Lula cita mortes no RS e culpa ‘descompromisso’ ambiental por ‘emergência climática sem precedentes’


Presidente reage após cobranças por não ter visitado região atingida por ciclone extratropical e chega ao G-20 ao lado da primeira-dama

Por Felipe Frazão
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva associou neste sábado, dia 9, o descompromisso com o meio ambiente à “emergência climática sem precedentes” no planeta. Pressionado, o presidente citou as mais de 40 mortes no Brasil, decorrentes de enchentes provocadas por um ciclone extratropical que atingiu principalmente o Rio Grande do Sul.

“O descompromisso com o meio ambiente nos leva a uma emergência climática sem precedentes. Agora mesmo no Brasil, o Estado do Rio Grande do Sul foi atingido por um ciclone que deixou milhares de desabrigados e dezenas de vítimas fatais”, disse Lula, no G-20. “Se não agirmos com sentido de urgência, esses impactos serão irreversíveis. Os efeitos da mudança do clima não são sentidos por todos da mesma forma. São os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes, os mais impactados.”

Lula e Janja são recebidos por indianos no hotel Taj Palace, em Nova Délhi, após críticas no Brasil Foto: Ricardo Stuckert/PR Foto: Ricardo Stuckert/PR
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Lula discursou na abertura da 18ª Cúpula do G-20 o grupo das principais economias do mundo, na Índia. Foi o primeiro de três discursos dele, previstos até o fim da cúpula neste domingo, dia 10.

O presidente reagiu à repercussão negativa de não ter visitado o Rio Grande do Sul e vistoriado ações de Defesa Civil, bem como o socorro às vítimas e familiares dos mortos, antes de decolar rumo à Índia. A decisão do presidente provocou críticas ao petista.

O governo federal reconheceu o estado de calamidade pública em 79 municípios gaúchos, onde ocorreram alagamentos, tempestades, granizo, inundações e vendavais. Uma pessoa morreu em Santa Catarina e 41 no Rio Grande do Sul. Há ao menos 46 desaparecidos. Cerca de 11 mil estão desabrigadas ou desalojadas. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que está no exercício da Presidência, viaja à região neste domingo.

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“Orientei o governo a estar de prontidão. Prontamente, o Geraldo Alckmin e os ministros e ministras do nosso governo formaram um comitê permanente de apoio ao Rio Grande do Sul. Estamos atuando em todas as frentes. Maquinário, tratores, distribuição de 20 mil cesta de alimentos e kits de saúde para cerca de 15 mil pessoas estão sendo disponibilizados. Além disso, o valor de R$ 800 por pessoa será disponibilizado às prefeituras para remediar os danos causados pelas fortes chuvas”, afirmou Lula.

O petista e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, haviam sido cobrados nas redes sociais. Janja chegou a publicar um vídeo no Instagram ao desembarcar em Nova Délhi. Alegre e gesticulando, ela dizia: “Namastê. Olá, Índia. Boa noite! Me segura, que eu já vou sair dançando”. Logo depois, ela apagou a gravação, ainda na pista do aeroporto. Janja havia publicado no X, antigo Twitter, que teria “muito tempo para tuitar”, durante as cercas de 20 horas de voo.

Nesta manhã, Lula deu um sinal de prestígio à primeira-dama. Foi o único chefe de Estado a entrar na sede do G-20 acompanhado e de mãos dadas com a mulher. Eles cruzaram o tapete vermelho juntos até cumprimentarem o anfitrião, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

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“Meu sorriso e minha alegria nunca significarão falta de empatia e solidariedade pelo próximo”, reagiu Janja, neste sábado, dia 9.

O Brasil vai assumir formalmente a presidência do G-20 em dezembro. Lula vai receber de Modi, simbolicamente, o comando do G-20 neste domingo. Ele disse que pretende lançar no grupo uma “Força Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima”.

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Diante dos demais líderes políticos, o presidente voltou a cobrar os chefes de Estado e de governo dos países ricos por supostamente transferirem responsabilidades a nações em desenvolvimento. Além disso, por não cumprirem a promessa de contribuir com U$ 100 bilhões, anualmente, para ações de mitigação das mudanças climáticas e preservação do meio ambiente, nos países pobres.

O presidente defendeu que a COP-28, Cúpula do Clima das Nações Unidas, realize uma avaliação global do Acordo de Paris e negocie “novas metas quantitativas”. A principal reunião climática do mundo será realizada entre novembro e dezembro, nos Emirados Árabes Unidos. A edição de 2025 será realizada em Belém (PA), por iniciativa do governo Lula.

