Lula promete apoio à inclusão da Colômbia no Brics após revés com a Argentina


Expectativa é que novo processo de expansão seja realizado na Cúpula de Kazan, na Rússia; Indonésia, Venezuela e Paquistão também buscam entrar no bloco

Por Felipe Frazão
Atualização:

ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai patrocinar no Brics a inclusão da Colômbia. O presidente colombiano, Gustavo Petro, pediu nesta quarta-feira, dia 17, a adesão do país ao bloco de nações em desenvolvimento, que no ano passado passou por sua maior expansão e agora tem dez membros.

“O presidente Petro manifestou o interesse da Colômbia de aderir ao Brics como membro pleno no menor prazo possível, e o presidente Lula acolheu com beneplácito essa iniciativa e se comprometeu a promover a candidatura da Colômbia”, afirmaram as chancelarias em declaração conjunta.

No começo do ano, o presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou a desistência do país de ingressar no Brics, visto como um foro de cada vez mais influência direta da China e de desafio ao domínio econômico e político ocidental e do G-7.

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Presidente Lula é recebido por Gustavo Petro em visita a Bogotá, 17 de abril de 2024.  Foto: Cesar Carrion/Presidência da Colômbia/AFP

O Brasil atuou em favor da Argentina na última cúpula e, com a recusa do novo governo, perdeu-se a ideia de certo equilíbrio regional na expansão, critério defendido por Brasília. O País continua como único membro da América Latina.

O Brasil era inicialmente contra a expansão do Brics, por entender que poderia diluir inclusive seu protagonismo, mas acabou cedendo à ofensiva de Pequim.

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Cada um dos membros patrocinou nos bastidores os novos países e todos tiveram o convite aprovado por consenso, como é praxe no grupo. A expectativa da cúpula de Kazan, em outubro, na Rússia, é que novo processo de expansão seja realizado. Indonésia, Venezuela e Paquistão também buscam entrar no Brics.

Atualmente, os membros são Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

“Quem sabe a nossa querida Colômbia possa participar dos BRICS”, disse Lula em declaração após encontro com Petro.

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A Colômbia vai participar de reuniões do G-20, coordenado neste ano pelo Brasil, e manifestou interesse em aderir à proposta de Lula de uma aliança global contra a fome e a pobreza. Em contrapartida, o petista disse que certamente participará, em outubro, da COP-16 da Biodiversidade, em Cali.

No encontro em Bogotá, os presidentes também discutiram a crise política na vizinha Venezuela, onde opositores foram impedidos de disputar a eleição — o que levou Lula e Petro, aliados históricos de Nicolás Maduro, a criticar o regime de forma inédita.

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O petista ouviu a proposta colombiana de consulta popular na Venezuela sobre um possível acordo para garantir a segurança e os direitos políticos de quem sair derrotado na votação. O plano havia sido discutido por Petro com Maduro e integrantes da oposição ao chavismo, em Caracas.

Lula não respondeu se apoia o plebiscito, mas incentivou a ideia em declaração conjunta. No comunicado, Brasil e Colômbia destacaram a importância do diálogo e pediram que governo e oposição considerem chegar a um acordo de garantias democráticas que possa ser referendado nas urnas. Os dois países também reiteraram o repúdio às sanções.

Hidrogênio verde

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O presidente Gustavo Petro também pediu a Lula que as empresas petroleiras dos dois países, a Petrobras e a Ecopetrol, desenvolvam projetos em energia limpa e explorem uma frente para o hidrogênio verde, que chamou de “petróleo do futuro”. Petro tem sido crítico aos incentivos à exploração de petróleo no Brasil, por parte do governo Lula, sobretudo próximo à Amazônia, como a pesquisa na margem equatorial.

Segundo ele, os países sul-americanos possuem “enormes vantagens” naturais para desenvolver energia limpa, por isso a proposta para integrar capital público e privado em um projeto central energético.

O presidente colombiano pregou a “descarbonização” da balança comercial. Petro queixou-se de queda no volume de trocas entre os países e do desequilíbrio. Segundo dados citados por ele, a Colômbia exporta US$ 1,8 bilhão e importa US$ 3,7 bilhões do Brasil - um déficit de quase US$ 2 bilhões.

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Ele citou que a Colômbia exporta principalmente derivados fósseis e importa produtos que já produz, como café, açúcar e milho, além de veículos. “A balança comercial tem uma estrutura que não podemos classificar como positiva no século XXI. Importamos coisas que produzimos. Não deixa de ser um paradoxo”, disse Petro. “Deveríamos nos esforçar em outro roteiro.”

