Lula elogia candidatura única da oposição contra Maduro e diz que não leu carta enviada por Milei


‘Quem ganhou toma posse e governa e quem perdeu se prepara para outras eleições’, afirma presidente sobre disputa na Venezuela

Por Felipe Frazão
Atualização:

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, dia 23, que foi “extraordinária” a decisão da oposição na Venezuela de se unir em torno de um candidato único contra o ditador Nicolás Maduro, de quem o petista é aliado.

A Plataforma Democrática Unitária anunciou que apoiará a candidatura do diplomata Edmundo González Urrutia, depois que o regime chavista impediu o registro das candidatas Corina Yoris e María Corina Machado.

Lula falou sobre a situação política na Venezuela e sobre não ter lido ainda carta do presidente argentino, enviada há uma semana, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto Foto: Wilton Júnior/Estadão Foto: Wilton Júnior/Estadão
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“A questão da Venezuela, está acontecendo uma coisa extraordinária, a oposição toda se reuniu, está lançando candidato único e vai ter eleições”, disse Lula, em café da manhã com jornalistas. “Quem ganhou toma posse e governa, e quem perdeu se prepara para outras eleições, como eu me preparei depois de três derrotas no Brasil.”

O presidente defendeu a normalização política na Venezuela e reafirmou o interesse do Brasil de acompanhar as eleições presidenciais de 28 de julho. Segundo Lula, há muita atenção no exterior e desejo de monitorar a realização das eleições. Na semana passada, a Casa Branca determinou a retomada das sanções ecomômicas em Caracas, pelo descumprimento dos Acordos de Barbados.

“Se o Brasil for convidado participará do acompanhamento das eleições na perspectiva de que quando terminar essas eleições as pessoas voltem à normalidade”, disse Lula. “Fico torcendo para que a Venezuela volte à normalidade, que os EUA retirem as sanções e a Venezuela possa voltar a receber de volta o povo que está deixando a Venezuela pela situação econômica.”

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Lula durante reunião com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro Foto: Luisa Gonzalez/REUTERS

O presidente não quis comentar detalhes sobre a proposta apresentada a ele na semana passada em Bogotá, pelo presidente colombiano Gustavo Petro. A Colômbia sugeriu que as forças políticas venezuelanas realizem um plebiscito e formalizem um acordo de garantias democráticas, contra perseguição política após o pleito em Caracas.

O Brasil endossou em comunicado conjunto a proposta de Petro. Também aliado de Maduro, ele afirmou que é preciso garantir a vida, a segurança e os direitos políticos de quem sair derrotado.

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Semanas antes, Lula e Petro, em gesto inédito, criticaram a proibição do registro de candidatas das opositoras pelo chavismo. Lula disse que o bloqueio era “grave” e afirmou que não havia explicação razoável por parte do governo venezuelano para barrar as adversárias. Petro falou em “golpe antidemocrático”.

Argentina

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Uma semana depois de receber nova carta do presidente da Argentina, Javier Milei, o petista afirmou que não tomou conhecimento do conteúdo ainda.

A carta foi entregue pela chanceler Diana Mondino, primeira representante de Milei a realizar visita oficial a Brasília, em mãos ao ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores).

“Meu chanceler viajou e ainda não vi a carta”, afirmou Lula. “Não sei o que o Milei está dizendo na carta.”

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Apesar da escusa de Lula, o Estadão apurou que a carta já foi enviada ao Palácio do Planalto. O ministro Mauro Vieira viajou com Lula para Bogotá, capital da Colômbia.

O presidente disse que, após ler o conteúdo, tem interesse em divulgar à imprensa o que o presidente da Argentina quer conversar com o Brasil. Diplomatas afirmam que Milei faz referência na carta a um encontro com Lula, de forma genérica, sem propor data.

Lula e Milei são rivais ideológicos e acumularam um histórico de ofensas e provocações no ano passado, que agora as burocracias diplomáticas tentam amenizar, em prol de um relacionamento mais pragmático, como mostrou o Estadão.

