Lula e Milei trocam aperto de mãos pela primeira vez em meio a embates sobre acordo final do G-20


Argentino subiu a rampa ao lado de sua irmã, Karina Milei; a posição do libertário é a que mais causa apreensão nos negociadores brasileiros, pois pode minar a declaração final

Por Carolina Marins, Felipe Frazão e Beatriz Bulla
Atualização:

ENVIADOS AO RIO - Apesar das discordâncias e embates que colocam em risco a declaração final do G-20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocou um aperto de mãos com o presidente da Argentina, Javier Milei, na abertura da cúpula de líderes que começou nesta segunda-feira, 18.

O argentino discorda de uma série de questões relacionadas à declaração final da cúpula, e isso ameaça fazer naufragar as discussões. Milei chegou acompanhado de sua irmã, a secretária da presidência Karina Milei.

A posição do libertário é a que mais causa apreensão nos negociadores brasileiros do G-20. Milei busca ser o líder da direita na América Latina e agora se vê respaldado por Donald Trump retornando à Casa Branca. Ele abriu ao menos cinco frente de embate na cúpula deste ano: multilateralismo, gênero, desenvolvimento sustentável, tributação de grandes fortunas, clima e meio ambiente.

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Lula, ao lado da primeira-dama, Janja, e Javier Milei, ao lado da irmã, Karina, se cumprimentam no G-20, no Rio; primeiro encontro entre os dois presidentes  Foto: Reprodução/G20 Brasil

O presidente argentino foi um dos últimos a chegar para a cúpula, logo após o presidente dos EUA, Joe Biden, que não fez a entrada tradicional pela rampa. Milei e Lula não ficaram sozinhos durante a chegada do argentino, mas a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, acompanhou o brasileiro no aperto de mãos.

Eles nunca haviam se cumprimentado em público antes. Assessores do Palácio do Planalto dizem que eles se cumprimentaram de forma protocolar nos corredores da Cúpula do G-7, na Itália, em maio, para a qual ambos foram convidados.

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A depender do teor das palavras, o argentino pode não assinar a declaração final conjunta, uma possibilidade remota, mas não impossível. Há ainda a perspectiva de se optar por um comunicado fragmentado, destacando os temas de oposição da Argentina. Isso já foi usado no G-20 durante o governo Trump. Os dois cenários, no entanto, significariam um fracasso diplomático.

Os negociadores das delegações - os sherpas - concluíram o texto base da declaração final na madrugada de domingo depois de a reunião ter sido estendida devido à dificuldade de chegar a consensos. No entanto, as divergências seguem e arriscam tornar o documento ineficaz. O texto será agora submetido a aprovação dos líderes e, se aprovado por todos, será assinado pelos chefes de Estado na terça-feira, 19. O G-20 precisa chegar a um consenso para aprovar um comunicado.

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, clamou neste domingo, 17, que os países tenham “bom senso”, para que cheguem a um consenso em torno dos temas coletivos, como os que integram a Agenda 2030, que determina os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Peço a todos os países para que tenham espírito de consenso e bom senso”, declarou. Guterres lembrou que o mundo “já tem tantas divisões geopolíticas”, e disse que “se o G-20 se divide, o G-20 perde relevância”.

Milei chegou ao Rio de Janeiro às 18h30 de domingo, poucas horas depois de uma reunião bilateral com o presidente francês, Emmanuel Macron, na Casa Rosada, sede do governo da Argentina. O francês viajou a Buenos Aires para tentar desbloquear os acordos do G-20. Ao chegar no hotel Rio Othon Palace, em Copacabana, o libertário foi recebido por alguns brasileiros curiosos para vê-lo. Um jovem gritou “Viva a liberdade” (lema de Milei) quando o presidente adentrou o hotel acompanhado por sua irmã, Karina Milei, e o ministro da Economia argentino, Luis Caputo.

Na cheagada ao encontro dos líderes, nesta segunda-feira, 18, a primeira-dama brasileira, Janja, também apertou as mãos de Milei e Karina. Ela acompanhou o presidente em apenas alguns cumprimentos, como ao secretário-geral da ONU, António Guterres, um dos primeiros a chegar. Depois, ela se afastou.