“Queremos chegar na COP-30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada entre mitigação, adaptação, perdas e danos e financiamento, assegurando a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas. Esperamos contar com o engajamento de todos”, disse Lula. “De nada adiantará o mundo rico chegar às COPs do futuro vangloriando-se das suas reduções nas emissões de carbono se as responsabilidades continuarem sendo transferidas para o Sul Global.”

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O presidente reiterou a atualidade de um conceito clássico das negociações climáticas, sempre mencionado nas convenções estabelecidas multilateralmente, que reconhece “responsabilidades comuns” dos governos, porém “diferenciadas”. Esse princípio é um pilar da diplomacia verde exercida pelo Brasil e países menos desenvolvidos.

“Quem mais contribuiu historicamente para o aquecimento global deve arcar com os maiores custos de combatê-la. Esta é uma dívida acumulada ao longo de dois séculos. Desde a COP de Copenhague, os países ricos deveriam prover 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida”, cobrou o presidente. “Recursos não faltam. Ano passado, o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares em armas. Essa montanha de dinheiro poderia estar sendo canalizada para o desenvolvimento sustentável e a ação climática.”

Lula voltou a defender que as ações climáticas, para proteção e recuperação da biodiversidade, considerem os meios de vida de pessoas que moram em zonas de florestas tropicais, como a Amazônia, e gerem oportunidades de renda.

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“As energias renováveis, os biocombustíveis, a socio-bio-economia, a indústria verde e a agricultura de baixo carbono devem gerar empregos e renda, inclusive para as comunidades locais e tradicionais”, disse.

Desigualdades

No segundo discurso em Nova Délhi, Lula concentrou sua fala na necessidade de combate às diversas formas de desigualdade, que segundo ele dividem as pessoas. Ele afirmou que vai lançar no ano que vem uma Ação Global Contra a Fome. “Apesar de todos os esforços, nossa família está cada vez mais desunida. O que nos divide tem nome: é a desigualdade, e ela não para de crescer”, afirmou Lula.

O presidente citou o crescimento da disparidade de renda entre as camadas mais ricas da população e as mais pobres. Ele também pregou que os mais ricos devem pagar impostos proporcionais aos seus patrimônios. “O mundo desaprendeu a se indignar e normalizou o inaceitável”, afirmou o petista.

Segundo Lula, o crescimento econômico não reduziu disparidades, porque os recursos não chegaram às pessoas mais vulneráveis. O presidente disse ainda que a desigualdade é “socialmente construída” e que “o mercado continuou indiferente à discriminação contra mulheres, minorias raciais, LGBTQI+ e pessoas com deficiência”.

O presidente defendeu a adoação de políticas públicas “que contribuam para erradicar o racismo e o sexismo” da sociedade e o compartilhamento de novas tecnologia.

“As instituições financeiras internacionais devem funcionar a serviço do desenvolvimento, em vez de agravar o endividamento. As assimetrias se perpetuaram por nova formas de dependência econômica e financeira, regras e instituições injustas, compromissos não cumpridos”, disse o petista, em novo recado direiconado aos organismos financeiros multilaterais.

ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva associou neste sábado, dia 9, o descompromisso com o meio ambiente à “emergência climática sem precedentes” no planeta. Pressionado, o presidente citou as mais de 40 mortes no Brasil, decorrentes de enchentes provocadas por um ciclone extratropical que atingiu principalmente o Rio Grande do Sul.

“O descompromisso com o meio ambiente nos leva a uma emergência climática sem precedentes. Agora mesmo no Brasil, o Estado do Rio Grande do Sul foi atingido por um ciclone que deixou milhares de desabrigados e dezenas de vítimas fatais”, disse Lula, no G-20. “Se não agirmos com sentido de urgência, esses impactos serão irreversíveis. Os efeitos da mudança do clima não são sentidos por todos da mesma forma. São os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes, os mais impactados.”

Lula e Janja são recebidos por indianos no hotel Taj Palace, em Nova Délhi, após críticas no Brasil Foto: Ricardo Stuckert/PR Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula discursou na abertura da 18ª Cúpula do G-20 o grupo das principais economias do mundo, na Índia. Foi o primeiro de três discursos dele, previstos até o fim da cúpula neste domingo, dia 10.

O presidente reagiu à repercussão negativa de não ter visitado o Rio Grande do Sul e vistoriado ações de Defesa Civil, bem como o socorro às vítimas e familiares dos mortos, antes de decolar rumo à Índia. A decisão do presidente provocou críticas ao petista.

