Lula critica pela 1ª vez veto a candidata na Venezuela; Macron e petista dizem que situação é grave


Brasileiro critica impedimento de principal candidata da oposição no país vizinho, enquanto francês fala em convencer ditador Maduro a reintegrar candidatos

Por Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu nesta quinta-feira, dia 28, as críticas anunciadas pelo Itamaraty sobre a eleição na Venezuela, uma inflexão no apoio ao aliado Nicolás Maduro, e disse que a situação no país “é grave”. A expressão foi reproduzida pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que concluiu uma visita de Estado ao Brasil, e também cobrou a realização de eleições justas e transparentes.

Pela primeira vez, Lula criticou abertamente o aliado e ditador Maduro sobre as eleições no país vizinho. O brasileiro tem um histórico de relativizações acerca da ditadura venezuelana. No início de março, questionado sobre o veto à participação de María Corina na disputa eleitoral, o presidente comparou o episódio à proibição imposta a ele de ser candidato à Presidência em 2018. “Eu fui impedido de concorrer às eleições de 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato que disputou as eleições”, afirmou à época.

Lula e Macron criticaram eleições na Venezuela em encontro em Brasília nesta quinta Foto: Wilton Júnior/Estadão
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Um interlocutor de Lula lembrou à Coluna do Estadão que a defesa da ditadura venezuelana teve peso na perda de popularidade do presidente, indicada em ao menos três pesquisas. O estopim para a mudança do petista foi o fato de a candidata da Plataforma Única, Corina Yoris, não ter conseguido inscrever seu nome na disputa, sem explicações por parte das autoridades eleitorais locais, controladas pelo chavismo. O caso foi considerado em Brasília um “deboche” do regime.

O governo federal havia divulgado uma nota criticando o desenrolar do registro de candidaturas e o impedimento da substituta de María Corina Machado, vencedora de primárias que fora declarada inelegível. Caracas reagiu e acusou o Itamaraty de intromissão e de agir sob influência dos Estados Unidos, mas poupou Lula.

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“É grave que a candidata não possa ter sido registrada, porque ela não foi proibida pela Justiça”, afirmou Lula nesta quinta, acusando prejuízo ao nome indicado pela principal força de oposição ao chavismo. “Me parece que ela se dirigiu ao local, tentou usar o computador e não conseguiu entrar. Então causou prejuízo a uma candidata que por coincidência leva o mesmo nome da que havia sido proibida. Não tem explicação política e jurídica você proibir um adversário de ser candidato”, completou.

Na sequência, Macron afirmou: “Não nos desesperemos, mas a situação é grave e piorou com a última decisão”.

Lula voltou a dizer que o impedimento de Corina Machado, considerada inelegível pelo Judiciário venezuelano por 15 anos, não é o mais grave, e novamente comparou a situação à sua inabilitação por causa de condenações na Lava Jato, em 2018. Lula disse que a substituição de Corina Machado por uma homônima o surpreendeu e foi um “passo importante”.

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“Pra mim está muito tranquilo”, afirmou Lula ao responder se sentia-se enganado ou traído por Maduro. “Eu disse ao Maduro que a coisa mais importante para restabelecer a normalidade na Venezuela era não ter problema no processo eleitoral, que fosse convocada da forma mais democrática possível.”

Lula afirmou que no Brasil “é proibido proibir” a não ser que haja punição judicial em contrário e que o Brasil vai tentar acompanhar as eleições, como observador internacional.

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“Se as eleições não forem democráticas... O Brasil vai tentar assistir às eleições porque não quero nada melhor nem pior, quero que sejam feitas igual no Brasil, com participação de todos. Quem quiser participar participa, quem perder chora, quem ganhar ri, e assim a democracia continua”, afirmou Lula.

Os presidentes não garantiram que vão reconhecer o resultado do processo eleitoral em curso, quando questionados pelo Estadão em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto. Macron pediu que se esforcem para convencer Maduro a mudar o quadro e “reintegrar” candidatos de oposição que não conseguiram registrar a candidatura no prazo estipulado pelo regime.

“O marco que essas eleições que estão a decorrer não pode ser considerado democrático”, disse Macron, indicando concordância com Lula e lembrando ter realizado reuniões com líderes chavistas no ano passado, em prol da negociação entre o regime de Maduro e opositores.