“A selva amazônica nos separou em vez de nos unir e não deve ser vista como abismo entre os países, mas como ponte”, afirmou o colombiano, dizendo que só 147 mil turistas brasileiros visitam a Colômbia por ano e que cerca de 100 mil colombianos vão ao Brasil.

Petro disse que Brasil e Colômbia devem se unir política, social, econômica e militarmente para salvar a floresta. Segundo ele, os países podem liderar o exemplo e “puxar” os demais países latino-americanos, em meio a problemas políticos de integração na região. Petro classificou a floresta como um eixo fundamental da relação bilateral.

Medo e fake news

Lula, por sua vez, disse que por muitos anos Brasil, Colômbia e os demais países da região deram as costas às Américas e à África porque decidiram voltar-se somente à Europa e aos Estados Unidos, o que considera uma consequência da mentalidade de “colonizados”. Ele também pregou o desenvolvimento de projetos verdes de energia e biodiversidade e afirmou que a transição energética torna os países atrativos para investimentos.

O petista também disse que o comércio bilateral permanece muito aquém do potencial e pediu flexibilização e “uma nova mentalidade” por parte de empresários de lado a lado que resistem ao ingresso de produtos - como ocorre com o café colombiano no Brasil.

“O que causa medo aos empresários?”, questionou Lula, dizendo que durante muito tempo os dois lados trataram-se como adversários sem se conhecerem. “Precisamos tirar todos os entraves que atrapalham a relação entre Brasil e Colômbia”, pregou o petista.

Lava Jato

O petista disse que o Brasil não busca “hegemonia” e tem a “responsabilidade” de financiar obras de engenharia na América Latina - modelo que no passado ficou marcado por casos de corrupção desvendados na Operação Lava Jato.

Lula falou na criação de um banco da América do Sul para impulsionar o desenvolvimento na região. “Não é possível a nossa carência de infraestrutura, não é possível que um País do tamanho do Brasil, que a gente não tenha condições de criar um banco nosso, da América do Sul, para financiar o desenvolvimento. Não é possível ficar correndo atrás do Banco Mundial toda hora. Podemos criar uma coisa nossa, que fale como a gente, que pense como a gente e conheça os problemas da gente”, afirmou Lula.

Lula falou mais uma vez em tentar reorganizar a Unasul, citou o “extremismo” e o discurso de ódio e desinformação na América Latina. Ele afirmou que as divergências políticas no passado não impediam o relacionamento na região. Em reunião na Casa de Nariño, os presidentes discutiram o Consenso de Brasília, criado a partir de reunião dos presidentes sul-americanos no Brasil, em 2023.

Os presidentes participaram do encerramento do Fórum empresarial Brasil-Colômbia, com cerca de 500 participantes, entre empresários, executivos e agentes de governo dos dois países. Estiveram presentes líderes de JBS, Minerva, Itaú, Embraer, Embrapa, Weg, Ambev, Avianca, Gol, Latam, BTG Pactual, Rappi, Saque y Pague, Lulo Bank, Procafecol, entre outros.

ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai patrocinar no Brics a inclusão da Colômbia. O presidente colombiano, Gustavo Petro, pediu nesta quarta-feira, dia 17, a adesão do país ao bloco de nações em desenvolvimento, que no ano passado passou por sua maior expansão e agora tem dez membros.

“O presidente Petro manifestou o interesse da Colômbia de aderir ao Brics como membro pleno no menor prazo possível, e o presidente Lula acolheu com beneplácito essa iniciativa e se comprometeu a promover a candidatura da Colômbia”, afirmaram as chancelarias em declaração conjunta.

No começo do ano, o presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou a desistência do país de ingressar no Brics, visto como um foro de cada vez mais influência direta da China e de desafio ao domínio econômico e político ocidental e do G-7.

Presidente Lula é recebido por Gustavo Petro em visita a Bogotá, 17 de abril de 2024.  Foto: Cesar Carrion/Presidência da Colômbia/AFP

O Brasil atuou em favor da Argentina na última cúpula e, com a recusa do novo governo, perdeu-se a ideia de certo equilíbrio regional na expansão, critério defendido por Brasília. O País continua como único membro da América Latina.

O Brasil era inicialmente contra a expansão do Brics, por entender que poderia diluir inclusive seu protagonismo, mas acabou cedendo à ofensiva de Pequim.