O governo federal reconheceu o estado de calamidade pública em 79 municípios gaúchos, onde ocorreram alagamentos, tempestades, granizo, inundações e vendavais. Uma pessoa morreu em Santa Catarina e 41 no Rio Grande do Sul. Há ao menos 46 desaparecidos. Cerca de 11 mil estão desabrigadas ou desalojadas. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que está no exercício da Presidência, viaja à região neste domingo.

“Orientei o governo a estar de prontidão. Prontamente, o Geraldo Alckmin e os ministros e ministras do nosso governo formaram um comitê permanente de apoio ao Rio Grande do Sul. Estamos atuando em todas as frentes. Maquinário, tratores, distribuição de 20 mil cesta de alimentos e kits de saúde para cerca de 15 mil pessoas estão sendo disponibilizados. Além disso, o valor de R$ 800 por pessoa será disponibilizado às prefeituras para remediar os danos causados pelas fortes chuvas”, afirmou Lula.

O petista e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, haviam sido cobrados nas redes sociais. Janja chegou a publicar um vídeo no Instagram ao desembarcar em Nova Délhi. Alegre e gesticulando, ela dizia: “Namastê. Olá, Índia. Boa noite! Me segura, que eu já vou sair dançando”. Logo depois, ela apagou a gravação, ainda na pista do aeroporto. Janja havia publicado no X, antigo Twitter, que teria “muito tempo para tuitar”, durante as cercas de 20 horas de voo.

Nesta manhã, Lula deu um sinal de prestígio à primeira-dama. Foi o único chefe de Estado a entrar na sede do G-20 acompanhado e de mãos dadas com a mulher. Eles cruzaram o tapete vermelho juntos até cumprimentarem o anfitrião, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

“Meu sorriso e minha alegria nunca significarão falta de empatia e solidariedade pelo próximo”, reagiu Janja, neste sábado, dia 9.

O Brasil vai assumir formalmente a presidência do G-20 em dezembro. Lula vai receber de Modi, simbolicamente, o comando do G-20 neste domingo. Ele disse que pretende lançar no grupo uma “Força Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima”.

Diante dos demais líderes políticos, o presidente voltou a cobrar os chefes de Estado e de governo dos países ricos por supostamente transferirem responsabilidades a nações em desenvolvimento. Além disso, por não cumprirem a promessa de contribuir com U$ 100 bilhões, anualmente, para ações de mitigação das mudanças climáticas e preservação do meio ambiente, nos países pobres.

O presidente defendeu que a COP-28, Cúpula do Clima das Nações Unidas, realize uma avaliação global do Acordo de Paris e negocie “novas metas quantitativas”. A principal reunião climática do mundo será realizada entre novembro e dezembro, nos Emirados Árabes Unidos. A edição de 2025 será realizada em Belém (PA), por iniciativa do governo Lula.

“Queremos chegar na COP-30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada entre mitigação, adaptação, perdas e danos e financiamento, assegurando a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas. Esperamos contar com o engajamento de todos”, disse Lula. “De nada adiantará o mundo rico chegar às COPs do futuro vangloriando-se das suas reduções nas emissões de carbono se as responsabilidades continuarem sendo transferidas para o Sul Global.”

O presidente reiterou a atualidade de um conceito clássico das negociações climáticas, sempre mencionado nas convenções estabelecidas multilateralmente, que reconhece “responsabilidades comuns” dos governos, porém “diferenciadas”. Esse princípio é um pilar da diplomacia verde exercida pelo Brasil e países menos desenvolvidos.

“Quem mais contribuiu historicamente para o aquecimento global deve arcar com os maiores custos de combatê-la. Esta é uma dívida acumulada ao longo de dois séculos. Desde a COP de Copenhague, os países ricos deveriam prover 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida”, cobrou o presidente. “Recursos não faltam. Ano passado, o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares em armas. Essa montanha de dinheiro poderia estar sendo canalizada para o desenvolvimento sustentável e a ação climática.”

Lula voltou a defender que as ações climáticas, para proteção e recuperação da biodiversidade, considerem os meios de vida de pessoas que moram em zonas de florestas tropicais, como a Amazônia, e gerem oportunidades de renda.

“As energias renováveis, os biocombustíveis, a socio-bio-economia, a indústria verde e a agricultura de baixo carbono devem gerar empregos e renda, inclusive para as comunidades locais e tradicionais”, disse.

