BRASÍLIA E NOVA YORK – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou o governo do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, na atuação na guerra do Oriente Médio, e cobrou que os países que apoiam a nação israelense façam “esforço maior” para que o “genocídio” na região acabe.
Segundo Lula, o mundo não pode aceitar “com normalidade” os conflitos que acometem a Faixa de Gaza, o Líbano e a Cisjordânia. Lula também comparou a situação de Netanyahu com a do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ambos com mandado de prisão por crimes de guerra emitidos pelo Tribunal Penal Internacional (TPI).
“É importante lembrar que o primeiro-ministro Netanyahu foi julgado pelo Tribunal Internacional que julgou Putin; está condenado da mesma forma que o Putin. É importante lembrar que já foram feitas várias discussões aqui no Conselho de Segurança da ONU, várias tentativas de paz e de cessar-fogo foram aprovadas, e que ele [Netanyahu] não cumpre. Simplesmente não cumpre”, declarou o presidente em coletiva de imprensa realizada em Nova York após ter participado de atividades relativas à Assembleia-Geral da ONU nesta quarta-feira, 25.
O presidente classificou a guerra na Faixa de Gaza como “genocídio”, como fez em outras ocasiões.
Lula afirmou que o fortalecimento da ONU será importante para que o órgão seja um instrumento que tenha força para tomar decisão “e as coisas acontecerem”. Em seguida, ele criticou os países que “dão sustentação” aos discursos do primeiro-ministro israelense e pediu atuação de tais nações para acabar com o conflito.
“Eu, sinceramente, acho que os países que dão sustentação aos discursos do primeiro-ministro Netanyahu precisam começar a fazer um esforço maior para que esse genocídio pare”, afirmou. “Eu condeno de forma veemente esse comportamento do governo de Israel, porque tenho certeza de que a maioria do povo de Israel não concorda com esse genocídio.”
O brasileiro também citou os mortos nos bombardeios israelenses no Líbano esta semana. Segundo o Ministério de Saúde do Líbano, cerca de 560 pessoas morreram nos ataques da segunda-feira, o dia mais mortal para o país desde o fim da guerra civil em 1990. O número inclui ao 50 crianças e 94 mulheres, informaram organizações de direitos humanos que atuam no país.
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Lula também disse que o Brasil está “brigando” para libertar os reféns do grupo terrorista Hamas. “Não tem sentido fazer refém pessoas inocentes. E é importante que o Hamas contribua (...), liberar os reféns para que as coisas voltem ao normal”, disse. “Acho que a humanidade não pode conviver e aceitar com normalidade o que está acontecendo em Israel, o que está acontecendo na Faixa de Gaza, o que está acontecendo no Líbano, o que está acontecendo na Cisjordânia ocupada”, afirmou.
As declarações do presidente acontecem no dia seguinte ao seu discurso de abertura na Assembleia-Geral, onde condenou a guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas e a milícia xiita radical libanesa Hezbollah. Lula disse que o conflito começou como “ação terrorista de fanáticos contra civis israelenses inocentes” e terminou em “punição coletiva” de Israel contra os palestinos, em que o direito de defesa se tornou “o direito de vingança”.
O discurso foi criticado pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), que considerou-o “desequilibrado”. “O presidente mostra simpatia com vítimas do conflito em Gaza e no Líbano, mas ignora as vítimas de Israel”, diz a entidade em nota. O texto ressalta que Lula “esquece” que as organizações terroristas foram responsáveis pelo início dos combates. “Esquece que Israel está se defendendo.”