Lula diz que não reconhece vitória de Maduro e fala em novas eleições na Venezuela


Presidente afirmou que Maduro poderia ter ‘bom senso’ para sair de crise política interna

Por Caio Spechoto e Sofia Aguiar
Atualização:

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira, 15, que ainda não reconhece Nicolás Maduro como presidente reeleito na Venezuela. Lula também mencionou publicamente pela primeira vez a ideia de novas eleições no país vizinho se Maduro “tiver bom senso”, mas observou que não é “fácil, nem bom” o presidente de um país dar palpite na política de outra nação.

O petista deu as declarações em entrevista à Rádio T, em Curitiba. O presidente está no Paraná para uma série de compromissos na região metropolitana da capital do Estado. “Se ele [Maduro] tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições”, declarou.

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A ideia de uma nova eleição na Venezuela foi defendida também pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mas é vista com ceticismo pela maioria da comunidade internacional. O próprio chavismo rejeitou a ideia. “É uma estupidez”, afirmou o número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, sobre a ideia. “Não vamos repetir eleições coisa nenhuma”, disse o vice-presidente do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), a legenda que controla o Estado venezuelano. “Um segundo turno? Na Venezuela não há segundo turno. Senhores... Não se metam nos assuntos internos da Venezuela que vamos respondê-los”.

Opositores também rejeitam a possibilidade de uma nova eleição, e consideram que a aprsentação de atas, a esta altura, estaria sujeita a novas fraudes. “Eu pergunto a vocês. Se não agradar o resultado de uma segunda eleição, vamos por uma terceira? Uma quarta? Uma quinta? Vocês aceitariam isso em seu país?”, disse María Corina Machado em uma coletiva de imprensa. “Propor isso é desconhecer o que aconteceu em 28 de julho, é um desrespeitos aos venezuelanos”, completou.

De acordo com o presidente, os problemas nas eleições venezuelanas começaram a ser observadas pelo Brasil após as votações pela não publicação das atas eleitorais. O petista disse que Maduro está devendo explicações sobre isso. “Ainda não [reconheço o resultado], ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo”, declarou Lula.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião ministerial em Brasília, em 14 de agosto Foto: Eraldo Peres/AP

O presidente disse que também não é possível reconhecer vitória dos opositores do chavismo, por falta de dados concretos. Lula voltou a afirmar que é necessário divulgar os dados eleitorais do país. Duas semanas depois do pleito, cresce entre atores internacionais - e mesmo no governo brasileiro - o ceticismo com a possibilidade de divulgação real das atas.

As eleições venezuelanas foram em 28 de julho. Sem divulgar as atas eleitorais, essenciais para a transparência do processo eleitoral, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou a reeleição de Maduro por 52% a 43% de Edmundo González Urrutia. Já a oposição coletou e publicou online cópias de 25 mil atas eleitorais (82% do total das mesas) e disse que sua contagem dá vitória ao desafiante, por margem inatingível para Maduro.

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Apurações independentes de pelo menos três organizações - duas delas feitas com base nas atas coletadas pela oposição - indicam que o adversário de Maduro, Edmundo González Urrutia, recebeu pelo menos meio milhão de votos a mais que o contabilizado.

Lula afirmou ainda que há várias saídas para a crise política no país vizinho e que trabalha junto com o governo de Gustavo Petro na Colômbia para encontrar uma solução. Uma delas seria um governo de coalizão, entre o chavismo e os opositores. Outra, também citada pelo petista, seria uma nova eleição. “[Maduro pode] estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo, e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições”, declarou o presidente brasileiro.

Discussão a porta fechadas

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A ideia de sugerir novas eleições na Venezuela foi discutida por integrantes do governo Lula a portas fechadas nos últimos dias. Pela ideia em debate, seria promovido uma espécie de “segundo turno” somente entre o Nicolás Maduro e o opositor Edmundo González.

A realização da nova votação dependeria de outro acordo entre as forças políticas venezuelanas e de determinadas condições, como a ampla presença de comitivas de observação internacionais, a promessa de anistia política aos perdedores - algo já defendido pela Colômbia - e o relaxamento das sanções contra o regime chavista.

O jornal Valor Econômico noticiou que o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula, fez a sugestão a Lula e que o presidente a reproduziu verbalmente, durante a reunião ministerial realizada na quinta-feira passada, dia 8, no Palácio do Planalto.

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O Estadão confirmou com a equipe de Amorim que a ideia está em discussão, tendo sido aventada por outros interlocutores do presidente. A possibilidade de realizar novas eleições ainda depende de ser mais elaborada. A Assessoria Especial da Presidência ponderou que não se trata, por enquanto, de uma proposta formal a ser apresentada pelo País.