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Em cartas anteriores, Milei já falou em se reuniur com Lula - algo que rechaçava em campanha eleitoral -, mas a data de um encontro segue em aberto. Milei é visto com desconfiança no Palácio do Planalto, e conselheiros de Lula afirmam que ele deve desculpas ao petista em público.

Chile

O presidente confirmou que irá ao Chile em maio para encontrar o presidente Gabriel Boric em Santiago e participar da segunda edição da reunião de presidentes sul-americanos, agora organizada pelo chileno.

O primeiro encontro lançou o Consenso de Brasília, em maio de 2023, por iniciativa de Lula. Ele planejava recriar a Unasul (União de Nações Sul-americanas), mas fracassou. Na ocasião, Boric e o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, criticaram Lula por reabilitar Nicolás Maduro e minimizar abusos autoritários do regime chavista.

Lula pregou integração de infraestrutura e política na região. O próprio petista admitiu que a integração regional está “muito difícil” atualmente, por divergências políticas na América Latina.

Ele chegou a citar que nos mandatos passados encontrou presidentes de esquerda na região e citou Hugo Chávez (Venezuela), Fernando Lugo (Paraguai), Michelle Bachellet (Chile), Evo Morales (Bolívia) e Cristina Kirchner (Argentina).

“Era uma América do Sul progressista. Se pegar hoje, você percebe um retrocesso pelo crescimento da extrema-direita, do racismo, da xenofobia, da perseguição de minorias, da pauta de costumes com assuntos retrógrados. O Brasil é um polo de resistência disso tudo”, afirmou o petista.

“Ou agimos enquanto bloco, afinamos a nossa viola, e entramos no picadeiro das negociações internacionais, ou se a gente achar ‘ah, eu sou mais amigo dos EUA, ele vai me privilegiar’... Isso é bobagem. Cada país tem interesse prioritário em ganhar. Se a gente fizer uma política de aliança a gente vai respeitar as diferenças e fazer nossa economia crescer. O Brasil precisa fazer isso com todos os países, apesar da dificuldade política que temos hoje. Está muito difícil. Mas temos que tentar, esse é o papel do Brasil”, disse Lula.

Lula afirmou ainda que deseja promover um encontro internacional de “presidentes democratas” para debater o avanço da extrema direita. O encontro ocorreria em setembro, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Ele disse já ter tratado da ideia com Pedro Sánchez, premiê espanhol, e com Emmanuel Macron, presidente da França.

O petista disse que é considerado “persona non grata pela extrema direita no mundo inteiro” e que eles dizem que Lula precisa ser “destruído”.

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, dia 23, que foi “extraordinária” a decisão da oposição na Venezuela de se unir em torno de um candidato único contra o ditador Nicolás Maduro, de quem o petista é aliado.

A Plataforma Democrática Unitária anunciou que apoiará a candidatura do diplomata Edmundo González Urrutia, depois que o regime chavista impediu o registro das candidatas Corina Yoris e María Corina Machado.

Lula falou sobre a situação política na Venezuela e sobre não ter lido ainda carta do presidente argentino, enviada há uma semana, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto Foto: Wilton Júnior/Estadão Foto: Wilton Júnior/Estadão

“A questão da Venezuela, está acontecendo uma coisa extraordinária, a oposição toda se reuniu, está lançando candidato único e vai ter eleições”, disse Lula, em café da manhã com jornalistas. “Quem ganhou toma posse e governa, e quem perdeu se prepara para outras eleições, como eu me preparei depois de três derrotas no Brasil.”

O presidente defendeu a normalização política na Venezuela e reafirmou o interesse do Brasil de acompanhar as eleições presidenciais de 28 de julho. Segundo Lula, há muita atenção no exterior e desejo de monitorar a realização das eleições. Na semana passada, a Casa Branca determinou a retomada das sanções ecomômicas em Caracas, pelo descumprimento dos Acordos de Barbados.