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“Vamos fazer de tudo para convencer o presidente Maduro e o sistema para que reintegre todos os outros candidatos e ter eleições mais transparentes, com observadores regionais e internacionais. Condenamos firmemente por terem retirado uma candidata muito boa desse processo e espero que seja possível ter um novo marco, reconstruído, nas próximas semanas, próximos meses.”

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu nesta quinta-feira, dia 28, as críticas anunciadas pelo Itamaraty sobre a eleição na Venezuela, uma inflexão no apoio ao aliado Nicolás Maduro, e disse que a situação no país “é grave”. A expressão foi reproduzida pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que concluiu uma visita de Estado ao Brasil, e também cobrou a realização de eleições justas e transparentes.

Pela primeira vez, Lula criticou abertamente o aliado e ditador Maduro sobre as eleições no país vizinho. O brasileiro tem um histórico de relativizações acerca da ditadura venezuelana. No início de março, questionado sobre o veto à participação de María Corina na disputa eleitoral, o presidente comparou o episódio à proibição imposta a ele de ser candidato à Presidência em 2018. “Eu fui impedido de concorrer às eleições de 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato que disputou as eleições”, afirmou à época.

Lula e Macron criticaram eleições na Venezuela em encontro em Brasília nesta quinta Foto: Wilton Júnior/Estadão

Um interlocutor de Lula lembrou à Coluna do Estadão que a defesa da ditadura venezuelana teve peso na perda de popularidade do presidente, indicada em ao menos três pesquisas. O estopim para a mudança do petista foi o fato de a candidata da Plataforma Única, Corina Yoris, não ter conseguido inscrever seu nome na disputa, sem explicações por parte das autoridades eleitorais locais, controladas pelo chavismo. O caso foi considerado em Brasília um “deboche” do regime.

O governo federal havia divulgado uma nota criticando o desenrolar do registro de candidaturas e o impedimento da substituta de María Corina Machado, vencedora de primárias que fora declarada inelegível. Caracas reagiu e acusou o Itamaraty de intromissão e de agir sob influência dos Estados Unidos, mas poupou Lula.

“É grave que a candidata não possa ter sido registrada, porque ela não foi proibida pela Justiça”, afirmou Lula nesta quinta, acusando prejuízo ao nome indicado pela principal força de oposição ao chavismo. “Me parece que ela se dirigiu ao local, tentou usar o computador e não conseguiu entrar. Então causou prejuízo a uma candidata que por coincidência leva o mesmo nome da que havia sido proibida. Não tem explicação política e jurídica você proibir um adversário de ser candidato”, completou.

Na sequência, Macron afirmou: “Não nos desesperemos, mas a situação é grave e piorou com a última decisão”.

Lula voltou a dizer que o impedimento de Corina Machado, considerada inelegível pelo Judiciário venezuelano por 15 anos, não é o mais grave, e novamente comparou a situação à sua inabilitação por causa de condenações na Lava Jato, em 2018. Lula disse que a substituição de Corina Machado por uma homônima o surpreendeu e foi um “passo importante”.

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“Pra mim está muito tranquilo”, afirmou Lula ao responder se sentia-se enganado ou traído por Maduro. “Eu disse ao Maduro que a coisa mais importante para restabelecer a normalidade na Venezuela era não ter problema no processo eleitoral, que fosse convocada da forma mais democrática possível.”

Lula afirmou que no Brasil “é proibido proibir” a não ser que haja punição judicial em contrário e que o Brasil vai tentar acompanhar as eleições, como observador internacional.

“Se as eleições não forem democráticas... O Brasil vai tentar assistir às eleições porque não quero nada melhor nem pior, quero que sejam feitas igual no Brasil, com participação de todos. Quem quiser participar participa, quem perder chora, quem ganhar ri, e assim a democracia continua”, afirmou Lula.

Os presidentes não garantiram que vão reconhecer o resultado do processo eleitoral em curso, quando questionados pelo Estadão em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto. Macron pediu que se esforcem para convencer Maduro a mudar o quadro e “reintegrar” candidatos de oposição que não conseguiram registrar a candidatura no prazo estipulado pelo regime.

“O marco que essas eleições que estão a decorrer não pode ser considerado democrático”, disse Macron, indicando concordância com Lula e lembrando ter realizado reuniões com líderes chavistas no ano passado, em prol da negociação entre o regime de Maduro e opositores.

“Vamos fazer de tudo para convencer o presidente Maduro e o sistema para que reintegre todos os outros candidatos e ter eleições mais transparentes, com observadores regionais e internacionais. Condenamos firmemente por terem retirado uma candidata muito boa desse processo e espero que seja possível ter um novo marco, reconstruído, nas próximas semanas, próximos meses.”