“É como se fosse um segundo turno das eleições”, afirmou Amorim ao Valor. “Essa ideia não é nova, existe desde o início do problema. Se quiserem negociar um pacote em torno dessas coisas, com o fim das sanções, é possível fazer uma espécie de segundo turno, com um bom acompanhamento internacional.”

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira, 15, que ainda não reconhece Nicolás Maduro como presidente reeleito na Venezuela. Lula também mencionou publicamente pela primeira vez a ideia de novas eleições no país vizinho se Maduro “tiver bom senso”, mas observou que não é “fácil, nem bom” o presidente de um país dar palpite na política de outra nação.

O petista deu as declarações em entrevista à Rádio T, em Curitiba. O presidente está no Paraná para uma série de compromissos na região metropolitana da capital do Estado. “Se ele [Maduro] tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições”, declarou.

A ideia de uma nova eleição na Venezuela foi defendida também pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mas é vista com ceticismo pela maioria da comunidade internacional. O próprio chavismo rejeitou a ideia. “É uma estupidez”, afirmou o número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, sobre a ideia. “Não vamos repetir eleições coisa nenhuma”, disse o vice-presidente do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), a legenda que controla o Estado venezuelano. “Um segundo turno? Na Venezuela não há segundo turno. Senhores... Não se metam nos assuntos internos da Venezuela que vamos respondê-los”.

Opositores também rejeitam a possibilidade de uma nova eleição, e consideram que a aprsentação de atas, a esta altura, estaria sujeita a novas fraudes. “Eu pergunto a vocês. Se não agradar o resultado de uma segunda eleição, vamos por uma terceira? Uma quarta? Uma quinta? Vocês aceitariam isso em seu país?”, disse María Corina Machado em uma coletiva de imprensa. “Propor isso é desconhecer o que aconteceu em 28 de julho, é um desrespeitos aos venezuelanos”, completou.

De acordo com o presidente, os problemas nas eleições venezuelanas começaram a ser observadas pelo Brasil após as votações pela não publicação das atas eleitorais. O petista disse que Maduro está devendo explicações sobre isso. “Ainda não [reconheço o resultado], ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo”, declarou Lula.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião ministerial em Brasília, em 14 de agosto Foto: Eraldo Peres/AP

O presidente disse que também não é possível reconhecer vitória dos opositores do chavismo, por falta de dados concretos. Lula voltou a afirmar que é necessário divulgar os dados eleitorais do país. Duas semanas depois do pleito, cresce entre atores internacionais - e mesmo no governo brasileiro - o ceticismo com a possibilidade de divulgação real das atas.

As eleições venezuelanas foram em 28 de julho. Sem divulgar as atas eleitorais, essenciais para a transparência do processo eleitoral, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou a reeleição de Maduro por 52% a 43% de Edmundo González Urrutia. Já a oposição coletou e publicou online cópias de 25 mil atas eleitorais (82% do total das mesas) e disse que sua contagem dá vitória ao desafiante, por margem inatingível para Maduro.

Apurações independentes de pelo menos três organizações - duas delas feitas com base nas atas coletadas pela oposição - indicam que o adversário de Maduro, Edmundo González Urrutia, recebeu pelo menos meio milhão de votos a mais que o contabilizado.

Lula afirmou ainda que há várias saídas para a crise política no país vizinho e que trabalha junto com o governo de Gustavo Petro na Colômbia para encontrar uma solução. Uma delas seria um governo de coalizão, entre o chavismo e os opositores. Outra, também citada pelo petista, seria uma nova eleição. “[Maduro pode] estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo, e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições”, declarou o presidente brasileiro.

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A ideia de sugerir novas eleições na Venezuela foi discutida por integrantes do governo Lula a portas fechadas nos últimos dias. Pela ideia em debate, seria promovido uma espécie de “segundo turno” somente entre o Nicolás Maduro e o opositor Edmundo González.

A realização da nova votação dependeria de outro acordo entre as forças políticas venezuelanas e de determinadas condições, como a ampla presença de comitivas de observação internacionais, a promessa de anistia política aos perdedores - algo já defendido pela Colômbia - e o relaxamento das sanções contra o regime chavista.

O jornal Valor Econômico noticiou que o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula, fez a sugestão a Lula e que o presidente a reproduziu verbalmente, durante a reunião ministerial realizada na quinta-feira passada, dia 8, no Palácio do Planalto.

O Estadão confirmou com a equipe de Amorim que a ideia está em discussão, tendo sido aventada por outros interlocutores do presidente. A possibilidade de realizar novas eleições ainda depende de ser mais elaborada. A Assessoria Especial da Presidência ponderou que não se trata, por enquanto, de uma proposta formal a ser apresentada pelo País.

“É como se fosse um segundo turno das eleições”, afirmou Amorim ao Valor. “Essa ideia não é nova, existe desde o início do problema. Se quiserem negociar um pacote em torno dessas coisas, com o fim das sanções, é possível fazer uma espécie de segundo turno, com um bom acompanhamento internacional.”