“Se o Brasil for convidado participará do acompanhamento das eleições na perspectiva de que quando terminar essas eleições as pessoas voltem à normalidade”, disse Lula. “Fico torcendo para que a Venezuela volte à normalidade, que os EUA retirem as sanções e a Venezuela possa voltar a receber de volta o povo que está deixando a Venezuela pela situação econômica.”

Lula durante reunião com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro Foto: Luisa Gonzalez/REUTERS

O presidente não quis comentar detalhes sobre a proposta apresentada a ele na semana passada em Bogotá, pelo presidente colombiano Gustavo Petro. A Colômbia sugeriu que as forças políticas venezuelanas realizem um plebiscito e formalizem um acordo de garantias democráticas, contra perseguição política após o pleito em Caracas.

O Brasil endossou em comunicado conjunto a proposta de Petro. Também aliado de Maduro, ele afirmou que é preciso garantir a vida, a segurança e os direitos políticos de quem sair derrotado.

Semanas antes, Lula e Petro, em gesto inédito, criticaram a proibição do registro de candidatas das opositoras pelo chavismo. Lula disse que o bloqueio era “grave” e afirmou que não havia explicação razoável por parte do governo venezuelano para barrar as adversárias. Petro falou em “golpe antidemocrático”.

Argentina

Uma semana depois de receber nova carta do presidente da Argentina, Javier Milei, o petista afirmou que não tomou conhecimento do conteúdo ainda.

A carta foi entregue pela chanceler Diana Mondino, primeira representante de Milei a realizar visita oficial a Brasília, em mãos ao ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores).

“Meu chanceler viajou e ainda não vi a carta”, afirmou Lula. “Não sei o que o Milei está dizendo na carta.”

Apesar da escusa de Lula, o Estadão apurou que a carta já foi enviada ao Palácio do Planalto. O ministro Mauro Vieira viajou com Lula para Bogotá, capital da Colômbia.

O presidente disse que, após ler o conteúdo, tem interesse em divulgar à imprensa o que o presidente da Argentina quer conversar com o Brasil. Diplomatas afirmam que Milei faz referência na carta a um encontro com Lula, de forma genérica, sem propor data.

Lula e Milei são rivais ideológicos e acumularam um histórico de ofensas e provocações no ano passado, que agora as burocracias diplomáticas tentam amenizar, em prol de um relacionamento mais pragmático, como mostrou o Estadão.

Em cartas anteriores, Milei já falou em se reuniur com Lula - algo que rechaçava em campanha eleitoral -, mas a data de um encontro segue em aberto. Milei é visto com desconfiança no Palácio do Planalto, e conselheiros de Lula afirmam que ele deve desculpas ao petista em público.

Chile

O presidente confirmou que irá ao Chile em maio para encontrar o presidente Gabriel Boric em Santiago e participar da segunda edição da reunião de presidentes sul-americanos, agora organizada pelo chileno.

O primeiro encontro lançou o Consenso de Brasília, em maio de 2023, por iniciativa de Lula. Ele planejava recriar a Unasul (União de Nações Sul-americanas), mas fracassou. Na ocasião, Boric e o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, criticaram Lula por reabilitar Nicolás Maduro e minimizar abusos autoritários do regime chavista.

Lula pregou integração de infraestrutura e política na região. O próprio petista admitiu que a integração regional está “muito difícil” atualmente, por divergências políticas na América Latina.

Ele chegou a citar que nos mandatos passados encontrou presidentes de esquerda na região e citou Hugo Chávez (Venezuela), Fernando Lugo (Paraguai), Michelle Bachellet (Chile), Evo Morales (Bolívia) e Cristina Kirchner (Argentina).

“Era uma América do Sul progressista. Se pegar hoje, você percebe um retrocesso pelo crescimento da extrema-direita, do racismo, da xenofobia, da perseguição de minorias, da pauta de costumes com assuntos retrógrados. O Brasil é um polo de resistência disso tudo”, afirmou o petista.