Desigualdades

No segundo discurso em Nova Délhi, Lula concentrou sua fala na necessidade de combate às diversas formas de desigualdade, que segundo ele dividem as pessoas. Ele afirmou que vai lançar no ano que vem uma Ação Global Contra a Fome. “Apesar de todos os esforços, nossa família está cada vez mais desunida. O que nos divide tem nome: é a desigualdade, e ela não para de crescer”, afirmou Lula.

O presidente citou o crescimento da disparidade de renda entre as camadas mais ricas da população e as mais pobres. Ele também pregou que os mais ricos devem pagar impostos proporcionais aos seus patrimônios. “O mundo desaprendeu a se indignar e normalizou o inaceitável”, afirmou o petista.

Segundo Lula, o crescimento econômico não reduziu disparidades, porque os recursos não chegaram às pessoas mais vulneráveis. O presidente disse ainda que a desigualdade é “socialmente construída” e que “o mercado continuou indiferente à discriminação contra mulheres, minorias raciais, LGBTQI+ e pessoas com deficiência”.

O presidente defendeu a adoação de políticas públicas “que contribuam para erradicar o racismo e o sexismo” da sociedade e o compartilhamento de novas tecnologia.

“As instituições financeiras internacionais devem funcionar a serviço do desenvolvimento, em vez de agravar o endividamento. As assimetrias se perpetuaram por nova formas de dependência econômica e financeira, regras e instituições injustas, compromissos não cumpridos”, disse o petista, em novo recado direiconado aos organismos financeiros multilaterais.

ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLHI - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva associou neste sábado, dia 9, o descompromisso com o meio ambiente à “emergência climática sem precedentes” no planeta. Pressionado, o presidente citou as mais de 40 mortes no Brasil, decorrentes de enchentes provocadas por um ciclone extratropical que atingiu principalmente o Rio Grande do Sul.

“O descompromisso com o meio ambiente nos leva a uma emergência climática sem precedentes. Agora mesmo no Brasil, o Estado do Rio Grande do Sul foi atingido por um ciclone que deixou milhares de desabrigados e dezenas de vítimas fatais”, disse Lula, no G-20. “Se não agirmos com sentido de urgência, esses impactos serão irreversíveis. Os efeitos da mudança do clima não são sentidos por todos da mesma forma. São os mais pobres, mulheres, indígenas, idosos, crianças, jovens e migrantes, os mais impactados.”

Lula e Janja são recebidos por indianos no hotel Taj Palace, em Nova Délhi, após críticas no Brasil Foto: Ricardo Stuckert/PR Foto: Ricardo Stuckert/PR

Lula discursou na abertura da 18ª Cúpula do G-20 o grupo das principais economias do mundo, na Índia. Foi o primeiro de três discursos dele, previstos até o fim da cúpula neste domingo, dia 10.

O presidente reagiu à repercussão negativa de não ter visitado o Rio Grande do Sul e vistoriado ações de Defesa Civil, bem como o socorro às vítimas e familiares dos mortos, antes de decolar rumo à Índia. A decisão do presidente provocou críticas ao petista.

O governo federal reconheceu o estado de calamidade pública em 79 municípios gaúchos, onde ocorreram alagamentos, tempestades, granizo, inundações e vendavais. Uma pessoa morreu em Santa Catarina e 41 no Rio Grande do Sul. Há ao menos 46 desaparecidos. Cerca de 11 mil estão desabrigadas ou desalojadas. O vice-presidente Geraldo Alckmin, que está no exercício da Presidência, viaja à região neste domingo.

“Orientei o governo a estar de prontidão. Prontamente, o Geraldo Alckmin e os ministros e ministras do nosso governo formaram um comitê permanente de apoio ao Rio Grande do Sul. Estamos atuando em todas as frentes. Maquinário, tratores, distribuição de 20 mil cesta de alimentos e kits de saúde para cerca de 15 mil pessoas estão sendo disponibilizados. Além disso, o valor de R$ 800 por pessoa será disponibilizado às prefeituras para remediar os danos causados pelas fortes chuvas”, afirmou Lula.

O petista e a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, haviam sido cobrados nas redes sociais. Janja chegou a publicar um vídeo no Instagram ao desembarcar em Nova Délhi. Alegre e gesticulando, ela dizia: “Namastê. Olá, Índia. Boa noite! Me segura, que eu já vou sair dançando”. Logo depois, ela apagou a gravação, ainda na pista do aeroporto. Janja havia publicado no X, antigo Twitter, que teria “muito tempo para tuitar”, durante as cercas de 20 horas de voo.