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Na vez do americano Joe Biden, Lula e Janja esperaram para recepcioná-lo depois que ele não fez a entrada protocolar pela rampa. Ele utilizou um caminho alternativo para apertar as mãos do presidente e da primeira-dama. Na foto, ambos saíram com semblante sério, sem sorrisos.

Javier Milei ao lado da irma~, Karina Milei, e Lula ao lado da primeira-dama brasileira, Janaja, em foto oficial no G-20, no Rio  Foto: Reprodução/G20 Brasil

Relações frias

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Em quase um ano de governo Milei na Argentina, um aperto de mãos entre os dois presidentes parecia cada vez mais distante. Havia expectativa de um encontro entre os dois desde a posse do libertário, em dezembro de 2023. Em janeiro, eles não se encontraram no Fórum Econômico Mundial, em Davos, por causa da ausência do líder brasileiro. Já em julho, Milei preteriu a Cúpula do Mercosul, no Paraguai, para participar de um evento conservador com a família Bolsonaro em Balneário Camboriú.

Lula e Milei trocam farpas desde a campanha eleitoral argentina, entre outubro e novembro de 2023. Na época, Milei afirmou que não se reuniria com o brasileiro se fosse eleito, por se tratar, em suas palavras, de um “corrupto” e “comunista”.

Quando venceu as eleições, em novembro, um dos primeiros a falar com Milei foi Jair Bolsonaro, ocasião em que recebeu um convite para comparecer à posse do libertário. Antes mesmo de assumir o cargo, o argentino deu sinais de que poderia moderar os atritos quando enviou a sua então chanceler, Diana Mondino, à Brasília para entregar uma carta ao brasileiro, convidando-o para a posse.

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No fim, Lula não compareceu, enviando o chanceler Mauro Vieira. Sem Lula, foi Bolsonaro quem se sentou ao lado de outros líderes de Estado convidados para o evento.

As relações nunca melhoraram. No ápice dos embates diplomáticos, o Itamaraty convocou o embaixador brasileiro na Argentina para consulta, após Milei comparecer à Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) em Santa Catarina.

Após a vitória de Donald Trump nos EUA, Milei foi o primeiro líder a se encontrar com o americano desde as eleições. Desde antes da cúpula de líderes do G-20, a diplomacia argentina se posicionou contra alguns dos principais temas do documento final. Além de ser contra declarações suavizadas em relação à Rússia e sobre a guerra na Ucrânia, a diplomacia argentina se opõe a qualquer menção a igualdade de gênero.

A postura rígida de Milei levou o libertário a demitir a sua chanceler no fim de outubro, por causa de uma votação da delegação argentina em favor de Cuba na ONU - uma posição histórica argentina. Mondino era quem vinha trabalhando para suavizar as relações tensas entres os presidentes para que não se refletissem no comércio entre os países. Na semana passada, Milei ordenou que os representantes argentinos deixassem a COP-29, em Baku, capital do Azerbaijão.

ENVIADOS AO RIO - Apesar das discordâncias e embates que colocam em risco a declaração final do G-20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocou um aperto de mãos com o presidente da Argentina, Javier Milei, na abertura da cúpula de líderes que começou nesta segunda-feira, 18.

O argentino discorda de uma série de questões relacionadas à declaração final da cúpula, e isso ameaça fazer naufragar as discussões. Milei chegou acompanhado de sua irmã, a secretária da presidência Karina Milei.

A posição do libertário é a que mais causa apreensão nos negociadores brasileiros do G-20. Milei busca ser o líder da direita na América Latina e agora se vê respaldado por Donald Trump retornando à Casa Branca. Ele abriu ao menos cinco frente de embate na cúpula deste ano: multilateralismo, gênero, desenvolvimento sustentável, tributação de grandes fortunas, clima e meio ambiente.