“Ou agimos enquanto bloco, afinamos a nossa viola, e entramos no picadeiro das negociações internacionais, ou se a gente achar ‘ah, eu sou mais amigo dos EUA, ele vai me privilegiar’... Isso é bobagem. Cada país tem interesse prioritário em ganhar. Se a gente fizer uma política de aliança a gente vai respeitar as diferenças e fazer nossa economia crescer. O Brasil precisa fazer isso com todos os países, apesar da dificuldade política que temos hoje. Está muito difícil. Mas temos que tentar, esse é o papel do Brasil”, disse Lula.

Lula afirmou ainda que deseja promover um encontro internacional de “presidentes democratas” para debater o avanço da extrema direita. O encontro ocorreria em setembro, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Ele disse já ter tratado da ideia com Pedro Sánchez, premiê espanhol, e com Emmanuel Macron, presidente da França.

O petista disse que é considerado “persona non grata pela extrema direita no mundo inteiro” e que eles dizem que Lula precisa ser “destruído”.

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, dia 23, que foi “extraordinária” a decisão da oposição na Venezuela de se unir em torno de um candidato único contra o ditador Nicolás Maduro, de quem o petista é aliado.

A Plataforma Democrática Unitária anunciou que apoiará a candidatura do diplomata Edmundo González Urrutia, depois que o regime chavista impediu o registro das candidatas Corina Yoris e María Corina Machado.

Lula falou sobre a situação política na Venezuela e sobre não ter lido ainda carta do presidente argentino, enviada há uma semana, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto Foto: Wilton Júnior/Estadão Foto: Wilton Júnior/Estadão

“A questão da Venezuela, está acontecendo uma coisa extraordinária, a oposição toda se reuniu, está lançando candidato único e vai ter eleições”, disse Lula, em café da manhã com jornalistas. “Quem ganhou toma posse e governa, e quem perdeu se prepara para outras eleições, como eu me preparei depois de três derrotas no Brasil.”

O presidente defendeu a normalização política na Venezuela e reafirmou o interesse do Brasil de acompanhar as eleições presidenciais de 28 de julho. Segundo Lula, há muita atenção no exterior e desejo de monitorar a realização das eleições. Na semana passada, a Casa Branca determinou a retomada das sanções ecomômicas em Caracas, pelo descumprimento dos Acordos de Barbados.

“Se o Brasil for convidado participará do acompanhamento das eleições na perspectiva de que quando terminar essas eleições as pessoas voltem à normalidade”, disse Lula. “Fico torcendo para que a Venezuela volte à normalidade, que os EUA retirem as sanções e a Venezuela possa voltar a receber de volta o povo que está deixando a Venezuela pela situação econômica.”

Lula durante reunião com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro Foto: Luisa Gonzalez/REUTERS

O presidente não quis comentar detalhes sobre a proposta apresentada a ele na semana passada em Bogotá, pelo presidente colombiano Gustavo Petro. A Colômbia sugeriu que as forças políticas venezuelanas realizem um plebiscito e formalizem um acordo de garantias democráticas, contra perseguição política após o pleito em Caracas.

O Brasil endossou em comunicado conjunto a proposta de Petro. Também aliado de Maduro, ele afirmou que é preciso garantir a vida, a segurança e os direitos políticos de quem sair derrotado.

Semanas antes, Lula e Petro, em gesto inédito, criticaram a proibição do registro de candidatas das opositoras pelo chavismo. Lula disse que o bloqueio era “grave” e afirmou que não havia explicação razoável por parte do governo venezuelano para barrar as adversárias. Petro falou em “golpe antidemocrático”.

Argentina

Uma semana depois de receber nova carta do presidente da Argentina, Javier Milei, o petista afirmou que não tomou conhecimento do conteúdo ainda.

A carta foi entregue pela chanceler Diana Mondino, primeira representante de Milei a realizar visita oficial a Brasília, em mãos ao ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores).

“Meu chanceler viajou e ainda não vi a carta”, afirmou Lula. “Não sei o que o Milei está dizendo na carta.”