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu nesta quinta-feira, dia 28, as críticas anunciadas pelo Itamaraty sobre a eleição na Venezuela, uma inflexão no apoio ao aliado Nicolás Maduro, e disse que a situação no país “é grave”. A expressão foi reproduzida pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que concluiu uma visita de Estado ao Brasil, e também cobrou a realização de eleições justas e transparentes.

Pela primeira vez, Lula criticou abertamente o aliado e ditador Maduro sobre as eleições no país vizinho. O brasileiro tem um histórico de relativizações acerca da ditadura venezuelana. No início de março, questionado sobre o veto à participação de María Corina na disputa eleitoral, o presidente comparou o episódio à proibição imposta a ele de ser candidato à Presidência em 2018. “Eu fui impedido de concorrer às eleições de 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato que disputou as eleições”, afirmou à época.

Lula e Macron criticaram eleições na Venezuela em encontro em Brasília nesta quinta Foto: Wilton Júnior/Estadão

Um interlocutor de Lula lembrou à Coluna do Estadão que a defesa da ditadura venezuelana teve peso na perda de popularidade do presidente, indicada em ao menos três pesquisas. O estopim para a mudança do petista foi o fato de a candidata da Plataforma Única, Corina Yoris, não ter conseguido inscrever seu nome na disputa, sem explicações por parte das autoridades eleitorais locais, controladas pelo chavismo. O caso foi considerado em Brasília um “deboche” do regime.

O governo federal havia divulgado uma nota criticando o desenrolar do registro de candidaturas e o impedimento da substituta de María Corina Machado, vencedora de primárias que fora declarada inelegível. Caracas reagiu e acusou o Itamaraty de intromissão e de agir sob influência dos Estados Unidos, mas poupou Lula.

“É grave que a candidata não possa ter sido registrada, porque ela não foi proibida pela Justiça”, afirmou Lula nesta quinta, acusando prejuízo ao nome indicado pela principal força de oposição ao chavismo. “Me parece que ela se dirigiu ao local, tentou usar o computador e não conseguiu entrar. Então causou prejuízo a uma candidata que por coincidência leva o mesmo nome da que havia sido proibida. Não tem explicação política e jurídica você proibir um adversário de ser candidato”, completou.

Na sequência, Macron afirmou: “Não nos desesperemos, mas a situação é grave e piorou com a última decisão”.

Lula voltou a dizer que o impedimento de Corina Machado, considerada inelegível pelo Judiciário venezuelano por 15 anos, não é o mais grave, e novamente comparou a situação à sua inabilitação por causa de condenações na Lava Jato, em 2018. Lula disse que a substituição de Corina Machado por uma homônima o surpreendeu e foi um “passo importante”.

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“Pra mim está muito tranquilo”, afirmou Lula ao responder se sentia-se enganado ou traído por Maduro. “Eu disse ao Maduro que a coisa mais importante para restabelecer a normalidade na Venezuela era não ter problema no processo eleitoral, que fosse convocada da forma mais democrática possível.”

Lula afirmou que no Brasil “é proibido proibir” a não ser que haja punição judicial em contrário e que o Brasil vai tentar acompanhar as eleições, como observador internacional.

“Se as eleições não forem democráticas... O Brasil vai tentar assistir às eleições porque não quero nada melhor nem pior, quero que sejam feitas igual no Brasil, com participação de todos. Quem quiser participar participa, quem perder chora, quem ganhar ri, e assim a democracia continua”, afirmou Lula.

Os presidentes não garantiram que vão reconhecer o resultado do processo eleitoral em curso, quando questionados pelo Estadão em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto. Macron pediu que se esforcem para convencer Maduro a mudar o quadro e “reintegrar” candidatos de oposição que não conseguiram registrar a candidatura no prazo estipulado pelo regime.

“O marco que essas eleições que estão a decorrer não pode ser considerado democrático”, disse Macron, indicando concordância com Lula e lembrando ter realizado reuniões com líderes chavistas no ano passado, em prol da negociação entre o regime de Maduro e opositores.

“Vamos fazer de tudo para convencer o presidente Maduro e o sistema para que reintegre todos os outros candidatos e ter eleições mais transparentes, com observadores regionais e internacionais. Condenamos firmemente por terem retirado uma candidata muito boa desse processo e espero que seja possível ter um novo marco, reconstruído, nas próximas semanas, próximos meses.”