Cada um dos membros patrocinou nos bastidores os novos países e todos tiveram o convite aprovado por consenso, como é praxe no grupo. A expectativa da cúpula de Kazan, em outubro, na Rússia, é que novo processo de expansão seja realizado. Indonésia, Venezuela e Paquistão também buscam entrar no Brics.

Atualmente, os membros são Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

“Quem sabe a nossa querida Colômbia possa participar dos BRICS”, disse Lula em declaração após encontro com Petro.

A Colômbia vai participar de reuniões do G-20, coordenado neste ano pelo Brasil, e manifestou interesse em aderir à proposta de Lula de uma aliança global contra a fome e a pobreza. Em contrapartida, o petista disse que certamente participará, em outubro, da COP-16 da Biodiversidade, em Cali.

No encontro em Bogotá, os presidentes também discutiram a crise política na vizinha Venezuela, onde opositores foram impedidos de disputar a eleição — o que levou Lula e Petro, aliados históricos de Nicolás Maduro, a criticar o regime de forma inédita.

O petista ouviu a proposta colombiana de consulta popular na Venezuela sobre um possível acordo para garantir a segurança e os direitos políticos de quem sair derrotado na votação. O plano havia sido discutido por Petro com Maduro e integrantes da oposição ao chavismo, em Caracas.

Lula não respondeu se apoia o plebiscito, mas incentivou a ideia em declaração conjunta. No comunicado, Brasil e Colômbia destacaram a importância do diálogo e pediram que governo e oposição considerem chegar a um acordo de garantias democráticas que possa ser referendado nas urnas. Os dois países também reiteraram o repúdio às sanções.

Hidrogênio verde

O presidente Gustavo Petro também pediu a Lula que as empresas petroleiras dos dois países, a Petrobras e a Ecopetrol, desenvolvam projetos em energia limpa e explorem uma frente para o hidrogênio verde, que chamou de “petróleo do futuro”. Petro tem sido crítico aos incentivos à exploração de petróleo no Brasil, por parte do governo Lula, sobretudo próximo à Amazônia, como a pesquisa na margem equatorial.

Segundo ele, os países sul-americanos possuem “enormes vantagens” naturais para desenvolver energia limpa, por isso a proposta para integrar capital público e privado em um projeto central energético.

O presidente colombiano pregou a “descarbonização” da balança comercial. Petro queixou-se de queda no volume de trocas entre os países e do desequilíbrio. Segundo dados citados por ele, a Colômbia exporta US$ 1,8 bilhão e importa US$ 3,7 bilhões do Brasil - um déficit de quase US$ 2 bilhões.

Ele citou que a Colômbia exporta principalmente derivados fósseis e importa produtos que já produz, como café, açúcar e milho, além de veículos. “A balança comercial tem uma estrutura que não podemos classificar como positiva no século XXI. Importamos coisas que produzimos. Não deixa de ser um paradoxo”, disse Petro. “Deveríamos nos esforçar em outro roteiro.”

“A selva amazônica nos separou em vez de nos unir e não deve ser vista como abismo entre os países, mas como ponte”, afirmou o colombiano, dizendo que só 147 mil turistas brasileiros visitam a Colômbia por ano e que cerca de 100 mil colombianos vão ao Brasil.

Petro disse que Brasil e Colômbia devem se unir política, social, econômica e militarmente para salvar a floresta. Segundo ele, os países podem liderar o exemplo e “puxar” os demais países latino-americanos, em meio a problemas políticos de integração na região. Petro classificou a floresta como um eixo fundamental da relação bilateral.

Medo e fake news

Lula, por sua vez, disse que por muitos anos Brasil, Colômbia e os demais países da região deram as costas às Américas e à África porque decidiram voltar-se somente à Europa e aos Estados Unidos, o que considera uma consequência da mentalidade de “colonizados”. Ele também pregou o desenvolvimento de projetos verdes de energia e biodiversidade e afirmou que a transição energética torna os países atrativos para investimentos.

O petista também disse que o comércio bilateral permanece muito aquém do potencial e pediu flexibilização e “uma nova mentalidade” por parte de empresários de lado a lado que resistem ao ingresso de produtos - como ocorre com o café colombiano no Brasil.

“O que causa medo aos empresários?”, questionou Lula, dizendo que durante muito tempo os dois lados trataram-se como adversários sem se conhecerem. “Precisamos tirar todos os entraves que atrapalham a relação entre Brasil e Colômbia”, pregou o petista.

