disse Lula sem citar nominalmente o ex-presidente. “A versão era inaceitável, nos tratava como inferiores, eu diria até que nos tratava como se nós fossemos colonizados ainda.”

O acordo atualmente passa por uma revisão técnica - processo que abriu caminho para as novas exigências dos dois lados. A Europa cobra mais compromisso com o meio ambiente e o Brasil quer garantias para sua política industrial.

Brazilian President Luiz Inacio Lula da Silva speaks during the 63rd Mercosur Summit, in Rio de Janeiro, Brazil, Thursday, Dec. 7, 2023. (AP Photo/Silvia Izquierdo) Foto: AP / AP

No discurso de hoje, Lula ainda voltou a defender a necessidade de não abrir mão da questão das compras governamentais, que, segundo ele, não deveriam ser abertas aos europeus.

“Eu disse era inaceitável aquela carta, com as palavras que eles colocavam para nós. Depois eles mudaram a carta, mas não mudam nada na questão industrial”, reclamou o petista. “Todo mundo sabe que as compras governamentais são muito importantes para um país se desenvolver e não dá para gente abrir do jeito que eles queriam que a gente abrisse”, afirmou.

O presidente pretendia concluir a negociação com a União Europeia nesta Cúpula, mas a Argentina resistiu em assinar o acordo às vésperas da posse do libertário Javier Milei, marcada para domingo, 10. Para piorar o cenário, o presidente francês Emmanuel Macron chamou o acordo de “antiquado” às margens da COP28, em Dubai, a viagem que Lula queria usar para avançar nas conversas com representantes europeus.

Lula disse que “fez um apelo para que Macron deixasse de ser tão protecionista” e lembrou que os antigos governos da França tinham a mesma posição. Ainda segundo o presidente, o chanceler alemão Olaf Scholz se comprometeu em tentar convencer o líder francês durante o encontro que tiveram em Berlim no fim de semana, mas não deu retorno: “significa que ele também não conseguiu”, concluiu Lulqa.

‘Hermanos’

Lula aproveitou a Cúpula do Mercosul para se despedir do presidente argentino Alberto Fernández. Em três dias, o peronista dará lugar ao libertário Javier Milei, um crítico do petista que agora dá sinais de moderação.

Lula começou o discurso dizendo que a Cúpula do Rio marca a despedida de Fernández e a chegada de um novo presidente argentino. Depois, ele voltou a falar da troca de comando na Casa Rosada e se disse “pessoalmente triste” com a saída de Fernández a quem chamou de amigo e lembrou da visita que ele fez a Lula na prisão, em 2019. Na época, o peronista ainda era candidato à eleição na Argentina e liderava a disputa.

“Temos uma relação de amizade”, disse Lula. “Nunca esqueço o geste dele ao ir me visitar na sede da Polícia Federal em 2018 (na verdade, foi em 2019). Esse gesto de Alberto Fernández eu nunca vou esquecer, vou guardar para o resto de nossas vidas”, reafirmou.

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