Nesta manhã, Lula deu um sinal de prestígio à primeira-dama. Foi o único chefe de Estado a entrar na sede do G-20 acompanhado e de mãos dadas com a mulher. Eles cruzaram o tapete vermelho juntos até cumprimentarem o anfitrião, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi.

“Meu sorriso e minha alegria nunca significarão falta de empatia e solidariedade pelo próximo”, reagiu Janja, neste sábado, dia 9.

O Brasil vai assumir formalmente a presidência do G-20 em dezembro. Lula vai receber de Modi, simbolicamente, o comando do G-20 neste domingo. Ele disse que pretende lançar no grupo uma “Força Tarefa para Mobilização Global contra a Mudança do Clima”.

Diante dos demais líderes políticos, o presidente voltou a cobrar os chefes de Estado e de governo dos países ricos por supostamente transferirem responsabilidades a nações em desenvolvimento. Além disso, por não cumprirem a promessa de contribuir com U$ 100 bilhões, anualmente, para ações de mitigação das mudanças climáticas e preservação do meio ambiente, nos países pobres.

O presidente defendeu que a COP-28, Cúpula do Clima das Nações Unidas, realize uma avaliação global do Acordo de Paris e negocie “novas metas quantitativas”. A principal reunião climática do mundo será realizada entre novembro e dezembro, nos Emirados Árabes Unidos. A edição de 2025 será realizada em Belém (PA), por iniciativa do governo Lula.

“Queremos chegar na COP-30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada entre mitigação, adaptação, perdas e danos e financiamento, assegurando a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas. Esperamos contar com o engajamento de todos”, disse Lula. “De nada adiantará o mundo rico chegar às COPs do futuro vangloriando-se das suas reduções nas emissões de carbono se as responsabilidades continuarem sendo transferidas para o Sul Global.”

O presidente reiterou a atualidade de um conceito clássico das negociações climáticas, sempre mencionado nas convenções estabelecidas multilateralmente, que reconhece “responsabilidades comuns” dos governos, porém “diferenciadas”. Esse princípio é um pilar da diplomacia verde exercida pelo Brasil e países menos desenvolvidos.

“Quem mais contribuiu historicamente para o aquecimento global deve arcar com os maiores custos de combatê-la. Esta é uma dívida acumulada ao longo de dois séculos. Desde a COP de Copenhague, os países ricos deveriam prover 100 bilhões de dólares por ano em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida”, cobrou o presidente. “Recursos não faltam. Ano passado, o mundo gastou 2,24 trilhões de dólares em armas. Essa montanha de dinheiro poderia estar sendo canalizada para o desenvolvimento sustentável e a ação climática.”

Lula voltou a defender que as ações climáticas, para proteção e recuperação da biodiversidade, considerem os meios de vida de pessoas que moram em zonas de florestas tropicais, como a Amazônia, e gerem oportunidades de renda.

“As energias renováveis, os biocombustíveis, a socio-bio-economia, a indústria verde e a agricultura de baixo carbono devem gerar empregos e renda, inclusive para as comunidades locais e tradicionais”, disse.

Desigualdades

No segundo discurso em Nova Délhi, Lula concentrou sua fala na necessidade de combate às diversas formas de desigualdade, que segundo ele dividem as pessoas. Ele afirmou que vai lançar no ano que vem uma Ação Global Contra a Fome. “Apesar de todos os esforços, nossa família está cada vez mais desunida. O que nos divide tem nome: é a desigualdade, e ela não para de crescer”, afirmou Lula.

O presidente citou o crescimento da disparidade de renda entre as camadas mais ricas da população e as mais pobres. Ele também pregou que os mais ricos devem pagar impostos proporcionais aos seus patrimônios. “O mundo desaprendeu a se indignar e normalizou o inaceitável”, afirmou o petista.

Segundo Lula, o crescimento econômico não reduziu disparidades, porque os recursos não chegaram às pessoas mais vulneráveis. O presidente disse ainda que a desigualdade é “socialmente construída” e que “o mercado continuou indiferente à discriminação contra mulheres, minorias raciais, LGBTQI+ e pessoas com deficiência”.

O presidente defendeu a adoação de políticas públicas “que contribuam para erradicar o racismo e o sexismo” da sociedade e o compartilhamento de novas tecnologia.

“As instituições financeiras internacionais devem funcionar a serviço do desenvolvimento, em vez de agravar o endividamento. As assimetrias se perpetuaram por nova formas de dependência econômica e financeira, regras e instituições injustas, compromissos não cumpridos”, disse o petista, em novo recado direiconado aos organismos financeiros multilaterais.

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