Apesar da escusa de Lula, o Estadão apurou que a carta já foi enviada ao Palácio do Planalto. O ministro Mauro Vieira viajou com Lula para Bogotá, capital da Colômbia.

O presidente disse que, após ler o conteúdo, tem interesse em divulgar à imprensa o que o presidente da Argentina quer conversar com o Brasil. Diplomatas afirmam que Milei faz referência na carta a um encontro com Lula, de forma genérica, sem propor data.

Lula e Milei são rivais ideológicos e acumularam um histórico de ofensas e provocações no ano passado, que agora as burocracias diplomáticas tentam amenizar, em prol de um relacionamento mais pragmático, como mostrou o Estadão.

Em cartas anteriores, Milei já falou em se reuniur com Lula - algo que rechaçava em campanha eleitoral -, mas a data de um encontro segue em aberto. Milei é visto com desconfiança no Palácio do Planalto, e conselheiros de Lula afirmam que ele deve desculpas ao petista em público.

Chile

O presidente confirmou que irá ao Chile em maio para encontrar o presidente Gabriel Boric em Santiago e participar da segunda edição da reunião de presidentes sul-americanos, agora organizada pelo chileno.

O primeiro encontro lançou o Consenso de Brasília, em maio de 2023, por iniciativa de Lula. Ele planejava recriar a Unasul (União de Nações Sul-americanas), mas fracassou. Na ocasião, Boric e o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, criticaram Lula por reabilitar Nicolás Maduro e minimizar abusos autoritários do regime chavista.

Lula pregou integração de infraestrutura e política na região. O próprio petista admitiu que a integração regional está “muito difícil” atualmente, por divergências políticas na América Latina.

Ele chegou a citar que nos mandatos passados encontrou presidentes de esquerda na região e citou Hugo Chávez (Venezuela), Fernando Lugo (Paraguai), Michelle Bachellet (Chile), Evo Morales (Bolívia) e Cristina Kirchner (Argentina).

“Era uma América do Sul progressista. Se pegar hoje, você percebe um retrocesso pelo crescimento da extrema-direita, do racismo, da xenofobia, da perseguição de minorias, da pauta de costumes com assuntos retrógrados. O Brasil é um polo de resistência disso tudo”, afirmou o petista.

“Ou agimos enquanto bloco, afinamos a nossa viola, e entramos no picadeiro das negociações internacionais, ou se a gente achar ‘ah, eu sou mais amigo dos EUA, ele vai me privilegiar’... Isso é bobagem. Cada país tem interesse prioritário em ganhar. Se a gente fizer uma política de aliança a gente vai respeitar as diferenças e fazer nossa economia crescer. O Brasil precisa fazer isso com todos os países, apesar da dificuldade política que temos hoje. Está muito difícil. Mas temos que tentar, esse é o papel do Brasil”, disse Lula.

Lula afirmou ainda que deseja promover um encontro internacional de “presidentes democratas” para debater o avanço da extrema direita. O encontro ocorreria em setembro, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Ele disse já ter tratado da ideia com Pedro Sánchez, premiê espanhol, e com Emmanuel Macron, presidente da França.

O petista disse que é considerado “persona non grata pela extrema direita no mundo inteiro” e que eles dizem que Lula precisa ser “destruído”.

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, dia 23, que foi “extraordinária” a decisão da oposição na Venezuela de se unir em torno de um candidato único contra o ditador Nicolás Maduro, de quem o petista é aliado.

A Plataforma Democrática Unitária anunciou que apoiará a candidatura do diplomata Edmundo González Urrutia, depois que o regime chavista impediu o registro das candidatas Corina Yoris e María Corina Machado.

Lula falou sobre a situação política na Venezuela e sobre não ter lido ainda carta do presidente argentino, enviada há uma semana, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto Foto: Wilton Júnior/Estadão Foto: Wilton Júnior/Estadão

“A questão da Venezuela, está acontecendo uma coisa extraordinária, a oposição toda se reuniu, está lançando candidato único e vai ter eleições”, disse Lula, em café da manhã com jornalistas. “Quem ganhou toma posse e governa, e quem perdeu se prepara para outras eleições, como eu me preparei depois de três derrotas no Brasil.”