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira, 15, que ainda não reconhece Nicolás Maduro como presidente reeleito na Venezuela. Lula também mencionou publicamente pela primeira vez a ideia de novas eleições no país vizinho se Maduro “tiver bom senso”, mas observou que não é “fácil, nem bom” o presidente de um país dar palpite na política de outra nação.

O petista deu as declarações em entrevista à Rádio T, em Curitiba. O presidente está no Paraná para uma série de compromissos na região metropolitana da capital do Estado. “Se ele [Maduro] tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições”, declarou.

A ideia de uma nova eleição na Venezuela foi defendida também pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mas é vista com ceticismo pela maioria da comunidade internacional. O próprio chavismo rejeitou a ideia. “É uma estupidez”, afirmou o número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, sobre a ideia. “Não vamos repetir eleições coisa nenhuma”, disse o vice-presidente do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), a legenda que controla o Estado venezuelano. “Um segundo turno? Na Venezuela não há segundo turno. Senhores... Não se metam nos assuntos internos da Venezuela que vamos respondê-los”.

Opositores também rejeitam a possibilidade de uma nova eleição, e consideram que a aprsentação de atas, a esta altura, estaria sujeita a novas fraudes. “Eu pergunto a vocês. Se não agradar o resultado de uma segunda eleição, vamos por uma terceira? Uma quarta? Uma quinta? Vocês aceitariam isso em seu país?”, disse María Corina Machado em uma coletiva de imprensa. “Propor isso é desconhecer o que aconteceu em 28 de julho, é um desrespeitos aos venezuelanos”, completou.

De acordo com o presidente, os problemas nas eleições venezuelanas começaram a ser observadas pelo Brasil após as votações pela não publicação das atas eleitorais. O petista disse que Maduro está devendo explicações sobre isso. “Ainda não [reconheço o resultado], ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo”, declarou Lula.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião ministerial em Brasília, em 14 de agosto Foto: Eraldo Peres/AP

O presidente disse que também não é possível reconhecer vitória dos opositores do chavismo, por falta de dados concretos. Lula voltou a afirmar que é necessário divulgar os dados eleitorais do país. Duas semanas depois do pleito, cresce entre atores internacionais - e mesmo no governo brasileiro - o ceticismo com a possibilidade de divulgação real das atas.

As eleições venezuelanas foram em 28 de julho. Sem divulgar as atas eleitorais, essenciais para a transparência do processo eleitoral, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou a reeleição de Maduro por 52% a 43% de Edmundo González Urrutia. Já a oposição coletou e publicou online cópias de 25 mil atas eleitorais (82% do total das mesas) e disse que sua contagem dá vitória ao desafiante, por margem inatingível para Maduro.

Apurações independentes de pelo menos três organizações - duas delas feitas com base nas atas coletadas pela oposição - indicam que o adversário de Maduro, Edmundo González Urrutia, recebeu pelo menos meio milhão de votos a mais que o contabilizado.

Lula afirmou ainda que há várias saídas para a crise política no país vizinho e que trabalha junto com o governo de Gustavo Petro na Colômbia para encontrar uma solução. Uma delas seria um governo de coalizão, entre o chavismo e os opositores. Outra, também citada pelo petista, seria uma nova eleição. “[Maduro pode] estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo, e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições”, declarou o presidente brasileiro.

Discussão a porta fechadas

A ideia de sugerir novas eleições na Venezuela foi discutida por integrantes do governo Lula a portas fechadas nos últimos dias. Pela ideia em debate, seria promovido uma espécie de “segundo turno” somente entre o Nicolás Maduro e o opositor Edmundo González.

A realização da nova votação dependeria de outro acordo entre as forças políticas venezuelanas e de determinadas condições, como a ampla presença de comitivas de observação internacionais, a promessa de anistia política aos perdedores - algo já defendido pela Colômbia - e o relaxamento das sanções contra o regime chavista.

O jornal Valor Econômico noticiou que o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula, fez a sugestão a Lula e que o presidente a reproduziu verbalmente, durante a reunião ministerial realizada na quinta-feira passada, dia 8, no Palácio do Planalto.

O Estadão confirmou com a equipe de Amorim que a ideia está em discussão, tendo sido aventada por outros interlocutores do presidente. A possibilidade de realizar novas eleições ainda depende de ser mais elaborada. A Assessoria Especial da Presidência ponderou que não se trata, por enquanto, de uma proposta formal a ser apresentada pelo País.

“É como se fosse um segundo turno das eleições”, afirmou Amorim ao Valor. “Essa ideia não é nova, existe desde o início do problema. Se quiserem negociar um pacote em torno dessas coisas, com o fim das sanções, é possível fazer uma espécie de segundo turno, com um bom acompanhamento internacional.”