Lava Jato

O petista disse que o Brasil não busca “hegemonia” e tem a “responsabilidade” de financiar obras de engenharia na América Latina - modelo que no passado ficou marcado por casos de corrupção desvendados na Operação Lava Jato.

Lula falou na criação de um banco da América do Sul para impulsionar o desenvolvimento na região. “Não é possível a nossa carência de infraestrutura, não é possível que um País do tamanho do Brasil, que a gente não tenha condições de criar um banco nosso, da América do Sul, para financiar o desenvolvimento. Não é possível ficar correndo atrás do Banco Mundial toda hora. Podemos criar uma coisa nossa, que fale como a gente, que pense como a gente e conheça os problemas da gente”, afirmou Lula.

Lula falou mais uma vez em tentar reorganizar a Unasul, citou o “extremismo” e o discurso de ódio e desinformação na América Latina. Ele afirmou que as divergências políticas no passado não impediam o relacionamento na região. Em reunião na Casa de Nariño, os presidentes discutiram o Consenso de Brasília, criado a partir de reunião dos presidentes sul-americanos no Brasil, em 2023.

Os presidentes participaram do encerramento do Fórum empresarial Brasil-Colômbia, com cerca de 500 participantes, entre empresários, executivos e agentes de governo dos dois países. Estiveram presentes líderes de JBS, Minerva, Itaú, Embraer, Embrapa, Weg, Ambev, Avianca, Gol, Latam, BTG Pactual, Rappi, Saque y Pague, Lulo Bank, Procafecol, entre outros.

ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai patrocinar no Brics a inclusão da Colômbia. O presidente colombiano, Gustavo Petro, pediu nesta quarta-feira, dia 17, a adesão do país ao bloco de nações em desenvolvimento, que no ano passado passou por sua maior expansão e agora tem dez membros.

“O presidente Petro manifestou o interesse da Colômbia de aderir ao Brics como membro pleno no menor prazo possível, e o presidente Lula acolheu com beneplácito essa iniciativa e se comprometeu a promover a candidatura da Colômbia”, afirmaram as chancelarias em declaração conjunta.

No começo do ano, o presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou a desistência do país de ingressar no Brics, visto como um foro de cada vez mais influência direta da China e de desafio ao domínio econômico e político ocidental e do G-7.

Presidente Lula é recebido por Gustavo Petro em visita a Bogotá, 17 de abril de 2024.  Foto: Cesar Carrion/Presidência da Colômbia/AFP

O Brasil atuou em favor da Argentina na última cúpula e, com a recusa do novo governo, perdeu-se a ideia de certo equilíbrio regional na expansão, critério defendido por Brasília. O País continua como único membro da América Latina.

O Brasil era inicialmente contra a expansão do Brics, por entender que poderia diluir inclusive seu protagonismo, mas acabou cedendo à ofensiva de Pequim.

Cada um dos membros patrocinou nos bastidores os novos países e todos tiveram o convite aprovado por consenso, como é praxe no grupo. A expectativa da cúpula de Kazan, em outubro, na Rússia, é que novo processo de expansão seja realizado. Indonésia, Venezuela e Paquistão também buscam entrar no Brics.

Atualmente, os membros são Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

“Quem sabe a nossa querida Colômbia possa participar dos BRICS”, disse Lula em declaração após encontro com Petro.

A Colômbia vai participar de reuniões do G-20, coordenado neste ano pelo Brasil, e manifestou interesse em aderir à proposta de Lula de uma aliança global contra a fome e a pobreza. Em contrapartida, o petista disse que certamente participará, em outubro, da COP-16 da Biodiversidade, em Cali.

No encontro em Bogotá, os presidentes também discutiram a crise política na vizinha Venezuela, onde opositores foram impedidos de disputar a eleição — o que levou Lula e Petro, aliados históricos de Nicolás Maduro, a criticar o regime de forma inédita.

O petista ouviu a proposta colombiana de consulta popular na Venezuela sobre um possível acordo para garantir a segurança e os direitos políticos de quem sair derrotado na votação. O plano havia sido discutido por Petro com Maduro e integrantes da oposição ao chavismo, em Caracas.

Lula não respondeu se apoia o plebiscito, mas incentivou a ideia em declaração conjunta. No comunicado, Brasil e Colômbia destacaram a importância do diálogo e pediram que governo e oposição considerem chegar a um acordo de garantias democráticas que possa ser referendado nas urnas. Os dois países também reiteraram o repúdio às sanções.