O presidente defendeu a normalização política na Venezuela e reafirmou o interesse do Brasil de acompanhar as eleições presidenciais de 28 de julho. Segundo Lula, há muita atenção no exterior e desejo de monitorar a realização das eleições. Na semana passada, a Casa Branca determinou a retomada das sanções ecomômicas em Caracas, pelo descumprimento dos Acordos de Barbados.

“Se o Brasil for convidado participará do acompanhamento das eleições na perspectiva de que quando terminar essas eleições as pessoas voltem à normalidade”, disse Lula. “Fico torcendo para que a Venezuela volte à normalidade, que os EUA retirem as sanções e a Venezuela possa voltar a receber de volta o povo que está deixando a Venezuela pela situação econômica.”

Lula durante reunião com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro Foto: Luisa Gonzalez/REUTERS

O presidente não quis comentar detalhes sobre a proposta apresentada a ele na semana passada em Bogotá, pelo presidente colombiano Gustavo Petro. A Colômbia sugeriu que as forças políticas venezuelanas realizem um plebiscito e formalizem um acordo de garantias democráticas, contra perseguição política após o pleito em Caracas.

O Brasil endossou em comunicado conjunto a proposta de Petro. Também aliado de Maduro, ele afirmou que é preciso garantir a vida, a segurança e os direitos políticos de quem sair derrotado.

Semanas antes, Lula e Petro, em gesto inédito, criticaram a proibição do registro de candidatas das opositoras pelo chavismo. Lula disse que o bloqueio era “grave” e afirmou que não havia explicação razoável por parte do governo venezuelano para barrar as adversárias. Petro falou em “golpe antidemocrático”.

Argentina

Uma semana depois de receber nova carta do presidente da Argentina, Javier Milei, o petista afirmou que não tomou conhecimento do conteúdo ainda.

A carta foi entregue pela chanceler Diana Mondino, primeira representante de Milei a realizar visita oficial a Brasília, em mãos ao ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores).

“Meu chanceler viajou e ainda não vi a carta”, afirmou Lula. “Não sei o que o Milei está dizendo na carta.”

Apesar da escusa de Lula, o Estadão apurou que a carta já foi enviada ao Palácio do Planalto. O ministro Mauro Vieira viajou com Lula para Bogotá, capital da Colômbia.

O presidente disse que, após ler o conteúdo, tem interesse em divulgar à imprensa o que o presidente da Argentina quer conversar com o Brasil. Diplomatas afirmam que Milei faz referência na carta a um encontro com Lula, de forma genérica, sem propor data.

Lula e Milei são rivais ideológicos e acumularam um histórico de ofensas e provocações no ano passado, que agora as burocracias diplomáticas tentam amenizar, em prol de um relacionamento mais pragmático, como mostrou o Estadão.

Em cartas anteriores, Milei já falou em se reuniur com Lula - algo que rechaçava em campanha eleitoral -, mas a data de um encontro segue em aberto. Milei é visto com desconfiança no Palácio do Planalto, e conselheiros de Lula afirmam que ele deve desculpas ao petista em público.

Chile

O presidente confirmou que irá ao Chile em maio para encontrar o presidente Gabriel Boric em Santiago e participar da segunda edição da reunião de presidentes sul-americanos, agora organizada pelo chileno.

O primeiro encontro lançou o Consenso de Brasília, em maio de 2023, por iniciativa de Lula. Ele planejava recriar a Unasul (União de Nações Sul-americanas), mas fracassou. Na ocasião, Boric e o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, criticaram Lula por reabilitar Nicolás Maduro e minimizar abusos autoritários do regime chavista.

Lula pregou integração de infraestrutura e política na região. O próprio petista admitiu que a integração regional está “muito difícil” atualmente, por divergências políticas na América Latina.