Lula, ao lado da primeira-dama, Janja, e Javier Milei, ao lado da irmã, Karina, se cumprimentam no G-20, no Rio; primeiro encontro entre os dois presidentes  Foto: Reprodução/G20 Brasil

O presidente argentino foi um dos últimos a chegar para a cúpula, logo após o presidente dos EUA, Joe Biden, que não fez a entrada tradicional pela rampa. Milei e Lula não ficaram sozinhos durante a chegada do argentino, mas a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, acompanhou o brasileiro no aperto de mãos.

Eles nunca haviam se cumprimentado em público antes. Assessores do Palácio do Planalto dizem que eles se cumprimentaram de forma protocolar nos corredores da Cúpula do G-7, na Itália, em maio, para a qual ambos foram convidados.

A depender do teor das palavras, o argentino pode não assinar a declaração final conjunta, uma possibilidade remota, mas não impossível. Há ainda a perspectiva de se optar por um comunicado fragmentado, destacando os temas de oposição da Argentina. Isso já foi usado no G-20 durante o governo Trump. Os dois cenários, no entanto, significariam um fracasso diplomático.

Os negociadores das delegações - os sherpas - concluíram o texto base da declaração final na madrugada de domingo depois de a reunião ter sido estendida devido à dificuldade de chegar a consensos. No entanto, as divergências seguem e arriscam tornar o documento ineficaz. O texto será agora submetido a aprovação dos líderes e, se aprovado por todos, será assinado pelos chefes de Estado na terça-feira, 19. O G-20 precisa chegar a um consenso para aprovar um comunicado.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, clamou neste domingo, 17, que os países tenham “bom senso”, para que cheguem a um consenso em torno dos temas coletivos, como os que integram a Agenda 2030, que determina os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Peço a todos os países para que tenham espírito de consenso e bom senso”, declarou. Guterres lembrou que o mundo “já tem tantas divisões geopolíticas”, e disse que “se o G-20 se divide, o G-20 perde relevância”.

Milei chegou ao Rio de Janeiro às 18h30 de domingo, poucas horas depois de uma reunião bilateral com o presidente francês, Emmanuel Macron, na Casa Rosada, sede do governo da Argentina. O francês viajou a Buenos Aires para tentar desbloquear os acordos do G-20. Ao chegar no hotel Rio Othon Palace, em Copacabana, o libertário foi recebido por alguns brasileiros curiosos para vê-lo. Um jovem gritou “Viva a liberdade” (lema de Milei) quando o presidente adentrou o hotel acompanhado por sua irmã, Karina Milei, e o ministro da Economia argentino, Luis Caputo.

Na cheagada ao encontro dos líderes, nesta segunda-feira, 18, a primeira-dama brasileira, Janja, também apertou as mãos de Milei e Karina. Ela acompanhou o presidente em apenas alguns cumprimentos, como ao secretário-geral da ONU, António Guterres, um dos primeiros a chegar. Depois, ela se afastou.

Na vez do americano Joe Biden, Lula e Janja esperaram para recepcioná-lo depois que ele não fez a entrada protocolar pela rampa. Ele utilizou um caminho alternativo para apertar as mãos do presidente e da primeira-dama. Na foto, ambos saíram com semblante sério, sem sorrisos.

Javier Milei ao lado da irma~, Karina Milei, e Lula ao lado da primeira-dama brasileira, Janaja, em foto oficial no G-20, no Rio  Foto: Reprodução/G20 Brasil

Relações frias

Em quase um ano de governo Milei na Argentina, um aperto de mãos entre os dois presidentes parecia cada vez mais distante. Havia expectativa de um encontro entre os dois desde a posse do libertário, em dezembro de 2023. Em janeiro, eles não se encontraram no Fórum Econômico Mundial, em Davos, por causa da ausência do líder brasileiro. Já em julho, Milei preteriu a Cúpula do Mercosul, no Paraguai, para participar de um evento conservador com a família Bolsonaro em Balneário Camboriú.

Lula e Milei trocam farpas desde a campanha eleitoral argentina, entre outubro e novembro de 2023. Na época, Milei afirmou que não se reuniria com o brasileiro se fosse eleito, por se tratar, em suas palavras, de um “corrupto” e “comunista”.