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu nesta quinta-feira, dia 28, as críticas anunciadas pelo Itamaraty sobre a eleição na Venezuela, uma inflexão no apoio ao aliado Nicolás Maduro, e disse que a situação no país “é grave”. A expressão foi reproduzida pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que concluiu uma visita de Estado ao Brasil, e também cobrou a realização de eleições justas e transparentes.

Pela primeira vez, Lula criticou abertamente o aliado e ditador Maduro sobre as eleições no país vizinho. O brasileiro tem um histórico de relativizações acerca da ditadura venezuelana. No início de março, questionado sobre o veto à participação de María Corina na disputa eleitoral, o presidente comparou o episódio à proibição imposta a ele de ser candidato à Presidência em 2018. “Eu fui impedido de concorrer às eleições de 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato que disputou as eleições”, afirmou à época.

Lula e Macron criticaram eleições na Venezuela em encontro em Brasília nesta quinta Foto: Wilton Júnior/Estadão

Um interlocutor de Lula lembrou à Coluna do Estadão que a defesa da ditadura venezuelana teve peso na perda de popularidade do presidente, indicada em ao menos três pesquisas. O estopim para a mudança do petista foi o fato de a candidata da Plataforma Única, Corina Yoris, não ter conseguido inscrever seu nome na disputa, sem explicações por parte das autoridades eleitorais locais, controladas pelo chavismo. O caso foi considerado em Brasília um “deboche” do regime.

O governo federal havia divulgado uma nota criticando o desenrolar do registro de candidaturas e o impedimento da substituta de María Corina Machado, vencedora de primárias que fora declarada inelegível. Caracas reagiu e acusou o Itamaraty de intromissão e de agir sob influência dos Estados Unidos, mas poupou Lula.

“É grave que a candidata não possa ter sido registrada, porque ela não foi proibida pela Justiça”, afirmou Lula nesta quinta, acusando prejuízo ao nome indicado pela principal força de oposição ao chavismo. “Me parece que ela se dirigiu ao local, tentou usar o computador e não conseguiu entrar. Então causou prejuízo a uma candidata que por coincidência leva o mesmo nome da que havia sido proibida. Não tem explicação política e jurídica você proibir um adversário de ser candidato”, completou.

Na sequência, Macron afirmou: “Não nos desesperemos, mas a situação é grave e piorou com a última decisão”.

Lula voltou a dizer que o impedimento de Corina Machado, considerada inelegível pelo Judiciário venezuelano por 15 anos, não é o mais grave, e novamente comparou a situação à sua inabilitação por causa de condenações na Lava Jato, em 2018. Lula disse que a substituição de Corina Machado por uma homônima o surpreendeu e foi um “passo importante”.

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“Pra mim está muito tranquilo”, afirmou Lula ao responder se sentia-se enganado ou traído por Maduro. “Eu disse ao Maduro que a coisa mais importante para restabelecer a normalidade na Venezuela era não ter problema no processo eleitoral, que fosse convocada da forma mais democrática possível.”

Lula afirmou que no Brasil “é proibido proibir” a não ser que haja punição judicial em contrário e que o Brasil vai tentar acompanhar as eleições, como observador internacional.

“Se as eleições não forem democráticas... O Brasil vai tentar assistir às eleições porque não quero nada melhor nem pior, quero que sejam feitas igual no Brasil, com participação de todos. Quem quiser participar participa, quem perder chora, quem ganhar ri, e assim a democracia continua”, afirmou Lula.

Os presidentes não garantiram que vão reconhecer o resultado do processo eleitoral em curso, quando questionados pelo Estadão em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto. Macron pediu que se esforcem para convencer Maduro a mudar o quadro e “reintegrar” candidatos de oposição que não conseguiram registrar a candidatura no prazo estipulado pelo regime.

“O marco que essas eleições que estão a decorrer não pode ser considerado democrático”, disse Macron, indicando concordância com Lula e lembrando ter realizado reuniões com líderes chavistas no ano passado, em prol da negociação entre o regime de Maduro e opositores.

“Vamos fazer de tudo para convencer o presidente Maduro e o sistema para que reintegre todos os outros candidatos e ter eleições mais transparentes, com observadores regionais e internacionais. Condenamos firmemente por terem retirado uma candidata muito boa desse processo e espero que seja possível ter um novo marco, reconstruído, nas próximas semanas, próximos meses.”