Hidrogênio verde

O presidente Gustavo Petro também pediu a Lula que as empresas petroleiras dos dois países, a Petrobras e a Ecopetrol, desenvolvam projetos em energia limpa e explorem uma frente para o hidrogênio verde, que chamou de “petróleo do futuro”. Petro tem sido crítico aos incentivos à exploração de petróleo no Brasil, por parte do governo Lula, sobretudo próximo à Amazônia, como a pesquisa na margem equatorial.

Segundo ele, os países sul-americanos possuem “enormes vantagens” naturais para desenvolver energia limpa, por isso a proposta para integrar capital público e privado em um projeto central energético.

O presidente colombiano pregou a “descarbonização” da balança comercial. Petro queixou-se de queda no volume de trocas entre os países e do desequilíbrio. Segundo dados citados por ele, a Colômbia exporta US$ 1,8 bilhão e importa US$ 3,7 bilhões do Brasil - um déficit de quase US$ 2 bilhões.

Ele citou que a Colômbia exporta principalmente derivados fósseis e importa produtos que já produz, como café, açúcar e milho, além de veículos. “A balança comercial tem uma estrutura que não podemos classificar como positiva no século XXI. Importamos coisas que produzimos. Não deixa de ser um paradoxo”, disse Petro. “Deveríamos nos esforçar em outro roteiro.”

“A selva amazônica nos separou em vez de nos unir e não deve ser vista como abismo entre os países, mas como ponte”, afirmou o colombiano, dizendo que só 147 mil turistas brasileiros visitam a Colômbia por ano e que cerca de 100 mil colombianos vão ao Brasil.

Petro disse que Brasil e Colômbia devem se unir política, social, econômica e militarmente para salvar a floresta. Segundo ele, os países podem liderar o exemplo e “puxar” os demais países latino-americanos, em meio a problemas políticos de integração na região. Petro classificou a floresta como um eixo fundamental da relação bilateral.

Medo e fake news

Lula, por sua vez, disse que por muitos anos Brasil, Colômbia e os demais países da região deram as costas às Américas e à África porque decidiram voltar-se somente à Europa e aos Estados Unidos, o que considera uma consequência da mentalidade de “colonizados”. Ele também pregou o desenvolvimento de projetos verdes de energia e biodiversidade e afirmou que a transição energética torna os países atrativos para investimentos.

O petista também disse que o comércio bilateral permanece muito aquém do potencial e pediu flexibilização e “uma nova mentalidade” por parte de empresários de lado a lado que resistem ao ingresso de produtos - como ocorre com o café colombiano no Brasil.

“O que causa medo aos empresários?”, questionou Lula, dizendo que durante muito tempo os dois lados trataram-se como adversários sem se conhecerem. “Precisamos tirar todos os entraves que atrapalham a relação entre Brasil e Colômbia”, pregou o petista.

Lava Jato

O petista disse que o Brasil não busca “hegemonia” e tem a “responsabilidade” de financiar obras de engenharia na América Latina - modelo que no passado ficou marcado por casos de corrupção desvendados na Operação Lava Jato.

Lula falou na criação de um banco da América do Sul para impulsionar o desenvolvimento na região. “Não é possível a nossa carência de infraestrutura, não é possível que um País do tamanho do Brasil, que a gente não tenha condições de criar um banco nosso, da América do Sul, para financiar o desenvolvimento. Não é possível ficar correndo atrás do Banco Mundial toda hora. Podemos criar uma coisa nossa, que fale como a gente, que pense como a gente e conheça os problemas da gente”, afirmou Lula.

Lula falou mais uma vez em tentar reorganizar a Unasul, citou o “extremismo” e o discurso de ódio e desinformação na América Latina. Ele afirmou que as divergências políticas no passado não impediam o relacionamento na região. Em reunião na Casa de Nariño, os presidentes discutiram o Consenso de Brasília, criado a partir de reunião dos presidentes sul-americanos no Brasil, em 2023.

Os presidentes participaram do encerramento do Fórum empresarial Brasil-Colômbia, com cerca de 500 participantes, entre empresários, executivos e agentes de governo dos dois países. Estiveram presentes líderes de JBS, Minerva, Itaú, Embraer, Embrapa, Weg, Ambev, Avianca, Gol, Latam, BTG Pactual, Rappi, Saque y Pague, Lulo Bank, Procafecol, entre outros.

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