Ele chegou a citar que nos mandatos passados encontrou presidentes de esquerda na região e citou Hugo Chávez (Venezuela), Fernando Lugo (Paraguai), Michelle Bachellet (Chile), Evo Morales (Bolívia) e Cristina Kirchner (Argentina).

“Era uma América do Sul progressista. Se pegar hoje, você percebe um retrocesso pelo crescimento da extrema-direita, do racismo, da xenofobia, da perseguição de minorias, da pauta de costumes com assuntos retrógrados. O Brasil é um polo de resistência disso tudo”, afirmou o petista.

“Ou agimos enquanto bloco, afinamos a nossa viola, e entramos no picadeiro das negociações internacionais, ou se a gente achar ‘ah, eu sou mais amigo dos EUA, ele vai me privilegiar’... Isso é bobagem. Cada país tem interesse prioritário em ganhar. Se a gente fizer uma política de aliança a gente vai respeitar as diferenças e fazer nossa economia crescer. O Brasil precisa fazer isso com todos os países, apesar da dificuldade política que temos hoje. Está muito difícil. Mas temos que tentar, esse é o papel do Brasil”, disse Lula.

Lula afirmou ainda que deseja promover um encontro internacional de “presidentes democratas” para debater o avanço da extrema direita. O encontro ocorreria em setembro, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Ele disse já ter tratado da ideia com Pedro Sánchez, premiê espanhol, e com Emmanuel Macron, presidente da França.

O petista disse que é considerado “persona non grata pela extrema direita no mundo inteiro” e que eles dizem que Lula precisa ser “destruído”.

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira, dia 23, que foi “extraordinária” a decisão da oposição na Venezuela de se unir em torno de um candidato único contra o ditador Nicolás Maduro, de quem o petista é aliado.

A Plataforma Democrática Unitária anunciou que apoiará a candidatura do diplomata Edmundo González Urrutia, depois que o regime chavista impediu o registro das candidatas Corina Yoris e María Corina Machado.

Lula falou sobre a situação política na Venezuela e sobre não ter lido ainda carta do presidente argentino, enviada há uma semana, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto Foto: Wilton Júnior/Estadão Foto: Wilton Júnior/Estadão

“A questão da Venezuela, está acontecendo uma coisa extraordinária, a oposição toda se reuniu, está lançando candidato único e vai ter eleições”, disse Lula, em café da manhã com jornalistas. “Quem ganhou toma posse e governa, e quem perdeu se prepara para outras eleições, como eu me preparei depois de três derrotas no Brasil.”

O presidente defendeu a normalização política na Venezuela e reafirmou o interesse do Brasil de acompanhar as eleições presidenciais de 28 de julho. Segundo Lula, há muita atenção no exterior e desejo de monitorar a realização das eleições. Na semana passada, a Casa Branca determinou a retomada das sanções ecomômicas em Caracas, pelo descumprimento dos Acordos de Barbados.

“Se o Brasil for convidado participará do acompanhamento das eleições na perspectiva de que quando terminar essas eleições as pessoas voltem à normalidade”, disse Lula. “Fico torcendo para que a Venezuela volte à normalidade, que os EUA retirem as sanções e a Venezuela possa voltar a receber de volta o povo que está deixando a Venezuela pela situação econômica.”

Lula durante reunião com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro Foto: Luisa Gonzalez/REUTERS

O presidente não quis comentar detalhes sobre a proposta apresentada a ele na semana passada em Bogotá, pelo presidente colombiano Gustavo Petro. A Colômbia sugeriu que as forças políticas venezuelanas realizem um plebiscito e formalizem um acordo de garantias democráticas, contra perseguição política após o pleito em Caracas.

O Brasil endossou em comunicado conjunto a proposta de Petro. Também aliado de Maduro, ele afirmou que é preciso garantir a vida, a segurança e os direitos políticos de quem sair derrotado.