Quando venceu as eleições, em novembro, um dos primeiros a falar com Milei foi Jair Bolsonaro, ocasião em que recebeu um convite para comparecer à posse do libertário. Antes mesmo de assumir o cargo, o argentino deu sinais de que poderia moderar os atritos quando enviou a sua então chanceler, Diana Mondino, à Brasília para entregar uma carta ao brasileiro, convidando-o para a posse.

No fim, Lula não compareceu, enviando o chanceler Mauro Vieira. Sem Lula, foi Bolsonaro quem se sentou ao lado de outros líderes de Estado convidados para o evento.

As relações nunca melhoraram. No ápice dos embates diplomáticos, o Itamaraty convocou o embaixador brasileiro na Argentina para consulta, após Milei comparecer à Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) em Santa Catarina.

Após a vitória de Donald Trump nos EUA, Milei foi o primeiro líder a se encontrar com o americano desde as eleições. Desde antes da cúpula de líderes do G-20, a diplomacia argentina se posicionou contra alguns dos principais temas do documento final. Além de ser contra declarações suavizadas em relação à Rússia e sobre a guerra na Ucrânia, a diplomacia argentina se opõe a qualquer menção a igualdade de gênero.

A postura rígida de Milei levou o libertário a demitir a sua chanceler no fim de outubro, por causa de uma votação da delegação argentina em favor de Cuba na ONU - uma posição histórica argentina. Mondino era quem vinha trabalhando para suavizar as relações tensas entres os presidentes para que não se refletissem no comércio entre os países. Na semana passada, Milei ordenou que os representantes argentinos deixassem a COP-29, em Baku, capital do Azerbaijão.

ENVIADOS AO RIO - Apesar das discordâncias e embates que colocam em risco a declaração final do G-20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trocou um aperto de mãos com o presidente da Argentina, Javier Milei, na abertura da cúpula de líderes que começou nesta segunda-feira, 18.

O argentino discorda de uma série de questões relacionadas à declaração final da cúpula, e isso ameaça fazer naufragar as discussões. Milei chegou acompanhado de sua irmã, a secretária da presidência Karina Milei.

A posição do libertário é a que mais causa apreensão nos negociadores brasileiros do G-20. Milei busca ser o líder da direita na América Latina e agora se vê respaldado por Donald Trump retornando à Casa Branca. Ele abriu ao menos cinco frente de embate na cúpula deste ano: multilateralismo, gênero, desenvolvimento sustentável, tributação de grandes fortunas, clima e meio ambiente.

Lula, ao lado da primeira-dama, Janja, e Javier Milei, ao lado da irmã, Karina, se cumprimentam no G-20, no Rio; primeiro encontro entre os dois presidentes  Foto: Reprodução/G20 Brasil

O presidente argentino foi um dos últimos a chegar para a cúpula, logo após o presidente dos EUA, Joe Biden, que não fez a entrada tradicional pela rampa. Milei e Lula não ficaram sozinhos durante a chegada do argentino, mas a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, acompanhou o brasileiro no aperto de mãos.

Eles nunca haviam se cumprimentado em público antes. Assessores do Palácio do Planalto dizem que eles se cumprimentaram de forma protocolar nos corredores da Cúpula do G-7, na Itália, em maio, para a qual ambos foram convidados.

A depender do teor das palavras, o argentino pode não assinar a declaração final conjunta, uma possibilidade remota, mas não impossível. Há ainda a perspectiva de se optar por um comunicado fragmentado, destacando os temas de oposição da Argentina. Isso já foi usado no G-20 durante o governo Trump. Os dois cenários, no entanto, significariam um fracasso diplomático.

Os negociadores das delegações - os sherpas - concluíram o texto base da declaração final na madrugada de domingo depois de a reunião ter sido estendida devido à dificuldade de chegar a consensos. No entanto, as divergências seguem e arriscam tornar o documento ineficaz. O texto será agora submetido a aprovação dos líderes e, se aprovado por todos, será assinado pelos chefes de Estado na terça-feira, 19. O G-20 precisa chegar a um consenso para aprovar um comunicado.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, clamou neste domingo, 17, que os países tenham “bom senso”, para que cheguem a um consenso em torno dos temas coletivos, como os que integram a Agenda 2030, que determina os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). “Peço a todos os países para que tenham espírito de consenso e bom senso”, declarou. Guterres lembrou que o mundo “já tem tantas divisões geopolíticas”, e disse que “se o G-20 se divide, o G-20 perde relevância”.