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta quinta-feira, 15, que ainda não reconhece Nicolás Maduro como presidente reeleito na Venezuela. Lula também mencionou publicamente pela primeira vez a ideia de novas eleições no país vizinho se Maduro “tiver bom senso”, mas observou que não é “fácil, nem bom” o presidente de um país dar palpite na política de outra nação.

O petista deu as declarações em entrevista à Rádio T, em Curitiba. O presidente está no Paraná para uma série de compromissos na região metropolitana da capital do Estado. “Se ele [Maduro] tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições”, declarou.

A ideia de uma nova eleição na Venezuela foi defendida também pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mas é vista com ceticismo pela maioria da comunidade internacional. O próprio chavismo rejeitou a ideia. “É uma estupidez”, afirmou o número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, sobre a ideia. “Não vamos repetir eleições coisa nenhuma”, disse o vice-presidente do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), a legenda que controla o Estado venezuelano. “Um segundo turno? Na Venezuela não há segundo turno. Senhores... Não se metam nos assuntos internos da Venezuela que vamos respondê-los”.

Opositores também rejeitam a possibilidade de uma nova eleição, e consideram que a aprsentação de atas, a esta altura, estaria sujeita a novas fraudes. “Eu pergunto a vocês. Se não agradar o resultado de uma segunda eleição, vamos por uma terceira? Uma quarta? Uma quinta? Vocês aceitariam isso em seu país?”, disse María Corina Machado em uma coletiva de imprensa. “Propor isso é desconhecer o que aconteceu em 28 de julho, é um desrespeitos aos venezuelanos”, completou.

De acordo com o presidente, os problemas nas eleições venezuelanas começaram a ser observadas pelo Brasil após as votações pela não publicação das atas eleitorais. O petista disse que Maduro está devendo explicações sobre isso. “Ainda não [reconheço o resultado], ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo”, declarou Lula.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva em reunião ministerial em Brasília, em 14 de agosto Foto: Eraldo Peres/AP

O presidente disse que também não é possível reconhecer vitória dos opositores do chavismo, por falta de dados concretos. Lula voltou a afirmar que é necessário divulgar os dados eleitorais do país. Duas semanas depois do pleito, cresce entre atores internacionais - e mesmo no governo brasileiro - o ceticismo com a possibilidade de divulgação real das atas.

As eleições venezuelanas foram em 28 de julho. Sem divulgar as atas eleitorais, essenciais para a transparência do processo eleitoral, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou a reeleição de Maduro por 52% a 43% de Edmundo González Urrutia. Já a oposição coletou e publicou online cópias de 25 mil atas eleitorais (82% do total das mesas) e disse que sua contagem dá vitória ao desafiante, por margem inatingível para Maduro.

Apurações independentes de pelo menos três organizações - duas delas feitas com base nas atas coletadas pela oposição - indicam que o adversário de Maduro, Edmundo González Urrutia, recebeu pelo menos meio milhão de votos a mais que o contabilizado.

Lula afirmou ainda que há várias saídas para a crise política no país vizinho e que trabalha junto com o governo de Gustavo Petro na Colômbia para encontrar uma solução. Uma delas seria um governo de coalizão, entre o chavismo e os opositores. Outra, também citada pelo petista, seria uma nova eleição. “[Maduro pode] estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo, e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições”, declarou o presidente brasileiro.

Discussão a porta fechadas

A ideia de sugerir novas eleições na Venezuela foi discutida por integrantes do governo Lula a portas fechadas nos últimos dias. Pela ideia em debate, seria promovido uma espécie de “segundo turno” somente entre o Nicolás Maduro e o opositor Edmundo González.

A realização da nova votação dependeria de outro acordo entre as forças políticas venezuelanas e de determinadas condições, como a ampla presença de comitivas de observação internacionais, a promessa de anistia política aos perdedores - algo já defendido pela Colômbia - e o relaxamento das sanções contra o regime chavista.

O jornal Valor Econômico noticiou que o ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial de Lula, fez a sugestão a Lula e que o presidente a reproduziu verbalmente, durante a reunião ministerial realizada na quinta-feira passada, dia 8, no Palácio do Planalto.

O Estadão confirmou com a equipe de Amorim que a ideia está em discussão, tendo sido aventada por outros interlocutores do presidente. A possibilidade de realizar novas eleições ainda depende de ser mais elaborada. A Assessoria Especial da Presidência ponderou que não se trata, por enquanto, de uma proposta formal a ser apresentada pelo País.

“É como se fosse um segundo turno das eleições”, afirmou Amorim ao Valor. “Essa ideia não é nova, existe desde o início do problema. Se quiserem negociar um pacote em torno dessas coisas, com o fim das sanções, é possível fazer uma espécie de segundo turno, com um bom acompanhamento internacional.”

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