Semanas antes, Lula e Petro, em gesto inédito, criticaram a proibição do registro de candidatas das opositoras pelo chavismo. Lula disse que o bloqueio era “grave” e afirmou que não havia explicação razoável por parte do governo venezuelano para barrar as adversárias. Petro falou em “golpe antidemocrático”.

Argentina

Uma semana depois de receber nova carta do presidente da Argentina, Javier Milei, o petista afirmou que não tomou conhecimento do conteúdo ainda.

A carta foi entregue pela chanceler Diana Mondino, primeira representante de Milei a realizar visita oficial a Brasília, em mãos ao ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores).

“Meu chanceler viajou e ainda não vi a carta”, afirmou Lula. “Não sei o que o Milei está dizendo na carta.”

Apesar da escusa de Lula, o Estadão apurou que a carta já foi enviada ao Palácio do Planalto. O ministro Mauro Vieira viajou com Lula para Bogotá, capital da Colômbia.

O presidente disse que, após ler o conteúdo, tem interesse em divulgar à imprensa o que o presidente da Argentina quer conversar com o Brasil. Diplomatas afirmam que Milei faz referência na carta a um encontro com Lula, de forma genérica, sem propor data.

Lula e Milei são rivais ideológicos e acumularam um histórico de ofensas e provocações no ano passado, que agora as burocracias diplomáticas tentam amenizar, em prol de um relacionamento mais pragmático, como mostrou o Estadão.

Em cartas anteriores, Milei já falou em se reuniur com Lula - algo que rechaçava em campanha eleitoral -, mas a data de um encontro segue em aberto. Milei é visto com desconfiança no Palácio do Planalto, e conselheiros de Lula afirmam que ele deve desculpas ao petista em público.

Chile

O presidente confirmou que irá ao Chile em maio para encontrar o presidente Gabriel Boric em Santiago e participar da segunda edição da reunião de presidentes sul-americanos, agora organizada pelo chileno.

O primeiro encontro lançou o Consenso de Brasília, em maio de 2023, por iniciativa de Lula. Ele planejava recriar a Unasul (União de Nações Sul-americanas), mas fracassou. Na ocasião, Boric e o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, criticaram Lula por reabilitar Nicolás Maduro e minimizar abusos autoritários do regime chavista.

Lula pregou integração de infraestrutura e política na região. O próprio petista admitiu que a integração regional está “muito difícil” atualmente, por divergências políticas na América Latina.

Ele chegou a citar que nos mandatos passados encontrou presidentes de esquerda na região e citou Hugo Chávez (Venezuela), Fernando Lugo (Paraguai), Michelle Bachellet (Chile), Evo Morales (Bolívia) e Cristina Kirchner (Argentina).

“Era uma América do Sul progressista. Se pegar hoje, você percebe um retrocesso pelo crescimento da extrema-direita, do racismo, da xenofobia, da perseguição de minorias, da pauta de costumes com assuntos retrógrados. O Brasil é um polo de resistência disso tudo”, afirmou o petista.

“Ou agimos enquanto bloco, afinamos a nossa viola, e entramos no picadeiro das negociações internacionais, ou se a gente achar ‘ah, eu sou mais amigo dos EUA, ele vai me privilegiar’... Isso é bobagem. Cada país tem interesse prioritário em ganhar. Se a gente fizer uma política de aliança a gente vai respeitar as diferenças e fazer nossa economia crescer. O Brasil precisa fazer isso com todos os países, apesar da dificuldade política que temos hoje. Está muito difícil. Mas temos que tentar, esse é o papel do Brasil”, disse Lula.

Lula afirmou ainda que deseja promover um encontro internacional de “presidentes democratas” para debater o avanço da extrema direita. O encontro ocorreria em setembro, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York. Ele disse já ter tratado da ideia com Pedro Sánchez, premiê espanhol, e com Emmanuel Macron, presidente da França.

O petista disse que é considerado “persona non grata pela extrema direita no mundo inteiro” e que eles dizem que Lula precisa ser “destruído”.

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