Milei chegou ao Rio de Janeiro às 18h30 de domingo, poucas horas depois de uma reunião bilateral com o presidente francês, Emmanuel Macron, na Casa Rosada, sede do governo da Argentina. O francês viajou a Buenos Aires para tentar desbloquear os acordos do G-20. Ao chegar no hotel Rio Othon Palace, em Copacabana, o libertário foi recebido por alguns brasileiros curiosos para vê-lo. Um jovem gritou “Viva a liberdade” (lema de Milei) quando o presidente adentrou o hotel acompanhado por sua irmã, Karina Milei, e o ministro da Economia argentino, Luis Caputo.

Na cheagada ao encontro dos líderes, nesta segunda-feira, 18, a primeira-dama brasileira, Janja, também apertou as mãos de Milei e Karina. Ela acompanhou o presidente em apenas alguns cumprimentos, como ao secretário-geral da ONU, António Guterres, um dos primeiros a chegar. Depois, ela se afastou.

Na vez do americano Joe Biden, Lula e Janja esperaram para recepcioná-lo depois que ele não fez a entrada protocolar pela rampa. Ele utilizou um caminho alternativo para apertar as mãos do presidente e da primeira-dama. Na foto, ambos saíram com semblante sério, sem sorrisos.

Javier Milei ao lado da irma~, Karina Milei, e Lula ao lado da primeira-dama brasileira, Janaja, em foto oficial no G-20, no Rio  Foto: Reprodução/G20 Brasil

Relações frias

Em quase um ano de governo Milei na Argentina, um aperto de mãos entre os dois presidentes parecia cada vez mais distante. Havia expectativa de um encontro entre os dois desde a posse do libertário, em dezembro de 2023. Em janeiro, eles não se encontraram no Fórum Econômico Mundial, em Davos, por causa da ausência do líder brasileiro. Já em julho, Milei preteriu a Cúpula do Mercosul, no Paraguai, para participar de um evento conservador com a família Bolsonaro em Balneário Camboriú.

Lula e Milei trocam farpas desde a campanha eleitoral argentina, entre outubro e novembro de 2023. Na época, Milei afirmou que não se reuniria com o brasileiro se fosse eleito, por se tratar, em suas palavras, de um “corrupto” e “comunista”.

Quando venceu as eleições, em novembro, um dos primeiros a falar com Milei foi Jair Bolsonaro, ocasião em que recebeu um convite para comparecer à posse do libertário. Antes mesmo de assumir o cargo, o argentino deu sinais de que poderia moderar os atritos quando enviou a sua então chanceler, Diana Mondino, à Brasília para entregar uma carta ao brasileiro, convidando-o para a posse.

No fim, Lula não compareceu, enviando o chanceler Mauro Vieira. Sem Lula, foi Bolsonaro quem se sentou ao lado de outros líderes de Estado convidados para o evento.

As relações nunca melhoraram. No ápice dos embates diplomáticos, o Itamaraty convocou o embaixador brasileiro na Argentina para consulta, após Milei comparecer à Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC) em Santa Catarina.

Após a vitória de Donald Trump nos EUA, Milei foi o primeiro líder a se encontrar com o americano desde as eleições. Desde antes da cúpula de líderes do G-20, a diplomacia argentina se posicionou contra alguns dos principais temas do documento final. Além de ser contra declarações suavizadas em relação à Rússia e sobre a guerra na Ucrânia, a diplomacia argentina se opõe a qualquer menção a igualdade de gênero.

A postura rígida de Milei levou o libertário a demitir a sua chanceler no fim de outubro, por causa de uma votação da delegação argentina em favor de Cuba na ONU - uma posição histórica argentina. Mondino era quem vinha trabalhando para suavizar as relações tensas entres os presidentes para que não se refletissem no comércio entre os países. Na semana passada, Milei ordenou que os representantes argentinos deixassem a COP-29, em Baku, capital do Azerbaijão.

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