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu nesta quinta-feira, dia 28, as críticas anunciadas pelo Itamaraty sobre a eleição na Venezuela, uma inflexão no apoio ao aliado Nicolás Maduro, e disse que a situação no país “é grave”. A expressão foi reproduzida pelo presidente da França, Emmanuel Macron, que concluiu uma visita de Estado ao Brasil, e também cobrou a realização de eleições justas e transparentes.

Pela primeira vez, Lula criticou abertamente o aliado e ditador Maduro sobre as eleições no país vizinho. O brasileiro tem um histórico de relativizações acerca da ditadura venezuelana. No início de março, questionado sobre o veto à participação de María Corina na disputa eleitoral, o presidente comparou o episódio à proibição imposta a ele de ser candidato à Presidência em 2018. “Eu fui impedido de concorrer às eleições de 2018. Ao invés de ficar chorando, eu indiquei um outro candidato que disputou as eleições”, afirmou à época.

Lula e Macron criticaram eleições na Venezuela em encontro em Brasília nesta quinta Foto: Wilton Júnior/Estadão

Um interlocutor de Lula lembrou à Coluna do Estadão que a defesa da ditadura venezuelana teve peso na perda de popularidade do presidente, indicada em ao menos três pesquisas. O estopim para a mudança do petista foi o fato de a candidata da Plataforma Única, Corina Yoris, não ter conseguido inscrever seu nome na disputa, sem explicações por parte das autoridades eleitorais locais, controladas pelo chavismo. O caso foi considerado em Brasília um “deboche” do regime.

O governo federal havia divulgado uma nota criticando o desenrolar do registro de candidaturas e o impedimento da substituta de María Corina Machado, vencedora de primárias que fora declarada inelegível. Caracas reagiu e acusou o Itamaraty de intromissão e de agir sob influência dos Estados Unidos, mas poupou Lula.

“É grave que a candidata não possa ter sido registrada, porque ela não foi proibida pela Justiça”, afirmou Lula nesta quinta, acusando prejuízo ao nome indicado pela principal força de oposição ao chavismo. “Me parece que ela se dirigiu ao local, tentou usar o computador e não conseguiu entrar. Então causou prejuízo a uma candidata que por coincidência leva o mesmo nome da que havia sido proibida. Não tem explicação política e jurídica você proibir um adversário de ser candidato”, completou.

Na sequência, Macron afirmou: “Não nos desesperemos, mas a situação é grave e piorou com a última decisão”.

Lula voltou a dizer que o impedimento de Corina Machado, considerada inelegível pelo Judiciário venezuelano por 15 anos, não é o mais grave, e novamente comparou a situação à sua inabilitação por causa de condenações na Lava Jato, em 2018. Lula disse que a substituição de Corina Machado por uma homônima o surpreendeu e foi um “passo importante”.

Seu navegador não suporta esse video.

“Pra mim está muito tranquilo”, afirmou Lula ao responder se sentia-se enganado ou traído por Maduro. “Eu disse ao Maduro que a coisa mais importante para restabelecer a normalidade na Venezuela era não ter problema no processo eleitoral, que fosse convocada da forma mais democrática possível.”

Lula afirmou que no Brasil “é proibido proibir” a não ser que haja punição judicial em contrário e que o Brasil vai tentar acompanhar as eleições, como observador internacional.

“Se as eleições não forem democráticas... O Brasil vai tentar assistir às eleições porque não quero nada melhor nem pior, quero que sejam feitas igual no Brasil, com participação de todos. Quem quiser participar participa, quem perder chora, quem ganhar ri, e assim a democracia continua”, afirmou Lula.

Os presidentes não garantiram que vão reconhecer o resultado do processo eleitoral em curso, quando questionados pelo Estadão em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto. Macron pediu que se esforcem para convencer Maduro a mudar o quadro e “reintegrar” candidatos de oposição que não conseguiram registrar a candidatura no prazo estipulado pelo regime.

“O marco que essas eleições que estão a decorrer não pode ser considerado democrático”, disse Macron, indicando concordância com Lula e lembrando ter realizado reuniões com líderes chavistas no ano passado, em prol da negociação entre o regime de Maduro e opositores.

“Vamos fazer de tudo para convencer o presidente Maduro e o sistema para que reintegre todos os outros candidatos e ter eleições mais transparentes, com observadores regionais e internacionais. Condenamos firmemente por terem retirado uma candidata muito boa desse processo e espero que seja possível ter um novo marco, reconstruído, nas próximas semanas, próximos meses.”

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